PRECISO DE SORTE
CAPÍTULO DOIS
Serena empalideceu e depois sentou-se
para ouvir o que a amiga tinha para contar. Ana suspirou fundo e continuou
dizendo, que enquanto socorria seu filho, que sangrava pela gengiva, tentando
estancar o sangue, seu marido e Celso, o marido de Serena, chamavam todos que
estavam ali, para procurar o dente de Artur. Era um dente permanente, o inciso
central, que fora arrancado com a batida da boca no parapeito do escorregador.
Todos
empenhados em encontrar o dente, pois o dentista estava ali, pronto para
socorrer o filho do amigo da melhor forma possível. Entretanto, o dente poderia
ter caído dentro da piscina e seria impossível encontrar um dente em meio a
tanta água.
As
crianças e a mãe do menino procuravam em cima das pedras de ardósia, que
cobriam toda a área ao redor do escorregador e os dois homens decidiram
mergulhar na piscina; havia uma grande possibilidade do dente ter caído na água.
Saulo,
o filho de Serena e Celso, sentia-se culpado por ter-se chocado com Artur e
provocado toda aquela situação. E, também não queria que o amigo ficasse sem o
dente da frente, por isso era o mais empenhado em encontrar o dente. O menino
vasculhou cada centímetro do local e nada encontrou, então, ele começou a
chorar.
Ana
ficara nervosa ao ver o buraco deixado pelo dente, seu filho teria que implantar
seu próprio dente ou ficaria com uma janelinha até seu desenvolvimento
completo, para poder receber uma prótese implantada. Artur tinha apenas nove
anos e, demoraria bastante para poder colocar uma prótese naquele local.
Não existe uma idade máxima para uma pessoa
colocar implantes dentários, somente uma idade mínima: nas mulheres a partir de
dezessete anos e nos homens a partir dos dezoito anos. Celso explicara
rapidamente em meio a procura incessante do dente da criança.
Artur
soluçava deitado no colo da mãe, que começara a orar pedindo a Deus que os ajudasse
a encontrar o dente do filho, ou ele sofreria discriminação na escola e outros
tipos de brincadeiras de mal gosto.
Durante
quarenta minutos os dois homens mergulhavam e subiam sem nenhum resultado.
Celso estava ficando preocupado, seu tempo poderia estar se esgotando,
precisava de muita sorte; não poderia desistir. Teria que remediar o acidente,
que seu filho, involuntariamente havia provocado.
Era
especialista em implante e primava pela bela aparência do sorriso de qualquer
pessoa, não poderia deixar de acudir o filho do amigo. Apreensivo, ele
mergulhou novamente e quando subiu para puxar o ar, apoiou o pé no fundo da
piscina e sentiu que havia alguma coisa embaixo de seu pé esquerdo. Parecia uma
pedrinha, então, pediu ao pai de Artur que mergulhasse naquele local, que ele
seguraria o objeto com o pé.
O homem imediatamente mergulhou e
levou a mão ao local indicado. Passando a mão percebeu uma pequena pedra e a pegou
com firmeza, precisava emergir para ver o que era. Para felicidade de todos era
o dente do menino, estava inteiro, do jeito que fora arrancado.
Os
olhos do dentista brilharam, era sua vez de agir; aquela era a maior missão que
já se impusera, resgatar o sorriso do filho do amigo.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.