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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

"O AMOR É ISSO, NÃO PRENDE, NÃO APERTA, NÃO SUFOCA... PORQUE QUANDO VIRA NÓ, JÁ DEIXOU DE SER UM LAÇO." MÁRIO QUINTANA--- UM DIA TODOS MUDAM...EVA IBRAHIM


O TEMPO FECHOU

CAPÍTULO OITO
Alcir estava visivelmente alterado, Sila ficou espantada ao ver seu marido tão exaltado. Ele fechou a cara e disse que não gostava de vê-la rindo alto como se fosse uma mulher qualquer. Era sua esposa e deveria se comportar, ou ele a impediria de frequentar as aulas. Ela retrucou dizendo que ninguém a tiraria da escola e se tivesse que escolher, não seria ele o escolhido. Pronto, o tempo fechou; os dois estavam emburrados. Ela entrou no automóvel e ele arrancou cantando pneus. Não se falaram mais depois disso.

À noite, enquanto Sila dormia, Alcir andava pela casa, estava inquieto. Não poderia deixa-la sair sem fazer as pazes, ele a amava e teria que ter paciência ou a perderia. Sila ficara furiosa com o ataque de ciúmes do marido. Depois de uma noite de insônia, Alcir resolveu arriscar e abraçou sua mulher antes dela se levantar; ela se aconchegou em seus braços. O marido ficou surpreso, pensou que seria repelido.

Ela o tratou com naturalidade, depois disse que percebeu que ele havia bebido, por isso não levaria em conta a discussão da noite anterior. Porém, esperava que ele não bebesse mais, pois, ninguém aguenta bebedeira, nem ela.

A partir daquele dia ele bebia com os amigos e depois comia alguma coisa, lavava o rosto e escovava os dentes para ela não perceber, então ia espera-la. Ele se continha para não magoá-la, detestava aquela escola e os colegas de curso de Sila.

E, quando ela começou a falar em fazer trabalhos de escola, nas casas dos colegas, ele surtou. Ela não iria participar de trabalho nenhum; reunião de homens e mulheres não poderia ser coisa boa. Se não houvesse outro jeito de fazer trabalhos, então, eles teriam que vir à sua casa. Ele ficaria vigiando o tempo todo, pensou o rapaz desconfiado.

Foi um verdadeiro fiasco, Alcir ficou sentado ao lado de Sila, durante a reunião. O grupo, que era composto de três mulheres e dois rapazes, não conseguiu se entrosar e acabaram por transferir a reunião para outro dia. Naquela casa não voltariam mais; aquele marido era um chato, só atrapalhava a reunião, que não deu em nada, decidiram os integrantes do grupo.

A cada reunião marcada para realizar os trabalhos, Alcir arrumava briga com Sila, tinha ciúmes de Celso, um dos rapazes do grupo e o mais esperto. Entretanto, ele ficava calado desde que ela o ameaçou dizendo que voltaria para a casa dos pais, se ele a impedisse de estudar. Ele recuou e enquanto ela estudava ele ficava no bar bebendo e jogando. Certa noite ele se esqueceu de busca-la e apareceu em sua casa de madrugada, estava muito bêbado. Mais uma vez houve discussão, foram três dias sem conversar; havia mágoa entre eles.

Em oito meses de casamento a situação só piorava, havia muitos desentendimentos. Alcir estava enturmado com gente ligada às drogas. O rapaz ficava no bar e foi sendo conquistado pelas piores coisas, bebida, jogos e drogas. Sila andava descontente com o rumo que as coisas estavam tomando. O marido não parava mais em casa, vivia acompanhado dos novos amigos. O dinheiro não dava para as despesas da casa, simplesmente desaparecia ou estava sendo desviado para coisas erradas. Sila estava desconfiada de que, o marido jogava partidas de carteado valendo dinheiro.

Certa noite ele chegou bastante alterado, parecia drogado e Sila o repreendeu, então, ele avançou e lhe deu um empurrão. A moça caiu e bateu com a cabeça na quina da porta. Em seguida ela se levantou e levou a mão à cabeça, que latejava como se ali tivesse um coração. Olhou para sua mão que estava suja de sangue. Depois a moça saiu correndo para a casa de seus pais. Alcir se jogou no sofá, estava entorpecido; precisava descansar.

Durante a madrugada, ele acordou assustado. Tinha vagas lembranças do ocorrido na noite anterior. Procurou por Sila, que não estava. Lembrou-se da queda e da pancada na porta e, mais nada.

 - Será que ela se machucou e a levaram ao Hospital? Onde estaria sua mulher?
Pensou e se desesperou, precisava saber e ligou para a casa da sogra.

Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
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