TOURO
BANDIDO, O MITO
CAPÍTULO
DOZE
Marcelo começou a contar a
história fantástica do touro Bandido, que participou da trama de uma novela
brasileira. Essa história obteve enorme audiência; chamava-se “América”. Angel
tinha algumas lembranças de ver, na televisão, alguns capítulos de relance ao
lado de sua avó.
- Eu era muito pequena e não me interessava por novelas, lamentou. A novela foi ao ar em dois mil e cinco e Angel era apenas uma criança.
- Eu era muito pequena e não me interessava por novelas, lamentou. A novela foi ao ar em dois mil e cinco e Angel era apenas uma criança.
Ela tinha visto a estátua de Bandido
na entrada do parque, porém, não conhecia sua história. Marcelo estava
emocionado ao falar do animal, tivera a oportunidade de vê-lo uma única vez,
mas bastou para ficar gravado em sua memória. Ele era apenas um adolescente e
seu pai o levou para assistir à apresentação do Touro mais famoso do país.
Depois de enxugar uma lágrima ele continuou.
- Bandido está enterrado no memorial dos
touros em Barretos. Faleceu em dois mil e nove, deixando muitos filhos e sêmen
congelados para futuros cruzamentos. Era um touro sensível, apesar de seus
quase mil quilos. Bandido nasceu mestiço de um cruzamento das raças Simental e
Nelore, tinha uma cara branca, uma expressão dura, com um olhar malicioso e
faceiro; parecia entender tudo que se passava a sua volta. Seu corpo era
malhado de escuro e claro, um touro altivo e voluntarioso. Andava com passos
rápidos e leves, como os de uma gazela de quase uma tonelada.
- Somente um peão, no ano de dois mil e dois
permaneceu oito segundos em seu lombo, depois disso, o Bandido manteve-se
invicto. Derrubou todos os mais de duzentos peões que o desafiaram.
- Os desafios levavam multidões às arenas de
todo o país, onde quer que o touro fosse se apresentar. Os campeões tinham o
direito de desafiar o Bandido e aproveitavam para se promover, mas não
conseguiam dominar a fera e caiam nos primeiros segundos.
- A enorme plateia se calava para ver
o touro na arena. Ele entrava e dava uma volta de apresentação, parava e
arrastava a mão jogando areia para trás, parecia saber que era uma estrela.
Bandido era indomável, tornou-se uma lenda, promovendo os rodeios e encantando as
plateias.
- O touro, de quase uma tonelada, não levava mais que dois segundos, para jogar o peão fora de seu dorso.
Às vezes, se jogava no chão juntamente com o peão ou em cima do mesmo. Depois,
enfurecido, investia com seus chifres para jogar o derrotado para longe. Um
deles foi atirado seis metros para cima e caiu de mal jeito, sofrendo sérias
lesões. Os salva vidas tinham muito trabalho, para acudir os peões dos chifres
e cascos do touro.
- Onde Bandido se apresentava era
certa a multidão para aplaudi-lo, parecia que torciam para o animal e não para
o peão. Muitos sonhavam em vencer o touro na arena, planejavam, criavam
estratégias, rezavam muito, mas não conseguiam permanecer montados no animal.
- A porta do brete era aberta e
Bandido corcoveava com seu corpanzil, erguendo a traseira e chacoalhando para
todos os lados, até sentir que se livrara do peão. Em seguida, atacava seu
montador, queria destruí-lo. Entretanto, os salva-vidas o afastavam. Frustrado em
seu intento, o touro erguia a cabeça, altivo, ensaiava uma pequena corrida,
parava e arrastava a mão jogando areia para trás. Depois voltava para o brete,
parecia vingado pela ousadia de tentarem montá-lo.
- Bandido foi
ator de novela e o touro mais famoso e admirado por todos, nas arenas do
Brasil. Participou, também, de alguns rodeios internacionais. Brilhou e foi a
estrela maior dos rodeios, durante oito anos, tornou-se um mito. Mas, como tudo tem seu fim,
Bandido foi acometido de um câncer no olho. E em decorrência da doença, foi
definhando até seu falecimento, em janeiro de dois mil e nove.
- Foi sepultado com honras e o toque do
berrante, no memorial de Barretos. Quando desceu à cova, não teve uma pessoa
sequer, entre os presentes, que conseguisse segurar as lágrimas em sua
despedida.
Marcelo bocejou, já era tarde, ele estava
cansado e com os olhos marejados de lágrimas, então, convidou a namorada para
irem descansar no hotel. Angel estava calada e encantada com aquela
narrativa. Percebeu a grandeza dos
rodeios e a emoção, que existe em todo peão de boiadeiro. São homens valentes, tementes
a Deus, que jogam com a própria vida para vencer um touro na arena e ganhar
fama por alguns momentos. No entanto, respeitam o animal, que não se deixa
dominar e Bandido foi um deles.
No dia seguinte, com um Sol
maravilhoso seguiram a viagem de volta, na caminhonete recebida como prêmio, por
sua performance nas rédeas do Jiló.
Angel gostaria de voltar a Barretos no próximo ano,
descobrira um mundo novo e fascinante. O mundo dos sertanejos, dos peões de
boiadeiro, do povo simples do interior do Brasil, que sabem fazer festas incríveis. Marcelo e Angel estavam
felizes e concentrados, vivendo dias de felicidade.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa
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