UM TOQUE DE CARINHO
CAPÍTULO
DOZE
Gilda
lembrou-se da felicidade de Sandro e agradeceu a Deus por ter conseguido fazer
de seu menino um homem de verdade, apesar de sua cegueira. Seu filho tornara-se
um homem culto e de bom gosto, amoroso e de bons sentimentos; estava preparado
para seguir seu caminho. Ser cego não o privou de crescer, se desenvolver, amar
e ser feliz.
Celina
era uma moça com formação em piano pelo Conservatório da capital; a música fazia
parte de sua vida desde criança e poderia ajudar o marido em seus arranjos
musicais. O gosto pela música era um elo forte entre ambos, além do amor que os
unia.
Sandro
estava casado e isso bastava para sua vida ter valido a pena, pensava Gilda
olhando o piano que os pais de Celina mandaram para a filha. O casal ficaria morando
na casa dela, assim, ela seria a luz que faltava para ambos até o fim de seus
dias.
Sofia
estava feliz, encontrara o amor ali perto, na figura do padeiro Luís. Ele a
pedira em casamento e ela aceitara, pois, poderia ficar vivendo perto de Sandro
e Gilda, que se tornaram sua família. Sandro sempre dizia que tinha duas mães,
Gilda e Sofia, as mulheres de sua vida.
O
casal voltou da lua de mel e a casa ganhou alegria e muita música. Quando
Sandro e Celina não estavam no quarto, estavam tocando instrumentos musicais.
Os dois riam muito, pareciam duas crianças; estavam muito felizes juntos, um
completava o outro.
Gilda
orientava a nora nos afazeres da casa e a acompanhava sempre que ela precisava
sair. Era uma visita ao médico, uma ida ao Supermercado, a compra de um
presente ou uma visita ao dentista.
Com
o passar dos dias Celina ganhava segurança e já se virava sozinha dentro da
casa de Gilda. Sandro saia com seus músicos para ensaios e vistorias em lugares
de novas apresentações, tinha os dias cheios de compromissos. E, em algumas
noites tocava nos eventos e só retornava com o Sol nascendo.
Alguns
meses se passaram e Sandro estava tranquilo e feliz; sua esposa estava grávida.
Foi à notícia mais importante de sua vida, dizia abraçando sua mulher. Gilda
saiu para chorar longe dos ouvidos do filho, estava emocionada.
Sofia
se casou em uma cerimônia simples, celebrada pelo padre Bento, em seguida
viajou com seu marido. Antes do casamento a mulher se mudara para a casa de
Luís, deixando o quarto que ocupava na casa de Gilda, para a criança que estava
a caminho.
Gilda
imaginava a criança como uma bênção recebida de Deus; ela tomaria conta dos
pais quando ela partisse desse mundo. Era a peça que faltava naquele quebra
cabeça chamado vida. A ecografia desvendou o sexo da criança, era uma menina,
dissera o médico. A partir daquele dia tudo girava em torno da chegada do bebê.
Celina
era uma moça fina e a sogra a orientava quanto às cores e beleza das coisas,
que ela escolhia para a pequena Bruna; assim se chamaria a neta de Gilda,
disseram seus pais.
A
moça escolhia todas as peças do enxoval do bebê pelo tato, ela tinha uma
sensibilidade extraordinária na ponta dos dedos. Gilda ficava admirada pelo bom
gosto da nora; tudo que ela escolhia era de qualidade além de bonito, por isso
era fácil orientá-la.
O
tempo passava rápido e Celina ganhava peso; logo teriam o bebê nos braços para
enfeitar aquela casa. O quarto estava arrumado esperando a chegada de Bruna. Gilda
sentia-se muito feliz, a alegria voltara ao seu lar.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.