UM DIA DE CADA VEZ
CAPÍTULO TRÊS
Amanheceu um lindo dia de Sol e Celina
estava com os olhos inchados de tanto chorar. Desolada, a moça olhava seu
marido dormir um sono forçado por medicamentos diversos. Teria que esperar
Fernando acordar, estava dopado, conforme o que lhe dissera o enfermeiro. Ele
teria que passar o dia todo no Hospital, para aguardar o Neurologista e sua
conduta naquele caso.
Celina
fora alertada de que Fernando poderia ficar internado para fazer exames ou até
mesmo ser submetido a algum procedimento cirúrgico. Ela estava triste e com
sono, sua noite fora longa e estressante; precisava descansar. Quando sua sogra
chegou para ver o filho, ela desabou; estava emocionalmente fragilizada. E,
abraçada à mãe do marido chorou copiosamente e baixinho resmungou; “o meu mundo
caiu”.
Não
demorou muito e o rapaz acordou, estava confuso, não sabia o que estava
acontecendo e depois das explicações dadas pelas duas mulheres ele disse
lembrar-se vagamente do ocorrido. Então, o enfermeiro entrou dizendo que o
paciente iria tomar banho, que as duas saíssem para dar uma volta. Sogra e nora
se abraçaram e foram até a lanchonete para tomar um café.
A
velha senhora tentava consolar a nora, que estava curtindo sua lua de mel com o
coração na mão e pedindo a Deus pela cura de seu marido. Depois de uma hora,
elas retornaram ao quarto. Fernando estava
sendo preparado para uma tomografia, que o neurologista havia solicitado.
As
próximas horas seriam decisivas para Celina saber sobre a doença de seu marido
e como seria sua vida dali para a frente. As duas mulheres sentaram-se no sofá
da sala de espera e não demorou muito para Celina recostar a cabeça e
adormecer; seus olhos estavam tão pesados que foram fechando sem ela consentir.
A sogra observava a nora e
pensava se ela ficaria com Fernando, caso a sua doença fosse grave. Então,
tratou de andar um pouco para tirar aquele pensamento da cabeça; a espera e a
ansiedade a deixavam nervosa.
Depois de um longo tempo, surgiu uma
maca no final do corredor com dois homens vestidos de branco empurrando-a. Era Fernando
sendo conduzido ao quarto, o rapaz havia adormecido após os exames a que fora
submetido. Celina acordou sobressaltada e pediu desculpas à sogra por ter
cochilado. Queria saber do marido e se estava bem; o enfermeiro disse para a
mulher aguardar que o médico daria notícias.
Aquela
espera era assustadora, teria que se acalmar ou ficaria doente também, pensou
Celina em um momento de lucidez. Mais tarde, depois que Fernando acordara,
apareceu um senhor de meia idade com óculos de lentes grossas, bigodes fartos e
expressão séria, estava apressado. Entrou com uma porção de papéis nas mãos e
foi logo abordando o paciente e dizendo que já tinha um diagnóstico baseado na
tomografia.
- Tudo indica que foi uma crise
epilética que você teve.
Falou
diretamente para Fernando e depois olhou para as duas mulheres que que estavam
ao lado da cama. Então, continuou:
- Durante a crise o paciente perde a
consciência, apresenta espasmos musculares, que sacodem o corpo ou pode,
simplesmente, deixar a pessoa confusa e desatenta.
- Como ele adquiriu essa doença? Perguntou a
mãe de Fernando.
E, o
médico especialista em neurologia começou a explicar:
-É
difícil estabelecer uma causa, precisamos investigar
- A epilepsia é uma doença do sistema
nervoso, a maioria dos casos é de fácil tratamento. Porém, existem casos mais
severos que precisam, muitas vezes, de cirurgia. As crises epiléticas podem ser
desencadeadas por mudanças súbitas de intensidades luminosas, tais como: luzes
piscando, privação do sono, bebidas alcoólicas, febre alta, ansiedade, cansaço,
drogas e outros.
Vamos deixa-lo internado para entrar
com a medicação para diminuir o número e a intensidade das crises. Se amanhã
ele estiver melhor darei alta para ele. Daqui para a frente ele terá que viver
um dia de cada vez. Dizendo isso ele saiu do quarto deixando a mãe e a esposa
de Fernando boquiabertas. Tudo aquilo era novo e terrível para o casal de
recém-casados.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.