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quarta-feira, 22 de abril de 2020

"AMOR DE ALMA" VOCÊ ME DEU A MÃO, ME LEVOU PRA TÃO DISTANTE. TÃO DISTANTE DO SEU AMOR. PEDIU PRA NÃO SONHAR E PRA FICAR, FICAR DISTANTE. ENTÃO ME DIZ COMO. AQUELE NOSSO BEIJO, BEIJO DE AMOR. AMOR QUE NÃO SE FAZ POR AÍ. AMOR DE ALMA, AMOR QUE ACALMA". COMPOSITOR: VICTOR CHAVES. CANTORES: VICTOR E LÉO

EU QUERO COLO

CAPÍTULO DOZE
Alguns dias se passaram e nada mudou. Murilo sentia-se só, precisava ir até a casa de Lívia, queria ver seus filhos. Tomou banho, passou uma colônia, que ele sabia que sua esposa gostava e partiu rumo à sua família. Iria começar a provocação, para tentar reatar seu casamento.

Estava ansioso, sentia-se envergonhado e arrependido, ainda assim, teria que tentar reaver o amor de sua mulher. Seria difícil, mas faria tudo para voltar atrás e tentar apagar seus erros. Lívia estava resistente, não queria saber dele; andava quieta e introspectiva, o que o deixava preocupado.

Era sexta-feira à noite e ele foi visitar os filhos, iria se manter alheio à presença de sua mulher. Quem sabe assim, ela veria o homem que estava perdendo, era um jogo arriscado, mas Murilo teria que tentar tudo.

As crianças acolheram o pai com alegria, sentiam sua falta, pensavam que ele estava trabalhando longe de casa. Não percebiam a situação grave da separação dos pais. Lívia jamais colocaria os filhos contra Murilo, ele sempre fora um ótimo pai e marido também.

A mulher ficou sem jeito, não sabia onde ficar, se na sala junto deles, ou no quarto sozinha. Ainda guardava mágoa do marido, mas já conseguia olhar para ele sem ódio no coração. O pai ficou duas horas com as crianças, trouxera doces, chocolates e sorvetes. Os pequenos, depois de se fartarem, saíram para brincar e o casal ficou sozinho.

                Os dois estavam completamente sem saber como agir. Murilo tomou a iniciativa, tirou um maço de dinheiro do bolso e disse:

            - Aqui está o dinheiro para as despesas da casa e um extra para você comprar um presente para o seu aniversário, que será na semana que vem.

Lívia hesitou em pegar, mas precisava pagar as contas da casa, então suspirou e apanhou o dinheiro, que ele depositara sobre a mesinha da sala. Ficara surpresa por ele ter se lembrado do aniversário dela, que estava próximo. Em seguida, ela se levantou, estava desarmada e disse:

- Obrigada, vou comprar um vestido novo. E, saiu da sala com o dinheiro na mão, Murilo sempre fora generoso e ela foi verificar quanto havia ali.

                Ela ficou surpresa, era uma bela quantia em dinheiro. As crianças voltaram e o marido foi embora. A noite foi longa, a visita do marido mexera com ela. Lembrou-se das coisas boas que haviam passado juntos, depois chorou até pegar no sono. Murilo ainda estava vivo em seu coração, no entanto, ela estava ferida pela traição e nunca mais poderia confiar nele.

                Mais alguns dias se passaram e o aniversário de Lívia chegou. Já era noite e ele nem sequer telefonara para lhe desejar felicidades. Era o primeiro aniversário dela, que o marido não estava presente. Ela chorou, várias vezes, durante o dia, que foi difícil. As lembranças povoavam seus pensamentos e quando a noite caiu, ela sentiu-se abandonada.

                Já passava das vinte horas, quando um veículo parou em frente à sua casa. Ela foi ver quem era e seu coração disparou, era Murilo descendo do automóvel com algumas caixas nas mãos. E, com um largo sorriso, se aproximou dela. Em seguida, deu um beijo em sua face dizendo:

              - Parabéns querida, eu lhe desejo todas as felicidades do mundo, ao meu lado.

             Lívia ficou sem jeito, percebeu que ele insinuara uma volta para casa. Seu coração disparou, estava fragilizada e ele a surpreendeu com aquelas palavras.

           As crianças receberam o pai com muita alegria e todos foram abrir os pacotes. Lívia arrumou a mesa e com a família reunida, puderam cantar parabéns, foi um momento de paz. Murilo não tirava os olhos de sua mulher, que estava muito bonita, um pouco mais magra, mas atraente como sempre.

           Depois de recolher a louça na pia, foram para a sala. Sentaram-se no sofá, ficaram lado a lado e então, o marido a puxou para si e disse:

             - Bandeira branca, amor, eu quero colo. E, a beijou ardentemente.

            Lívia ficou mole em seus braços, aquele era o seu lugar, não poderia resistir mais. Murilo ficou até as crianças dormirem, então sua mulher disse:

              - Vem, vamos dormir, seu lugar é aqui.

              - Sim querida, eu te amo, me perdoa por favor.

                Dentro de um abraço, seguiram para o quarto. Era um recomeço, estavam felizes.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 15 de abril de 2020

"(...) E HOJE, O QUE ENCONTREI ME DEIXOU MAIS TRISTE, UM PEDACINHO DELA QUE EXISTE, UM FIO DE CABELO NO MEU PALETÓ. LEMBREI DE TUDO ENTRE NÓS. DO AMOR VIVIDO, AQUELE FIO DE CABELO COMPRIDO, JÁ ESTEVE LIGADO EM NOSSO SUOR". COMPOSITORES: DARCI ROSSI/ MACIANO - CANTORES: CHITÃOZINHO E XORORÓ:

                    O CAMINHO DO CORAÇÃO


CAPÍTULO ONZE
           A conversa com Raquel foi muito difícil, ela não entendia o motivo da mudança, tão rápida, de Murilo. Ele estava morando na casa dela fazia poucos dias e agora, havia decidido ir morar com sua mãe. Ela precisava saber o que aconteceu, para que ele tomasse uma decisão tão inesperada.

              Murilo não parecia ser um homem volúvel, mas as aparências, às vezes, enganam. Raquel ficou perplexa momentaneamente, pois ele parecia muito apaixonado por ela.

             - O que pode ter feito ele mudar de ideia tão depressa? Essa pergunta martelava em sua cabeça, enquanto via ele juntar suas coisas.

            Mas, seu amante não queria que ela pensasse, que ele estava arrependido, de ter ido morar com ela. Então, Murilo usou de subterfúgios. Disse a ela que sua mãe estava doente e necessitava de alguém para lhe fazer companhia; era idosa e precisava dele.

           A moça não gostou da atitude do rapaz, porém acabou concordando, não gostava de sentir-se presa a alguém, preferia ser livre para se dedicar à escola de samba. Deixou que Murilo saísse, sem impor obstáculos.

            O rapaz chegou a casa de sua mãe levando poucas coisas, somente o que levara naquela noite, em que deixara sua casa. Trazia consigo esperanças de reconciliação com sua esposa, estava, sinceramente, arrependido.

             No dia seguinte, a sogra foi a casa de Lívia e disse-lhe, que Murilo estava morando na casa dela. Mas a receptividade não foi boa.

            - Eu não quero saber daquele traidor, a senhora é bem-vinda aqui, mas não fale dele. Afirmou a moça nervosa.        
  
           Rosa pediu desculpas, apenas queria dizer, que ele estava arrependido de ter saído de casa. Ela trouxera dinheiro para as despesas da casa e iria levar algumas roupas, que o filho estava precisando. Depois, a mulher saiu deixando um recado:

           - Se precisarem de alguma coisa é só ligar.

          As crianças ficaram acenando para a avó, até ela desaparecer com o táxi.

 Murilo ficou triste com a notícia, que sua mãe trouxera da casa de Lívia. 
    
  - Ela não quer saber de você, foi bem clara. Disse Rosa ao filho.

 - Não posso desistir mãe, eu preciso ver meus filhos crescerem. Eu irei lá amanhã, quero ver as crianças. O rapaz disse com muita firmeza.

                  Na manhã seguinte, antes das crianças saírem para a escola, Murilo tocou a campainha da casa. Ficou esperando do lado de fora, com uma sensação muito estranha, era sua casa e tinha que tocar a campainha. Sentia-se humilhado com aquela posição de visita.

          Lívia gritou, do banheiro, para os filhos verificarem quem estava chamando. Demorou e ela não obteve resposta. Então saiu alarmada, onde estavam as crianças? 

            - Quem estava chamando? Entrou na sala gritando.

           E, deu de cara com o ex-marido sentado no sofá, com a caçula no colo e os outros dois filhos sentados ao seu redor. Parou na porta, estava sem ação. Então, Murilo disse:

            - Estava aqui perto e vim ver meus filhos, eu estava com saudades deles.

Lívia ficou sem palavras, não queria brigar na frente das crianças. Deu meia volta e retornou à cozinha, foi preparar os lanches das crianças. Retornou à sala com as mochilas nas mãos dizendo, que já estavam atrasados.

O pai se levantou segurando a mão de um filho e com a menina no colo disse:

 - Eu vou levá-los à escola.

 Lívia ficou pálida, será que ele iria raptar as crianças? Pensou enquanto seu coração disparava. Ela não teria forças para impedi-lo, pois era o pai deles.

Então ele completou:

 - São meus filhos e os amo muito, não vou fugir com eles, pode ficar tranquila. Em seguida, saiu levando as crianças.

A mulher entrou e foi chorar no banheiro, sentia-se impotente diante de Murilo. Como seria sua vida dali para a frente? Murilo não daria sossego para ela e usaria as crianças para frequentar sua casa.

À noite, durante o jantar, o rapaz comentou com sua mãe:

- É necessário ter muita paciência, mas hoje eu percebi, que as crianças vão me abrir o caminho do coração de Lívia.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

"(...) QUANDO A GENTE AMA E NÃO VIVE JUNTO DA MULHER AMADA, UMA COISA ATOA É UM BOM MOTIVO PRA GENTE CHORAR. APAGAM-SE AS LUZES AO CHEGAR A HORA DE IR PARA A CAMA. A GENTE COMEÇA A ESPERAR POR QUEM AMA, NA IMPRESSÃO QUE ELA VENHA SE DEITAR". COMPOSITORES: DARCI ROSSI / MARCIANO- CANTORES; CHITÃOZINHO E XORORÓ

SAUDADE, MAL DE AMOR

CAPÍTULO DEZ
           Murilo estava enraivecido com aquela situação, ele não esperava ouvir aquele desabafo de sua mulher. Ela parecia disposta a tudo, quando afirmou que iria trabalhar fora, queria afrontá-lo, com certeza. Lívia sabia que ele não queria, que ela deixasse os filhos na creche. Ele sempre manteve a casa sozinho, para que ela cuidasse dos filhos e tinha orgulho disso.

           O mecânico estava emburrado e introspectivo e foi dormir antes de Raquel. Sentia-se culpado por toda aquela situação triste, que foi criada com sua saída de casa. Estava arrependido por ter tomado uma atitude intempestiva, deveria ter pensado melhor.

            Sua esposa apresentara acusações contra ele e o deixara com a cabeça quente, porque eram verdadeiras. Então, quis mostrar para ela, quem mandava ali. Sua posição de macho provedor falou mais alto.

              Estava apaixonado por Raquel, mas Lívia era sua esposa e não poderia abrir mão dela. Ele não queria admitir, mas sentia ciúmes, ela era sua, fazia muito tempo. Havia um conflito dentro do seu peito, que o deixava ansioso e raivoso ao mesmo tempo. Sentia saudades das crianças, que não estavam em casa, pois tinham ido à escola. Aquele sentimento doía em seu peito.

                 Raquel encostou nele a noite e ele se afastou, não queria contato com ela, parecia que estava cometendo um pecado. Deitado na cama com sua amante, ele percebia a gravidade do que fizera. Sentiu saudades de sua casa, de sua cama e de sua família, começou a duvidar de seu amor por Raquel.

              Embora a amante fosse muito bonita e atraente, não era sua mulher e estava perdendo espaço em seu coração. Ela não tinha uma longa história de amor com ele, apenas sexo ocasional. Murilo sabia pouca coisa da vida dela, fora seduzido sexualmente e agora caia em si.

             Se Lívia não tivesse descoberto tudo, provavelmente ele ainda estaria com sua família. Sentia que foi forçado a tomar uma atitude, estava nervoso e não pensou direito. Na verdade, ele procurava uma desculpa para seu ato impensado.

                 - O que vou fazer agora?

            Não poderia simplesmente voltar e dizer para Lívia, que estava arrependido, que ainda a amava e queria apagar aquela história de sua vida. O caso fora muito grave e ele temia que ela nunca o perdoasse.

                 Murilo passou a noite em claro, não sabia o que fazer. Olhava para Raquel, que dormia ao seu lado e via que ela não passava de uma estranha, que o enfeitiçara. Estava vivendo num inferno.

             – Como vou sair dessa situação? Era uma pergunta sem resposta.

            Levantou-se bem cedo, e antes que Raquel acordasse, ele foi para a oficina mecânica. Precisava pensar e tomar uma decisão. Na hora do almoço foi para a casa de sua mãe, precisava se aconselhar com ela. Ligou para Raquel e disse que iria visitar a mãe, que estava doente.

            A velha senhora chorou ao lado do filho, queria que ele ficasse bem com sua família. Aquela fora apenas uma aventura, mas, deixaria marcas em sua vida para sempre. Sendo assim, com sua sabedoria de vida, ela o aconselhou a deixar a amante imediatamente e ir morar com ela.

           - Filho, quando Lívia souber que você deixou Raquel e está morando comigo, abrandará seu coração. E, quem sabe, crescerá um sentimento de perdão em seu coração, afinal vocês têm três filhos para criar.

               Uma nuvem desceu sobre o olhar de Murilo, então ele disse:

              - Eu sou um canalha, só faço coisas erradas.

                 - Não é hora de se martirizar, seja homem e fale as claras com Raquel. Pegue suas coisas e venha para cá. Disse a velha senhora ao seu filho querido. Ela percebeu que ele estava sofrendo de mal de amor, que tinha nome, saudades da família.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 1 de abril de 2020

"FIO DE CABELO" "(...) E HOJE, O QUE ENCONTREI ME DEIXOU MAIS TRISTE, UM PEDACINHO DELA QUE EXISTE, UM FIO DE CABELO NO MEU PALETÓ. LEMBREI DE TUDO ENTRE NÓS, DO AMOR VIVIDO. AQUELE FIO DE CABELO COMPRIDO JÁ ESTEVE GRUDADO EM NOSSO SUOR. (...)" COMPOSITORES: DARCI ROSSI/ MARCIANO. CANTORES: CHITÃOZINHO E CHORORÓ

VIVER A VIDA

CAPÍTULO NOVE
           A segunda-feira foi longa e angustiante, Lívia aguardou alguma notícia de Murilo, mas ele não deu sinal de vida. A noite chegou e ela foi dormir sem jantar. Chorou até pegar no sono, ainda não acreditava, que ele se esquecera da família por um rabo de saia; estava confusa, não sabia o que fazer. Mas, pelo menos ela e os filhos ficariam protegidos, pois, as fechaduras foram trocadas.

            Como esposa de Murilo sentia-se ofendida, pensava em ir até a oficina, fazer um escândalo e envergonhar o marido traidor. Em seguida, vinha no pensamento o seu amor próprio, não poderia se rebaixar ao nível dele, não queria envergonhar os filhos. Então, levou as crianças para a escola e na volta passou na Igreja, para desabafar com o padre Giovane.

             Foi acolhida com carinho e ouvida com olhos de bondade. Depois dessa conversa, ela sentiu-se aliviada, precisava recuperar seu amor próprio. Tomou banho, escolheu um vestido novo, que ganhara do marido, passou batom, perfume e calçou sandálias de salto alto, depois saiu para fazer compras no supermercado.

             Chamou o Uber, que chegou rapidamente e ela sentou-se no banco traseiro, com ares de rainha. Era assim que ela iria se comportar dali para a frente. Nunca mais iria chorar por um marido canalha, mostraria sua garra.

Demorou pouco mais de uma hora e quando virou a esquina, viu o automóvel de Murilo em frente à sua casa. Ele andava de um lado ao outro, parecia impaciente e quando a viu, ficou espantado. O Uber encostou e ela desceu do veículo com as compras nas mãos, parecia outra pessoa.

Certamente, ele estava pensando encontrar sua mulher inconformada com a situação, desmantelada e triste, mas, ela estava muito bonita e imponente. Os conselhos do padre lhe fizeram muito bem, erguer a cabeça e seguir em frente. Nunca esmorecer, confiar em Deus, sempre.

                 A sogra estava com o filho e explicou que o acompanhara para evitar atritos diante das crianças. Lívia foi buscar forças no fundo do seu coração, para enfrentar aquela situação. Murilo estava irado e perguntou:

                - Por que você trocou as fechaduras das portas?

                 - Porque sou uma mulher sozinha, com três crianças para cuidar e preciso de um mínimo de segurança. Fui abandonada pelo homem que me prometeu amor, segurança e fidelidade, agora vou cuidar da minha vida.

             O homem não acreditava no que estava acontecendo, estava tudo dando errado. Levou a mãe com ele, para não ter que aguentar as lamúrias da mulher, no entanto, ela estava arrumada demais, altiva e inacessível. Então, ele viu que a estava perdendo e perguntou:

              - O que você quer dizer com isso? Disse quase gritando.

             - Que vou arrumar um emprego e pedir o divórcio. É simples assim.

                 Murilo não avançou sobre ela, porque sua mãe estava ali e ela o segurou.

                 - Afinal, o que você quer aqui? Onde está a vagabunda da sua amante? Lívia conseguiu afrontá-lo.

                 O homem estava muito nervoso e entrou no veículo, em seguida, sua mãe sentou-se ao seu lado e, ele arrancou cantando pneus. Não podia acreditar no que ouvira. Ele não queria que os filhos ficassem na creche, Lívia não poderia trabalhar fora.

                 - Murilo, agora ela é uma mulher livre e fará o que quiser, daqui para a frente.

                - Você a abandonou e não pode fazer mais nada.

            Rosa disse pausadamente, para ele compreender o tamanho da atitude que tomara.

                 - Não pode ser, eu vou sustentar a casa e ela terá que ficar cuidando das crianças. Ele retrucou sem convicção, então, percebeu que perdera sua mulher.

                 - Lívia é uma mulher jovem, bonita, poderá trabalhar fora e também arrumar um namorado, pense nisso.

               A mãe falou olhando para o filho, que reagiu imediatamente.

                 - Nunca vou aceitar que outro homem crie os meus filhos. Eu mato essa mulher.

           Ele estava furioso, percebera que cometera um ato impensado. A mulher sorriu, conseguiu atingir os sentimentos do filho, que estava cego e iludido por outra mulher. E num quase sussurro ele disse:

           - Eu só queria viver a vida como ela é, não pensei na reação da minha mulher. Raquel me mostrou outro lado da vida, que muito me atraiu.

           Rosa podia sentir a raiva que exalava do filho. Ele precisava de um presta atenção e pôr a mão na consciência, antes que fosse tarde demais.

           Alguma coisa se quebrou dentro dele, precisava pensar em tudo o que estava acontecendo.  Lívia era a mãe de seus filhos e teria que se comportar como uma mulher de família. Ele não aguentaria ver Lívia com outro homem, disso ele tinha certeza.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 25 de março de 2020

""FIO DE CABELO" "QUANDO A GENTE AMA QUALQUER COISA SERVE PARA RELEMBRAR. UM VESTIDO VELHO DA MULHER AMADA TEM MUITO VALOR. AQUELE RESTINHO DO PERFUME DELA, QUE FICOU NO FRASCO SOBRE A PENTEADEIRA. MOSTRANDO QUE O QUARTO JÁ FOI CENÁRIO DE UM GRANDE AMOR." "(...)" COMPOSIÇÃO: DARCI ROSSI E MARCIANO. CANTORES: CHITÃOZINHO E CHORORÓ/

UMA FLOR MURCHA

CAPÍTULO OITO
A mulher virou-se na cama e sentiu falta de Murilo, nos últimos dez anos seu corpo esteve ali, junto dela. O travesseiro, que mantinha o cheiro característico do marido, continuava ao lado do seu. Aquele odor misturado de shampoo e suor, que muitas vezes a incomodou, era a lembrança viva do seu amor. Agora parecia um perfume, que ela abraçava entre lágrimas.

           - Onde será que ele dormiu? Terá ido diretamente para a casa de Raquel? Será que fizeram amor, rindo de mim?

            Essas perguntas bailavam em sua mente. Sentou-se na cama, precisava levantar-se e verificar como estavam as crianças. Fez sua higiene pessoal chorando, olhava no espelho e via uma pessoa acabada. Estava sem a vivacidade costumeira, parecia ter envelhecido dez anos, na última noite.

             Lívia não levou as crianças para a escola, não queria ver ninguém. Sentia-se envergonhada, por ter perdido o marido para outra mulher. Passou o dia meio morta, levantava-se para atender as crianças, dar de comer ao cachorro, mas seu corpo pedia cama; estava aniquilada moral e fisicamente. De uma coisa ela tinha certeza, aquela história ninguém saberia de sua boca. Estava calada, vivendo o mais profundo luto da morte do seu casamento.

                    O final de semana chegou e ela continuava na mesma. Fazia três dias que o marido deixara sua casa. O telefone tocou várias vezes, porém, ela não atendeu. Lívia estava de mal com o mundo, não queria contato com ninguém, que estivesse fora de sua casa.

              Era domingo e já passava das dez horas da manhã, quando a campainha tocou, as crianças foram para a frente da casa. Em seguida, entraram correndo e gritando:
               - A vovó está chamando você, mamãe.

             Lívia se apressou a olhar pela janela, era sua sogra. Foi passar um pente no cabelo antes de abrir a porta, então percebeu, que estava envelhecida e desleixada. Entretanto, não havia tempo para se arrumar, a mãe de Murilo estava entrando, as crianças abriram o portão.

              - O que está acontecendo nesta casa? A mulher falou espantada, olhando a bagunça que havia ali, o que não era normal.

              - O seu filho nos abandonou por outra mulher. Lívia disse e começou a chorar.

          Rosa, a mãe de Murilo, tratou de abraçar a nora e confortá-la.

          - Vamos conversar, me conte tudo o que aconteceu, por favor.

        Entre soluços ela contou o motivo, pelo qual o marido havia ido embora. A velha senhora chorou junto com a nora; temia pelo futuro dos netos.

            - Nunca pensei ter que presenciar uma situação como essa. O que posso fazer para ajudar? 

           Lívia não soube responder, estava emocionada, gostava da sogra e via nela uma amiga. Fez almoço e todos comeram juntos, as crianças estavam felizes com a presença da avó. Rosa trouxe, também, um pouco de alívio para o coração da nora.

                    Depois do almoço, a sogra saiu dizendo que iria conversar com o filho; ele tinha obrigações a cumprir. A nora ficou olhando a mulher partir e sentiu vontade de reagir. Não poderia continuar naquela morbidade, em que se encontrava naquele momento. Sentia-se como se fosse uma flor murcha.

            Murilo tinha deixado para trás, muitas coisas importantes, inclusive documentos de uso pessoal. Na pressa de sair de casa, pegou a carteira e as roupas que estavam no guarda-roupas, mas havia outras peças no cesto de roupas sujas e na bancada para passar o ferro.

          No quartinho de despejo ficaram todas as suas ferramentas, as varas e apetrechos de pesca, além de acessórios do automóvel. Quase tudo que havia naquele lugar era de Murilo, apenas as vassouras e produtos de limpeza pertenciam à sua mulher. Então, era apenas uma questão de tempo para ele voltar e pegar suas coisas.

             Lívia respirou fundo, estaria ali quando ele voltasse. Assim, teria com seu marido a conversa mais importante de suas vidas. Ele poderia ficar com sua amante, mas teria que arcar com todas as responsabilidades, que tinha com os filhos.

            A primeira providência a ser tomada, seria trocar as fechaduras das portas de entrada, desse modo ela não teria nenhuma surpresa. Ela tinha uma quantia de dinheiro em casa, Murilo era generoso e nunca deixava faltar nada. Dessa maneira, ela poderia chamar o chaveiro e quando ele voltasse, teria que tocar a campainha.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

domingo, 22 de março de 2020

"A NOITE DO MEU BEM" "(...) HOJE EU QUERO O AMOR, O AMOR MAIS PROFUNDO. EU QUERO TODA A BELEZA DO MUNDO, PARA ENFEITAR A NOITE DO MEU BEM. AI, COMO ESSE BEM DEMOROU A CHEGAR. EU JÁ NEM SEI SE TEREI NO OLHAR, TODA A TERNURA QUE EU QUERO LHE DAR." CANTORA E COMPOSITORA DOLORES DURAN

OLHOS NOS OLHOS

CAPÍTULO SETE
              Lívia teve o dia todo para deglutir aquela história, que embrulhava seu estômago. Não almoçou e mal conseguiu tomar um gole de café, alguma coisa estava entalada em sua garganta. Só conseguia pensar na mulher, que era a responsável por tudo aquilo. Agora, ela sabia o nome, que seu marido devia balbuciar nos ouvidos dela.

             Chorou algumas vezes ao se lembrar de momentos felizes e, da cumplicidade que ambos tinham. O amor jurado no altar, reafirmado a cada aniversário e demonstrado quando os filhos nasceram, estava agonizando. Ela era uma mulher tranquila, tinha certeza do amor do marido. E, o seu mundo desmoronou tão rapidamente, que ela custava a acreditar.

            Completou o curso de administração, mas nunca trabalhou fora de casa. Murilo não queria que os filhos ficassem em creches, preferia que sua esposa cuidasse deles. Assim, tinha tranquilidade para trabalhar, era o que ele costumava dizer.

            – Como farei para sobreviver sem o dinheiro de Murilo? Como farei para criar os meus filhos? Eram perguntas que dançavam em sua mente. Lívia não tinha nenhuma experiência no mercado de trabalho.

             - O que direi para minha família? Minha mãe já é idosa e poderá não resistir a uma notícia dessas.

             A mulher estava desesperada, não sabia como abordar o assunto com o marido. Precisava resolver aquela situação, ou não teria mais paz. Foi buscar as crianças na escola e se distraiu um pouco, no entanto, quando entrou em casa, sentiu que o problema continuava presente em sua vida. Teria que encontrar uma solução urgente, estava vivendo num inferno.

          Depois do jantar, as crianças foram dormir e a mulher ficou sozinha com o marido. Murilo sentou-se na sala e ligou a televisão, enquanto isso, Lívia arrumava a cozinha. Seus pensamentos fervilhavam, ela começou a suar, então respirou fundo e tomou um copo de água.

           Depois, ela foi juntar-se ao marido na sala, que estava assistindo o jornal da noite. Ele não percebeu o nervosismo dela, estava atento à televisão. Lívia sentou-se no sofá e ficou olhando fixamente para Murilo. Quando entrou o comercial, ele percebeu que ela estava diferente, então perguntou:

- Aconteceu alguma coisa? Por que está calada?

A mulher juntou toda sua coragem e perguntou:

 - Quem é Raquel?

O marido ficou pálido, como ela sabia de sua amante? Então, respondeu:
             
  - Que Raquel, não sei.

    Sua esposa levantou-se, estava muito nervosa e despejou tudo de uma vez:

- Uma morena que vi saindo com você da oficina, naquela noite que você disse, que faria serão até tarde.

 Murilo também se levantou, estava pálido e tentou se justificar.

– Era uma freguesa da oficina, onde você foi buscar essa informação?

- Eu vi com meus próprios olhos e vocês estavam de mãos dadas. Não tente negar, eu li as mensagens no seu celular.

 Ela disse isso e se afastou, estava com medo da reação dele. A mulher saiu da sala e ele foi atrás, agora era ele que queria conversar.

               A pegou pelos braços e forçou que se sentasse na cadeira da cozinha, então, em pé diante dela ele disse:

              - É verdade, estou apaixonado por Raquel, ela me dá a atenção e carinho, que já não encontro em você. Ainda estou nessa casa por amor aos meus filhos, senão já teria ido morar com ela.

               A mulher ficou enfurecida com as palavras dele e olhando olhos nos olhos vociferou:

            - Vai embora daqui agora, me deixa em paz. E começou a chorar.

           Com tanto barulho, as crianças acordaram, estavam assustadas. Lívia os levou de volta ao quarto e ficou lá até que se acalmassem. Isso demorou, mais ou menos, uma hora e meia. Até que, ela ouviu o automóvel de Murilo sair da garagem e arrancar acelerando. Olhou para as crianças que adormeceram novamente, então, ela foi verificar o que o marido havia feito, na ausência dela.

              Abriu o guarda-roupas e ele levara a maioria de suas coisas, a verdade era que ela fora abandonada, por causa de outra mulher. Não sabia o que fazer ou pensar, fechou as portas da casa e foi se deitar. Havia um silêncio estranho na casa, que a incomodava muito.

            O dia amanheceu e ela ainda estava acordada, pensando em tudo que havia acontecido. Estava só e com um sentimento de vazio, que inundara seu coração. Precisava arrumar forças para continuar.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.