DEPRESSÃO PÓS-PARTO
Luana, apesar de estar com quatro meses
de idade, era um bebê com apenas 2.800 quilogramas e tinha a saúde frágil. Não
poderia tomar vento, chuva ou qualquer tipo de friagem; seu pulmão era pequeno
e debilitado. Não poderia pegar outra pneumonia ou não resistiria. Dissera o
médico no momento da alta.
Celi cuidava da filha dia e noite; no
entanto, nem percebera que estava ficando doente também. Muitas vezes, se
esquecia de comer, outras não tomava banho e nem se importava com Samuel. A
vida naquela casa estava ficando solitária; o marido saia cedo e a mulher
passava o dia com a filha nos braços. Vez ou outra aparecia alguém da família e
Celi dizia que estava tudo bem.
Certo
dia, o vizinho levantou-se e fez o café, depois saiu para o quintal para olhar os
passarinhos. Estava distraído e, enquanto degustava o líquido quente ficara
encostado no canto da casa observando um canário, quando ouviu um barulho na
casa da vizinha.
Olhou
e o que ele viu gelou sua alma. Celi estava com a criança nos braços e ia
colocar a filha dentro do tanque cheio de água; Luana iria ser afogada pela
própria mãe. O rapaz, de nome Claudio, jogou a xícara e tratou de pular o muro,
que separava as duas casas e rapidamente arrancou a criança das mãos da mãe.
Celi deu um passo pra trás e assustada começou a chorar.
Claudio
ficou parado com a criança nos braços sem saber o que fazer. De uma coisa ele
tinha certeza, não poderia deixar a mãe pegar a filha. Então, ele ligou para
sua namorada, que veio para ajudar e logo foi tratando de acalmar a puérpera.
Claudio, então chamou a mãe de Celi. Foi uma correria, a mãe da moça pegou a
menina no colo e temerosa pediu para chamarem Samuel.
O
marido levou a esposa ao Pronto Socorro e aguardou a consulta médica, que depois
de alguns exames, diagnosticou como sendo depressão pós-parto, que havia
acometido a moça. Uma patologia, que muitas vezes é severa e pode levar a
transtornos, delírios e alucinações.
No
caso de Celi ela colocou a vida da filha em risco em um momento de delírio. A
depressão pós-parto quando acomete a puérpera pode ser incapacitante, afetando
a vida da família e pondo em perigo o bem estar da mãe e do bebê.
A
família precisa ser alertada e ficar o tempo todo presente para evitar que
ocorram tragédias provocadas pela psicose puerperal. A mãe de Celi, diante da
situação crítica, pediu licença do serviço público e passou a cuidar da filha e
da neta. Celi ficava a maior parte do tempo fechada em seu quarto; não queria
ver ninguém.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.