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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

"NÃO ESPERE O INCENTIVO DE OUTRAS PESSOAS, O PRIMEIRO A ACREDITAR EM SEUS SONHOS TEM QUE SER VOCÊ" AUTOR DESCONHECIDO

      
                       CHORUMELAS

CAPÍTULO NOVE
           Valentina recebeu alta Hospitalar, teria que se recuperar em sua casa. Então, começou o sofrimento de Clara, que tinha que aguentar as chorumelas da filha. A paciente saiu do hospital apoiando o estômago com as mãos e andando vagarosamente; naquele momento dava para perceber que sua recuperação seria lenta e complicada.

A nutricionista, que a acompanhava, entregou as instruções no momento da alta. Nos primeiros quinze dias, deveria se alimentar a cada trinta minutos e, em pequenas quantidades. Cinquenta ml somente de líquidos, para não sentir desconforto e dores estomacais.

Entretanto, ela era uma paciente intolerante e a cada gole soltava uma blasfêmia, que a mãe tinha que aguentar calada. A família não podia se alimentar diante de Valentina, pois ela começava um drama, com direito a choro, lamentações e acusações contra a mãe:

 - Você é a culpada de ter-me feito gorda e os outros não; eu te odeio. Não vou aguentar esta vida, prefiro a morte rápida do que morrer de fome.

Então, não jantavam mais juntos, a família reunida; cada um comia sozinho na cozinha para ela não se estressar. Clara aguentava calada, tinha pena de sua filha. Cada dia, parecia mais complicado que o outro. Durante quinze dias ela teria que tomar o suco fracionado, que  era intercalado com água na mesma proporção e uma sopa de carne com legumes coada em guardanapo de pano, que ela odiava.

Deveria também, ingerir suplementos alimentares em pó, dissolvidos em água, que na maioria das vezes, ela cuspia esbravejando. Os dias foram passando e Valentina estava mais magra, perdera alguns quilos, embora ainda não dava para ser notado.

Quinze terríveis dias se passaram e na visita à nutricionista, mãe e filha constataram que a cirurgia fora um sucesso; mas ainda estava apenas começando, havia muita luta pela frente.

Na segunda quinzena, foram introduzidos alimentos pastosos, que Valentina comia descontente, porém não havia alternativa e ela foi se acalmando, pois já sentia seu corpo mais leve. No segundo mês, foram introduzidos alimentos sólidos, porém, bem cozidos e em pequenas quantidades a cada três horas.  

Com quinze quilos a menos, Clara acompanhou a filha ao cabeleireiro, depois às lojas, queria que ela se sentisse bonita. O Natal estava próximo e ela deveria tomar uma injeção de ânimo. Ferrugem à acompanhava e estava contente que a sua melhor amiga estava ficando bonita e atraente.

No Natal a família pode se reunir em volta da mesa e comer sem os protestos de Valentina. Estava bem arrumada e parecia com sua irmã Ana; as duas eram moças bonitas. Clara sorriu e, pela primeira vez, depois de três meses, ela respirou aliviada dizendo a Rui:

- Nossa filha está ficando bonita! Já perdeu vinte quilos e agora está deixando as chorumelas de lado, louvado seja Deus.

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.
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