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quarta-feira, 12 de setembro de 2018

"EU NÃO EXISTO SEM VOCÊ" - "EU SEI E VOCÊ SABE, JÁ QUE A VIDA QUER ASSIM. QUE NADA NESSE MUNDO LEVARÁ VOCÊ DE MIM. EU SEI E VOCÊ SABE QUE A DISTÂNCIA NÃO EXISTE. QUE TODO GRANDE AMOR SÓ É BEM GRANDE SE FOR TRISTE. POR ISSO MEU AMOR NÃO TENHA MEDO DE SOFRER. QUE TODOS OS CAMINHOS ME ENCAMINHAM PRA VOCÊ". TOM JOBIM E VINÍCIUS DE MORAES

SAUDADES DE VOCÊ

CAPÍTULO CINCO
          Marília sentia uma profunda dor na alma; um sentimento triste e melancólico. A visão de seu marido na cama do hospital respirando com a ajuda de aparelhos, tinha o poder de desestabilizá-la emocionalmente. Precisava de ajuda espiritual, isto é, procurar auxílio dos céus. Saiu de sua casa com duas horas de antecedência do horário de visitas na UTI.

          Seu destino era a Igreja da Boa Morte, que ficava bem no alto do morro. Uma igreja onde havia relatos de muitos milagres recebidos e que tinha uma energia poderosa. Ela era católica, mas poucas vezes ia à missa, punha a culpa no trabalho da pizzaria. No entanto, sempre fazia suas orações.

         Todas as vezes em que esteve na igreja, presenciara pessoas ajoelhadas em frente a imagem da Virgem Maria. Certamente, pedindo misericórdia para amenizar suas tragédias, ou simplesmente, fazendo suas orações com devoção e agradecimento. Aquele desejo de procurar a igreja estava crescendo em seu coração, desde quando soube do acidente.

           Depois de uma caminhada concentrada no seu intuito, entrou de mansinho na igreja quase vazia. Era meio da tarde e havia poucas pessoas fazendo suas orações. Aquela era a casa do pai de todos, Deus, que transmitia paz e esperança para o seu coração. Olhou para a cruz e intimamente pensou:

            - Pai, eu voltei com o coração em frangalhos, me acolha por favor. Em seguida, baixou o olhar como se estivesse pedindo perdão, por estar ausente durante tanto tempo.

          Marília se ajoelhou no genuflexório diante da imagem da Virgem Maria, chorosa, implorando por clemência e misericórdia. Ela havia lido em algum lugar, que nenhum pedido sincero feito a mãe de Jesus, ficaria sem resposta. Era uma mãe piedosa e estava sempre pronta para atender aos necessitados.

            - Estou aqui para implorar pela recuperação do Fernando, ele é meu marido e preciso dele para viver. Ela desejava que seu marido se recuperasse sem sequelas do trauma na cabeça.

               Em seguida, baixou a cabeça e com lágrimas nos olhos fez suas orações. Ficou ali esperando uma luz para aliviar sua alma triste e abalada. O tempo não importava naquele lugar e, ela foi se acalmando. Em seu íntimo surgira uma paz cercada de ânimo, que tomou conta de seu coração; precisava lutar pela recuperação do seu amor. Então, voltou a realidade com a certeza de que seu amor ficaria bem.

            Olhou no relógio e ficou surpresa, fazia uma hora e meia que estava ali; deveria se apressar. Beijou a fita azul que descia das mãos da imagem de Maria e se levantou para ir ao hospital visitar Fernando.

            Chegou esbaforida, pois a caminhada foi grande. Adentrou ao hospital e viu o senhor cuja esposa tivera um derrame. Ele também a viu e cumprimentou com a cabeça. Então, ela retribuiu acenando discretamente.  

         – Estamos juntos nessa situação triste. Pensou com o coração aflito, queria ver Fernando.

          Em seguida, a porta de vidro da UTI foi aberta e cada um, com sua identificação, se dirigiu ao leito de seu familiar. Marília beijou a testa do marido, que estava exatamente como o havia deixado no dia anterior, mas, ela estava diferente; trazia no peito esperanças renovadas. Então, disse baixinho no pé do ouvido do marido:

          - Estou com saudades de você, volta para mim. E, duas lágrimas rolaram pelo seu rosto, salgando sua boca.

 Mais uma vez, ele não reagiu.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

MEU MUNDO REINVENTADO.

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