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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

"A SAUDADE É UM LUGAR ONDE SÓ CHEGA QUEM AMOU". Pe. FÁBIO DE MELO - ACREDITE E TUDO DARÁ CERTO- EVA IBRAHIM

SAUDADES DE VOCÊ
FESTA NA ROÇA

CAPÍTULO UM
          A ambulância encostou em frente ao necrotério, que estava lotado. Parentes, amigos, conhecidos e curiosos estavam ali para ver a defunta e o desenrolar do velório. Samuel foi retirado de dentro do veículo e colocado sobre a cadeira de rodas, estava com as duas pernas engessadas. Trouxeram-no para se despedir de sua esposa, que estava morta e, em um ataúde lacrado.

Tudo começou em uma festa de peão de boiadeiro. Uma festa muito badalada do interior paulista. Samuel fora participar com uma turma de amigos e já estava bêbado quando trombou com Celi. Derrubou toda cerveja, que segurava displicentemente na mão, sujando a roupa da moça, que saltou para trás blasfemando.

Rapidamente ele a puxou para um canto tentando amenizar o mal feito. Nada deu certo, todas as tentativas de esfregaços não surtiram efeitos; só piorou a situação. No entanto, no final das contas caíram na risada e passaram o resto da noite juntos, fedendo a cerveja.

Moravam em cidades diferentes, porém, próximas o suficiente para se verem outras vezes. Foram meses de agarramento, estavam apaixonados; eram jovens e inconsequentes. Certo dia ela apareceu toda tímida e chorosa dizendo que estava grávida. Samuel, então, foi colocado contra a parede e ambos foram contar aos pais dela.

 - Ou casa ou some, se voltar eu mato, foi o que o pai da moça disse a Samuel.

Leonel era um sitiante muito conhecido e não estava para brincadeiras. Estava decidido a manter a honra da família a qualquer custo. A mãe, coitada, se pôs a chorar.

- A minha filha não pode ser mãe solteira, se lamentava desesperada. No que o pai concordava com a cabeça.

Samuel não estava pronto para se casar, mas também não queria sumir e nem morrer, então, disse sim.  O casamento aconteceu na Igreja Matriz da cidade mais próxima ao sítio de Leonel. Os irmãos de Celi, juntamente com os cunhados aprontaram com os noivos; eram alegres e brincalhões.

Os noivos chegaram à Igreja em um carro grande do ano e na hora da saída encontraram uma carroça toda enfeitada com cipó de São João para transportá-los. Havia um sino que tocava insistentemente seguindo o compasso do andar do animal. Até as orelhas do burro estavam com as flores penduradas. A farra estava armada.

 Surpresos, não tiveram saída e desceram a rua principal da pequena cidade, sentados na carroça puxada pelo burro. Além da carroça bizarra, enfeitada com muitas flores de cipó de São João, foram acompanhados por fogos de artifícios.

Foi uma descida triunfal, para ninguém esquecer do mico que o casal pagou. Depois seguiram para o local da festa, que distava alguns quilômetros da Igreja e os noivos chegaram cobertos de poeira da estrada de terra.

Foi uma festa na roça, com muita música sertaneja. Os convidados dançavam no antigo terreiro de café, que fora enfeitado com bandeirinhas de festas juninas. A alegria era contagiante, depois de se fartarem com o churrasco regado a cervejas, promovido pelo pai da noiva, que sacrificou um garrote para o evento, todos se propunham a dançar.

A casa do sítio era grande e as pessoas se perdiam umas das outras por ali, então, aproveitando a ocasião, o casal fugiu da festa com a cumplicidade do padrinho, tio da noiva. 

Quando chegaram à casa, Samuel pegou a esposa nos braços e adentrou ao novo lar; estavam muito felizes.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
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