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ADIANTE
CAPÍTULO
OITO
Maura estava traumatizada com tantos
acontecimentos inesperados e dolorosos; sentia-se fragilizada, sem forças. E, o
tempo todo se perguntava:
- Por que eu? Esperei tanto por essas
férias e agora estou contida dentro de uma tipoia, que limita os meus
movimentos.
A
moça começou a chorar, então sua filha entrou na sala e ligou a TV; estava
passando algumas reportagens sobre pessoas com necessidades especiais. Maura
prestou atenção em uma delas, que era sobre uma atleta olímpica, que sofreu um
acidente e agora estava presa à uma cadeira de rodas. E, ela percebeu que Deus
estava lhe puxando as orelhas. O acidente que sofrera era tão pequeno diante
daquela situação vivida pela atleta, que ela pediu perdão a Deus e se
arrependeu de seus sentimentos egoístas e pequenos.
Aquele
dia foi um marco para ela, que deixou de se lamentar e resolveu seguir adiante.
O seu braço estava ali e poderia recuperar todos os movimentos, era só ter
paciência e persistência, dissera o médico que a atendera pela segunda vez. Ela
não dera importância as orientações médicas, estava revoltada contra a sua
situação. No entanto, agora ela entendia o que ele queria dizer.
O
braço deveria ficar na tipoia, porém as mãos precisavam de movimentos constantes
para não perder a função. Maura tratou de resgatar uma bolinha do seu filho no
quartinho de despejo e comprou um Hand Grip para exercitar as mãos e os
músculos do antebraço. A partir daquele dia, ela passava a maior parte de seu
tempo fazendo os exercícios possíveis para preservar os movimentos do braço.
Determinada
a voltar ao trabalho o mais rápido possível, se dedicava a restabelecer o
braço. Ficava mais tempo no chuveiro massageando o membro sob a água quente e,
também fazia uso da bolsa de água quente para diminuir a dor ao dormir. Passara
a frequentar a Igreja, precisava falar com Deus.
Criara
uma válvula de escape para sua frustração e seus medos se afugentaram. Lutaria
com todas as suas forças para voltar a ser aquela mulher otimista e alegre de
sempre.
No dia
em que retornou ao médico e demonstrou toda sua energia e recuperação, este se
espantou e disse:
-
Pode tirar a tipoia, seus movimentos estão preservados e você não necessita de
fisioterapia, apenas fazer uma ressonância magnética para uma avaliação das
estruturas internas. E, tomar cuidado com movimentos bruscos para não sofrer
novo deslocamento do membro. Meus
parabéns, agora é seguir em frente, está com alta para o trabalho.
Maura
saiu do consultório médico com o coração batendo tranquilo, estava feliz. Estivera
no limite da dor, mas iria seguir adiante com a cabeça erguida, nunca mais iria
se lamentar. Estava mais atenta aos sofrimentos dos seus semelhantes, porque
ninguém merece sentir dores; agora ela sabia disso.
Um
texto de Eva Ibrahim.