ATÉ AS
LÁGRIMAS
CAPÍTULO
CINCO
Depois de um longo tempo, a
jardineira estacionou em frente à rodoviária da cidade grande, finalmente,
chegaram ao destino. Os passageiros começaram a descer do veículo, entre eles
estava o casal de pais ansiosos. No local havia um fluxo grande de gente e
muitos veículos transitando por ali, o que deixava Teresa assustada.
O lugar era estranho para ambos,
Dirceu já estivera na cidade, mas viera com a ambulância, então, não sabia se
localizar. Puxando a mulher
pela mão, foi ao balcão perguntar onde ficava a Santa Casa de Misericórdia. E,
lá foi orientado a pegar um carro de aluguel, para chegar até o hospital.
A
mulher foi empurrada para subir e sentar no banco de trás do veículo, estava
extática diante de tantas novidades. Na verdade, Teresa pouco viu dos caminhos
por onde passara, pois estava rezando o terço de olhos fechados. Sua
mente estava focada no filho, que fazia tempo que não via.
A saudade, que queimava em seu peito, doía como fogo.
A saudade, que queimava em seu peito, doía como fogo.
- Preciso acalmar esta dor, que trago no meu coração, para conseguir
um pouco de sossego. Pensava enquanto as lágrimas desciam pelo seu rosto.
Depois
de muitas voltas, que para Teresa parecia uma eternidade, chegaram em frente ao
hospital onde estava o menino. A mulher desceu do carro de aluguel e ficou
esperando o marido, que acertava a corrida. Em seguida, o casal parou para olhar
o prédio daquela casa de saúde; era grande e majestoso.
Marido
e mulher, que já eram tímidos por natureza, agora sentiam-se pequenos e
envergonhados, diante de tanto progresso. No entanto, precisavam ver o filho e,
isso os impulsionava para dentro do prédio. Dirceu viu um guarda na entrada e
perguntou como faria para ver o paciente.
- Não está na hora de visitas,
deverão retornar após o almoço. O horário de visitas se inicia as catorze horas
e termina as quinze e trinta horas. Disse o guarda friamente.
- Tudo bem, obrigado. Respondeu
Dirceu desapontado.
Teresa fez cara de choro e o marido
tratou de puxá-la para fora, não queria se indispor com o guarda; voltariam
mais tarde.
O casal saiu a procura de um lugar
para comer e encontraram uma pensão familiar perto dali. Dirceu tratou de
alugar um quarto, pois pernoitariam naquela cidade durante duas noites, uma vez
que, a jardineira retornaria para a vila somente no domingo.
Trataram de almoçar e depois foram
descansar no quarto. A hora não passava e Teresa não parava quieta, estava
nervosa. Dirceu ficou bravo com ela.
- Já estamos aqui mulher, então, precisa ter
um pouco de paciência. Esbravejou irritado.
No horário marcado, os dois se
apresentaram para visitar Benjamim. Quando abriram as portas e entregaram um
papel com o nome e número do quarto do menino, a mãe começou a chorar. O pai
cutucou a mulher, e foi logo dizendo:
- Acalme-se ou não voltaremos mais
aqui. A mulher engoliu o choro e seguiu em frente.
Dirceu
também estava emocionado, mas se manteria firme ou aquele lugar se tornaria um
vale de lágrimas. Seguiram o fluxo de gente até avistar o número que tinham em
mãos. As mãos de Teresa tremiam, balançando as coisas que trouxera para o filho,
estava nervosa por demais.
O menino estava deitado na cama
pensativo, pois o paciente que estava na cama ao lado, já estava recebendo
visitas. Parecia aborrecido por não ter ninguém para vê-lo. Mas, quando viu os
pais, sentou-se na cama com um grande sorriso nos lábios. Teresa o abraçou e
não conseguiu evitar as lágrimas.
Foi um choro dolorido e contido de dor
e saudade do menino. Demorou para soltar o filho e retornar a fala normal. E,
quando olhou para o marido viu que ele também foi até as lágrimas.
– Touro bravo também chora, pensou vingada
pelas grosserias sofridas.
Um
texto de Eva Ibrahim Sousa