O PIOR PESADELO
CAPÍTULO
DOIS
O tio e padrinho do casamento
dirigia o automóvel que conduzia o rapaz ao Hospital e ao seu lado estava sua
esposa, a tia de Celina. No banco detrás, deitado sobre as pernas da esposa, Fernando
tinha contrações musculares intensas e Celina procurava segurá-lo, porém sem
sucesso. Em seguida começou a espumar pela boca e ela começou a gritar que ele
estava morrendo. O tio pisou no acelerador e quase pegou um transeunte, a tia
se agarrou no puxador e começou a rezar alto, pedindo para Deus ajuda-los.
Entraram no pátio do P.S. buzinando e
cantando pneus. Então, dois homens de jaleco branco colocaram o rapaz em cima
de uma maca e rapidamente desapareceram, ela não teve tempo de dizer nada,
ainda estava vestida de noiva e não sabia o que fazer. Celina começou a chorar
pensando que o marido estava morrendo, por isso sumiram com ele.
Em
seguida chegaram seus pais e os pais de Fernando tentando acalmá-la. Celina foi
levada a uma sala reservada onde lhe deram água, ela estava muito nervosa. O
relógio na parede parecia não cumprir seu papel, pois, as horas não passavam.
Quanto mais ela olhava, menos ele andava; Celina precisava ter notícias do
marido ou enlouqueceria. Então, apareceu uma enfermeira que a conduziu à sala
de observação, onde estava o seu amor.
Fernando
dormia profundamente; estava pálido e com as roupas do Hospital. Celina não se
conformava com a situação, eles deveriam seguir para a lua de mel, no entanto,
estavam no Pronto Socorro e ela desesperada sem saber o que o marido tivera.
O
médico entrou para conversar com a família e explicou a situação, dizendo que
Fernando estava bem. Dormia por causa do efeito das medicações que tomara para
controlar a convulsão. Era jovem e forte, porém, deveria procurar um médico
neurologista para se submeter a uma porção de exames. Tudo indicava que ele
tivera um ataque epilético, mas seria prematuro afirmar isso sem o resultado de
exames. Permaneceria em observação até o dia seguinte, quando seria avaliado
novamente e se estivesse bem poderia retornar à sua casa.
A mãe de Celina precisou ampará-la,
aquela seria sua noite de núpcias e onde ela depositara todos os seus sonhos de
menina. O seu príncipe encantado estava adormecido e ela teria que voltar à sua
casa para tirar seu vestido de noiva. A festa seria cancelada e a viagem de lua
de mel adiada, na melhor das hipóteses.
A mãe de Fernando ficou fazendo
companhia ao filho, enquanto Celina voltava para a casa de seus pais para
trocar suas roupas. Em seguida, a moça desolada, retornou ao Hospital, passaria
a noite ao lado do marido. Depois de algumas horas ele acordou, estava
estranho, parecia não se lembrar do ocorrido. Celina chamou a enfermeira,
queria saber por que o marido estava confuso. Em seguida o médico foi chamado e
confirmou suas suspeitas. Fernando apresentava lapsos de memória e seu estado
poderia ser mais grave do que o previsto.