DOCE
MISTÉRIO
SEGUNDO CAPÍTULO
AH! O Clésio, seu grande amor, que
apareceu na padaria e passou semanas cortejando-a. Sentava-se em uma cadeira,
nos fundos do estabelecimento, então, Letícia levava o café com pão quente e
manteiga; depois ele degustava seu café, sem tirar os olhos dela. Parecia um encantador de
serpentes, que a encantou; pobre menina ingênua!
Ele
era um homem casado, com duas filhas menores, porém, Letícia não sabia de nada
e aos poucos foi sendo enfeitiçada por ele. Era seu primeiro amor e ela sentia
que ninguém poderia saber; temia que seus pais a proibissem de vê-lo. Ele era
muito mais velho que ela, seus pais não aceitariam o namoro, então, ele a
pegava na saída do trabalho com sua caminhonete e saiam para algum local
isolado. Cada dia em um lugar diferente, era instigante descobrir para onde ele
a estava levando.
Trocavam carícias e beijos entre muitas
promessas de amor sem fim, dentro do veículo de Clésio. Ele não tinha
escrúpulos e gostava dos carinhos da menina. Ela era uma adolescente bonita, de
olhos grandes e longos cabelos pretos.
Em
seguida, o homem a levava para casa, estacionando o veículo duas quadras antes de
sua moradia. Letícia seguia caminhando como se nada tivesse acontecido;
abraçava a mãe e o bebê, seu irmãozinho. Depois, cantarolando ia tomar banho;
parecia a pessoa mais feliz do mundo.
Clésio se dizia apaixonado e prometia
ficar com ela. Letícia estava amando pela primeira vez e ficava feliz com sua
presença. Seu coração disparava e ela tornava-se uma presa fácil.
A menina se entregou a ele
espontaneamente; foi uma explosão de felicidade. Em sua casa ninguém percebeu
nada; ela dizia que ficava na padaria até mais tarde para organizar e limpar o
local. A desculpa era boa, devia deixar o estabelecimento pronto para o dia
seguinte. Era uma situação viável, não dava para limpar de manhã, pois, a
freguesia era grande.
Os dois amantes juravam fidelidade e se
amavam quase diariamente. Clésio tinha facilidade em conduzir Letícia, pois, a
menina era ingênua. O homem tinha o dobro da idade dela, além de ser
casado, por isso, temia ser descoberto. Então, comprara anticoncepcional para
ela, que muitas vezes se esquecia de tomar.
Certo dia, uma colega do trabalho
perguntou à Letícia se aquele homem a estava assediando e ela negou; era apenas
um freguês, como outro qualquer. Naquele momento ela percebeu que corriam
riscos de serem descobertos.
A
partir desse dia eles passaram a tomar mais cuidado, encontravam-se escondidos,
era mais saboroso, um segredo, que pertencia somente a eles. Disfarçavam seus
sentimentos, depois se amavam loucamente. Letícia sentia-se poderosa, trazia no
peito um doce mistério.
O homem estava tranquilo, pois,
acreditava que a menina estava tomando o anticoncepcional. E, Letícia tomava o
remédio quando se lembrava, não imaginava que corria um enorme risco de
engravidar, se deixava levar pela magia do amor.
Ele
era um aproveitador, traia sua esposa e iludia a namorada, que se tornara uma
menina dissimulada.
Quando Clésio passou na padaria e
piscou, ela sorriu, sabia que ele a estaria esperando na saída, no lugar de
sempre. Ela iria lhe contar sobre suas suspeitas e tinha certeza de que ele se
casaria com ela; seriam felizes para sempre. Ela mal podia esperar a hora do
encontro, estava eufórica; trazia no ventre o fruto de seu amor.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.