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quarta-feira, 16 de outubro de 2019

"PLANETA ÁGUA" "(...) ÁGUAS QUE MOVEM MOINHOS SÃO AS MESMAS ÁGUAS QUE ENCHARCAM O CHÃO. E SEMPRE VOLTAM HUMILDES PRO FUNDO DA TERRA, PRO FUNDO DA TERRA. TERRA! PLANETA ÁGUA, TERRA! PLANETA ÁGUA" COMPOSITOR E CANTOR: GUILHERME ARANTES


A COR DO CORAÇÃO

CAPÍTULO OITO
      Quando o portão do Bumbódromo foi aberto, todas as pessoas, que estavam na fila, entravam correndo para conseguir um bom lugar nas arquibancadas. Rodolfo, Lorena e Celina ficaram em uma posição estratégica, bem perto da arena onde o boi se apresentava. O carro alegórico era um grande boi branco, com um coração vermelho na testa. O animal se mexia o tempo todo encantando as pessoas. E no chão, um boi de tamanho original com o tripa dentro dando vida ao auto do boi.

   Novamente foi apresentada a mesma história, agora com o boi branco, que trazia um coração vermelho na testa. O boi do Garantido era muito bonito e tinha ternura no olhar, deixava a plateia hipnotizada e com os olhos pregados na arena. Era um boi de acrílico e panos, com trejeitos de animal verdadeiro. O coração vermelho na testa e um olhar magicamente pintado, dava graça e vida ao bicho.

  O casal de namorados, de mãos dadas, parecia esperar alguma coisa especial daquele momento. Com um olhar para Lorena, Rodolfo disse mais do que palavras, queria aquela mulher junto de si, ou melhor, em sua cama. Ela entendeu o recado e respondeu com um beijo; o momento era de pura paixão.

     Foi emocionante a apresentação, na versão do boi Garantido. Os três amigos estavam surpresos em constatar como um ato, que foi apresentado anteriormente, conseguia prender a atenção da mesma plateia. A ideia é a mesma, apenas com atores e cores diferentes, mesmo assim, chegou para emocionar a plateia.

  A toada cadenciada fazia as pessoas dançarem nas arquibancadas, era contagiante. Nesse dia, a celebração foi sobre a vida. Havia uma grande lagarta na arena e dela saiam os participantes, para enlouquecer a plateia. A proposta era arrojada, aquela lagarta era somente o começo da transformação da borboleta.

     Muito verde e figuras de borboletas nas costas dos participantes se fundiam com o vermelho. As luzes de LED chacoalhando nos ares, pelas mãos dos torcedores, enfeitavam lindamente o ambiente. Enquanto isso, o contrário se calava, admirado pela bela apresentação do adversário. O boi faceiro se aproximou do cantor e lhe fez aconchegos, era cheio de trejeitos e encantos.

  Naquele barulho de milhares de pessoas se manifestando, era impossível conversar, mas o diálogo se dava através de olhares, apertos de mãos, beijos e abraços. Rodolfo enlaçou a cintura da moça e beijou seus cabelos, estava feliz como nunca antes estivera. Lá no fundo do seu coração crescia uma vontade louca de formar uma família, com aquela deusa amazônica. Os cabelos negros de Lorena, lisos e sedosos o deixavam atordoado e não podia pensar no momento da despedida, perdia o chão.

      Nesse instante, entraram os cavaleiros com estandartes, que traziam a cabeça do boi em destaque. Era muito bonito, parecia com os estandartes do dia de Santos Reis; trazia muitas fitas coloridas, medalhas e sinos em volta da cabeça do boi branco, com um coração vermelho na testa. A toada cadenciada e acompanhada pelas palmas da plateia, enlouqueciam o público, enquanto o contrário permanecia calado e no escuro.

   Os holofotes focavam no boi, que ficara dentro da roda dos cavaleiros com estandartes. Naquele momento, apareceu a grande lagarta, que começou a se mexer para se libertar do seu manto de casulo, e a se transformar em uma linda mariposa. Então, o boi começou a dançar e rodopiar dentro do círculo de cavaleiros. Era uma dança alegre, comemorando a vida, enquanto os estandartes se mexiam, chacoalhando seus sinos e medalhas, fazendo um som de bom augúrio e felicidade.

             Depois de duas horas e meia de muita festa, barulho e luzes foi dada por encerrada a apresentação do boi Garantido, sob aplausos e gritos histéricos dos mais entusiasmados. Enquanto todos saiam, Rodolfo enlaçou a cintura de Lorena e cochichou em seu ouvido:

               - Eu te amo e quero que você durma comigo essa noite, estarei aguardando você no meu quarto, deixarei a porta aberta.

              Lorena arregalou os olhos e disse:  

                    - É cedo para isso, precisamos nos conhecer melhor.

             - Não, eu já a conheço o suficiente para saber que quero você na minha vida. Retrucou o rapaz.

                 Celina entrou primeiro e os dois ficaram se despedindo lá fora, estavam enfeitiçados. Quando Lorena chegou ao quarto a amiga já estava dormindo. Então, ela pegou seu pijama e foi para o quarto de Rodolfo, que ficava no quintal.

           - Rodolfo, será que eu posso mudar de opinião sobre os bois? Perguntou a moça.

           – Claro que sim, somos livres para gostar do que quisermos, diga o que está pensando meu amor. Disse Rodolfo.

             – Meu coração é vermelho, fiquei encantada com o boi do Garantido. Lorena afirmou e sorriu para o namorado. Ele a abraçou e beijou, depois disse:     

                 - Eu gostei muito do Boi do Garantido, meu coração também é vermelho.

Foi uma linda noite de amor e quando o Sol nasceu brilhante, a moça entrou e foi para a cama ao lado da cama de Celina. Ela não percebeu, mas a amiga estava acordada e a surpreendeu perguntando:

    - A noite foi boa para vocês?

          - Sim, me desculpe, eu ia lhe contar tudo mais tarde. E foi se deitar com as faces queimando, ficara ruborizada, no entanto, estava muito feliz.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
 Com consultas ao Youtube.

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