DE MÃOS DADAS
CAPÍTULO VINTE E DOIS
Os encontros para conversar passaram
a fazer parte da rotina de Celina e Reinaldo. Entretanto, eles procuravam não
aparecer em lugares públicos, onde houvesse gente conhecida. Poderiam ser alvo
de comentários maldosos, pois ainda era cedo para novo compromisso e não havia
nada entre eles.
Reinaldo precisava viver o tempo de seu luto
integralmente, em respeito aos filhos e a família de Amanda. Os encontros
aconteciam durante a semana no final da tarde. E, com o passar do tempo, a
necessidade de estar com o outro foi crescendo e os dois viúvos se viam quase
todos os dias.
Foram
vistos de mãos dadas por parentes e amigos. E, questionados por familiares
diziam que eram apenas amigos. No entanto, a vida continua e juntaram suas
dores para poder sobreviver. Estavam se conhecendo, trocando experiências e
apoio diante de tantos sofrimentos vividos por ambos. Reinaldo sorria e ficava
alegre somente quando ia ver os filhos, queria tê-los novamente em sua casa,
porém, precisava trabalhar e não poderia cuidar deles.
No sábado à noite marcaram um encontro para ir
ao cinema; se conheciam bem agora. Estavam acima de apertos de mãos; na verdade
estavam iniciando um namoro. Fazia oito meses que acontecera a passagem de
Amanda, parecia uma eternidade para o marido. Precisava de alguém para ouvi-lo
ou enlouqueceria, era o que Reinaldo dizia a si mesmo, tinha perdido o acanhamento
para marcar os encontros com Celina, que era um bálsamo para suas aflições.
Se
falavam por telefone quase todos os dias. Reinaldo ficava esperando o telefone
tocar e Celina também, estavam apaixonados. Quando ele não estava pensando
nela, pensava em Amanda e pedia desculpas por estar envolvido com outra mulher
tão depressa. Não a esquecera, entretanto, fazia muito tempo que ele não tinha
prazer sexual e Celina o deixava vislumbrar uma vida de amor e ternura, que o
fazia perder o sono.
Saíram
do cinema e seguiram de mãos dadas até o automóvel, estavam envoltos em um
clima romântico por causa do filme que tinham assistido. Havia muito desejo entre
o casal e o sentimento de que algo deveria acontecer. Celina se aproximou dele deixando que seus cabelos macios tocassem levemente a barba feita de Reinaldo e, os braços dele rodearam seus ombros. Ele percebeu que ela também o desejava e
com um olhar intenso disse que iriam à um lugar tranquilo. Os lábios dos dois
se tocaram, fazendo-os sentir o calor do primeiro beijo apaixonado. Ele a ouviu
murmurar, não sabia o quê, mas, era animador e reconfortante. Seguiram para
desfrutar do amor que havia entre eles.
Entraram
no quarto do motel com Reinaldo abraçado e pressionando o corpo de Celina, que
aceitava e correspondia com satisfação. Ambos tinham mergulhado fundo no
desespero e na dor e agora sentiam intensa emoção e prazer. A alegria de
celebrar o amor estava de volta em uma entrega total.
Depois
do amor, dormir abraçados, sem medo de ser feliz, essas coisas simples que
foram deixadas para trás por circunstâncias diversas, trouxeram Reinaldo e
Celina de volta ao mundo dos vivos. Não estavam mais sós, cada um esperava
ansiosamente pelo outro.
Quando acontece o amor, é importante ressaltar
que, as pessoas ficam juntas por necessitarem umas das outras e pela satisfação
que sentem em compartilhar um mesmo sentimento, um mesmo ideal. É suprir a carência de passear de mãos dadas,
dar e receber carinho, projetar um futuro em comum.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.