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domingo, 22 de março de 2020

"A NOITE DO MEU BEM" "(...) HOJE EU QUERO O AMOR, O AMOR MAIS PROFUNDO. EU QUERO TODA A BELEZA DO MUNDO, PARA ENFEITAR A NOITE DO MEU BEM. AI, COMO ESSE BEM DEMOROU A CHEGAR. EU JÁ NEM SEI SE TEREI NO OLHAR, TODA A TERNURA QUE EU QUERO LHE DAR." CANTORA E COMPOSITORA DOLORES DURAN

OLHOS NOS OLHOS

CAPÍTULO SETE
              Lívia teve o dia todo para deglutir aquela história, que embrulhava seu estômago. Não almoçou e mal conseguiu tomar um gole de café, alguma coisa estava entalada em sua garganta. Só conseguia pensar na mulher, que era a responsável por tudo aquilo. Agora, ela sabia o nome, que seu marido devia balbuciar nos ouvidos dela.

             Chorou algumas vezes ao se lembrar de momentos felizes e, da cumplicidade que ambos tinham. O amor jurado no altar, reafirmado a cada aniversário e demonstrado quando os filhos nasceram, estava agonizando. Ela era uma mulher tranquila, tinha certeza do amor do marido. E, o seu mundo desmoronou tão rapidamente, que ela custava a acreditar.

            Completou o curso de administração, mas nunca trabalhou fora de casa. Murilo não queria que os filhos ficassem em creches, preferia que sua esposa cuidasse deles. Assim, tinha tranquilidade para trabalhar, era o que ele costumava dizer.

            – Como farei para sobreviver sem o dinheiro de Murilo? Como farei para criar os meus filhos? Eram perguntas que dançavam em sua mente. Lívia não tinha nenhuma experiência no mercado de trabalho.

             - O que direi para minha família? Minha mãe já é idosa e poderá não resistir a uma notícia dessas.

             A mulher estava desesperada, não sabia como abordar o assunto com o marido. Precisava resolver aquela situação, ou não teria mais paz. Foi buscar as crianças na escola e se distraiu um pouco, no entanto, quando entrou em casa, sentiu que o problema continuava presente em sua vida. Teria que encontrar uma solução urgente, estava vivendo num inferno.

          Depois do jantar, as crianças foram dormir e a mulher ficou sozinha com o marido. Murilo sentou-se na sala e ligou a televisão, enquanto isso, Lívia arrumava a cozinha. Seus pensamentos fervilhavam, ela começou a suar, então respirou fundo e tomou um copo de água.

           Depois, ela foi juntar-se ao marido na sala, que estava assistindo o jornal da noite. Ele não percebeu o nervosismo dela, estava atento à televisão. Lívia sentou-se no sofá e ficou olhando fixamente para Murilo. Quando entrou o comercial, ele percebeu que ela estava diferente, então perguntou:

- Aconteceu alguma coisa? Por que está calada?

A mulher juntou toda sua coragem e perguntou:

 - Quem é Raquel?

O marido ficou pálido, como ela sabia de sua amante? Então, respondeu:
             
  - Que Raquel, não sei.

    Sua esposa levantou-se, estava muito nervosa e despejou tudo de uma vez:

- Uma morena que vi saindo com você da oficina, naquela noite que você disse, que faria serão até tarde.

 Murilo também se levantou, estava pálido e tentou se justificar.

– Era uma freguesa da oficina, onde você foi buscar essa informação?

- Eu vi com meus próprios olhos e vocês estavam de mãos dadas. Não tente negar, eu li as mensagens no seu celular.

 Ela disse isso e se afastou, estava com medo da reação dele. A mulher saiu da sala e ele foi atrás, agora era ele que queria conversar.

               A pegou pelos braços e forçou que se sentasse na cadeira da cozinha, então, em pé diante dela ele disse:

              - É verdade, estou apaixonado por Raquel, ela me dá a atenção e carinho, que já não encontro em você. Ainda estou nessa casa por amor aos meus filhos, senão já teria ido morar com ela.

               A mulher ficou enfurecida com as palavras dele e olhando olhos nos olhos vociferou:

            - Vai embora daqui agora, me deixa em paz. E começou a chorar.

           Com tanto barulho, as crianças acordaram, estavam assustadas. Lívia os levou de volta ao quarto e ficou lá até que se acalmassem. Isso demorou, mais ou menos, uma hora e meia. Até que, ela ouviu o automóvel de Murilo sair da garagem e arrancar acelerando. Olhou para as crianças que adormeceram novamente, então, ela foi verificar o que o marido havia feito, na ausência dela.

              Abriu o guarda-roupas e ele levara a maioria de suas coisas, a verdade era que ela fora abandonada, por causa de outra mulher. Não sabia o que fazer ou pensar, fechou as portas da casa e foi se deitar. Havia um silêncio estranho na casa, que a incomodava muito.

            O dia amanheceu e ela ainda estava acordada, pensando em tudo que havia acontecido. Estava só e com um sentimento de vazio, que inundara seu coração. Precisava arrumar forças para continuar.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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