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quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

"FELICIDADE" "(...) TRISTEZA NÃO TEM FIM, FELICIDADE SIM. A FELICIDADE É COMO A GOTA DE ORVALHO NUMA PÉTALA DE FLOR. BRILHA TRANQUILA, DEPOIS DE LEVE OSCILA E CAI COMO UMA LÁGRIMA DE AMOR. (...)" VINÍCIUS DE MORAES.

CHORAR DE VEZ EM QUANDO

CAPÍTULO TRÊS

              O casal voltou para sua cidade de origem, moravam no interior do estado de São Paulo, na cidade de Campinas. Mateus preferiu levar a noiva para sua casa, na periferia da cidade. Ele morava sozinho em uma pequena casa, deixada por seus pais. Temia que ela passasse mal e que ele não pudesse socorrê-la. Ela morava com uma amiga, num apartamento no centro da cidade.

            Naquela noite, Daniela dormiu profundamente, ainda estava sob o efeito dos medicamentos, que tomara no hospital. O dia amanheceu, Mateus levantou-se, fez café, andou pelo quintal e quando voltou para dentro da casa, ouviu a moça chorar. Consternado, arrumou uma bandeja com café, leite, biscoitos e levou para ela, na cama. A moça olhou o noivo carregando a bandeja e soluçando disse:

             - Eu não fui capaz de segurar nosso filho, então você fica livre para me deixar. Não precisa manter nosso compromisso, eu vou entender.    
        
            O rapaz protestou:

           - Como você pode dizer uma coisa dessas? Eu nunca vou abandoná-la por causa de um aborto espontâneo, que ninguém teve culpa. Toma seu café e depois vá para o banho, que precisamos conversar seriamente. Concluiu o rapaz, estava aborrecido.

              Daniela saiu do banho e depois de vestir-se foi a procura de Mateus, que estava sentado na área externa da casa. As casas na periferia ainda têm na frente uma área de descanso e um pequeno quintal nos fundos. Quando a viu, ergueu-se e foi abraça-la dizendo.

               – Hoje é domingo e você está muito bonita! Vamos dar um passeio de automóvel.

                O casal saiu para espairecer um pouco, estavam tristes e abatidos dentro de casa, que mais parecia uma prisão. Andaram bastante, sem rumo, apenas com a brisa da janela no rosto. Trocaram poucas palavras, o diálogo estava difícil de acontecer, havia uma mágoa inexplicável dentro de cada um; era uma dor, que vinha da alma.

            Em dado momento, Mateus parou o automóvel em frente a uma igreja. Havia muitas pessoas saindo, parecia que a missa havia terminado. Então o rapaz teve uma ideia.

           – Vamos conversar com o padre, ele poderá nos ajudar.

            Daniela ia protestar, mas desistiu, precisava de ajuda. Depois que a maioria dos paroquianos deixou o recinto, o casal foi até a sacristia. O padre estava conversando com algumas pessoas. Eles ficaram esperando a uma certa distância, depois se aproximaram e pediram ao padre um pouco de atenção.

           Daniela ficou de cabeça baixa enquanto o noivo contava ao velho pároco os últimos acontecimentos. Baixinho, ela começou a chorar. Então, o santo homem levantou-se da cadeira, foi até onde ela estava e pegando em sua mão a conduziu até uma poltrona. Sentou-se em frente a moça e começou a falar.

                 - Em primeiro lugar devemos agradecer a Deus por estarmos com saúde e pedir que nos ilumine, em todos os nossos caminhos. Minha filha, nada acontece sem o consentimento do nosso pai celestial. Seu bebê foi requisitado para viver no paraíso e um dia você irá encontra-lo no céu. Fez uma pausa, enquanto avaliava o impacto de suas palavras. Depois prosseguiu:

             - O seu filho é um anjo, que velará por você enquanto viver. Pense nele com carinho, com amor e deixe a vida cumprir seu papel. Você é muito jovem e em pouco tempo poderá engravidar novamente e ter outro filho.

                 - Procure levar a vida um pouco mais leve, pode sentir saudades e até chorar de vez em quando, mas deixe o sofrimento no passado. Sorria, nada está perdido, sua condição de mãe não se apagou, mas foi apenas adiada. Tenha fé em Deus, que dias melhores virão. Pegou a água benta e fez o sinal da cruz na testa da moça.

                 O casal se despediu do padre, sentiram que ainda havia esperanças para eles. Voltaram para casa e Mateus ao descer do automóvel tropeçou e quase caiu, andou alguns metros catando cavaco. E quando olhou para Daniela, ela estava sorrindo. Em seguida, ela correu para ajudá-lo a se manter em pé. A cena foi hilária e terminou num longo abraço; estavam com saudades um do outro.

             Ainda havia muito amor entre eles, entraram na casa dispostos a recomeçar.

Um texto de Eva Ibrahim.

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