O AMOR
DE DEUS
REVIVENDO
A ESPERANÇA
CAPÍTULO UM
Os últimos acordes da banda, que tocava no
salão de bailes do clube de campo, soaram bem alto, anunciando o final do carnaval.
No centro do salão, os foliões pararam para aplaudir, iniciava-se ali uma fase
de recolhimento espiritual. Nas cidades pequenas do interior do país, ainda há
respeito pela quaresma, o que já se perdeu nas grandes metrópoles.
Filhos de famílias de imigrantes
italianos, que chegaram ao Brasil no início do século vinte, Andreia e Samuel
casaram-se no sábado de carnaval e pediram aos padrinhos, que o presente fosse em
dinheiro, para viajarem. O destino era a
Nova Jerusalém em Pernambuco, no nordeste brasileiro. A partir daquele dia, iriam se preparar para a
viagem de lua de mel e realizar um grande sonho.
Os dois, que foram ao salão de
baile apreciar a festa, se abraçaram, o desejo acalentado durante o namoro e
noivado, começava a tomar corpo. Queriam assistir o maior teatro do mundo a céu
aberto e presenciar a mais bela história da humanidade: a Paixão de Cristo em
Nova Jerusalém, na semana santa.
A cidade teatro de Nova Jerusalém, que fica a
51 quilômetros da cidade de Caruaru e a duzentos quilômetros de Recife, a
Capital do estado de Pernambuco, foi idealizada e construída por Plínio
Pacheco, jornalista e diretor teatral. Iniciada em um mil novecentos e
cinquenta e seis e inaugurada em um mil novecentos e sessenta e oito, é palco para
a encenação da Paixão de Cristo.
A grande estrutura foi edificada
no distrito de Brejo da Madre de Deus. Nesse local vão pessoas de todos os
lugares, para participarem da história Bíblica mais cativante do mundo. O
teatro possui uma área de cem mil metros quadrados, com construções, lagos e
arvoredos, que deixam o cenário mais próximo da época, em que ocorreu a
passagem de Jesus pela terra.
Representam uma reconstrução
parcial da cidade de Jerusalém. Foi projetada para que a encenação seja
realizada, com a maior veracidade possível. Contém uma muralha de três mil e
quinhentos metros, setenta torres, vários lagos artificiais e nove palcos. Para
sua encenação são necessárias cerca de quinhentas pessoas. Alguns são artistas
conhecidos, atores da região e figurantes, todos vestidos com trajes típicos da
época.
O local chega a receber, em uma
única noite, cerca de dez mil pessoas para acompanhar o drama da via sacra, de
palco a palco. Cada parada demora cerca de vinte minutos e a apresentação
inteira cerca de três horas e meia.
O novo casal se conheceu na
paróquia de Santo Antônio, na periferia de uma cidade do interior paulista. Os
dois jovens eram assíduos frequentadores da igreja, trabalhavam em projetos
comunitários e sempre diziam, que algum dia, iriam conhecer Nova Jerusalém. Finalmente
chegou a hora, iriam passar a Semana Santa no nordeste brasileiro.
Casaram-se no sábado de carnaval, porque a
velha nona, uma imigrante italiana, mãe do pai de Andreia dizia:
- "Ninguém pode se casar na
quaresma, pois é época de resguardo e respeito para com Deus". E, todos
obedeciam em sua família.
Então, o matrimônio foi realizado no
sábado de carnaval, para que eles pudessem viajar em lua de mel, para assistir
o maior teatro do mundo, ao ar livre.
Chegaram a Caruaru no sábado,
que antecedia a semana santa. No domingo depois da missa, alugaram um automóvel
e foram conhecer a região, na qual está o teatro de Nova Jerusalém. A paisagem
no agreste de Pernambuco é de transição entre a zona da mata e o sertão. Não é
tão quente e seco como o sertão e nem úmido como a zona da mata. A brisa quente
da tarde no agreste é um convite a passear e conhecer novos lugares.
Samuel e Andreia foram até a
cidade de Brejo da Madre de Deus, onde fica situado o teatro de Nova Jerusalém.
A estrutura imensa de uma cidade murada
aos moldes antigos, impressiona pela aparência. Tem-se a sensação de estar
dentro de um livro de histórias antigas, revivendo a esperança.
Os dois estavam ansiosos para
assistir ao grande evento, que aconteceria durante a semana seguinte. Havia
muita gente andando por aquelas bandas, cada um com um motivo diferente, a
maioria por curiosidade e muitos pela fé e renovação de uma esperança de vida
melhor. Muitos estavam ali para resgatar a confiança e alimentar a fé, na apaixonante história
de amor pela humanidade, vivida por Jesus de Nazaré.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa
Com
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