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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

"DEUS COLOCOU AO MEU LADO PESSOAS LINDAS. ANJOS ESPECIAIS COMO VOCÊ. AMIGOS QUE TRAGO EM MEU CORAÇÃO E LEVO COMIGO POR ONDE EU FOR" SUELI MATOCHI

O SEMIDEUS

                    UMA NOITE ESCURA

CAPÍTULO UM
          A escuridão já tomava conta do ambiente, não havia nem mesmo a luz da lua para nortear os caminhos. O tempo nublado acobertava até as estrelas e, a escuridão se apresentava severa naquela região de pequenos sítios e chácaras. Lá ainda não havia chegado a energia elétrica e nem a água encanada; a vida era simples e as pessoas tementes a Deus.

           Nas casas já brilhavam as lamparinas de querosene e todas as crianças se recolhiam para o jantar. No entanto, Tereza, a mãe de Benjamim estava aflita, não sabia o motivo da demora do menino.  Ele tinha apenas treze anos e saíra a cavalo dizendo que iria a casa de Saulo, que ficava a cerca de três quilômetros dali. Combinara com o colega, que iriam fazer o dever de matemática juntos. Benjamim deixara sua casa logo após o almoço e já deveria estar de volta.

               Tereza estava com o coração apertado, não saberia dizer quantas vezes havia pedido para Deus guardar seu filho. Ficara esperando o marido chegar da cidade, para procurar o menino. Benjamim estava acostumado com o animal e nunca se atrasava; era um menino obediente. E, prometera à sua mãe, que chegaria em casa antes do pôr do Sol. Montava um cavalo manso, o Corisco, que trotava com o menino aonde quer que ele fosse, eram amigos.

            A mãe estava na porta quando Dirceu, o pai, adentrou ao portão. Tereza foi logo despejando sua preocupação e pedindo para ele ir procurar o menino.

           O homem franziu a testa e em seguida, tomou um gole de café, pegou um farolete, chamou o filho mais velho para acompanha-lo e saíram em meio a escuridão. Iriam a pé, pois os animais poderiam cair em alguma valeta e dar mais trabalho.

           A família era composta de cinco pessoas: pai, mãe, Rui, Benjamim e Marília, com quinze, treze e onze anos de idades. Gente boa e modesta, viviam da terra e criavam alguns animais para uso e outros para a alimentação da família. Os filhos frequentavam a escola rural, que havia na região. O transporte usual era o cavalo, a charrete ou a bicicleta. Não havia carros por ali, era artigo de luxo.

            Pai e filho foram à casa de Saulo, que assustado, disse:

             - Benjamim saiu daqui faz duas horas, o Sol ainda brilhava no céu.

             Dirceu ficou pálido, precisou ser amparado, quase desmaiou.

            - Deve ter acontecido alguma desgraça, Benjamim é muito responsável.

            Então, depois de um copo de água servido ao homem abalado, o pai de Saulo se prontificou a acompanhar o vizinho nas buscas. Percorreram o caminho que o menino deveria fazer para regressar à casa.  Pararam em todas as casas em busca de notícias do menino, mas nada conseguiram.

           Já tarde da noite e ainda continuavam as buscas A situação era desesperadora, a cada hora que passava a tensão aumentava e o grupo também. Alguns homens se uniram ao pai nas buscas do pequeno Benjamim.

           Andaram por todos os lugares da região e nada encontraram na escuridão da noite. Quando todos já estavam desolados e o Sol surgia no horizonte, puderam avistar o Corisco ao longe. O cavalo estava em pé a beira de um barranco, a uns duzentos metros da estrada. Então, se aproximaram esperançosos de encontrar Benjamim.

            O menino estava caído em meio a algumas pedras no fundo do barranco. Tinha um ferimento na perna com uma fratura exposta.

            Trataram de retirar o menino dali e leva-lo para o Hospital da vila mais próxima. A carroça corria pelas estradas de terra levando o menino assustado e com dores. Estivera na friagem do tempo a noite toda e precisava de cuidados urgentes.

           No caminho, o menino contou que encontraram uma cobra na volta para casa.  O cavalo se assustou, corcoveou e fugiu em desabalada carreira, derrubando-o no barranco, quando parou repentinamente.

            A cobra se afastou, mas o cavalo ficou ali guardando o companheiro, parecia desolado pelo acontecido. Era um amigo para todas as horas.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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