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quarta-feira, 24 de julho de 2019

"RINDO À TOA" (...) HA HA HA HA HA, MAS EU TÔ RINDO À TOA, NÃO QUE A VIDA ESTEJA ASSIM TÃO BOA, MAS UM SORRISO AJUDA A MELHORAR, AHA, AHA. E CANTANDO ASSIM, PARECE QUE O TEMPO VOA, QUANTO MAIS TRISTE, MAIS BONITO SOA. EU AGRADEÇO POR PODER CANTAR. LALAIÁ, LAIÁ, LAIÁ, LÊ". CANTOR: FALAMANSA, COMPOSITOR: TATO

FÁBRICA DE SONHOS

CAPÍTULO TRÊS
            O casal acordou quando o Sol já estava alto, foi um sono reparador. Ambos estavam cansados no corpo e na alma, pois as emoções foram intensas. Depois do banho, Gabriel convidou a namorada para tomar café na padaria, que ficava na esquina do prédio onde estavam. Viviane concordou, aquele seria um sábado manhoso, depois de muitas emoções vividas. Queria curtir seu namorado; ela estava muito feliz.

Tomaram o café e saíram para dar uma volta, a moça queria conhecer o centro de Campina Grande. Pararam para olhar vitrines e até compraram algumas lembrancinhas; ela pensava em presentear os amigos e familiares. Nas vitrines havia muitas roupas caipiras e vestidos de noiva, com rendas, babados e pedrarias. Curiosa, ela perguntou:

- Por que há tantos vestidos de noiva? Maio é tido como o mês das noivas e já terminou, ou será que aqui é diferente dos estados do sudeste?

 - Não meu amor, é que junho tem o dia dos namorados e no dia seguinte é o dia de Santo Antônio, o casamenteiro. E, aqui existe uma verdadeira fábrica de sonhos, os casamentos coletivos. O rapaz explicou e seus olhos brilharam, então continuou:

 - Todos os anos, no dia dos namorados acontecem os casamentos coletivos. Neste ano, são cento e vinte casais que vão trocar alianças no maior São João do mundo. Esse número varia de ano para ano, mas, sempre passam de cem. As inscrições ocorrem no final de março, e os escolhidos são contemplados para se casarem na Pirâmide, no dia dos namorados.

- Devem ser moradores de Campina Grande ou seus distritos, comprovados por documentos. Os casais que não podem arcar com as despesas, a prefeitura banca tudo, as roupas, maquiagens, acessórios e com o casamento propriamente dito. Eles saem com a certidão nas mãos. As vestimentas são alugadas e devolvidas após a cerimônia.

- No entanto, quem pode pagar e tem o sonho de se casar naquele local, compra suas vestimentas. É por isso, que ainda permanecem muitas roupas de casamento nas vitrines, a espera de compradores. 

-Eu sei de tudo isso porque a senhora que trabalha na casa de minha mãe, se casou no ano passado e, eu a ajudei em tudo que foi necessário. 

Gabriel estava emocionado contando para Viviane, como aconteciam os casamentos no maior São João do mundo. Esses acontecimentos já foram motivo de manchetes em jornais, revistas e televisão. Chegaram à uma praça e sentaram-se no banco, em seguida ele prosseguiu:

          - Eu vou leva-la para assistir o casamento coletivo, é uma verdadeira fábrica de sonhos. Casais de todas as idades se juntam para realizar desejos, acalentados com muita fé no santo casamenteiro. Muitas moças solteiras da região, colocam a imagem do santo de cabeça para baixo e prometem tirá-lo dali, somente quando aparecer o noivo. Dizem que é certo o aparecimento do noivo, pois o santo não gosta de ficar naquela posição.

           - A maioria das mulheres da região, guardam no fundo do coração, o sonho de um dia se casar de noiva. São mães, avós, jovens e idosas, que conseguem realizar o maior sonho de suas vidas. Cada noiva tem o direito de levar quatro pessoas convidadas e na maioria são os filhos dos casais. E, os convidados são acomodados nas arquibancadas, com mil lugares disponíveis.

            Viviane ouvia atentamente, e de vez em quando fazia uma exclamação ou um suspiro. Depois pedia para Gabriel continuar.

            - Ali pode-se encontrar casais que moram juntos há muito tempo. As mulheres nordestinas têm enorme apego à família, se casam ou vão morar juntos, muito jovens. Formam famílias grandes, que se compõem de muitos filhos. Muitas não se casaram na ocasião certa, por falta de recursos e não por falta de vontade. A maioria acalentou o sonho, ao longo da vida, de um dia se casar vestidas de branco.

          - Algumas noivas estão gestantes, mas fazem questão de se casarem de papel passado. Os noivos parecem felizes, sorriem muito e transmitem felicidade no olhar. Eles queriam dar essa alegria à suas mulheres e companheiras de muitas lutas. Na verdade, o que se pode constatar é que a alegria e felicidade está presente, em todos os semblantes dos casais.

            - As noivas passam o dia envolvidas nas preparações, para o momento mais importante, a hora do sim. Elas são penteadas por cabeleireiras, maquiadas e têm os vestidos e acessórios disponíveis, para se enfeitar adequadamente. Os homens também recebem o terno e os complementos.

           - Dentro da Pirâmide, ficam à espera dos nubentes, um juiz de paz e um celebrante para conduzir a cerimônia. O salão onde será realizado o evento, que está todo enfeitado para as comemorações de São João, recebe vestimenta nova para o casamento coletivo. O ambiente é enfeitado com muitas flores e duzentas e quarenta cadeiras, para que os noivos possam se sentar e acompanhar a cerimônia, confortavelmente.

            - As cadeiras recebem capas brancas em seu espaldar e no chão é disposto um grande tapete vermelho, por onde os noivos devem passar. O ambiente é preparado para se parecer com uma igreja real.

          -  Assim, a festa é iniciada para promover a felicidade de muitas pessoas ao mesmo tempo. Uma verdadeira fábrica de sonhos, que movimenta a cidade toda.

           Cansado de tanto falar, Gabriel levantou-se e puxou Viviane, depois enlaçou a cintura dela e seguiram em frente. Ele feliz por estar com ela e ela feliz por estar vivendo um sonho de amor.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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