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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"O CONFLITO NÃO É ENTRE O BEM E O MAL, MAS ENTRE O CONHECIMENTO E A IGNORÂNCIA" BUDA--- A ESTRADA VAI ALÉM DO QUE SE VÊ. EVA IBRAHIM.


                             
                                        A RECLUSÃO
                                        CAPÍTULO 14
      Os dias passavam lentamente para Antonio, que tinha pressa de ver seu dedo cicatrizado. Finalmente, após dois meses a ferida fechou e o homem estava ansioso para retornar aquela mata e encontrar a cobra para acabar com a vida dela. Desta vez iria preparado com um facão bem afiado, para cortar a cabeça da causadora de tanta dor e da deformidade de seu dedo. O dedo de Antonio perdera o movimento, pois a lesão atingiu o nervo; o médico disse que ele tivera muita sorte, pois poderia ter morrido.
       Não gostava de fazer amizades, mas, o Jofre foi quem o socorreu e ele era um bom contador de histórias, por isso ele o convidou para acompanhá-lo na nova caminhada pela mata. Ouvindo as histórias de Jofre, Antonio se esquecia da maldição da pedra amarela e conseguia sorrir. O homem desejava retornar ao lugar onde ficava à nascente de águas e talvez encontrar a cobra novamente, queria surpreendê-la, como foi surpreendido. Era uma aventura programada por dois homens, que agora já estavam experientes e atentos; qualquer barulho estranho, os dois paravam e vistoriavam o local.
      O lugar estava cheio de cobras, eles viram duas se esgueirando pela mata, porém, não puderam alcançá-las. A trilha aberta por Antonio estava quase fechada e os dois homens tiveram que limpar os galhos que haviam crescido no local. Com o caminho aberto eles chegaram rapidamente até a gruta e saciaram a sede com a água fresca. Depois se sentaram nas pedras e ficaram olhando as aves e os bichos que viviam ali. O lugar era lindo e os dois amigos prometeram voltar outras vezes. O Sol se punha no horizonte quando Antonio e Jofre voltaram para suas casas. Finalmente Antonio desistira de matar a cobra, porque ele entendeu que ele fora o agressor e ela somente se defendeu.
        Os passeios na mata e as pescarias no rio da região tornaram-se rotina na vida dos dois homens. Eles se despediam no portão, pois Antonio não queria que seu amigo entrasse em sua residência. Bernardo continuava na casa protegido dos olhares curiosos das pessoas; o Lobo atacava quem tentasse adentrar o quintal da casa.  E, assim o tempo corria sem novidades. Antonio, Bernardo e o Lobo viviam tranquilamente, longe de tudo e de todos os conhecidos, que um dia fizeram parte da vida de Antonio.
        Certo dia, Antonio acordou com o barulho de palmas em seu portão, assustado levantou-se e foi ver quem era. O filho de Jofre estava ali, parado e com os olhos cheios de lágrimas. Ele gaguejou e começou a chorar. Antonio perguntou o que estava acontecendo e ele disse que seu pai sofrera um acidente fatal durante a tempestade da noite anterior.
         Com a surpresa desagradável Antonio ficou mudo; não podia acreditar que mais uma vez a maldição da pedra amarela estava atingindo pessoas de quem ele gostava. Sentia-se culpado, deveria ter mantido distância do homem e provavelmente ele ainda estaria vivo.
       Acompanhou o rapaz até o necrotério onde se inteirou dos fatos. Jofre havia ido até a cidade do Rio de Janeiro fazer compras para a mercearia e na volta foi atingido por um deslizamento de terra, que soterrou seu automóvel, matando-o.
      Antonio acompanhou o enterro do amigo e em silêncio voltou para sua casa; estava deprimido. Seu único consolo era o Bernardo que ouvia seus lamentos. Estava sozinho novamente; era sua sina, viver na solidão.            
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.   
MEU MUNDO REINVENTADO.

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