FONTE
DE LUZ
CAPÍTULO
QUATRO
Jardel saiu sem rumo, trazia um
vazio em seu coração. O Sol continuava a brilhar, as flores estavam em seus
lugares, mas seu mundo parecia escuro e sem brilho. Pensou em ver a filha
pequena, que estava com a avó. Rebeca era uma criança esperta com apenas seis
meses de idade e já perdera a mãe. Pensou em Lídia que não veria a menina
crescer e duas lágrimas caíram de seus olhos.
Chegou a casa de sua mãe e pegou
a menina no colo, então, sentiu o peso de sua responsabilidade. Aquele pequeno
ser dependia dele, que estava acabado emocionalmente, depois de tantos
sofrimentos. Teria que buscar forças para recuperar-se.
Passou a tarde ali, sentia-se
seguro na casa de sua mãe e ao lado da filha querida. Já estava escurecendo
quando ele saiu dizendo que iria caminhar um pouco. Queria tomar a fresca da
noite para pôr as ideias no lugar.
Seus passos o levaram instintivamente
ao Hospital e quando viu onde estava, sentiu um arrepio, sua mulher estava
morta. No entanto, lembrou-se de Larissa e seu filho, precisava saber deles. Já
conhecia o caminho, pois estivera ali nos últimos três meses.
O rapaz hesitou por um instante,
mas, em seguida entrou e bateu na porta do quarto da criança. Ninguém atendeu,
então abriu a porta devagar; Larissa e o filho estavam adormecidos; ela estava na
poltrona e o menino na cama. Jardel ficou olhando com pena de acordá-la; porém,
ela pressentiu sua presença e abriu os olhos.
Levantou-se
e o abraçou carinhosamente.
- Está melhor? Descansou? Disse
com um leve sorriso, estava feliz em vê-lo novamente.
- Sim, vim agradecer pelo café;
você foi muito gentil. Obrigada.
O menino acordou e Jardel se dirigiu a ele.
- Qual é o seu nome?
- João Luís e distraiu-se com um
brinquedo no berço.
Larissa estava feliz, seu filho
iria ter alta na manhã seguinte, porém havia uma ruga de preocupação em sua
testa.
- Qual é o seu problema? Posso
ajuda-la?
A moça então lhe disse que teria
que ir para sua casa em outra cidade. E, voltar três vezes por semana, durante
um mês, para fazer fonoaudiologia no Hospital. Morava longe e ficaria muito
caro para ela fazer tantas viagens.
Jardel lembrou-se da solidariedade
da moça e ofereceu a ela para se hospedar em sua casa, ele ficaria na casa de
sua mãe enquanto durasse o tratamento do João. Não queria que pensassem mal
deles, pois acabara de enterrar Lídia.
Alguns dias se passaram e quando
Jardel voltou a sua casa para pegar uma ferramenta de trabalho, ficou admirado
ao ver a limpeza e arrumação, que a moça tinha realizado em sua casa. Havia um
vaso com flores sobre a mesa, comida feita no fogão e um cheiro agradável de
perfume por toda parte. O viúvo respirou fundo, sua casa voltara à vida e ele
ainda precisava viver o luto, que a morte de Lídia deixara em seu coração.
Cumprimentou Larissa com um abraço
e um beijo na testa, depois perguntou sobre a saúde de João e ela lhe agradeceu
novamente; estava tudo bem. Quando deixou a casa teve a sensação de que ali
estava sua fonte de luz, para voltar a viver.
Um
texto de Eva Ibrahim.