VOCÊ É UM SONHO PRA MIM
CAPÍTULO NOVE
Sandro saiu cedo, estava acompanhado por
sua mãe, que o deixou na porta do ônibus com um beijo no rosto. Gilda esperou
ele sentar-se e depois entrou no veículo vagarosamente. Então, pediu silêncio
ao cobrador com o dedo em riste na boca fechada, indo sentar-se no fundo do
ônibus. O rapaz seguiu a rotina e desceu em frente à escola; sua mãe também
desceu e ficou parada do outro lado da rua para esperar que ele entrasse no
estabelecimento.
Chegaram alguns alunos e Sandro se foi
em meio ao grupo, deixando a mulher decepcionada; nada havia acontecido de
estranho. Então, ela decidiu dar uma volta na cidade enquanto esperava a hora
da saída. Quatro longas horas e Gilda teria que esperar se quisesse saber o
motivo de tanta vaidade do filho. Ela ficou passeando e vendo vitrines;
aproveitou para comprar material para a confecção das tapeçarias que fazia para
vender.
Com as sacolas nas mãos a mulher se
postou do outro lado da rua; um lugar onde dava para ver o portão da saída e
onde ela pregou os olhos assim que ouviu a sineta. Havia muita gente em frente
à escola, eram pais que esperavam os filhos para leva-los para casa. Por último
apareceu o seu filho segurando a mão de uma moça, ambos usavam óculos escuros.
Quando chegaram perto da escada a moça segurou no braço de Sandro e ele a
conduziu até o portão, tateando com sua bengala.
Então, ele a abraçou, beijou e ficou um
longo tempo com os braços ao redor do corpo dela; estava claro que aquela moça
era a namorada de seu filho. Uma moça bonita, de boa aparência e cega como ele.
Gilda sentiu-se satisfeita, seria melhor que ele se apaixonasse por uma moça que
tivesse o mesmo problema que ele.
Ela sabia que seu compromisso seria
dobrado, pois, teria que cuidar de um casal de cegos, porém, seu coração se
aquietava sabendo que ela seria a luz dos olhos dos dois. Demorou um pouco e
apareceu um automóvel que levou a moça embora, deixando Sandro sozinho no ponto
de ônibus. Gilda se aproximou, porém, manteve certa distância, não queria que o
filho ficasse constrangido; esperaria que ele lhe contasse sobre seu amor.
Quando o ônibus chegou, o cobrador o
chamou, ele entrou e sentou-se no banco de costume. Em seguida, sua mãe também
entrou e foi sentar-se bem longe dele. Voltaram para casa e Sandro não percebeu
que sua mãe o seguira. Sofia e Gilda compartilhavam o segredo de Sandro e
sentiam-se felizes em saber que ele poderia conquistar a felicidade, apesar de
sua deficiência visual. Ele encontrara o amor e estava diferente, mais alegre,
mais cuidadoso e muito vaidoso.
As duas mulheres sempre davam indiretas
para ver se ele se abria e contava tudo sobre sua namorada, porém, ele se
mantinha calado. Chegaram a pensar que ele havia terminado o namoro, mas, certo
dia ele estava tomando café quando disse que precisava da ajuda de sua mãe e da
Sofia. As duas se entreolharam espantadas e acenaram com a cabeça, era só dizer
o que queria. Sorrindo ele disse:
-É o aniversário da minha namorada e eu
queria comprar um presente especial para ela, por isso preciso de ajuda. As
duas mulheres fingiram surpresa e queriam saber quem era a moça e como era.
Então o rapaz a descreveu assim:
-Eu sinto que ela é muito bonita, tem a
pele sedosa, cabelos macios, cheirosos e eu me sinto completo ao lado dela.
Gilda olhou para a amiga, estava encabulada. Ele não via, ele sentia a beleza da namorada, foi o que pensou sua mãe relembrando o passado com nostalgia. Sofia entendeu o pensamento de Gilda e tratou de mudar o rumo da prosa.
Gilda olhou para a amiga, estava encabulada. Ele não via, ele sentia a beleza da namorada, foi o que pensou sua mãe relembrando o passado com nostalgia. Sofia entendeu o pensamento de Gilda e tratou de mudar o rumo da prosa.
-Por que ele não trazia a moça para um jantar? E, afinal qual era o nome dela? Perguntou Sofia.
Sandro
sorriu e disse:
-Celina,
minha Celina; ela é um sonho pra mim.
Era seu amor, ele a conheceu no
Conservatório, ela também tocava Piano e a traria à sua casa, pois a amava e
queria apresenta-la as duas mulheres de sua vida, a mãe e Sofia.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.