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quarta-feira, 28 de março de 2018

"DEUS MUDOU O TEU CAMINHO ATÉ JUNTARES COM O MEU E GUARDOU A TUA VIDA SEPARANDO-A PARA MIM. PARA ONDE FORES, IREI; ONDE TU REPOUSARES, REPOUSAREI. TEU DEUS SERÁ O MEU DEUS. TEU CAMINHO O MEU SERÁ". ( RUTE 1: 16- 17) BIBLIA SAGRADA.

VOCÊ É MEU AMADO

CAPÍTULO NOVE
          O ano começou com muita chuva, as pessoas permaneciam muito tempo dentro de casa. Havia um clima de nostalgia no ar, precisavam do Sol para dissipar aquela nuvem cinzenta, que teimava em permanecer cobrindo os céus e deprimindo as pessoas.

           Serena estava com sintomas de depressão, andava chorando pelos cantos da casa. A mãe agradeceu a Deus quando chegou o dia da filha voltar ao trabalho. O retorno fez bem a ela, pois, rever os colegas de trabalho lhe devolvera o ânimo, para aguardar o retorno de Vitor.

          Cristal ficava com a avó; crescia firme e forte. Tornara-se a alegria da casa, uma criança risonha e calma; adormecia cedo e não dava trabalho. Mas, as noites de Serena eram de muita solidão, faltava o seu amor para compartilhar os momentos felizes com a filha.

Vitor era constante em suas mensagens, queria muito estar presente, mas teria que esperar o desligamento de toda a tropa, que servia no Haiti. E, quando voltasse iria se casar com a mãe de sua filha e os três viveriam felizes para sempre; era o que mais desejava.

Serena ansiava por esse dia, queria ter uma vida em família de verdade com pai, mãe e filha juntos. Ela se preparava diariamente para receber seu amor. Comprara enxoval para montar sua casa e fazia planos para viver com seu marido.

Os meses corriam rápido e nada acontecia. Vítor queria voltar e ficar em seu país com sua mulher e filha juntos para sempre. Ele temia vir apenas na folga e não querer voltar mais, porque se tornaria um desertor. Então, evitava pedir folgas para visitar a família, sonhava retornar definitivamente ao seu país.

Em uma apresentação da tropa, por ocasião das comemorações do dia do trabalho, foi lida uma nota oficial. No comunicado as autoridades diziam, que aquela tropa voltaria ao Brasil no começo do mês de setembro. Os soldados se entreolharam e alguns deixaram lágrimas rolarem pelo rosto, sem que exprimissem qualquer movimento visível.

 Permaneceram em sentido, mas com o coração dando pulos de alegria. A maioria deles estavam exaustos de tudo aquilo; queriam, desesperadamente, voltar para casa.

Vítor mandou uma mensagem para Serena contando a novidade e ela gritou de alegria. Estava muito feliz e começaria os preparativos para o casamento. Faltavam quatro meses, mas agora tinham uma data para aguardar e poderiam fazer planos. Com a esperança de um retorno próximo, Vitor estava animado para rever Serena e conhecer sua filha.

O dia da volta ao lar fora fixada no mural para ciência de todos os envolvidos. Dia seis de setembro eles chegariam para se unir as suas famílias. Cristal estaria com dez meses de idade quando seu pai chegasse. A menina, com apenas seis meses, já conhecia as pessoas, sorria, engatinhava; era uma criança saudável e bonita, que faria a alegria de seu pai.

Serena não se aguentava de felicidade, queria muito rever seu amor. A chegada do avião estava prevista para as doze horas do dia seis de setembro no aeroporto de Brasília, no mesmo local onde embarcaram para a missão de paz. O local de desembarque estava cheio de gente; ali havia parentes amigos e conhecidos dos soldados Boinas Azuis.

Quando o avião taxiou na pista, Serena pensou que iria enfartar; seu coração disparou e ela precisou dar a filha para sua mãe segurar. O avião da força aérea brasileira se aproximou lentamente da área restrita e, depois de algum tempo foi colocada a escada para os integrantes da missão de paz descerem. Todos chegavam ao topo da escada e davam uma paradinha para respirar o ar puro de seu país. Depois, desciam ansiosos com a mochila nas costas, olhando atentamente para reencontrar os seus familiares.

Serena, com a Cristal no colo, parecia desesperada com o pescoço esticado, para rever seu amor. Os soldados estavam mais morenos, pareciam queimados de Sol. Passou um, dez, quinze e nada de Vítor; então, Serena queria chorar, havia um nó em sua garganta. Finalmente, lá no meio ela vislumbrou a figura inconfundível de seu amor.

Vitor se aproximou e duas lágrimas rolaram de seu rosto, em seguida, abraçou as duas mulheres em um único abraço. Depois pegou a filha no colo dando a mochila para Serena, que olhava extasiada para a situação tão desejada. Ela se recostou em seu ombro e lhe disse:

 - Você é meu amado.

Trocaram beijos e sorrisos, depois, Vitor aproximou-se dos pais da moça, cumprimentando-os e agradecendo por terem cuidado das suas preciosidades. Todos entraram no automóvel e seguiram para uma nova vida de muito amor. Finalmente a família estava completa: pai, mãe e filha. 
E, uma vida feliz os esperava.
 Um texto de Eva Ibrahim




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