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quarta-feira, 3 de julho de 2019

'NOSSA SENHORA DO BRASIL" "(...) ME COBRE COM SEU MANTO, ENXUGA O MEU PRANTO, PERDOA SE EU NÃO SEI REZAR, ESTENDA SUA MÃO, ME ABRE O CORAÇÃO, ME ENSINA A SABER AMAR, ESTENDA O SEU MANTO DE PAZ E ACALANTO. O AMOR MAIS PURO E VERDADEIRO, BENDITO É O PERDÃO, QUE ABRE O CORAÇÃO DO POVO BRASILEIRO". PADRE MARCELO ROSSI

TOURO BANDIDO, O MITO

CAPÍTULO DOZE
             Marcelo começou a contar a história fantástica do touro Bandido, que participou da trama de uma novela brasileira. Essa história obteve enorme audiência; chamava-se “América”. Angel tinha algumas lembranças de ver, na televisão, alguns capítulos de relance ao lado de sua avó. 

            - Eu era muito pequena e não me interessava por novelas, lamentou. A novela foi ao ar em dois mil e cinco e Angel era apenas uma criança.

               Ela tinha visto a estátua de Bandido na entrada do parque, porém, não conhecia sua história. Marcelo estava emocionado ao falar do animal, tivera a oportunidade de vê-lo uma única vez, mas bastou para ficar gravado em sua memória. Ele era apenas um adolescente e seu pai o levou para assistir à apresentação do Touro mais famoso do país. Depois de enxugar uma lágrima ele continuou.

             - Bandido está enterrado no memorial dos touros em Barretos. Faleceu em dois mil e nove, deixando muitos filhos e sêmen congelados para futuros cruzamentos. Era um touro sensível, apesar de seus quase mil quilos. Bandido nasceu mestiço de um cruzamento das raças Simental e Nelore, tinha uma cara branca, uma expressão dura, com um olhar malicioso e faceiro; parecia entender tudo que se passava a sua volta. Seu corpo era malhado de escuro e claro, um touro altivo e voluntarioso. Andava com passos rápidos e leves, como os de uma gazela de quase uma tonelada.

         - Somente um peão, no ano de dois mil e dois permaneceu oito segundos em seu lombo, depois disso, o Bandido manteve-se invicto. Derrubou todos os mais de duzentos peões que o desafiaram.

          - Os desafios levavam multidões às arenas de todo o país, onde quer que o touro fosse se apresentar. Os campeões tinham o direito de desafiar o Bandido e aproveitavam para se promover, mas não conseguiam dominar a fera e caiam nos primeiros segundos.

           - A enorme plateia se calava para ver o touro na arena. Ele entrava e dava uma volta de apresentação, parava e arrastava a mão jogando areia para trás, parecia saber que era uma estrela. Bandido era indomável, tornou-se uma lenda, promovendo os rodeios e encantando as plateias.

       - O touro, de quase uma tonelada, não levava mais que dois segundos, para jogar o peão fora de seu dorso. Às vezes, se jogava no chão juntamente com o peão ou em cima do mesmo. Depois, enfurecido, investia com seus chifres para jogar o derrotado para longe. Um deles foi atirado seis metros para cima e caiu de mal jeito, sofrendo sérias lesões. Os salva vidas tinham muito trabalho, para acudir os peões dos chifres e cascos do touro.

      - Onde Bandido se apresentava era certa a multidão para aplaudi-lo, parecia que torciam para o animal e não para o peão. Muitos sonhavam em vencer o touro na arena, planejavam, criavam estratégias, rezavam muito, mas não conseguiam permanecer montados no animal.

           - A porta do brete era aberta e Bandido corcoveava com seu corpanzil, erguendo a traseira e chacoalhando para todos os lados, até sentir que se livrara do peão. Em seguida, atacava seu montador, queria destruí-lo. Entretanto, os salva-vidas o afastavam. Frustrado em seu intento, o touro erguia a cabeça, altivo, ensaiava uma pequena corrida, parava e arrastava a mão jogando areia para trás. Depois voltava para o brete, parecia vingado pela ousadia de tentarem montá-lo.

           - Bandido foi ator de novela e o touro mais famoso e admirado por todos, nas arenas do Brasil. Participou, também, de alguns rodeios internacionais. Brilhou e foi a estrela maior dos rodeios, durante oito anos, tornou-se um mito. Mas, como tudo tem seu fim, Bandido foi acometido de um câncer no olho. E em decorrência da doença, foi definhando até seu falecimento, em janeiro de dois mil e nove.

            - Foi sepultado com honras e o toque do berrante, no memorial de Barretos. Quando desceu à cova, não teve uma pessoa sequer, entre os presentes, que conseguisse segurar as lágrimas em sua despedida.

          Marcelo bocejou, já era tarde, ele estava cansado e com os olhos marejados de lágrimas, então, convidou a namorada para irem descansar no hotel. Angel estava calada e encantada com aquela narrativa. Percebeu a grandeza dos rodeios e a emoção, que existe em todo peão de boiadeiro. São homens valentes, tementes a Deus, que jogam com a própria vida para vencer um touro na arena e ganhar fama por alguns momentos. No entanto, respeitam o animal, que não se deixa dominar e Bandido foi um deles.
          
            No dia seguinte, com um Sol maravilhoso seguiram a viagem de volta, na caminhonete recebida como prêmio, por sua performance nas rédeas do Jiló.

            Angel gostaria de voltar a Barretos no próximo ano, descobrira um mundo novo e fascinante. O mundo dos sertanejos, dos peões de boiadeiro, do povo simples do interior do Brasil, que sabem fazer festas incríveis. Marcelo e Angel estavam felizes e concentrados, vivendo dias de felicidade.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa 
Pesquisas: You tube, Wikipédia Brasil

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