CONVERSA VAI, CONVERSA VEM
CAPÍTULO QUATRO
Marcelo
reclamava de dores de cabeça o tempo todo, apesar dos remédios administrados
pela equipe de enfermagem. Foram realizados novos exames de imagem e nada foi
encontrado de mais grave. No entanto, o impacto do coice abriu uma lesão, que
deixou o osso da calota craniana a mostra e ali era o ponto frágil da dor
relatada. Nesse local havia dois pontos inflamados e dolorosos.
A lesão fora costurada pelo cirurgião plástico,
porque o corte chegava até bem perto da sobrancelha. A queixa era natural,
dizia o médico, temos que aguardar os efeitos dos antibióticos e mantê-lo em
observação.
Após doze dias da ocorrência, Marcelo recebeu alta hospitalar, estava
relativamente bem. Havia cumprido o tempo de antibióticos prescritos e poderia
convalescer em sua casa. O rapaz que era moreno queimado de Sol, estava pálido
e fraco ao se levantar. Angel estava ali para ampará-lo, depois de todos
aqueles dias de internação e com as visitas frequentes da moça, tornaram-se
amigos.
Passaram-se mais alguns dias, sem que Angel se encontrasse com
Marcelo. E, grande foi seu espanto, quando ele foi até sua casa.
- Precisamos conversar, disse
com um largo sorriso.
Angel ficou muito feliz ao vê-lo fora do hospital, ele estava bonito,
mas um pouco abatido e a cicatriz recente na testa o deixava vulnerável. Então,
ela disse:
- Sim, vamos entrar, minha mãe
vai gostar de vê-lo bem. O rapaz desceu do automóvel e entrou pelos fundos da
casa, onde a mãe estava lavando roupas.
– Olha mãe, quem está aqui? A
filha falou sorrindo.
Olga cumprimentou o rapaz se
desculpando pelas mãos molhadas. Entraram e, ela se dispôs a fazer um café para
a visita inesperada. O rapaz protestou, mas de nada adiantou e sentaram se à
mesa para conversar.
Marcelo estava um pouco acanhado,
mas, assim mesmo começou a falar:
- No domingo, meus pais querem ir á
Basílica de Aparecida agradecer pelo meu livramento e eu queria convidar Angel
e a senhora também, para nos acompanhar. A caminhonete é grande e podemos
viajar confortavelmente, durante os trezentos quilômetros que nos separam.
A mulher pensou rápido, seria a
realização de um sonho, fazia tempos, desejava conhecer aquele lugar. Mas,
deveria conversar com o marido, antes de aceitar. Angel fazia que sim com a
cabeça, estava ansiosa e Olga respondeu:
- Estou lisonjeada pela sua
lembrança, mas eu preciso falar com o meu marido, antes de confirmar com vocês.
- Está bem, eu aguardo, mas faça
uma força, pois Angel também deve agradecer por estar bem. Depois, levantou-se
e saiu acompanhado da menina. Havia uma atração evidente entre eles.
- Quer dar uma volta de carro?
Voltamos logo, disse Marcelo.
– Sim, vou avisar minha mãe. Angel
correu para dentro.
Em seguida, saíram no automóvel de Marcelo,
estavam alegres, eram jovens e prontos para viver. Enquanto dirigia ele falou:
- Este carro eu ganhei como prêmio,
na arena do rodeio de Barretos. Foi a noite mais feliz da minha vida, afirmou o
rapaz.
- Verdade? Você não caiu do touro
bravo?
- Caí sim, mas fui eu que
permaneci no lombo do animal, durante o maior tempo na prova.
– Assim que eu puder voltar a
montar, vou leva-la para assistir um rodeio importante. A festa do peão de
boiadeiros de Barretos, fica no interior do estado de São Paulo. É a maior
festa de rodeios do país; todos os peões sonham em vencer naquela arena e
ganhar o prêmio máximo. São verdadeiros momentos de glória.
O rapaz contou o fato emocionado e seus
olhos brilharam lindamente; um acontecimento marcante em sua vida.
- A festividade acontece todos os anos no mês
de agosto e arrasta multidões de todo o Brasil e até do estrangeiro. Os eventos
de música sertaneja dão o tom artístico na festa. A cidade fica em polvorosa,
quando acontecem os eventos, que atravessam a madrugada. Ele concluiu,
emocionado.
Angel ficou agradecida pelas
palavras carinhosas dele. E, passou as mãos entorno do seu ombro e o beijou na
bochecha. Ele sorriu, estava confortável nos braços dela.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa