MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

sexta-feira, 19 de abril de 2013

"O FANTÁSTICO DA VIDA É ESTAR COM ALGUÉM QUE SABE FAZER DE UM PEQUENO INSTANTE, UM GRANDE MOMENTO"---AUTOR DESCONHECIDO---TIRE OS OLHOS DAS DIFICULDADES E ENFRENTE A REALIDADE---EVA IBRAHIM


                                          E, FOI ASSIM.
O automóvel adentrou ao pátio do Hospital e Maternidade buzinando freneticamente; as pessoas ali presentes deram passagem. Certamente deveria estar ocorrendo uma emergência, tal a velocidade com que o veículo chegou e estacionou em frente à porta de entrada. O homem abriu a porta, saiu correndo e dizendo que havia um bebê nascendo. Dois enfermeiros apareceram com uma maca para levar a paciente para o Centro Obstétrico. Os curiosos se posicionaram para ver a ocorrência e poder comentar o fato.
A mulher foi retirada do automóvel e, gemendo muito, foi colocada sobre a maca, que se tingiu de vermelho pelo sangue que escorria do seu vestido. Carlos, o marido, parecia uma barata tonta, andava de um lado para outro sem parar. O guarda do Pronto Socorro pediu que se acalmasse e retirasse o veículo dali. 
O homem ficara desesperado quando a mulher disse que a bolsa de águas havia se rompido. Mal conseguira colocar as roupas, que deveria levar ao Hospital, no automóvel, pois, estava com muita pressa. Carlos precisava correr para não perder mais um bebê; disso ele tinha certeza. O primeiro filho do casal nasceu prematuro e não sobreviveu.
Sua esposa estava fazendo repouso desde que foi constatado que sua placenta era baixa e poderia ter um parto de urgência. Estava explicado o desespero de Carlos, que era filho único e tinha loucura por ter muitas crianças em casa. 
Eloisa entrara em depressão quando perdeu o primeiro filho; ambos sofreram muito. Agora era a hora de realizar o sonho de ter um bebê em casa; um filho muito amado e desejado. Uma menina com nome forte, escolhido pelo pai, Valentina Duarte Fonseca como a avó paterna.
Ele tirou o automóvel da entrada e estacionou no pátio, longe da porta de emergência. Quando voltou foi tomar um copo de água e preencher a ficha da mulher. Parecia estar em transe, agia automaticamente com o olhar perdido em algum ponto indefinido. 
Procurava por Eloisa, que parecia ter sumido por aqueles corredores imensos e assustadores. Foi orientado pelo segurança do local a aguardar notícias da esposa na saleta de espera do Centro Obstétrico, no quinto andar. Um estranho silêncio reinava no local, o que deixava o homem mais inquieto, queria saber o que estava acontecendo lá dentro; estava com medo.
Depois de um longo tempo, uns quarenta minutos, que pareciam uma eternidade, apareceu uma enfermeira dizendo que Eloisa estava na sala de parto. Eufórico, o futuro papai, pediu para assistir o parto e lhe foi dado um gorro e um avental para entrar na área restrita, onde aconteceria o nascimento do bebê.
A enfermeira retornou e ele ficou sozinho com o avental e o gorro nas mãos. Não sabia o que fazer com aquilo ou como colocar aquela estranha roupa. Então, tirou a roupa que estava usando, pois achou que não poderia entrar naquele recinto com uma roupa qualquer. Rapidamente, Carlos colocou o avental aberto nas costas, o gorro enfiado na cabeça e, em seguida adentrou á Sala de Parto..
A equipe toda aguardava a chegada do bebê que já podia ser visualizado. A técnica de enfermagem que iria recepcionar o recém-nascido olhou assustada quando o homem passou por ela. Carlos tinha o traseiro nu, sapatos com meias e o gorro na cabeça. O homem estava sem a roupa de baixo, apenas com o avental aberto atrás; a equipe toda franziu as sobrancelhas. Naquele momento solene do nascimento de uma criança todos se entreolharam e riram disfarçadamente. A atenção da equipe médica fora desviada para a situação cômica de ter um acompanhante somente com um avental transparente dentro da sala de parto.
O anestesista, que era quem estava com as mãos desocupadas, pegou uma tira de esparadrapo e fechou a traseira do avental do homem. Em seguida deu um banco de inox para ele sentar-se e todos riram, pois deveria estar gelado; a sala tinha ar condicionado. Carlos estava tão nervoso que nem percebeu a situação que fora criada por ele; além de hilária era inusitada. Um acompanhante quase pelado na sala de parto!
A criança nasceu bem e Carlos acompanhou tudo só de avental. Quando Eloisa foi para a sala de recuperação o homem foi orientado a colocar suas roupas, que nunca deveria ter tirado. 
No dia seguinte ele voltou para desculpar-se com a equipe médica pelo constrangimento, mas, disse que não perderia o nascimento da filha por nada, nem que tivesse que ficar totalmente despido; a ansiedade o impedira de raciocinar. Feliz e com um sorriso no rosto foi visitar as duas mulheres de sua vida, Eloisa e Valentina. Um texto de Eva Ibrahim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.