O DRAMA
CAPÍTULO
NOVE
Neiva chegou esbaforida na
pensão em que, as duas, tia e sobrinha estavam hospedadas. Entrou rapidamente e
correu para ver se Liana estava lá dentro. Não viu nada e parou na porta do
quarto, não sabia o que fazer. Quando ia deixar o recinto, ouviu um soluço, que
vinha debaixo de uma das camas. Era Liana que se escondera naquele local escuro.
A mulher abaixou-se para ver o
que estava acontecendo com sua sobrinha. A moça, assustada, não queria sair do
seu esconderijo, sabia que tinha feito uma besteira. Neiva tentou acalmá-la, no
entanto, ela estava com muito medo das consequências de seu ato extremo. Parecia
arrependida, agira em um momento de raiva.
Depois de muita conversa e
argumentos, Liana começou a ceder. Demorou, mas ela acabou saindo debaixo da
cama.
Queria saber o que fizeram com
Otávio e onde ele estava.
A tia
tentava amenizar a situação, que por si só já era grave.
- Qual substância você jogou nele? Perguntou,
olhando firmemente para a sobrinha.
E ela respondeu chorosa, não
adiantava mentir.
- É ácido sulfúrico, que comprei em uma
farmácia de manipulação.
- Isso é loucura, como você pode
fazer uma coisa dessas? Poderá ser presa por isso. Vamos ao hospital agora. E,
pegando na mão da moça disse:
- Onde está o frasco? Vamos levá-lo junto
conosco.
Neiva chamou um táxi e disse o
nome do hospital, que tinham encaminhado o rapaz. Chegaram ao Pronto socorro e
foram ao balcão perguntar por Otávio. A recepcionista fez um sinal ao policial,
que estava de plantão e ele veio atender ao chamado, imediatamente.
A tia ficou branca como cera,
percebeu que havia algo errado no ar.
– Qual é o seu nome? O policial perguntou a
Liana.
A
moça, assustada, gaguejou e disse:
- Liana Pimentel. Por que?
- Porque terá que me acompanhar até
a delegacia, para esclarecimentos. Afirmou o representante da lei.
- A moça deu um passo para trás, não
poderia ser verdade aquilo tudo.
Neiva se aproximou e abraçou a
sobrinha, querendo protege-la.
- Qual é a acusação que pesa sobre
ela?
A acusação de lesão grave, com a
intenção de matar.
-Não, gemeu Liana, eu só queria
assustá-lo. Eu o amo, não quero que morra. Ele é meu noivo e me traiu, por isso
eu agi assim.
Tenho ordens para conduzi-la a
delegacia, vai por bem ou devo algemá-la? Perguntou o policial sério.
Neiva se apressou dizendo:
- Vamos resolver isso, não precisa de algemas.
Quando chegaram à delegacia deram
de cara com Júlia, que acabara de acusar Liana do ataque sofrido por Otávio.
Enquanto
isso, o rapaz gemia desesperado, apesar das medicações para sanar suas dores. O
paciente aguardava a avaliação do oftalmologista, pois corria sério risco de perder
a visão do lado esquerdo. Sua orelha estava arroxeada, poderia perder partes
dela também.
A
pele que foi atingida, queimava como fogo em sua vermelhidão. Otávio estava na
Unidade de Terapia Intensiva em estado grave. Precisava de cuidados intensivos do
oftalmologista e da cirurgia plástica. Júlia não se conformava com o ataque
sofrido por seu amor.
Na
delegacia foi lavrado o auto em flagrante, e a moça indiciada em inquérito.
Teria que permanecer presa ou pagar uma fiança para responder em liberdade.
A
fiança era de dois mil reais e Neiva precisava de tempo para conseguir essa
quantia. Assim, Liana passaria a noite presa em uma cela da delegacia. Não teve
jeito e a acusada foi levada contra a vontade da tia, que saiu na noite escura,
sem saber como agir.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa.