A COR
DO CORAÇÃO
CAPÍTULO
OITO
Quando o portão do Bumbódromo foi aberto, todas
as pessoas, que estavam na fila, entravam correndo para conseguir um bom lugar
nas arquibancadas. Rodolfo, Lorena e Celina ficaram em uma posição estratégica,
bem perto da arena onde o boi se apresentava. O carro alegórico era um grande
boi branco, com um coração vermelho na testa. O animal se mexia o tempo todo
encantando as pessoas. E no chão, um boi de tamanho original com o tripa
dentro dando vida ao auto do boi.
Novamente
foi apresentada a mesma história, agora com o boi branco, que trazia um coração
vermelho na testa. O boi do Garantido era muito bonito e tinha ternura no
olhar, deixava a plateia hipnotizada e com os olhos pregados na arena. Era um
boi de acrílico e panos, com trejeitos de animal verdadeiro. O coração vermelho
na testa e um olhar magicamente pintado, dava graça e vida ao bicho.
O casal
de namorados, de mãos dadas, parecia esperar alguma coisa especial daquele
momento. Com um olhar para Lorena, Rodolfo disse mais do que palavras, queria
aquela mulher junto de si, ou melhor, em sua cama. Ela entendeu o recado e
respondeu com um beijo; o momento era de pura paixão.
Foi
emocionante a apresentação, na versão do boi Garantido. Os três amigos estavam
surpresos em constatar como um ato, que foi apresentado anteriormente, conseguia
prender a atenção da mesma plateia. A ideia é a mesma, apenas com atores e
cores diferentes, mesmo assim, chegou para emocionar a plateia.
A
toada cadenciada fazia as pessoas dançarem nas arquibancadas, era contagiante.
Nesse dia, a celebração foi sobre a vida. Havia uma grande lagarta na arena e
dela saiam os participantes, para enlouquecer a plateia. A proposta era
arrojada, aquela lagarta era somente o começo da transformação da borboleta.
Muito verde e figuras de borboletas nas costas
dos participantes se fundiam com o vermelho. As luzes de LED chacoalhando
nos ares, pelas mãos dos torcedores, enfeitavam lindamente o ambiente. Enquanto isso, o contrário se
calava, admirado pela bela apresentação do adversário. O boi faceiro se
aproximou do cantor e lhe fez aconchegos, era cheio de trejeitos e encantos.
Naquele barulho de milhares de pessoas se
manifestando, era impossível conversar, mas o diálogo se dava através de
olhares, apertos de mãos, beijos e abraços. Rodolfo enlaçou a cintura da moça e
beijou seus cabelos, estava feliz como nunca antes estivera. Lá no fundo do seu
coração crescia uma vontade louca de formar uma família, com aquela deusa
amazônica. Os cabelos negros de Lorena, lisos e sedosos o deixavam atordoado e
não podia pensar no momento da despedida, perdia o chão.
Nesse
instante, entraram os cavaleiros com estandartes, que traziam a cabeça do boi
em destaque. Era muito bonito, parecia com os estandartes do dia de Santos
Reis; trazia muitas fitas coloridas, medalhas e sinos em volta da cabeça do boi branco, com um
coração vermelho na testa. A toada cadenciada e acompanhada pelas palmas da
plateia, enlouqueciam o público, enquanto o contrário permanecia calado e no
escuro.
Os
holofotes focavam no boi, que ficara dentro da roda dos cavaleiros com
estandartes. Naquele momento, apareceu a grande lagarta, que começou a se mexer
para se libertar do seu manto de casulo, e a se transformar em uma linda
mariposa. Então, o boi começou a dançar e rodopiar dentro do círculo de
cavaleiros. Era uma dança alegre, comemorando a vida, enquanto os estandartes
se mexiam, chacoalhando seus sinos e medalhas, fazendo um som de bom augúrio e
felicidade.
Depois de duas horas e meia de
muita festa, barulho e luzes foi dada por encerrada a apresentação do boi
Garantido, sob aplausos e gritos histéricos dos mais entusiasmados. Enquanto
todos saiam, Rodolfo enlaçou a cintura de Lorena e cochichou em seu ouvido:
- Eu te amo e quero que você
durma comigo essa noite, estarei aguardando você no meu quarto, deixarei a
porta aberta.
Lorena arregalou os olhos e disse:
- É cedo para isso, precisamos nos
conhecer melhor.
- Não, eu já a conheço o suficiente
para saber que quero você na minha vida. Retrucou o rapaz.
Celina entrou primeiro e os
dois ficaram se despedindo lá fora, estavam enfeitiçados. Quando Lorena chegou
ao quarto a amiga já estava dormindo. Então, ela pegou seu pijama e foi para o
quarto de Rodolfo, que ficava no quintal.
- Rodolfo, será que eu posso mudar
de opinião sobre os bois? Perguntou a moça.
– Claro que sim, somos livres para gostar
do que quisermos, diga o que está pensando meu amor. Disse Rodolfo.
– Meu coração é vermelho, fiquei
encantada com o boi do Garantido. Lorena afirmou e sorriu para o namorado. Ele
a abraçou e beijou, depois disse:
- Eu gostei muito do Boi
do Garantido, meu coração também é vermelho.
Foi
uma linda noite de amor e quando o Sol nasceu brilhante, a moça entrou e foi
para a cama ao lado da cama de Celina. Ela não percebeu, mas a amiga estava
acordada e a surpreendeu perguntando:
-
A noite foi boa para vocês?
- Sim, me desculpe, eu ia lhe contar
tudo mais tarde. E foi se deitar com as faces queimando, ficara ruborizada, no
entanto, estava muito feliz.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas ao Youtube.