ENCANTAMENTO
CAPÍTULO UM
A moça estava impaciente, andava de
um lado para o outro enquanto suas amigas riam abraçadas aos seus namorados. O
salão de eventos estava cheio de gente, que aguardavam o início da apresentação
de uma banda de música muito conhecida. No entanto, quem ela queria ainda não
havia chegado; Vitória estava esperando o seu novo amor.
Eduardo era comerciante, tinha uma
loja de ferragens e havia se divorciado há dois anos. Era um homem experiente e
mais velho do que ela, parecia que esse fato o tornava mais encantador. Era um
homem de trinta e cinco anos com alguns cabelos grisalhos despontando em suas
têmporas. Ela se tornara sua admiradora desde o dia em que Lídia, uma nova
amiga da academia a apresentara ao seu irmão.
- Vitória, Edu,
- Edu, Vitória, vocês combinam.
Dissera
a amiga sorrindo e deixando os dois sozinhos. Ambos ficaram sem jeito e ele
tomou a palavra quebrando o gelo; era um cavalheiro e não deixaria a moça sem
graça. A conversa começou difícil, mas foi deslanchando e em pouco tempo os
dois estavam rindo, sentados na banqueta do bar. Tomaram uma cerveja e depois
saíram para dançar; Vitória sentia-se nas nuvens.
Edu tinha um sorriso
alegre, os olhos negros mais profundos que ela já vira e era brincalhão como
uma criança. Ele a prendera de imediato com seu jeito doce e sedutor. Ela sentia
que estivera esperando por ele a vida inteira; foi amor à primeira vista.
Depois desse dia, eles se
encontraram novamente em uma lanchonete. Ficaram juntos até altas horas e a
noite terminou com muitos beijos trocados. Saíram outras vezes e sempre
combinavam novos encontros, porém nada específico.
- Ficaria ao acaso, dissera Edu sorrindo
depois do último encontro.
Naquela noite no salão de
eventos ela estava tão ansiosa que os sentimentos se confundiam em seu peito.
Estava apaixonada e acreditava que ele iria ao evento do sábado à noite.
Entretanto, a incerteza a desestabilizava e ela pensava sem parar no poder que
Edu tinha.
Ele podia decidir se sua noite seria boa ou
ruim, se ela ficaria alegre ou triste. Quando o rapaz chegava com um simples oi
ela ganhava o céu ou com sua indiferença tinha a capacidade de jogá-la no mais
profundo oceano escuro. Ela andava de lá para cá e vice versa e seus
pensamentos ganhavam corpo, então, a Lídia apareceu e ela explodiu num
desabafo.
– Odeio o seu irmão que me tem em suas mãos e,
eu nunca estive nas mãos de ninguém; não sei lidar com isso. E, quando ele
aparece fico muito feliz, que preciso me conter para não dar bandeira. Se
pudesse ver o sorriso que escondo dele e o quanto o meu coração fica alegre com
sua presença, entenderia o que é o sentimento que trago no peito.
Lídia sorriu para Vitória,
estava contente por ter colaborado com a felicidade da amiga. A moça gostava da
amiga e desejava que o encontro desse certo, afinal, seu irmão merecia ser
feliz novamente; deixara uma relação ruim para trás.
- Ele também não sabe que
tem o poder de controlar minhas emoções e influenciar no meu humor. Prefiro
deixar assim, pois uma hora ele irá perceber que já me ganhou e não posso prever
sua reação, continuava falando a moça ansiosa.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.