MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

sábado, 28 de janeiro de 2017

"QUANDO OS JARDINEIROS PLANTAM JARDINS, NÃO SÃO SÓ AS PLANTAS QUE CRESCEM, OS JARDINEIROS TAMBÉM..." KEN DRUSE

SOB SUAS ASAS
   CAPÍTULO TRÊS
             Marília estava tão cansada que adormeceu logo, foi um sono pesado e sem sonhos ou pesadelos: apenas restaurador. Aquela era a primeira noite que Leandro dormia fora de sua casa. Apesar do casamento estar naufragando, ele sempre dormia em casa, muitas vezes bêbado a ponto de não saber onde estava, mas seu corpo estava presente.

           Quando Marília acordou e se deu conta de toda aquela situação, gemeu baixinho. Estava só, desempregada e com dois filhos para criar. Leandro não queria que ela trabalhasse, pois tinha ciúmes. 

          - Estava fora do mercado de trabalho fazia uma década e agora seria difícil recomeçar. O que seria dela e de seus filhos? Aquela incerteza a atormentava. De um pulo se levantou e olhando a cama vazia, sentiu um calafrio. 
             - Precisava reagir, pensou e foi acordar os filhos para irem à escola.

         Estaria ocupada durante a primeira hora da manhã e depois iria procurar um trabalho, tinha urgência em ganhar dinheiro.  Deixou as crianças na escola e seguiu cabisbaixa dizendo baixinho algumas orações dos salmos, foi até a Igreja. 

          Ajoelhou no genuflexório e pediu misericórdia a Deus. E, depois foi ao altar da virgem Maria e pediu que lhe mostrasse o caminho a seguir. Marília estava emocionada e chorou baixinho pedindo clemência.

          Saiu da Igreja com uma sensação de tranquilidade e calma, dali viria o seu socorro, ela acreditava nisso. Andava com passos firmes de volta para casa, então, viu uma folha de jornal amassada jogada na rua. Ali havia muitos anúncios de emprego nos classificados, pensou rapidamente. 

        Seria um caminho para encontrar alguma coisa; a moça apressou o passo em direção à banca de jornais e comprou o melhor jornal da região, teria que encontrar alguma coisa ali.

           Pegou o matutino como se fosse um tesouro e, esperançosa voltou para casa. Abriu na página de anúncios classificados e começou a ler minuciosamente.

         Onde ela sentia que havia alguma possibilidade de trabalho, recortava e deixava de lado para ligar depois. Estava empenhada em arrumar alguma coisa, para tirar aquela angustia de seu peito; sempre fora uma lutadora e agora não iria desistir.

Depois de ler e reler todos os anúncios, Marília respirou profundamente; ali havia pouca coisa para ela. Mas iria tentar tudo para conseguir seu intento. Sentia-se estressada e resolveu varrer o jardim e a frente da casa.

 Estava quase terminando quando apareceu uma conhecida do tempo da escola de enfermagem e parou para conversar. Entre uma coisa e outra a moça disse que estivera fazendo a inscrição para o concurso da saúde da prefeitura. Marília estalou os olhos e perguntou:

 - Que concurso? Onde? Para que? Alguma coisa lhe dizia que teria que fazer o concurso. Ela tinha chance, pois tinha experiência em enfermagem.

           A amiga aquiesceu, era o último dia para a inscrição, ela deveria se apressar. Marília entrou e foi procurar os documentos que iria precisar, depois saiu rapidamente para tirar xerox e efetuar sua inscrição. Parecia que estava hipnotizada, agia automaticamente e tudo dava certo.

          Saiu com a inscrição na mão e sentiu que alguma proteção a havia acompanhado. A virgem a protegera e indicara um caminho para ela; já não estava só, estava sob suas asas e nada temeria.


Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.