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quarta-feira, 20 de junho de 2018

"EU OLHO PARA VOCÊ COMO SE NÃO TIVESSE MAIS NADA AO REDOR, PARA ME ALEGRAR. TE OLHO, MESMO QUANDO ESTOU DE OLHOS FECHADOS. TENHO PENSADO EM VOCÊ, MESMO SEM PENSAR. PROTEGIDO VOCÊ, MESMO SEM TE TOCAR.AMADO VOCÊ SEM AO MENOS TE BEIJAR". EDUARDA MORGADO

       OS CAMINHOS DO CORAÇÃO

CAPÍTULO UM
DE OLHO EM VOCÊ
Otávio olhava em seu relógio a cada minuto, tinha que se apressar, pois, Milena não poderia chegar antes dele; precisava vê-la, mesmo que fosse por alguns minutos. Estava ansioso, queria fazer uma surpresa para a moça e não sabia qual seria a reação dela.

Fazia três meses, que ele a atendera na farmácia. A moça entrou apressada e lhe entregou a receita, depois, trocaram as palavras necessárias e ela se foi com o antibiótico e um antitérmico nas mãos. Parecia nervosa, disse que o filho estava acamado e com febre.

Otávio ficou olhando ela sair apressada e pensou que era uma mulher bonita, deveria ser casada. Ficou chateado, era jeitosa e tinha um jeito de andar, que o cativava. Ele poderia se interessar por ela; uma moça loura com grandes olhos negros, parecia perfeita.

 Ele se mudara para aquele apartamento fazia dois anos. Saia todas as manhãs para seu novo emprego; era farmacêutico em uma grande drogaria, bastante conhecida. Um bom emprego, que lhe rendia o suficiente para mandar a pensão para sua ex esposa, as duas filhas e sua manutenção. Para ele não precisava de muita coisa, saia apenas para ir à igreja e ao supermercado; era um homem de Deus, professava a fé evangélica. Otávio era amante da música e tocava violino nos cultos da igreja.

Nos últimos anos, sua vida se tornara um verdadeiro inferno. Ele e Maria não se entendiam mais e mal se falavam. O relacionamento amoroso há muito deixara de existir. Mantiveram as aparências pelas meninas adolescentes enquanto puderam, mas chegou uma hora, que não dava mais e resolveram pela separação. Fazia tempo que dormiam com cobertas separadas e ficavam imóveis, cada um em seu canto; uma tortura desnecessária.

          Assim, ele deixou a casa para elas e se mudou de cidade indo para o apartamento, que ficava perto da drogaria, na cidade vizinha. Otávio queria ter segurança e desde muito jovem se preocupava em ter uma casa própria. Então, comprara aquele apartamento pelo programa de habitação do governo, para ter uma renda a mais na velhice. E, veio bem a calhar, pelo menos não precisava pagar aluguel.

               Estava muito desiludido com o casamento e resolvera que ficaria sozinho para sempre. Um ano inteiro de fossa e tristeza com a situação vivida. Noites solitárias e a obrigação de lavar, passar e cozinhar o estava deixando depressivo. Em algumas noites, chegou a sentir saudades de Maria ou do tempo em que foram felizes. As duas meninas sempre iam vê-lo aos domingos, a mãe as deixava na porta e depois ia busca-las. Ficavam com o pai enquanto Maria visitava uma irmã, que morava perto dali.

           Mas, o tempo é bom companheiro e sua ferida foi cicatrizando, deixando um vazio em seu peito. Muitas vezes, ele parava para olhar casais abraçados ou de mãos dadas; sentia inveja dessas pessoas. A solidão estava pesada, não tinha vontade de sair ou se divertir. Ansiava por uma companhia feminina, que pudesse alegrar os seus dias.

               Milena foi a primeira moça que chamou sua atenção, mas não sabia onde ela morava ou o que fazia.  

            – Devo estar maluco, não conheço a moça e estou sonhando acordado, pensou e foi atender outra cliente, que acabara de entrar.

               Alguns dias se passaram e Otávio nem se lembrava mais de Milena, mas quando parou no farol vermelho, emparelhou seu carro com o dela; seu coração disparou.  Ela estava na direção e trazia duas crianças no banco de trás, uma adolescente e um menino.

              – Devem ser seus filhos, o menino tenho certeza, pois, ela fora clara na farmácia, quando disse que o filho estava acamado, pensou Otávio.

               Milena nem olhou para o lado, estava brava com as crianças, dava para perceber. Mesmo fazendo bico era muito bonita, pensou o rapaz, ela poderia fazê-lo feliz. E, quando o farol abriu e ela arrancou, foi seguida por Otávio. Iria descobrir onde ela morava e depois descobriria se era casada ou não. E, para sua surpresa ela entrou na garagem do prédio em frente ao seu. Ele ficou parado imaginando porque nunca a tinha visto antes, se eram vizinhos.

               Ela deixou o carro na garagem e saiu seguida pelas crianças. Levavam algumas sacolas de supermercado nas mãos e foram caminhando,  depois entraram no prédio. Otávio ficara intrigado, daria um jeito de descobrir o andar que ela morava e qual era seu nome. Montaria uma estratégia para abordar o porteiro. Assim, ele poderia ficar de olho nela.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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