O CAMINHO
DA FELICIDADE.
Álvaro chegara do trabalho por volta das vinte horas e depois de um
banho para tirar a “inhaca” como dizia sua mãe, comeu um sanduíche e ligou a
televisão; era sexta-feira de carnaval.
Estava triste, pois fazia uma semana que
discutira com Raissa e não a vira mais. Orgulhoso como era não iria se rebaixar
e pedir desculpas, muito pelo contrário ele esperava que ela se retratasse. Ele
estava apaixonado e sentiu-se ofendido quando ela disse que iria estudar à
noite. Álvaro bateu o pé, não queria que sua namorada saísse todas as noites
sem a sua companhia. A discussão aconteceu e ambos sentiam-se donos da razão,
não houve acordo e pela primeira vez o rapaz a deixou sem despedir-se. Há quatro
meses eles estavam saindo para se conhecer e essa fora a primeira briga do
casal.
Ele queria muito falar com ela, mas se voltasse atrás perderia o
respeito por si próprio e além do mais ele não mudara de ideia. Álvaro temia
que sua amada conhecesse alguém e o passasse para trás. Raissa argumentou que
precisava trabalhar para ajudar seus pais e o jeito seria estudar à noite. Um
dilema que envolvia a família da moça e ele poderia perder a razão, por isso
estava tão triste.
O telefone não tocou e o rapaz resolveu
sair para arejar a cabeça; havia muita bagunça nas ruas. Ele sentou-se em uma
mureta para ver os blocos desfilarem pela avenida. Álvaro estava enfraquecido emocionalmente
e sentia-se solitário em meio aquela grande festa. Resolveu andar um pouco para
aliviar o peso da amargura que sentia naquele momento. Com as mãos no bolso ele
seguia cabisbaixo pensando em seu amor; não poderia viver sem ela.
O jeito de andar e o modo como sorria eram insubstituíveis, ele amava
aquela moça e morreria sem ela; parecia que tudo estava escuro e feio. Não via
graça em nada e ainda teria mais quatro dias de carnaval para curtir sozinho.
Álvaro imaginava Raissa afagando seus
cabelos e beijando-o ardentemente; precisava dela. Perdido em seus pensamentos
ele não percebeu que havia andado bastante; estava perto da casa do seu amor.
Assustado, o rapaz se escondeu atrás de uma árvore para não ser visto; havia
música na rua e os blocos de carnaval passavam promovendo uma grande folia.
–Será que ela estaria assistindo
aos festejos? A possibilidade era grande, ninguém iria dormir com aquela
algazarra na rua, concluiu o rapaz. Álvaro, muito ansioso, passou a olhar com atenção
para todos os lados. Seu coração pulsava rapidamente quando ele viu o objeto de
sua paixão, Raissa estava encostada no muro de sua casa conversando com uma
amiga.
O coração do rapaz parecia não caber em seu
peito, sua amada estava a cinquenta metros de distância e ele queria abraça-la
e beijá-la até matar a saudade, que o estava matando. Ela não sabia que ele
estava ali e também parecia triste. Álvaro não se continha, teria que percorrer
aquela distância, que para ele representava ser o caminho da felicidade.
Foi o caminho mais
longo que Álvaro já percorreu em toda sua vida e quando Raissa o viu abriu os braços com um
belo sorriso. O beijo foi inevitável, ambos se amavam e teriam que resolver
suas diferenças para poderem ser felizes. Seguiram abraçados em meio aos foliões;
teriam a noite toda para se entender, afinal era noite de carnaval. O amor
estava no ar e havia um convite ao prazer e a felicidade.
Um texto de Eva Ibrahim.