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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

"COMO É PRECIOSO O TEU AMOR, Ó DEUS! OS HOMENS ENCONTRAM REFÚGIO À SOMBRA DAS TUAS ASAS". SALMOS 36. 7

                                       ATÉ O ANO QUE VEM

CAPÍTULO SETE
          As festas de final de ano terminaram, o carnaval passou, as férias escolares estavam no final e Cesane deveria voltar à escola. No entanto, seu corpo estava pesado com seis meses de gestação e, a menina resistia a ideia de voltar e encontrar-se com suas colegas.

         No primeiro dia de aula, Cesane amanheceu cheia de dores e com os sentimentos aflorados, chorando atoa. Alda insistiu para ela ir à escola, ofereceu-se para lhe fazer companhia, mas ela trancou-se no quarto.

A mãe pedia que abrisse a porta e ela dizia choramingando:

- Não insiste mãe, eu não vou à escola neste ano, não posso acompanhar as outras alunas e prefiro voltar somente no ano que vem, depois que a bebê nascer. Estou pesada, lerda e com vontade de chorar sem motivo algum, me deixa ficar quieta no meu canto.

Alda já esperava por isso, a filha esquivava-se quando ela tocava no assunto. Então, ela disse:

 - Está bem, abre a porta e vamos conversar, para tudo existe uma solução.

Mãe e filha abraçaram-se e as lágrimas caíram dos olhos das duas, formando uma cascata de amor.

 - Não se fala mais no assunto, fica suspenso até o ano que vem, agora vamos cuidar da bebezinha que vem chegando, concluiu Alda.

A mãe foi à escola e conversou com a diretora, deixando tudo acertado para o ano que virá depois deste.

 - Quando Cesane estiver feliz com a filhinha nos braços, ela terá condições de voltar às aulas. É tempo de reflexão, até mesmo, para uma menina teimosa, ponderou Alda para a diretora.

Disse e foi saindo sem olhar para trás. Quanta concessão fizera ultimamente, quantos sonhos abortados e projetos desfeitos por uma situação inesperada, pensava com um aperto no coração.

Amava a filha e a neta, mas poderia ter sido diferente e, as lágrimas brotavam de seus olhos sem ela desejar. Pensava com raiva no causador de tantos problemas. Uma figura de sorriso debochado, que falava com ironia sobre um fato tão importante. A vinda de uma criança para Cesane, que era apenas uma adolescente.

Nunca mais souberam de Roger, no entanto, ele representava uma ameaça na vida da família. Ninguém sabia o quanto ele poderia desestabilizar a menina. Alda pensava em quantas preocupações e medos desenvolvera nos últimos tempos, precisava buscar Deus e consolo com o padre Chico.

Passou na igreja, estava fragilizada e precisava de forças para enfrentar seu dia a dia. Rezou aos pés da cruz e depois conversou com o pároco, que mais uma vez lhe transmitiu alento; precisava seguir em frente com um sorriso no rosto.

Era sua missão de mãe, apoiar e acolher a filha que estava em uma situação delicada. Cesane era jovem demais para assumir a maternidade sozinha, seus pais eram seu porto seguro.

Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

"MOSTRAI A SUA ADMIRÁVEL MISERICÓRDIA, VÓS, QUE SALVAIS DOS ADVERSÁRIOS OS QUE ACOLHEM À SUA DIREITA. GUARDAI-ME COMO A PUPILA DOS OLHOS, ESCONDEI-ME À SOMBRA DE VOSSAS ASAS,..." SALMO 16, 7. 8.

                                         
                            OLHOS CHEIOS DE LÁGRIMAS

 CAPÍTULO SEIS
          Roger desapareceu como por encanto, deve ter ficado agradecido por estar livre da responsabilidade de criar um filho; iria viver a vida. Não era homem para assumir responsabilidades; queria diversão e nada mais.

          Cesane ligou algumas vezes em seu celular, queria conversar, pois, para ela a situação ainda não estava clara. Amava aquele rapaz, entregara-se a ele por amor e no fundo do seu coração acalentava a esperança de tê-lo junto a si.

Alda e Rui não poderiam nem desconfiar das intenções da filha ou ficariam furiosos. A mãe passava o tempo todo tentando agradar Cesane, para compensá-la do desgaste de levar adiante a gravidez, sem ter o pai da criança presente. Muitas vezes, a noite ela ouvia os soluços sufocados da filha, que lhe cortavam o coração.

            Rui não queria ouvir o nome do cafajeste que desonrara sua filha, mas a mãe entendia que fora o primeiro amor de Cesane e, que a desilusão doía fundo no coração da menina. Com apenas dezesseis anos ela não tinha maturidade suficiente, para entender a responsabilidade de pôr um filho no mundo.

            A futura mamãe estava reclusa em sua casa, saia muito pouco e sempre em companhia dos pais. Com o corpo roliço ela não queria se expor e ser apontada na rua. E, lá no fundo temia e ao mesmo tempo desejava encontrar-se com Roger. Não sabia como iria reagir, mas este pensamento ficava pulando em sua mente.

          Estavam no final do ano letivo e ela conseguiria concluir o segundo ano do ensino médio, tinha boas notas e a gravidez ainda passava despercebida. No entanto, o terceiro ano seria muito difícil, tornara-se um ponto de interrogação. Alda não queria pensar em nada; viveria um dia de cada vez para proteger sua filha.

         As festas de fim de ano se aproximavam e Cesane já mostrava modificações em seu corpo. Era uma moça com uma cintura bem definida, entretanto, foi a primeira coisa que sumiu. Seu corpo perdia as formas para permitir o crescimento do bebê.

Com vinte semanas de gestação foi marcada a ultrassonografia e eles ficariam sabendo o sexo do bebê; mãe e filha estavam eufóricas, a criança tomava forma na cabeça das duas. Eram cristãs e acreditavam que toda criança trazia alegria e esperança para seu novo lar e já a amavam.

            E, quando o médico disse que Cesane esperava uma princesa, os olhos da mãe e da avó encheram-se de lágrimas. Uma menina para ser muito amada e mimada pela família.

         Depois, uma tristeza se abateu no semblante de Cesane, ela pensava em Roger, que nunca veria sua filha. Então, seus olhos ficaram cheios de lágrimas.
 Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

"O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTARÁ. DEITAR-ME FAZ EM VERDES PASTOS, GUIA-ME MANSAMENTE A ÁGUAS TRANQUILAS." SALMO 23. 1.2.

MAU CARÁTER
CAPÍTULO CINCO
          Rui estava furioso, sabia que a filha também era culpada, mas o rapaz era muito mais esperto do que ela e poderia ter evitado aquela situação. Alda tentava amenizar a culpa de Cesane, porém o marido havia pedido inúmeras vezes para ela deixar aquele rapaz, que iria lhe trazer problemas futuros. Teria que ser rígido e definitivo com aquele mau caráter.

O pai exigiu que Cesane ligasse para Roger marcando um encontro em sua casa, dizendo que já tinha uma resposta para resolver aquela situação. E, quando o rapaz chegou foi convidado a entrar e se deparou com Rui a sua espera.

            - Eu quero ouvir de você, o que está acontecendo entre você e minha filha. 

          – Qual é tio, isso é coisa de marido e mulher, resmungou o indivíduo.

          – E desde quando você é casado com Cesane, que é menor de idade?

          - Eu tinha a intenção de me casar com ela, mas ela me aplicou o golpe da barriga e eu não tenho nenhuma responsabilidade. Não quero ter filhos para sustentar; o problema é dela, que não soube se cuidar.

            - É isso que você tem para me dizer, seu moleque?

           - Eu disse que pago o aborto e acabamos com essa situação, mas ela quer ter a criança, então que se vire com tudo.

 - Sou muito novo para criar filho, vou curtir a vida, se quiser cuide você da criança, seu velho bobo.

              Rui ficou pálido, queria avançar no rapaz, mas certamente não teria forças para abatê-lo. Então, levantou-se e apontando a porta da rua, disse-lhe:
            - Fora da minha casa e nunca mais apareça aqui ou chamo a polícia para prendê-lo, como um verme asqueroso que você é.

              - Roger levantou-se com um sorriso nos lábios, sabia da sua superioridade física e foi logo dizendo:
            - Cuida bem da criança seu babaca. E, saiu batendo a porta.

           Cesane ouviu a conversa e ficou chorando baixinho, sentindo-se culpada, estava envergonhada por ter provocado a humilhação de seu pai diante daquele homem, que a iludira e desonrara.

          Estava só, grávida e com um futuro incerto. Rui e Alda se abraçaram com os olhos cheios de lágrimas, a filha precisava deles. Cesane chorou até adormecer, estava aliviada, pelo menos agora, já não carregava aquele segredo sozinha.


Um texto de Eva Ibrahim.

sábado, 7 de outubro de 2017

"PORQUE AOS SEUS ANJOS DARÁ ORDEM A TEU RESPEITO, PARA TE GUARDAREM EM TODOS OS TEUS CAMINHOS". SALMO 91. 11

 PALAVRAS AO VENTO

CAPÍTULO QUATRO
Mãe e filha agradeceram a acolhida e o interesse do padre Chico, em seguida saíram abraçadas, tinham uma missão árdua pela frente. Contar ao pai toda aquela história e aguentar a sua fúria, que com certeza, seria terrível. A filha teimosa, teria que admitir que o pai estava certo ao impor restrições ao namoro.

Cesane parecia disposta a contar tudo, no entanto, quando o pai chegou, ela se intimidou e dizendo estar com dor de cabeça foi para seu quarto chorar.

Alda ficou sem saber o que fazer, estava com medo da reação do marido, mas tinha que falar o mais rápido possível. Rui era um homem bom e sossegado, mas quando se tratava da filha, ficava alterado com facilidade.

Depois do jantar, a mulher sentou-se ao lado do marido que assistia ao jornal na televisão e falou de uma só vez:

- Cesane está grávida e o Roger não quer saber do filho.

 Rui olhou para Alda sem entender o que ela dissera.

 – O que você disse? Não entendi direito. E, olhou para ela com muita preocupação e espanto no olhar.    
    
Ela sustentou o olhar dele e falou:

             - Você vai ser avô.
Rui levantou-se e apagou a TV, depois sentou-se e disse:
           - Que história é essa?

             Então, a mulher começou a falar tudo que soubera naquela tarde e a conversa com o padre Chico. O homem sentiu-se atingido por uma avalanche e levantou-se indo para a cozinha, precisava tomar água. Alda o seguiu e parou a alguns passos do marido que, virando-se disse:

            - Eu mato esse cafajeste.

         - Calma, precisamos ter calma para não nos arrependermos depois. Alda estava apreensiva com a reação de Rui, mas no íntimo pedia a Deus que tomasse conta de tudo.

         - Vamos dormir e amanhã tomaremos a atitude mais acertada. Cesane está muito nervosa e isso não faz bem ao bebê. Ele já existe e é nosso neto, quanto ao pai, depois veremos isso. Disse a mulher com firmeza. Rui, então acalmou-se, precisava pensar em toda aquela situação.

         Abraçados foram para a cama, porém nenhum dos dois dormiu. A preocupação estava no ar, como lidar com uma situação tão grave e inesperada, era de tirar o sono de qualquer um.

         As consequências daquele ato impensado, isto é, uma gravidez não planejada, estava na mente de Rui e Alda. Os jovens são inconsequentes e a filha deles não fugiu à regra.

           Eles amavam a filha e não sabiam como agir diante daquele fato tão conclusivo. Sabiam que o rapaz não era de boa índole, mas a filha não ouviu o conselho dado. Agora dependia deles para livrar-se daquele mal caráter.

O dia amanheceu e os três estavam com olheiras, nenhum havia dormido a noite. Cesane não saiu do quarto, temia encontrar o pai, que a censuraria por não ter ouvido seus conselhos.

Alda ponderou que o caminho a ser seguido, seria chamar o rapaz ali para ouvir dele sobre o assunto e o marido concordou. Faria isso quando voltasse do trabalho. Cesane protestou, disse que falar com Roger seria jogar palavras ao vento.


Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

"AINDA QUE EU ANDASSE PELO VALE DA SOMBRA DA MORTE, NÃO TEMERIA MAL ALGUM, PORQUE TU ESTÁS COMIGO; A TUA VARA E O TEU CAJADO ME CONSOLAM". SALMO 23.4

                                         AMOR INCONDICIONAL


CAPÍTULO TRÊS
          - Não minha filha, vamos lutar para preservar todas as vidas e ninguém precisa morrer para que a outra pessoa viva. É uma lei de Deus, no mundo há lugar para todos. O padre era calmo e temente a Deus; trazia no olhar uma luz brilhante. 
         
         Cesane foi para casa com um sentimento de tranquilidade em seu coração. Sabia que seria muito difícil a conversa com sua mãe e posteriormente com seu pai, mas confiava no padre Chico e na virgem, que acalmaram sua alma.

            Não disse nada à sua mãe e foi dormir antes do horário de costume. Foi um sono reparador, pois fazia noites que não pregava os olhos. Teve um sonho com seu pequeno bebê, que dormia em seus braços como um anjo. Acordou sobressaltada, ainda não tinha resolvido aquele problema que a atormentava.

            Chegou da escola e depois do almoço pediu a sua mãe que a acompanhasse até a igreja.

           – O que vamos fazer na igreja? Hoje não tem missa minha filha. Ponderou a mulher, curiosa.

          – Conversei com o padre ontem e ele disse que queria falar com a senhora. Podemos ir até lá?

- Sim, vamos ver o que o padre Chico deseja, deve estar precisando de ajuda para a quermesse da igreja, concluiu a mulher.

Mãe e filha seguiram até a igreja e o pároco já as esperava na sacristia. Cordial e sorridente não deixou transparecer a seriedade da situação. Os três sentaram-se ao redor da mesa, estavam frente a frente, olho no olho. Então, padre Chico falou olhando para Cesane:

- Pode começar minha filha, estamos atentos para ouvir sobre os problemas que a afligem.

            A mãe ficou perplexa, mas ficou olhando para saber o que a filha iria falar. A moça pediu perdão para sua mãe e começou a falar de sua gravidez, do namorado que queria que abortasse e todas as ameaças sofridas, depois começou a chorar.

          Alda olhou para o padre Chico como se estivesse pedindo socorro; não sabia o que fazer ou dizer. Sua filha estava sofrendo ameaças e ela não havia percebido, então, o padre falou:

        - Precisamos ajudar Cesane, mas seu marido precisa saber de tudo o que está acontecendo senhora Alda. O rapaz precisa tomar uma lição para deixa-los em paz.

            A mãe levantou-se e abraçou a filha com os olhos cheios de lágrimas.

          – Eu nunca irei abandoná-la, ainda mais agora que vai ser mãe. Este é um amor incondicional, amor de mãe minha filha.
Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

"...QUANDO TU DISSESTE: BUSCAI O MEU ROSTO; O MEU CORAÇÃO DISSE A TI: O TEU ROSTO, SENHOR, BUSCAREI" SALMO 27. 8

O TEU ROSTO SENHOR, BUSCAREI.

CAPÍTULO DOIS
Cesane nem percebeu que a missa havia terminado, estava concentrada pedindo ajuda à virgem Maria e a seu filho menino, que ela trazia nos braços. A imagem da Santa era o consolo da menina, que rogava ajuda ajoelhada aos seus pés. A fita de cetim que pendia da mão da virgem, já estava molhada com tantas lágrimas recebidas.

No entanto, alguém a observava fazia algum tempo e aproximou-se para uma conversa amiga. Era o padre Chico, uma boa alma apaziguadora. O pároco percebeu que ali havia um drama enorme, que exigia mais que uma palavra amiga, mas, um apoio divino.

O homem, a serviço da igreja e em nome de Deus, aproximou-se da moça e colocou sua mão sobre seu ombro. Imediatamente ela virou-se e ficou em pé; parecia assustada. Quando viu o padre, ela começou a soluçar, então, ele lhe mostrou o caminho para sentarem-se e conversar. Era uma figura que inspirava a paz e confiança e Cesane sentiu que poderia confiar seu segredo a ele.

             Sentada na sacristia e em frente ao bom homem Cesane, com as mãos cobrindo o rosto, disse que estava esperando um filho, mas o pior de tudo estava por vir.

        - Roger, o pai da criança quer que eu pratique o aborto, já disse que não vai assumir e não quer ter nenhum filho. Ou faço o aborto ou ele me mata, porque não vai ficar preso a mim pagando pensão para nenhum bastardo. É assim que se refere ao próprio filho padre.

             - Calma minha filha, precisamos de calma para resolver essa situação. Confia em mim e em Deus, juntos tomaremos suas dores para chegar à uma solução.

             A moça, pela primeira vez, tirou as mãos do rosto e olhou para o pároco com esperança.

             - Padre, ele ameaçou matar meus pais se eu contar a eles.

             - Esse homem é um covarde e está ameaçando quem não pode se defender, quero ver se enfrenta um homem de verdade.

             Padre Chico levantou-se e foi apanhar um copo com água oferecendo à moça. Cesane tomou a água de virada e sentiu-se um pouco melhor. Em seguida, ele pediu a moça que fosse ao banheiro lavar seu rosto para continuarem a conversa. Lá no seu íntimo pediu inspiração a Deus, iria precisar de sua ajuda.

             Depois, calmamente ele disse a ela que precisavam de uma aliada, que a amava acima de todas as dores, que certamente seriam provocadas pela situação.

             Cesane arregalou os olhos e disse:

           - De quem está falando padre?

             - De sua mãe minha filha; com a ajuda dela e da virgem, que também é mãe, venceremos qualquer situação por pior que possa parecer.

             - Agora vá para sua casa e amanhã traga sua mãe aqui, para conversarmos sobre esse assunto tão delicado. Amanhã,  daremos a notícia de sua gravidez à sua mãe e, por favor traga o exame que comprova isso.
             - Pelo amor de Deus padre, eles vão me matar!


             Um texto de Eva Ibrahim
MEU MUNDO REINVENTADO.

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