OLHOS
NOS OLHOS
CAPÍTULO CINCO
A fila de casais, do lado de fora
da Pirâmide, parecia uma serpente gigante, que tinha em sua cauda pessoas
alegres e felizes. Movia-se vagarosamente,
pois todos os casais deveriam ter o mesmo tratamento e oportunidades. Assim,
cada um recebia o destaque adequado. Era
uma fila de pessoas sorridentes, que não cansavam de se admirar, mantendo os
olhos nos olhos.
O segundo casal, de braços dados,
seguiu sobre o tapete vermelho, até o lugar que fora marcado para eles. O
fotógrafo oficial estava atento para registrar aquele momento, cuja foto seria
oferecida a cada casal como lembrança, pela organização do evento. Estava ali, também, a equipe da televisão local filmando a cerimônia e isso era mais um
motivo para as pessoas sorrirem.
Familiares se esforçavam para
gravar, com o celular, a felicidade estampada nos rostos das pessoas queridas.
A elegância estava presente nas noivas e nos noivos também; eles se
apresentavam bem arrumados, ao lado de suas parceiras de vida.
As noivas tiveram seu dia de
princesa, todas penteadas e maquiadas por profissionais capacitados. Parecia
que estavam nas nuvens, com seus vestidos brancos esvoaçantes. Estavam felizes
pelo sonho realizado e isso se refletia nos olhos e nos sorrisos.
Viviane estava deslumbrada com
tantos acontecimentos inesperados. Agarrada ao seu amor ela disse:
- Gabriel, eu quero me casar num
lugar festivo igual a este.
O rapaz sorriu, sabia que nenhuma
mulher ficaria insensível ao presenciar aquele conto de fadas. Então, ele a
abraçou e completou dizendo:
- Sim, teremos exatamente um ano,
para nos prepararmos para isso. No ano que vem estaremos sentados naquelas
cadeiras, para gritar bem alto:
- Sim, eu aceito.
E, a procissão de noivos continuava,
cada um que adentrava o recinto era aplaudido entusiasticamente. A timidez da
maioria era ofuscada pelo brilho dos holofotes. Cada noiva trazia um buquê
diferente, um detalhe no vestido ou nos cabelos, assim prendia a atenção de
todos os presentes. Seriam motivo de conversas de comadres, por um bom tempo.
A filarmônica tocava incessantemente
até o último casal sentar-se, então ouviu-se o acorde final, era o início da
cerimônia. O juiz tomou a palavra e passou a explanar todas as vantagens de se
fazer um casamento coletivo. Uma oportunidade oferecida para todos, com
igualdade de direitos. O que para muitos já era um sonho perdido, foi
recuperado com satisfação e alegria.
Os casais estavam de parabéns por
confirmar a intenção de casar-se, muitos, há muito tempo prometida. Depois, um
a um foram chamados para assinarem o livro do cartório. Em seguida, a pergunta
clássica foi feita pelo juiz.
- As noivas aqui presentes, aceitam casar-se
com os seus respectivos noivos?
Então ouviu-se em alto e bom som:
- Sim, aceito.
E os noivos aqui presentes aceitam casar-se
com as respectivas noivas?
- Sim, aceito.
Assim, ouviu-se aplausos e
assovios no recinto, a felicidade estava reinando naquele lugar. Logo, os noivos se beijaram, os sonhos se
tornaram realidade e os olhos brilharam de satisfação. O salão enfeitado para o
maior são João do Mundo e para acolher os noivos, se encheu de alegria e
sorrisos de felicidades.
Enquanto os organizadores retiravam
as cadeiras do local, para que houvesse a dança dos casais, foi organizado o
lançamento do buquê. Apenas três buquês seriam atirados para as mulheres
solteiras, viúvas e encalhadas, porque se todos os buquês fossem jogados, sairia do controle e perderia sua função.
Mais ou menos três dezenas de
mulheres se postaram no salão, para apanharem o buquê atirado pelas noivas.
Eram mulheres de todas as idades, sonhando com um príncipe encantado. Dizia a
lenda, que quem apanhasse o buquê, se casaria no próximo ano.
Viviane correu para participar
daquela brincadeira casamenteira. Gabriel ficou assistindo e quando ela apanhou
o segundo buquê e correu para abraça-lo, ele sorriu e a beijou com satisfação.
A música dançante iniciou seus
primeiros acordes, um grupo famoso de forró entrara no palco para animar a
festa. Os casais de noivos tomaram a pista de danças e se entregaram ao ritmo do
som, que envolvia o ambiente; todos estavam felizes.
Depois da primeira música, outros
casais se aventuraram a dançar o forró. Gabriel e Viviane, abraçados, emocionados
e apaixonados, saíram para dançar.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa