CIUMES DE VOCÊ
CAPÍTULO DOZE
A semana passou depressa, havia muito
trabalho a fazer. A Joelma e a Marli ficavam nos fundos, isto é, no ateliê,
produzindo mais peças. Joelma pintava e Marli dava o acabamento na máquina de
costura, enquanto Clara e Rose cuidavam da loja e dos fregueses. As vendas
ainda eram tímidas, uma coisa aqui outra acolá, porém, ali havia muita fé e
Deus para guarda-las.
Tiago teve uma
ideia que poderia aumentar as vendas; “Arte e Companhia”, a loja de Clara
precisava de publicidade. Ele mandaria fazer cartões com amostras das
mercadorias e distribuiria por todo o comércio, oferecendo vendas no atacado
com ótimos preços.
O tempo passava
rápido e os fregueses foram aparecendo, quando chegou perto do Natal o
faturamento aumentou muito. Na comunidade houve um aumento de trabalho e de
artesãs, o que garantia um Natal farto para as famílias carentes. As amizades
de Clara se multiplicavam à medida que ela se envolvia no comércio de
artesanatos e presentes; uma área sempre em expansão.
Tiago procurava
lugares onde houvesse coisas novas e não media esforços para ajudar seu amor.
Muitas vezes ele viajava para comprar mercadorias para a loja, que ele ajudava
a manter cheia de novidades. Clara precisou trazer mais uma artesã para
trabalhar no ateliê; escolheu mais uma mulher de papel. Neide fora abandonada
pelo marido e tinha quatro filhos para criar. O marido lhe deixou apenas o
papel do cartório com o registro do casamento, nada mais.
Marcos, quase
todos os dias, passava lá para ver como Clara estava e se a loja estava dando
dinheiro. Com um jeito desconfiado ele não dava folga, muitas vezes ia embora
sem conseguir falar com ela, pois, a loja estava cheia de fregueses. O homem
era a decepção em pessoa; queria sua mulher de volta. Marcos teve o
descaramento de convidá-la para um jantar com amigos e ela recusou. Clara disse
que estava legalmente separada e deixara de ser apenas uma mulher de papel;
estava conquistando seu espaço.
Certo dia, Tiago
estava conversando com Clara, era ponto facultativo na escola e ele queria
colaborar com a mulher amada. Marcos chegou de surpresa e teve certeza de que
algo estava errado, os dois se olhavam de um modo especial. Havia cumplicidade
entre o casal, o que deixou Marcos ainda mais nervoso.
A primeira
impressão foi de que Clara o estava traindo e ele partiu furioso para cima de
Tiago, que surpreso deu um passo para trás. Clara entrou na frente de Tiago,
enfrentando Marcos.
-“Que direito ele tinha de entrar ali para
tirar satisfações? Ela estava separada e, portanto, livre. Ele que a deixasse
em paz ou ela procuraria a justiça para dar queixa dele." Disse a mulher com
firmeza.
Por um momento
ele titubeou e depois disse que não permitiria que ela arrumasse outro homem,
ou ele tiraria os filhos dela. Depois saiu cantando pneu. Clara começou a chorar,
ele sempre se agarrava ao seu ponto fraco, os filhos.
– “Será que nunca mais vou ter sossego?" Disse
Clara entre lágrimas.
Tiago a
consolou dizendo que iriam procurar o advogado que fizera sua separação e saber
qual seria a melhor atitude a tomar. Marcos não poderia ameaça-la, estavam
separados. Só então, Clara contou a Tiago que Marcos estava sempre vigiando sua
loja.
Ao ver o
progresso da mulher, o homem ficara enciumado; se arrependera de ter saído de
casa. Sua mulher estava com outra pessoa e o desejo de vingança era grande.
- “Ele iria acabar com os dois de uma vez, a
mulher era sua e não deixaria ninguém por as mãos nela." Pensava Marcos
enraivecido.
O homem corria
sem prestar atenção no trânsito, estava distraído. Subitamente apareceu um
homem a sua frente e ele tentou tirar o carro, porém, o acidente foi inevitável.
Ele atropelou um idoso e bateu com o automóvel no poste, ferindo sua cabeça.
Ficou ali esperando socorro; depois desfaleceu no volante.
Quando Clara
chegou a sua casa, havia o recado dado à sua mãe, que Marcos estava internado
no Hospital. Ela ligou para Tiago pedindo que a acompanhasse para saber o que
acontecera com o pai de seus filhos. Chegando ao Hospital, Clara se encontrou com
Selma, que aguardava o médico para saber do companheiro.
As duas
mulheres não se falavam e havia uma tensão no ar; Clara não sabia como agir.
Então, Tiago iniciou a conversa dizendo que Clara estava ali por causa dos
filhos, que queriam notícias do pai. Ela estava muito bem com ele e Selma que
cuidasse de Marcos que vivia procurando Clara. A moça ficou sem jeito e disse
que ele andava estranho ultimamente.
Clara foi à
recepção saber notícias do atropelado e ficou sabendo que o idoso sofrera uma
fratura na perna, porém, estava passando bem. O caso de Marcos era mais grave,
pois, batera a cabeça no para brisa do automóvel. Havia um corte fundo no couro
cabeludo e com o choque perdera o sentido. Os médicos estavam fazendo uma
tomografia para saber a extensão do trauma.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.