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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

"VIVER DEVERIA SER COMO A DANÇA, O PROPÓSITO NÃO É CHEGAR A UM DETERMINADO LUGAR. É DESFRUTAR CADA PASSO AO LONGO DO CAMINHO". AUTOR DESCONHECIDO

CHOVE CHUVA!!!

CAPÍTULO TRÊS
A segunda feira surgiu com cara de preguiça. Um céu carrancudo depois de uma noite de muita chuva, raios e trovões. A previsão era de chuvas para a semana inteira, o que era alarmante para a maioria das pessoas. No entanto, na terça feira seria feriado nacional, data cívica da proclamação da república, dia propício para descansar e visitar o Shopping também.

Maura estava feliz na casa da prima Érica, a família era alegre e faziam tudo para agradá-la. A prima já havia planejado novos passeios e consequentemente novas compras para o feriado, iriam conhecer um Shopping recém-inaugurado do outro lado da cidade. As duas mulheres gostavam de promoções e com o Natal tão próximo, as novidades estavam por toda parte e as promoções pipocavam nas vitrines.

            Saíram logo após o almoço, estavam eufóricas. Passaram uma hora dentro de uma única loja, em seguida saíram e foram olhar as vitrines. Depois de muito andar e com uma porção de sacolas nas mãos, era hora de voltar para casa. Maura se queixou que o sapato novo estava machucando seu pé e não aguentaria dar um novo passo.

             A prima, então, sugeriu que parassem em uma farmácia para comprar band-aid e Maura concordou. Depois que o curativo cobriu o quase ferimento provocado pelo sapato, Érica pegou a mão da prima e a puxou para dentro do supermercado, que ficava ao lado da farmácia.

            As duas mulheres queriam dar um tempo naquele local, para esperar que a chuva se acalmasse, havia muita enxurrada e alagamentos na cidade. E, já que teriam que esperar, seria melhor passar o tempo olhando as promoções de Natal.

           O supermercado estava com o movimento reduzido, situação normal para um domingo à tarde, pensou Maura, e também aquela chuva pesada colaborou para afastar os clientes; pouca gente se animava em sair de casa com aquela chuva.

            As duas mulheres seguiam olhando e comentando as ofertas. Maura entrou em um corredor onde tinha uma porção de guardanapos expostos em uma banca e, de repente escorregou batendo o braço em uma prateleira indo estatelar-se no chão, gemendo de dor. 

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

'INICIE UM NOVO TEMPO, ABRA UM NOVO CAMINHO, ESCREVA UMA NOVA HISTÓRIA. LEVA EM TUA BAGAGEM O APRENDIZADO E EM TEU CORAÇÃO, APENAS FÉ, ESPERANÇA E ALEGRIA. NICOLE MIRANDA.

ACONCHEGO
CAPÍTULO DOIS
           Maura chegara de um lugar onde as pessoas não se importam muito com as outras, pois, não há tempo para isso; estão sempre apressadas. É assim o dia a dia na capital paulista, mas, em Minas Gerais ainda persiste o aconchego familiar, as tradições religiosas e a atenção com o próximo. Mesmo na capital, em meio à correria, percebe-se que as pessoas demonstram outro comportamento, mais humano e solidário.

             A paulistana seguia feliz pelas ruas de BH ao lado da prima, já conhecia a cidade e suas belezas; no fundo sentia-se mineira também. Estava com fome e sabia que o almoço seria farto, legítima comida mineira feita pela sogra da prima, pois, o filho dela fazia aniversário. Era sexta feira e o Joaquim, marido de Érica, estava comemorando mais um ano de vida e o almoço seria festivo.

           Á tarde iriam ao Shopping, Érica lhe dissera com um sorriso no rosto. Maura aquiesceu, queria passear e ver as novidades nas vitrines e comprar presentes para os netos.

A cidade estava muito bonita, cheia de flores de todas as cores em homenagem à primavera, que este ano chegara com muita chuva. A mesma chuva que, as vezes destrói, deixa o ar fresco, as flores exuberantes e a relva verde e iluminada. Maura sentia-se feliz por estar ali mais uma vez.

O almoço foi alegre, juntaram-se a eles outros dois casais de cunhados da dona da casa; a mesa estava cheia de comida e as pessoas felizes. Essa união durante a semana foi possível porque todos trabalhavam na própria empresa familiar. Depois de um descanso merecido e as forças refeitas, era hora de passear. 

As duas mulheres saíram para fazer o que mais gostavam, ver vitrines e fazer compras. De loja em loja, de provador em provador e algumas sacolas nos braços, era o momento de tomar fôlego e as duas foram à praça de alimentação para um refresco necessário.

O dia terminou assim e a noite o sono chegou rápido; Maura não teve tempo nem de fazer suas orações e já estava dormindo. No dia seguinte iriam ao centro da cidade para ver as promoções e procurar novidades.

Saíram cedo e só retornaram após o almoço, estavam exaustas de tanto caminhar, mas felizes por estarem juntas.

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

"AMO A LIBERDADE, POR ISSO DEIXO LIVRE TUDO O QUE TENHO... SE VOLTAR É PORQUE CONQUISTEI, SE NÃO, É PORQUE NUNCA POSSUI". AUTOR DESCONHECIDO.

"NO LIMITE"
LIBERDADE!!!

CAPÍTULO UM
           As horas demoraram a passar, mais do que o costume, pensava Maura ao pegar a bolsa para sair do seu local de trabalho. Ao alcançar a rua, respirou fundo, estava de férias depois de um ano difícil para todos; um país em depressão e muito desemprego. Pensava em dormir até mais tarde, cuidar de suas coisas, que estavam um tanto abandonadas e ficar curtindo sua casa; faltava tempo e sobravam deveres.

          Seguia alegre, cantarolando, tinha um mês inteiro para pensar em si própria e sentia-se livre. Tinha tudo planejado, dez dias para descansar, oito para viajar e ainda restavam alguns dias para relaxar em sua casa. E, então estaria nova para mais um ano de trabalho; tinha sido assim durante os últimos vinte anos.

            Maura estava sozinha fazia um bom tempo, seu casamento terminara depois de muitas brigas. Ela queria somente viver em paz e desfrutar de sua liberdade conquistada com muitas dificuldades. Do marido não queria nem notícias.

           - Que ficasse longe dela, ele ainda poderia lhe causar danos; sempre encontrava um jeito de prejudica-la. Pensava enquanto sentia um calafrio pelo corpo.

           Amava a filha, os netos e gostava do genro, era tudo o que lhe importava naquele momento. Vivia pacificamente e se sustentava sozinha, pensando assim, sentia-se feliz.

               Os dias passaram rápido demais, e ela já estava no aeroporto, aguardando o avião para a viagem que havia planejado. Entretanto, ainda sentia-se cansada, mas, iria se divertir um pouco na casa de sua prima. Érica morava na cidade de Belo Horizonte com o marido e os filhos; as duas cresceram juntas e mesmo depois de casadas mantinham contato regularmente. Nas férias uma visitava a outra, assim matavam as saudades, duas vezes ao ano. Ela sabia que a prima era uma pessoa dinâmica e a levaria para passeios e compras de final de ano, já que estavam em meados de novembro.

           A moça sentou-se no corredor da aeronave e logo chegou seu companheiro de viagem. Era um japonês sisudo, que fez um sinal para ela deixa-lo entrar e, em seguida mergulhou no assento, fechou a cara e dormiu. Maura sentiu-se frustrada, era a terceira vez que tinha como companheiro um homem descendente de japoneses e, eram todos sisudos e mudos ao contrário dela, que gostava de uma prosa. Suspirou profundamente, em seguida fechou os olhos e deu asas à imaginação. Estava voando rumo à felicidade, que era seu desejo mais ardente, o resto não importava.

Érica estava aguardando a prima no aeroporto e deu boas gargalhadas ao saber do japonês; era o terceiro ano que Maura se queixava do companheiro de viagem. Nem mesmo ouvira sua voz, o sujeito entrou mudo e saiu calado.

 – Que falta de sorte! Perdera mais uma oportunidade de fazer novos amigos.
Dizia Érica, ajudando a prima com as malas.


As duas mulheres estavam alegres e seguiram para casa, os demais estavam aguardando as duas para o almoço. Teriam uma semana para matarem as saudades e colocar a fofoca em dia.


Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

"E, DE REPENTE, NUM DIA QUALQUER, ACORDAMOS E PERCEBEMOS QUE JÁ PODEMOS LIDAR COM AQUILO QUE JULGÁVAMOS MAIOR QUE NÓS MESMOS. NÃO FORAM OS ABISMOS QUE DIMINUÍRAM, MAS, NÓS QUE CRESCEMOS". FABÍOLA SIMÕES

A DURAS PENAS
CAPÍTULO DOZE
          A primeira cirurgia aconteceu em uma manhã de segunda feira, com todo o suporte cirúrgico adequado e com o acompanhamento da mãe, que não arredou pé da sala de espera. Só Deus sabe quantas orações foram feitas por aquela mãe, que cansada de sofrer colocou tudo nas mãos de Deus e se calou a espera do término da cirurgia.

         Passava do meio dia quando o médico apareceu para dizer que a cirurgia havia terminado e estava tudo bem. Então, Clara saiu para comer alguma coisa e voltar em seguida para ver a filha. 

           Depois de uma hora ela pode entrar e ver Valentina, que estava agitada reclamando de dores. O coração de Clara se aquietou, depois que a filha tomou uma injeção e dormiu novamente. A mãe previa dias difíceis, pois Valentina era de pouca paciência e chorona por natureza.

             Demorou quarenta e cinco dias para Valentina andar ereta depois da cirurgia; até então, andava segurando a barriga com as mãos e o corpo mantinha encurvado. Não houve intercorrências e a cicatrização foi boa, mas, houveram muitas queixas e lamúrias. Várias visitas ao médico e finalmente fora marcada a próxima cirurgia contra a vontade de Valentina, que nos piores momentos dizia:

            - Não vou fazer mais nada, pois tenho muitas dores e vou morrer solteira, quero ficar feia para sempre. E, saia de cara feia batendo portas.

             Clara chorava em silêncio, pois sabia que a filha já havia sofrido muito e ainda não terminara; havia muita coisa a ser feita. Então, se ajoelhava no chão e pedia a ajuda de Deus; era tudo o que poderia fazer.

           Com seis meses da primeira cirurgia era hora de fazer as mamas. Valentina estava bem e concordou em colocar silicone, sua barriga estava ótima. Feita a correção mamária e observada todas as orientações médicas parecia que, finalmente, o complexo de inferioridade a deixara em paz; ela já não fugia do espelho.

          Tornara-se uma moça bonita e tomara gosto pelo espelho. Valentina começara um namoro com o Ferrugem, que era apaixonado por ela. Dali para o resto das correções foi fácil, havia total colaboração da paciente.

          Em dois anos, todas as correções foram feitas e apareceu uma nova mulher, que queria se casar e ser feliz, como toda jovem. Clara sorria, quando ouvia elogios à sua menina, que um dia tentara o suicídio por ser gorda e se achar feia. Finalmente, a duras penas, se revelara uma beleza pura, todos diziam.

Um texto de Eva Ibrahim.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

"CADA CICATRIZ QUE TEMOS É A CONFIRMAÇÃO DE QUE UMA FERIDA SARA. CICATRIZES SÃO MARCAS DE SUPERAÇÃO QUE SÓ UM VERDADEIRO GUERREIRO POSSUI". AUTOR DESCONHECIDO


RETALHAR O CORPO

CAPÍTULO ONZE
           Quando Valentina completou dois anos da cirurgia bariátrica, e com o peso estabilizado por seis meses, era hora de enfrentar a nova etapa, em busca da beleza corporal. A moça estava com setenta e oito quilos, mas não poderia ficar de biquíni ou roupa decotada e sem mangas. A magreza trouxera novos problemas para ela, e acentuou o complexo de inferioridade, já existente. Ganhou em leveza, agilidade, saúde, mas estava longe de se achar bonita.

            As peles ficavam penduradas nos braços, nos peitos, nas coxas e na barriga, formando uma pochete sobre a púbis; ela evitava olhar-se no espelho. Odiava aquilo tudo, ainda era virgem e jamais tiraria a roupa diante de um rapaz.

           - Morreria invicta, pensava com raiva do mundo.

           Muitas noites passara chorando, ela não tinha mais jeito. Tratava de se cobrir rapidamente com roupas largas; sentia-se pior do que antes de perder peso.

          Valentina, acompanhada da mãe, saiu do consultório médico com os olhos cheios de lágrimas. A colocação do médico assustou a paciente. Ele disse que para ela tirar todo aquele excesso de pelancas teria que:

          - Retalhar o corpo para tirar todo as sobras de peles, então, se tornará uma moça magra e muito bonita. Afirmou o médico com uma ponta de ironia.

              A mãe ficou na defensiva, tinha medo daquelas palavras, parecia o gado no açougue sendo retalhado depois de abatido. Sentia-se ofendida, mas o médico foi objetivo e claro em sua explanação. Disse que era assim que ele queria, que a sua paciente tomasse um choque de realidade e, então, estaria pronta para iniciar as novas cirurgias.

         Clara conversou com o marido e lhe explicou tudo; Rui concordou em levar Valentina para concluir o que haviam começado. A filha estava magra, porém continuava com complexos de inferioridade, pois vivia de roupas largas e soltas em seu corpo; parecia uma assombração. E, continuava motivo de chacotas dos colegas e conhecidos. Apenas o Ferrugem a acompanhava e a defendia das bocas malditas.

         - Agora, estamos na reta final e ela deve se submeter ao que for preciso para se livrar das peles, que sobram em seu corpo. Afirmou a mãe preocupada.

          O plano cirúrgico foi montado pelo médico. Quatro cirurgias reparadoras no mínimo, em primeiro lugar a abdominoplastia. Em seguida a mamoplastia com colocação de silicone, pois as mamas de Valentina simplesmente sumiram, deixando dois trapinhos murchos pendurados. Quando estivesse recuperada seria feita a intervenção nos braços e por último nas pernas.

         - Mais um ano de lutas com o bisturi, e só restarão cicatrizes em pontos pré-determinados, afirmou o médico para a mãe e a filha, que se mostravam ansiosas.

         Somente então, Valentina poderá dizer que está magra e pronta para a vida, foi a conclusão a que Clara chegou. Havia ainda, um longo caminho a ser percorrido.
 Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

"NÃO SOU SEMPRE FLOR. AS VEZES ESPINHO ME DEFINE MELHOR. MAS SÓ ESPETO OS DEDOS DE QUEM ACHA QUE ME TEM NAS MÃOS". CLARICE LISPECTOR.

PASSO A PASSO
CAPÍTULO DEZ
        A cada dia uma nova luta se apresentava, novas conquistas e retrocessos também. Dias de euforia e outros de depressão, e os resultados foram surgindo gradativamente. Cinco, seis meses e a balança continuava a diminuir no seu marcador; trinta, quarenta quilos foram se perdendo e uma linda moça despontava naquela pessoa, que vivia de mal com o mundo.

          Valentina, arrastada por Ferrugem, que ia busca-la em sua casa, passara a frequentar uma academia para fortalecer os músculos e dar forma ao corpo desleixado. A cada visita ao médico era hora de avaliar os ganhos. Ganhos em saúde, autoestima e estética.

         Os seus cabelos, antes desgrenhados, agora diminuíram de volume, pois sofreu uma queda prevista, devido à grande perda de nutrientes impostos ao seu corpanzil. Para Valentina a queda foi benéfica, pois, agora os cabelos adquiriram forma e passaram a ser cuidados. A transformação era visível e a cada dia surgia uma nova faceta daquela figura de moça bonita.

          Até o Ferrugem melhorou sua aparência, agora tinha um corpo delineado e sarado; tornara-se um belo rapaz. Ele exercia influência positiva sobre Valentina, que passara a ver sua vida com outros olhos, pois sua baixa estima foi se dissipando. Ana sua irmã, ajudava com a compra de roupas novas e a melhor maneira de usá-las.  Parecia que ela estava aprendendo a se cuidar, a ter postura e se portar como uma moça. 

             Abandonara hábitos terríveis de desmazelo e relaxo quanto ao seu visual. Os dois amigos frequentavam o mesmo curso, um ajudava o outro. Tomaram gosto pelos estudos e mais um ano estariam formados.

         Quando fez um ano da cirurgia a família festejou feliz. Valentina estava pesando oitenta e cinco quilos; uma vitória para quem pesava cento e quarenta e cinco quilos. Com o acompanhamento médico, da nutricionista e os exercícios físicos, os resultados estavam evidentes e a moça despontava com uma beleza pura.

Mas, havia uma nuvem rondando a cabeça de Valentina. Com a perda de tantos quilos era natural que sobrassem peles em todo seu corpo. E, assim que seu peso estabilizasse, ela teria que se submeter à várias cirurgias para retirar todo o excesso de pele. Somente, então, poderiam descansar e viver uma nova vida. Tinham, pela frente, mais dois anos de lutas para comemorar a vitória completa.

 Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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