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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

"CADA LÁGRIMA ROLADA É UM DESABAFO DA ALMA CANSADA". PROJOTA - É PRECISO CHORAR PARA DIMINUIR O TAMANHO DA DOR. EVA IBRAHIM

A ESPERANÇA ESTÁ NO AR
                                                CAPÍTULO NOVE                                                                                      
             Vitório parecia muito mais jovem depois do banho tomado e a visita ao cabeleireiro. Alda o abraçou com carinho, estava com saudades do marido; fazia tempo que ele não a procurava. Estava vivendo num mundo escuro onde não havia lugar para o amor. Se isolara do mundo, não queria saber de nada que o fizesse se lembrar do acidente. Por isso bebia até ficar entorpecido e impedido de raciocinar.

              Entretanto, com a boa nova, os olhos de Vitório ganharam um brilho diferente, havia uma esperança no ar. O irmão lhe trouxera a melhor notícia do mundo; as testemunhas depuseram a seu favor.

               Naquela noite o jantar foi festivo, havia alegria naquela casa. A Ana também abraçou o pai.

              - Agora está bonito e cheiroso, disse a menina ao beijá-lo.

             O pai ficou surpreso ao receber tamanha manifestação de carinho, pois a filha era arredia e parecia não gostar dele.

            – Eu também sou grosso com ela, pode ser apenas uma maneira dela se proteger de minha estupidez e do mundo. Pensou o pai cismado, porém feliz.

Valmir acompanhou o irmão e o advogado até o fórum da cidade. Vitório precisava de apoio naquele momento crucial em sua vida. Enquanto isso, Alda orava ajoelhada no chão do quarto da casa da sogra. Se agarrava a esperança acenada pelo cunhado.  Com toda a fé do mundo pedia a Deus para Vitório ser absolvido. Foram horas de ansiedade, a vida da família dependia da decisão do Juiz; seria o céu ou o inferno.

                Quando Vitório chegou, Alda ficou assustada, pois ele estava com os olhos vermelhos de tanto chorar. Ela foi logo perguntando qual foi a decisão do Juiz.

                - O Vitório foi absolvido, entretanto terá que prestar serviços para a comunidade porque estava embriagado no dia do acidente. Afirmou o irmão que o acompanhara.

              - E, qual o motivo da tristeza se o melhor aconteceu? Perguntou a mulher aflita.

                 Vitório abraçou a mulher e chorando lhe disse que não sabia consolar a família do menino atropelado; estava desolado.

             - O acidente ficara cravado em meu coração, dói como um punhal. Os pais do menino estavam lá e eu não sabia o que dizer; me deu muita pena do casal. Estavam tristes e desconsolados.

            - Foram vítimas das circunstâncias, ninguém consegue prever ou impedir tais fatos. São desígnios de Deus e temos que aceitar, ponderou a mulher entristecida.

            – Vamos viver nossa vida da melhor forma possível e pedir a Deus que tenha misericórdia daquela família. Alda concluiu abraçando o marido, que voltara à vida.

            Vitório sorriu, estava ansioso para voltar ao trabalho nas estradas. Era um caminhoneiro e ansiava pelo ar puro no rosto; sentia falta do asfalto em sua frente. Perdera seu antigo emprego após o acidente, entretanto, era experiente e logo conseguiria outro lugar para trabalhar.
 Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
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