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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

"DIREI DO SENHOR: ELE É O MEU DEUS, O MEU REFÚGIO, A MINHA FORTALEZA, E NELE CONFIAREI". SALMOS 91 DA BÍBLIA SAGRADA


                              NAS MÃOS DE DEUS 
                    
CAPÍTULO SETE

Clara tinha muito medo da cirurgia de Valentina, porque o médico dissera que toda cirurgia, sempre, envolve riscos de vida. E, aquela filha já lhe trouxera muitas preocupações, então, suas noites tornaram-se povoadas de pesadelos; aquele pensamento sobre morte, a deixava inquieta.

Desde que o médico autorizou os exames pré-operatórios, que ela não dormia direito; parecia que vivia com uma sombra assustando seus dias e deixando a ansiedade tomar conta dela. Seu coração de mãe estava apertado, acelerado e nada conseguia acalmá-lo.

             Ela intensificara suas idas à Igreja e consequentemente suas orações, precisava se agarrar com Deus. Valentina não se importava com a cirurgia, não demonstrava nenhuma preocupação. Não dava importância à sua vida ou não entendia direito do que se tratava.

          Com certeza, pensava ser apenas um passe de mágica, sem levar em conta o sofrimento e as privações a que seria submetida posteriormente. Clara estava ciente de tudo isso, no entanto, para Valentina era a única saída para se livrar do complexo de inferioridade e dar a ela a oportunidade de se sentir igual aos irmãos, isto é, magra e esbelta.

           Ultimamente havia engordado mais ainda, seus tornozelos viviam inchados de carregar tanto peso. Chegara a pesar cento e quarenta quilos; seu corpo pesado lhe valia cansaço e falta de ar. Chegara ao seu limite; só o bisturi para dar jeito na situação, dissera o médico desanimado. Todos sabiam disso, a moça estava cada dia mais gorda. Valentina estava serena, iria para a forca sem pensar no cadafalso, pensava sua mãe quando olhava a filha obesa.

           E, finalmente o dia da cirurgia chegou para desespero de Clara, que acompanhou a filha até o Hospital. Valentina mostrava-se tranquila, parecia não se importar com a situação. E, quando vieram busca-la para o centro cirúrgico, a mãe ficou rezando para que sua cirurgia corresse bem.

          Foi uma manhã inteira de aflições e medos para aquela pobre mãe; embora Rui, o marido, estivesse ali, ele era impotente e só servia para dar o ombro para Clara chorar. Ela não saberia dizer quantas vezes pediu aos Santos e a Deus pela filha. O casal estava exausto, quando a porta se abriu e chegou a notícia de que a cirurgia havia acabado e a paciente estava na sala de recuperação.

          Os dois se abraçaram, agora começava uma nova etapa na vida da família, talvez a mais difícil de todas; conter a fome de Valentina. Sem dúvida, agora todos, estavam nas mãos de Deus. Pensou a mãe consolada pela notícia alvissareira. Valentina sobrevivera à cirurgia bariátrica...

        Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.
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