CAPÍTULO
TRÊS
Na sexta-feira, Gilda saiu mais cedo do
trabalho e Pedro não pode se despedir dela. Na verdade, ele queria combinar
algum programa, para poder encontrá-la no final de semana. No entanto, passou o
sábado e o domingo desconsolado, não tinha seu endereço e nem o telefone. O rapaz
não sabia quase nada de sua musa, a tratava com cuidado, pois temia espantá-la.
Demorou uma semana para Pedro criar
coragem e dizer que queria namorá-la. Gilda sorriu, já sabia que isso iria
acontecer, ele trazia escrito na cara que gostava dela. Os colegas da moça já
estavam fazendo piadinhas sobre os dois, diziam que ele parecia um guarda costas, sempre
atrás dela.
Ela lhe disse que, no final de
semana, fora para o interior, na casa de seus pais. Durante a semana, ela
ficava na casa da tia, que era irmã do seu pai e na sexta-feira voltava para
sua casa.
O rapaz ficou animado, queria conhecer a família dela. Parecia que tudo corria bem, mais uma semana e ele iria até a casa de Gilda, no interior do Estado. O local ficava distante dali, teriam que viajar de ônibus durante duas horas. A cidade era Piracicaba e distava pouco mais de cento e cinquenta quilômetros da capital.
Entretanto, ninguém contava com uma
invasão indesejada. Quatro bandidos, com armas em punho, adentraram o escritório
da empresa, quando o último funcionário voltava do almoço. Eram elementos
mascarados, que estavam ali para o "tudo" ou "nada".
De armas em punho, demonstrando agressividade
e nervosismo, foram acuando as pessoas num canto. Queriam dinheiro, sabiam que
haveria pagamento no local. Um deles agarrou o gerente e sob a mira do revolver
exigia, que mostrasse onde estava o cofre. Na entrada, ficara outro bandido que
rendera o guarda e tomara sua arma. Os outros dois ficavam aterrorizando as pessoas, que já estavam assustadas.
O gerente pedia calma, iria fazer o
possível para tudo acabar bem.
O que eles não sabiam, era que o
cofre ficava atrás de um quadro, no canto onde estavam os funcionários acuados.
O gerente olhava para aquele local e temia um alvoroço com consequências
imprevisíveis. Mas, teria que se submeter aos bandidos, que a cada minuto que
passava, ficavam mais nervosos.
Pedro puxou a namorada para perto
de si, iria protege-la de qualquer jeito. Houve um começo de tumulto, uns
empurrando os outros e os bandidos ameaçando com os revolveres.
Um colaborador da empresa levou uma
coronhada na cabeça, quando tentou se esgueirar para fora. Gilda viu o sangue
escorrendo pelo rosto do rapaz e se assustou ainda mais. Ela não sabia o que fazer e se
agarrou em um móvel, estava a ponto de ter um colapso nervoso. Pedro permanecia
ao seu lado, mas nada podia fazer.
Enquanto um bandido pressionava o
gerente, o outro ficava de olho na porta e o terceiro puxava as pessoas para
longe do cofre. Precisavam de espaço para correr com o malote de dinheiro.
Foi tudo muito rápido e na
correria, um bandido puxou o braço de Gilda torcendo-o, para tirá-la da
frente. Depois a empurrou e ela caiu batendo a cabeça na quina da escrivaninha.
Ficou no chão desacordada e Pedro desesperado.
Os bandidos saíram em desabalada
carreira, derrubando quem estivesse no caminho deles. Alguns funcionários da
empresa tiveram pequenas escoriações, além da coronhada na cabeça, que rendeu um galo para o rapaz. Entretanto, o caso mais grave foi o de Gilda. Ela foi socorrida pela ambulância e permaneceu no Pronto Socorro para exames. Ficaria em observação por,
pelo menos, vinte e quatro horas.
Pedro ficou ao lado da namorada o tempo todo permitido. E, quando foi pegar em sua mão, viu que o braço esquerdo estava inchado. Com o seu toque ela gemeu alto, sentia dores no local. O médico, então, disse que iria pedir um Raio X para ver se havia fratura no local.
Pedro respirou fundo, o dia estava difícil, queria que terminasse logo, pois, precisava ter
nervos de aço para suportar tantos problemas.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa