O CASAMENTO
DE
SANDRO E CELINA.
SANDRO E CELINA.
CAPÍTULO ONZE
Depois de seis meses e com a casa
reformada, estava tudo pronto para o casamento de Sandro e Celina. O casal de
noivos vivia um conto de fadas, estava tudo perfeito. A Igreja do padre Guima,
que já não estava mais lá, fora se encontrar com Deus, estava inteira florida
de branco e amarelo.
O novo pároco era o padre Bento, que
realizaria o casamento com muito gosto, dissera, quando soube que o casal era
cego. O padre Bento era novo e bem intencionado, ficou feliz em realizar o
casamento de um paroquiano que o padre Guima estimava muito. Foi o velho pároco
que lhe contara a história triste da cegueira de Sandro e o empenho da mãe em
seu desenvolvimento e inserção na sociedade. Gilda não media esforços para
levar o filho à escola e as aulas de música, era o motivo de vida para ela.
Gilda convidou alguns parentes que não
via desde o acidente de Sandro; na época muitos se afastaram criticando e
condenando a pobre mãe. Seria uma satisfação apresentar seu filho em uma
situação de grande felicidade. Alguns confirmaram presença; a maioria queria
satisfazer sua curiosidade em relação ao casal de cegos. Entre os convidados
estavam os amigos de Sandro e de Celina, alguns conhecidos de Gilda e de Sofia
e os parentes das duas famílias.
Sandro estava vestido impecavelmente com
seu terno preto; ele se postara entre os padrinhos, no altar da Igreja, que
estava toda decorada com flores brancas e amarelas. Quando foi aberta a porta
central, a Igreja foi tomada pela música tocada e cantada pelo coro da
paróquia. Celina escolheu a canção “Ave Maria” para sua entrada na igreja. O
noivo se mantinha impassível esperando a presença da noiva no altar.
Celina entrou acompanhada de seu pai, seguindo lentamente rumo ao altar. Enquanto isso, Sandro escutava seus passos, eram leves e macios, porém,
ele tinha o ouvido aguçado e o que passava despercebido para as outras pessoas,
para ele era nítido. E, quando ela se aproximou ele desceu os degraus do altar
para recebê-la das mãos de seu sogro, sem ajuda de ninguém.
Nesse momento Gilda, olhando para os
convidados, viu entre eles Dora, a mulher negra, que a amparou no dia do
acidente de Sandro. Seu primeiro impulso foi correr até ela, entretanto, não
poderia deixar o altar, pois, o casamento iria começar. Quando ela sentiu que
poderia sair dali, não encontrou mais o rosto tão conhecido; a mulher sumiu.
Ela tinha certeza de que Dora viera para assistir a cerimônia de casamento de
Sandro. Em seu íntimo sentiu uma sensação de segurança; Deus nunca a
abandonara.
O casal ouvia atentamente a explanação
que padre Bento fazia sobre o sucesso de uma vida a dois. Depois, foi iniciado
o ritual da cerimônia de compromisso entre os nubentes. Quando o padre disse:
-“Estão
casados, pode beijar a noiva”.
Sandro beijou Celina com todo amor do
mundo. Formavam a figura da própria felicidade; depois seguiram de braços dados
até a porta de entrada da Igreja. Ali, no topo da escadaria, o casal receberia os
cumprimentos dos convidados. Gilda e Sofia choraram abraçadas com o sentimento
de vitória no coração. Elas cumpriram à missão de fazer de Sandro um homem
forte e feliz.
A festa foi realizada no Salão Paroquial
e lá pelas tantas o casal saiu de fininho com a ajuda do irmão de Celina, que
os levou até o Hotel reservado para a noite de núpcias.
Gilda sabia que de onde Danilo estivesse, presente ali no casamento ou lá no céu e se pudesse vê-los, ele estaria feliz, pois, amava o filho. Ela também sentia a falta do marido, foi o único homem que amara em sua vida; naquele momento a solidão lhe pareceu pesada e triste.
Gilda sabia que de onde Danilo estivesse, presente ali no casamento ou lá no céu e se pudesse vê-los, ele estaria feliz, pois, amava o filho. Ela também sentia a falta do marido, foi o único homem que amara em sua vida; naquele momento a solidão lhe pareceu pesada e triste.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana