CAPÍTULO SEIS
Saulo entrou rapidamente no hospital,
precisava ver sua esposa viva, já não acreditava mais nessa possibilidade. Fora
avisado de que ficaria apenas cinco minutos dentro do box, em que Alana se
encontrava, era o semi intensivo. A paciente estava debilitada e precisava de descanso;
não poderia falar, porque isso a deixava cansada.
Depois de lavar as mãos, colocar máscara
e avental, ele foi conduzido até o box vinte e três. Então, Saulo viu sua
esposa por detrás da máscara de oxigênio. Ela sorriu para ele, que se derreteu
em lágrimas. Alana estava de volta a vida. O marido ficou chorando,
silenciosamente, em pé diante da cama da mulher.
A paciente estava muito fragilizada,
pálida, emagrecida, depois de estar internada durante treze dias, era fácil
entender a situação atual. Alana ficara intubada durante dez dias e fora uma
guerreira incessante, ou teria ficado pelo caminho, foi o que o médico disse
para Saulo.
Sua luta foi diária, lenta e constante,
isso a fez continuar viva, era o que importava naquele momento. Estava em
guerra contra um vírus invisível e ainda teria uma longa recuperação pela
frente. De uma coisa Saulo tinha certeza, faria tudo que pudesse para que ela
ficasse bem.
O marido ficou algum tempo parado
em frente a cama, custava a acreditar que sua esposa estava viva. Parecia uma
menina no leito, estava menor e mais magra, apenas seus olhos grandes brilhavam
como sempre.
O homem, em sua solidão, tivera
muitos pesadelos nos últimos dias e o pior deles fora a morte de Alana. As
informações eram péssimas e ninguém deixava ele subir para ver sua esposa.
Assim, sua imaginação corria solta para o pior lado possível. Mas, agora estava
ali e precisava aproveitar para saber mais dela e lhe dar apoio.
Então, ele se aproximou do leito e
disse:
-Nós a amamos, força meu amor;
precisamos de você. E, novamente, duas lágrimas rolaram pelo seu rosto. A
paciente não podia falar, estava com a máscara de oxigênio, então ela fez que
sim com a cabeça.
Em seguida, a enfermeira disse que ele deveria
se retirar, Alana precisava descansar.
Saulo não poderia se aproximar
dela e lhe mandou um beijo de longe, ela sorriu e com a mão fez sinal de
positivo. Depois foi saindo e olhando para trás, estava emocionado. Sentia-se
mais tranquilo, mas algo o incomodava, ela estava muito fraca e uma ponta de
preocupação o atormentava.
- Será
que ela vai se recuperar? Parecia tão mal e eles disseram que ela estava
melhor! Se agora estava assim, como estaria anteriormente? Com esses
pensamentos ele se retirou, voltaria no dia seguinte.
O homem foi dormir preocupado
com a situação de sua mulher. Pela manhã, se levantou e adiantou todos os seus
compromissos, para depois do almoço ir visitar Alana. Poderia ficar apenas por
cinco minutos, mas seriam suficientes para perceber se ela estava melhor ou
não.
Entrou e foi até o box vinte e
três e seu coração disparou quando viu sua mulher. Ela estava recostada nos
travesseiros e com um aspecto bem mais animador, que o dia anterior. Ainda
permanecia com oxigênio, mas respirava melhor. A enfermeira se aproximou e
falou:
- Ela está progredindo e se continuar assim,
poderá ir para a enfermaria e dali para casa. Disse isso sorrindo e se afastou
um pouco.
Saulo agradeceu e sorriu para
Alana, que fez um esforço e perguntou:
- Como e onde estão
as meninas? E ele respondeu:
- Estão com minha irmã, fique tranquila.
Ele, então, teve certeza que ela estava se recuperando e tudo poderia voltar ao
normal. Aquele fora um raio de luz na escuridão dos últimos dias.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa