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sexta-feira, 22 de julho de 2016

"AINDA BEM QUE SEMPRE EXISTE OUTRO DIA. E OUTROS SONHOS. E OUTROS RISOS. E OUTRAS PESSOAS. E OUTRAS COISAS". CLARICE LISPECTOR - O INESPERADO ENCANTA E MOTIVA A VIDA. EVA IBRAHIM

ELA ESTAVA TÃO BONITA!
A TOURADA
CAPÍTULO UM
            As crianças daquele lugarejo estavam eufóricas. Eram meninos e meninas pequenos e adolescentes, que corriam feito um bando de borboletas pousando aqui e ali. O motivo para tanto alvoroço eram os caminhões que chegavam e depositavam seus materiais no terreno descampado da Usina de açúcar; havia muitos homens trabalhando naquele local.

               Os adultos também faziam rodinhas de comentários sobre a construção, que estava sendo preparada. Notícias diziam que ali haveria um picadeiro para a realização de touradas. As crianças estavam fascinadas com a possibilidade de ver os touros e os toureiros em atividade.

             Aquilo tudo era novidade, que levavam as pessoas as mais variadas fantasias. A maioria dos habitantes nunca tinha saído dali e ter ao alcance dos olhos uma tourada, era assustador e mágico. Seria apenas o começo de uma grande luta, cujo intuito era angariar fundos para a construção de um Hospital no local.

           Era uma região de plantação de cana de açúcar, que empregava a maioria das pessoas no corte de canas. Os donos da fazenda eram tementes a Deus e frequentavam a Igreja da pequena vila. O velho pároco era amigo particular da família, que estava envolvida em obras assistenciais para a comunidade.

            A população era composta, em sua maioria, de famílias carentes de colonos e agricultores, que viviam do que conseguiam ganhar na lida diária. Uma comunidade pobre e desprotegida, que necessitava de amparo social.

           Nesse contexto a região perdia muitos de seus habitantes por falta de um Hospital para atendimentos de urgência, tais como: acidentes, enfartes, AVCS, partos e outros. Essa preocupação atormentava alguns de seus mais eminentes moradores, entre eles o prefeito, o padre, o farmacêutico e principalmente o médico, que se reuniram formando uma comissão para pedir a colaboração dos donos da fazenda.

             A ideia foi bem recebida, então, houve a doação daquele terreno, que ficava em um local onde houvera o loteamento de terras por parte da fazenda. Doaram também a mão de obra e os materiais que podiam ser retirados do local, principalmente o madeiramento com a derrubada de eucaliptos.

            Seria um empreendimento de grande porte para aquele lugar simples e monótono. Tratores, caminhões e homens trabalhando incessantemente varavam a noite para aprontar o local.

          Depois de um mês, o picadeiro e as arquibancadas estavam prontos para sua inauguração. A lona cobria toda a volta das laterais do terreno formando um grande circo a céu aberto. Na verdade, era uma arena para a realização de touradas.

         Uma semana inteira de preparativos para a inauguração do evento e, todos daquela comunidade se vestiram com seu melhor traje para comparecer a primeira tourada daquela região.

          Entre eles estava Raquel, uma adolescente que queria ver o toureiro. A menina estava muito bonita e postada em frente à entrada da arena. Ela era portadora da maioria dos sonhos, que rondavam a cabeça daquelas pessoas.

Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

"QUANDO UMA PESSOA QUER ESTAR COM VOCÊ, ELA ESTARÁ COM VOCÊ. NÃO EXISTIRÁ DESCULPAS, DRAMA OU DOR DE CABEÇA; NADA, ABSOLUTAMENTE NADA". TATI BERNARDI


O CAMINHO DO CORAÇÃO
CAPÍTULO SETE
           Gabriel estava nas nuvens, acreditava que Rosana não o esquecera. Com suas atitudes parecia que a moça ainda o amava, mas, ele teria que encontrar um caminho para chegar ao seu coração, que estava magoado. Ele lhe causara uma ferida profunda com sua traição e agora não sabia como curá-la.

            Seria difícil fazê-la acreditar que Alcione fora oferecida e vivia atrás dele. Uma coisa ele não entendia, porque quando a pessoa morre se torna intocável ou vira santa. Todas as vezes em que ele tocara no assunto para pessoas diferentes, todas reagiram da mesma maneira; a morta teria que descansar em paz, pois não poderia se defender.

Gabriel perdera o sono pensando em como poderia contar a verdade à Rosana sem falar mal de Alcione, ou a perderia para sempre. Teria que assumir seu erro e carregar toda a culpa da traição, além da morte da moça.

Ele não se conformava com isso, era relativamente culpado e não totalmente. A morta não era santa e tinha muita culpa naquele deslize de Gabriel, mas ninguém queria ouvir o que ele dizia. Ela o assediara por meses a fio, até ele ceder à tentação.

Enquanto Alcione estava viva havia a chance de Rosana aceitar as explicações de Gabriel. No entanto, agora ele teria que reconquistá-la sem macular o nome da defunta, que se tornara intocável.

Os dias passavam e nada acontecia, então ele resolveu procurar a moça. Juntou todas as forças que lhe restaram e tomou coragem. Em seguida telefonou para Rosana e pediu para marcarem um encontro. Ela titubeou, mas acabou aceitando, ainda gostava de Gabriel e andava solitária, precisava de companhia.

Sentados frente a frente a conversa fluía lentamente, havia muita mágoa entre eles. Gabriel se portava como se fosse um viúvo, que elegantemente evitava tocar no nome da viúva; tomou toda a culpa da traição para si. E, assim conseguiu comover Rosana, que acreditou em sua sinceridade. Ele se colocara como vítima do destino, que esperava uma nova chance para recomeçar a viver.

              Estava profundamente consternado por ter provocado sofrimento para ela, mas agora faria tudo para fazê-la feliz. Finalmente Rosana sorriu, também queria esquecer o passado; recomeçar uma vida ao lado de Gabriel. Saíram dali abraçados e seguiram em frente, deixando para trás uma história que feriu profundamente uma porção de gente.

           Gabriel olhou para o alto e pensou olhando para o céu:
          -Preciso te esquecer Alcione, descanse em paz. Então, uma estrela caiu em lugar desconhecido, para nunca mais importuná-lo.

Um texto de Eva Ibrahim.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

"O AMOR SÓ É LINDO, QUANDO ENCONTRAMOS ALGUÉM QUE NOS TRANSFORME NO MELHOR QUE PODEMOS SER". MÁRIO QUINTANA -- ISTO É, SIMPLESMENTE O AMOR. EVA IBRAHIM

ENCANTADO
CAPÍTULO SEIS

O coração de Gabriel estava aos pulos, não poderia deixar que Rosana se afastasse dali. Ele percebera que ainda havia uma conexão entre eles e, logo tratou de sorrir dizendo:
           -Senti sua falta, precisamos conversar; quero esclarecer algumas coisas.
          -Podemos nos encontrar no antigo barzinho, aquele da esquina, estou sempre por ali, enfatizou a moça.

           Depois, Rosana saiu apressada, pois sua mãe a estava chamando. O rapaz ficou extático, não queria que ela saísse dali, mas, nada poderia fazer. Então, ficou esperando a sua vez para entrar no consultório médico; estava cheio de esperanças. A partir daquele dia ele viveria esperando o encontro com Rosana.

           Quase todas as noites, Gabriel ia ao referido bar e ficava sentado em uma mesa esperando Rosana aparecer. No entanto, uma semana inteira se passou e a moça não apareceu. Ele já estava desanimado, quando, na noite de sexta-feira a moça surgiu acompanhada de uma amiga. E, quando ela viu Gabriel, acenou com a mão e se afastou para os fundos do bar.

            O rapaz mal continha sua ansiedade, seu coração disparou.

            –Será que ela virá falar comigo? Ele mantinha o olhar fixo no local onde Rosana entrara. Trinta minutos contados no relógio e nada da moça aparecer. Gabriel pensou em ir embora, pois, estava se sentido humilhado esperando por ela. Então, Rosana chegou perto dele sorrindo e foi logo puxando uma cadeira para sentar-se.

              O coração de Gabriel quase saiu pela boca e a noite se iluminou, estava feliz com a presença da moça. Ele perguntou por sua avó e ela lhe disse que a velha senhora havia sido operada e se recuperava em sua casa. A conversa fluía artificial, havia muita mágoa entre eles. Gabriel pensou em Deus, precisava de sua ajuda.

Ele queria tocar no nome de Alcione, porém, temia que Rosana se levantasse e fosse embora. Ela sorriu e lhe perguntou sobre o aparelho que ele tinha nas pernas. Gabriel suspirou aliviado, a conversa tomara outro rumo e ele lhe contou sobre seu tratamento.

Alguns amigos adentraram ao recinto e vieram juntar-se ao casal, assim, a conversa particular ficara adiada. No entanto, havia ainda, uma sintonia entre eles. E, a noite terminou com olhares e sorrisos de cumplicidade trocados entre Rosana e Gabriel; era visível que um gostava do outro e vice-versa.

Na saída ela lhe estendeu o braço para que servisse de apoio e o acompanhou até a porta do automóvel do amigo, que o trouxera. Gabriel pode sentir seu perfume com a proximidade dela. Uma onda de felicidade invadiu seu corpo e seus pensamentos.

-Se morresse naquele momento, morreria feliz, pensou o rapaz, estava embevecido. Rosana lhe deu um beijo de leve e aguardou no meio fio, o carro se afastar.  Ali estava um homem apaixonado e cheio de encantamento.

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

"ONTEM É APENAS UM SONHO E O AMANHÃ É SÓ UMA VISÃO. O HOJE, PORÉM, BEM VIVIDO TRANSFORMA TODO O ONTEM EM UM SONHO DE FELICIDADE E, TODO O AMANHÃ EM UMA VISÃO DE ESPERANÇA. PORTANTO CUIDE BEM DO DIA DE HOJE". AUTOR DESCONHECIDO -

ESPERANÇA

CAPÍTULO CINCO
           Vinte dias se passaram e Gabriel estava sendo submetido a terceira cirurgia em sua perna esquerda. O médico dissera que na fratura exposta, ele havia perdido parte do osso da perna. Sendo assim, teria que receber o fixador em forma de arco na perna fraturada; era um recurso para permitir que o osso se recuperasse. Gabriel deveria movimentar os parafusos do aparelho diariamente, até o osso crescer e preencher o vácuo deixado com o acidente.

          Depois de dois meses, o rapaz começou a sair de casa para se distrair um pouco. Sempre estava acompanhado dos amigos, pois, dependia deles para ir e vir.  Mas, com tantas idas e vindas, os pinos do aparelho introduzidos na perna inflamaram e, ele ficou dias internado no Hospital, parecia que nunca mais ficaria bom.

          O paciente perdeu massa muscular e estava magro e pálido, depois da internação prolongada. Seus amigos já não apareciam como antes, foram se dispersando diante da incapacidade que ele tinha em acompanha-los em suas andanças. As muletas eram um transtorno em bares apertados. Gabriel parecia uma sombra do que fora antes do acidente, triste e desolado; não queria se alimentar mais.

         Entretanto, um novo fato ocorreu e reavivou suas esperanças. Certo dia, Gabriel estava aguardando o Ortopedista, na sala de espera do Hospital, quando chegou uma paciente idosa gritando de dor, estava acompanhada da nora. Todos deram passagem a mulher que parecia desesperada.

        Logo que a mulher foi acolhida na sala de urgência, outras duas mulheres adentraram ao recinto; era Rosana e sua mãe. As duas seguiram imediatamente para a sala de emergência, a senhora em questão era a avó da moça. Rosana entrou e logo saiu, pois, a sua mãe permaneceu ao lado da paciente; ela precisou sair a pedido da enfermeira. E, ao sair deu de cara com Gabriel, que a estava observando avidamente.

         Com o coração disparado, o rapaz perguntou o que estava acontecendo e ela, sem jeito, lhe disse que sua avó quebrara a perna. Depois a moça ficou parada, parecia comovida em vê-lo, então, lhe perguntou como estava. Ele sorriu e disse:

              - Estou melhorando, porém, está muito difícil continuar esperando os dias passarem lentamente.

        - Eu pensei que você já houvesse se recuperado, não sabia da gravidade de seus ferimentos, respondeu a moça complacente. Em seguida, sentou-se ao lado de Gabriel, enquanto aguardava o desenrolar dos fatos na sala de emergência. 

          O rapaz não se cansava em olhar a mulher de seus sonhos; estavam unidos, naquele momento, pela preocupação com fraturas ósseas. Ela apertava as mãos com visível nervosismo e, em dado momento fixou o olhar em Gabriel e sorriu, como nos velhos tempos.
  Um texto de Eva Ibrahim

  Continua na próxima semana.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

"AQUELE QUE NÃO APRENDEU A AMAR, JAMAIS CONSEGUIRÁ DEFINIR, EXATAMENTE, COM QUE O AMOR SE PARECE..." MAKTUB- O AMOR É NECESSÁRIO PARA SE CONHECER O SENTIDO DA VIDA. EVA IBRAHIM

A ESPERA
CAPÍTULO QUATRO
           Gabriel precisou ser medicado com calmantes para poder dormir. E, entre procedimentos e medicações para dor, ele passou uma semana internado no Hospital; foram dias terríveis. Muita dor e uma expectativa que o deixava nervoso; cada vez que a porta do quarto era aberta, ele pensava que poderia ser Rosana. Entretanto, ela não apareceu por lá.

          Ele estava sofrendo sem saber se seu amor voltara ao trabalho ou não; a ansiedade o deixava agressivo; estava visivelmente descontrolado. No terceiro dia após o acidente, seu supervisor foi visita-lo. Então, ele perguntou por Rosana e suas esperanças se esvaíram.

         - Rosana está trabalhando normalmente e disse que nunca mais quer vê-lo, além de traí-la com Alcione, provocou sua morte. É o falatório que está rolando no escritório, respondeu com voz grave o homem sério.

               Uma nuvem cobriu os olhos do rapaz, em seguida, deitou-se virando de lado; não queria que ninguém visse as lágrimas descerem pelo seu rosto. Queria dizer que saíra com Alcione para terminar o caso que houvera entre eles, mas pareceria um insulto à vítima, que ganhara imunidade com sua morte. Depois da morte todos se tornam bons e inatingíveis.

               O rapaz obteve alta Hospitalar e foi levado até o automóvel de seus pais sentado em uma cadeira de rodas. Estava deprimido, perna e braço quebrados e com inúmeras feridas pelo corpo. Nem em seus piores pesadelos ele imaginou, um dia, estar em uma cadeira de rodas e com a morte de Alcione pesando sobre si.

          Um amigo, que fora visita-lo, lhe dissera que os pais da moça o odiavam intensamente, não queriam vê-lo, senão o matariam. A partir daquele episódio infeliz ele seria mal visto pelos amigos e vizinhos e marcado para sempre. Aquele pensamento o deixava mais deprimido; não tivera culpa de nada, mas a morte da moça o condenava impiedosamente.

            Os primeiros dias em sua casa demoraram a passar; sentia-se solitário. Por mais visitas que recebesse nada o alegrava, porque quem ele queria não fora visita-lo. Gabriel estava sofrendo a perda das duas mulheres que fizeram parte de sua vida amorosa. Uma estava morta e a outra o odiava.
               Então, começou a elaborar um plano para se encontrar com Rosana e tentar reconquistá-la.
              Um texto de Eva Ibrahim

              Continua na próxima semana.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

"O HOMEM NÃO MORRE QUANDO DEIXA DE VIVER, MAS SIM QUANDO DEIXA DE AMAR". CHARLES CHAPLIN - É HORA DE CALAR E OBSERVAR. EVA IBRAHIM

O DRAMA
CAPÍTULO TRÊS

   Uma dor intensa em seu tornozelo o impedia de movimentar o pé esquerdo, então, ele tentou apoiar o corpo para se erguer e viu que o braço esquerdo também doía muito. O membro estava torcido para um lado e, sangrando. Olhando o sangue que escorria de seu braço ele sentiu náuseas e um desejo enorme de estar vivendo um pesadelo; queria acordar.

 Porém, a dor que sentia era real, então, deixou-se cair novamente sobre os espinhos e nem se importou com os espinhos fincando em sua pele. Gabriel estava desesperado para saber de Alcione. Gritou o mais alto que pode até ouvir a sirene da polícia, em seguida, desfaleceu; queria desaparecer dali.

      O rapaz recobrou a consciência no Hospital, onde fora levado pela ambulância. O lugar era estranho e frio, havia uma porção de gente na sala onde estava sendo atendido. E, algumas pessoas vestidas com jalecos brancos mexiam em seus ferimentos.

            - Estaria morto? Não, aquilo tudo, infelizmente parecia real. Então, lembrou-se do acidente. E, imediatamente deduziu que, poderiam ser médicos e enfermeiras.
           De relance ele percebeu que estava nu e uma dor insuportável no pé e no braço do lado esquerdo o fizeram protestar.
           – Socorro, me tirem daqui, por favor socorro, socorro... O rapaz gritava sem parar.
          Em seguida, lhe espetaram o braço e ele não se lembrava de mais nada, caíra num sono profundo.

            Gabriel acordou no dia seguinte e seus pais estavam ao seu lado. Olhavam preocupados para o filho que estava com o pé e o braço imobilizados com faixas grossas, além de muitas escoriações pelo corpo provocadas pelos espinhos.

             Sua mãe segurava sua mão e tentava acalmá-lo, então ele perguntou de Alcione. A mulher tentou desconversar, o que o deixou mais irritado.

           – Quero saber a verdade, apenas a verdade, eu vi quando o meu carro explodiu. Será que a Alcione foi jogada fora do veículo como eu? A mulher gaguejou e o pai foi em seu socorro.
        – Encontraram um corpo carbonizado no local do incêndio e alguém disse que vira você saindo com uma colega de trabalho.
         – Quem era, meu filho? Perguntou o pai ansioso.
- Uma colega do escritório, seu nome é Alcione, precisa avisar a família, que mora em outra cidade.

 Gabriel fechou os olhos e duas lágrimas rolaram de seu rosto, agora estava perdido e Rosana jamais o perdoaria. Como explicar que estava com a moça para se separar, que sua intenção era terminar aquele caso para voltar para sua noiva.

Ninguém lhe daria crédito, ainda mais que Alcione estava morta e não poderia se defender. As dores aumentavam a cada pensamento ruim que lhe vinha à cabeça e o desespero tomou conta dele.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

"SEMPRE QUE UMA LÁGRIMA CAI, UM ANJO A RECOLHE PARA TRANSFORMÁ-LA EM PRECE". AUTOR DESCONHECIDO -- AS VEZES A GENTE CHORA SEM QUERER... EVA IBRAHIM

SEM SAIDA
 CAPÍTULO DOIS
             Gabriel chegou ao seu local de trabalho e Alcione já o aguardava com um sorriso no rosto. Ela pensava que estava segura em seu novo relacionamento, já que Rosana estava ausente. No entanto, ela não poderia imaginar as intenções de Gabriel, que eram as piores possíveis em relação a ela.
              Ele pensou em passar por ela sem olhar em meio aos outros funcionários, mas, ela se adiantou para cumprimenta-lo e foi logo lhe dando um beijo de bom dia. O rapaz corou e permaneceu inerte para não chamar a atenção para si. Depois, saiu de cara amarrada para sua repartição.

           - Tenho que pôr um fim nessa história ainda hoje, pensou Gabriel, que estava preocupado com a situação que ele mesmo criara.

              No intervalo do almoço ele se deparou com seu supervisor e perguntou sobre a volta de Rosana ao trabalho e a resposta o assustou mais ainda.
             – A Rosana deve retornar ao trabalho em três dias.
              O seu encarregado acabou fazendo uma observação que deixou Gabriel mais encabulado.
              - Por que você quer saber? Agora você está com a Alcione, estou certo?

              Gabriel fez um sinal com a cabeça e foi andando para se esquivar das perguntas, que ele não queria responder nem mesmo para si. Precisava se livrar da moça, porém não sabia como agir.

             Ele se alimentou de sanduíches no escritório, para evitar a Alcione no refeitório. Aquele era um assunto para ser resolvido entre ambos, não precisavam de plateia. Além do que Alcione tinha fama de briguenta e poderia chamar a atenção dos colegas.

              Gabriel passou o restante de seu turno distraído e preocupado, teria que resolver aquela situação que o atormentava. Sentia-se um covarde, pois, se aproveitara da colega e agora queria dispensá-la. A situação piorou quando ela passou por ele e acenou com a mão perguntando se estava tudo bem. Ele assentiu com a cabeça.

             – E, como conseguiria continuar trabalhando no mesmo escritório com as duas mulheres, com as quais se envolvera?

            Conforme a reação de Alcione ele teria que mudar de emprego ou nunca mais teria a sua Rosana. Esse pensamento latejara o dia todo em sua cabeça. Entretanto, ele tomara uma decisão, amava Rosana e a queria de volta. Iria esperar Alcione na saída do trabalho e seria o mais sucinto possível; ela teria que compreender que o caso deles chegara ao fim.

              Na saída ele a convidou para sair e conversar; ela concordou e entrou em seu automóvel. Gabriel arrancou em direção a uma pousada fora da cidade, não queria encontrar amigos. Quando o rapaz entrou na estrada principal abordou o assunto, dizendo que queria um tempo para pensar.

            – É porque a Rosana vai voltar ao trabalho? Perguntou a moça irada.
Gabriel gaguejou e tentou disfarçar, mas não teve tempo de responder. Um caminhão Baú, veio em desabalada carreira e bateu em sua traseira jogando o automóvel para fora da estrada, que capotou rolando pela ribanceira.

Em segundos, ele fora jogado do veículo, pois estava sem o cinto e caiu sobre alguns arbustos de espinhos. A dor o trouxe a realidade, então, ele viu seu carro rolar até o final e depois explodir com um barulho ensurdecedor.
Gabriel gritou por Alcione, que ficara presa no cinto de segurança dentro do automóvel. Desesperado, tentou levantar-se, mas não conseguiu.
 Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sábado, 4 de junho de 2016

"CALMA NA ALMA, QUE A VIDA SE ENCARREGA DE EXPLICAR AS COISAS QUE NÃO FAZEM SENTIDO AGORA". TATI ZANELA - PROCURE O CAMINHO DO CORAÇÃO. EVA IBRAHIM.

PRECISO TE ESQUECER
 O ABANDONO
CAPÍTULO UM
           Gabriel andava triste e não queria conversar com ninguém de sua família, nem com os amigos ele queria falar. Rosana, sua noiva, o havia abandonado depois de vê-lo agarrado com Alcione, uma colega de trabalho. Ele não tivera tempo de lhe dar explicações, Rosana o surpreendeu quando ele beijava a colega, que estava se oferecendo a ele fazia tempo.

           Rose, outra colega de Gabriel, alertara Rosana sobre a safadeza do noivo e lhe indicou o local dos encontros furtivos. Com essas informações Rosana conseguiu dar o flagrante em seu futuro marido.

            Alcione, uma moça bonita, vistosa e alegre vivia dizendo que o amava e poderia fazê-lo feliz, só precisava de uma chance. Rosana nunca desconfiou de nada, acreditava cegamente que era amada pelo seu noivo. Fazia dois anos que começaram a namorar e nos últimos seis meses fizeram planos para o casamento.

            Entretanto, Gabriel andou saindo com Alcione; não resistiu aos assédios da moça. Ele gostava dos arroubos inconsequentes da colega, que sabia como agradá-lo. No entanto, ele amava sua noiva e não queria perde-la, mesmo assim, ele não resistiu e sucumbiu aos agarramentos furtivos com Alcione. Somente depois do flagrante e consequente abandono, ele percebeu que havia ofendido seriamente o seu grande amor.

          O ocorrido, que para ele fora apenas uma aventura, gerou a perda de sua noiva e seus mais caros sonhos de amor. Sendo assim, o sofrimento que ele sentia era consequência de suas escapadas com outra mulher e não poderia nem reclamar.

           Rosana estava com muita raiva de Gabriel por causa de sua traição; não atendia aos telefonemas e mandava dizer que não estava. Essa situação estava estabelecida fazia um mês e ele nunca mais a vira, nem falara com ela. Depois que ela gritou que o odiava e não queria vê-lo nunca mais, desapareceu e ele não sabia mais aonde procura-la.

             Todos os dias, Gabriel tentava entrar em contato com Rosana, mas ele constatou que os familiares da moça não diriam para onde ela havia ido depois da briga. E, no seu trabalho diziam que ela estava de férias. Seu desespero só aumentava com o passar dos dias, ele queria, ao menos, vê-la e se possível tê-la em seus braços para lhe pedir perdão. Mas, teria que se humilhar, encontra-la e conseguir sua atenção, pois havia um muro enorme entre eles.

            Deveria, antes de qualquer coisa, cortar relações com Alcione, que vivia perseguindo-o em lugares públicos e, no local de trabalho estava sempre por perto. A moça ligava, insistentemente, para falar com ele, porém, não era com ela que ele queria conversar e já se cansara daquela situação. Na verdade, ele sentia raiva de Alcione, que provocara toda aquela desavença.

          Gabriel teria que tomar uma atitude drástica, antes que fosse tarde demais, pois ele sabia que as férias de Rosana estavam terminando e ele queria vê-la.

Um texto de Eva Ibrahim
Continua na próxima semana.









sexta-feira, 27 de maio de 2016

NUNCA DEIXE DE SONHAR POR MEDO DE SE MACHUCAR, SE O MUNDO USOU ALGUÉM PARA TE FERIR, A VIDA TRARÁ ALGUÉM PARA TE CURAR". AUTOR DESCONHECIDO- AMO ENQUANTO POSSO, É TUDO... EVA IBRAHIM


O RECOMEÇO
CAPÍTULO CINCO
             Na primeira semana, Adele esteve envolvida com todas as coisas burocráticas que a esposa tem que resolver quando perde o esposo. Além de responder as perguntas dos amigos e conhecidos sobre o passamento do marido, ainda tinha que cuidar dos papéis, cartório, banco, empresa onde Rafael trabalhava e, finalmente na sexta feira ela respirou com a sensação do dever cumprido. Estava viúva e muito cansada; precisava ficar só.

             O domingo chegou e Adele se vestiu sobriamente, iria à missa de sétimo dia da morte de Rafael juntamente com suas duas filhas. Suas roupas combinavam com sua alma, ambas tinham a cor escura dominante. Adele chorou durante a missa; as palavras do padre a emocionaram e ela não prestou atenção em mais nada, estava frágil demais.

             O tempo passou lentamente e foi implacável com a viúva; nos três primeiros meses a sua rotina era chorar e visitar o cemitério. Então, ela tratou de arrumar trabalho para afastar a depressão. De casa para o trabalho e vice e versa, assim ela chegou ao oitavo mês da morte de Rafael.

            Cansada da solidão, Adele começou a frequentar a Igreja para poder sair de casa e voltar a vida em sociedade novamente. Em uma cerimônia da missa de um mês de falecimento da esposa de um conhecido de Rafael, Adele se comoveu e foi cumprimentar Olavo, o viúvo.

          E, a partir desse dia passaram a se falar constantemente, até o dia da véspera de Natal, quando ambos não resistiram e se entregaram ao amor. Um amor cheio de culpa e restrições, mas forte e capaz de resistir aos comentários de amigos e familiares.

O novo casal tinha muita coisa em comum, mas precisavam de um local neutro, onde não houvesse lembranças atormentando a consciência de cada um. Então, reuniram as duas famílias; as duas filhas de Adele e o filho de Olavo para apresentar-lhes os planos para o futuro.

Depois de alguns questionamentos, eles concordaram em montar uma uma nova casa, onde não houvesse lembranças do passado. Estas ficariam apenas nos corações e nos álbuns de cada um deles. Rafael e Rosaura, a esposa de Olavo, teriam seus lugares respeitados, no entanto, o novo casal queria recomeçar dali e viver uma vida feliz.

 E, foi num domingo de manhã junto a família e alguns amigos que foi celebrado o casamento de Adele e Olavo; uma nova oportunidade de viver o amor; o recomeço para duas almas solitárias.
 Um texto de Eva Ibrahim


sexta-feira, 20 de maio de 2016

"QUE MINHA SOLIDÃO ME SIRVA DE COMPANHIA, QUE EU TENHA CORAGEM DE ME ENFRENTAR. QUE EU SAIBA FICAR COM O NADA E MESMO ASSIM, ME SENTIR COMO SE ESTIVESSE PLENA DE TUDO". CLARICE LISPECTOR -- NÃO POSSO CAMINHAR SOZINHA... EVA IBRAHIM.

SOLIDÃO
CAPÍTULO QUATRO

           Adele chegou à sua casa e foi para o quarto, não sabia o que fazer de sua vida. E, no escuro do ambiente ela sentiu que seu futuro mais parecia um borrão cinzento, então, deitou-se na cama; estava triste e cansada de todos aqueles acontecimentos, que lhe roubaram o marido.

           Precisava ficar só e refletir na mudança que a morte de Rafael provocaria em sua vida. Solidão era a definição para aquele momento, uma dor profunda de perda inesperada; uma mudança sofrida e nunca pensada.

            Agora, Adele era viúva e aquela palavra lhe parecia uma carga pesada e escura; precisava encontrar uma saída para não entrar em depressão. Naquele momento, o que lhe restava era chorar.  As lágrimas corriam pelo seu rosto molhando o travesseiro, no entanto, serviam para aliviar a dor que apertava seu peito.    

          -    Por que eu? O Rafael sempre foi o grande amor da minha vida, o que farei sem ele?

          A mulher, depois de algum tempo, foi vencida pelo cansaço e adormeceu em um sono agitado; sentia mágoa do mundo e queria desaparecer.

           O dia amanheceu limpo e com uma luz brilhante, Adele estava com os olhos inchados de tanto chorar, mas não poderia ficar indiferente a beleza do dia que se apresentava naquela manhã. Foi tomar banho para melhorar sua aparência, teria que tomar algumas providências práticas referentes a morte de Rafael.

           A tristeza tomava conta de seu coração, estava de luto e sentia que precisava buscar Deus. Fez café e sentou-se para sorvê-lo; procurava um novo sentido para sua vida. Estava absorta em seus pensamentos e, distraidamente, levou a xícara aos lábios queimando a língua, em seguida, de um pulo levantou-se e foi tomar água...

 Adele sabia que precisava ficar forte, pois tinha duas filhas adolescentes que precisavam dela. No entanto, sentia que para sobreviver teria que ter um apoio espiritual; iria procurar o padre para aconselhá-la. Na Igreja encontraria um pouco de consolo, estava muito carente.

Quando saiu de casa os vizinhos foram lhe dar uma palavra de conforto e Adele começou a chorar, não conseguia falar dos últimos acontecimentos. Era muita angustia que a sufocava impedindo-a de conversar, então, teve que retornar à sua casa para poder se acalmar. Ela não queria a piedade de ninguém, estava acuada em sua dor.

            Suas filhas tentaram acalmá-la, porém, teriam que esperar a mãe viver todas as fases do luto; seria prematuro tentar impedir seu sofrimento. As duas meninas deixaram a mãe sozinha para curtir a sua perda; nada poderiam fazer. Eram jovens e ainda não entendiam o drama que estavam vivendo.

Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sábado, 14 de maio de 2016

SE A DESPEDIDA DÓI É PORQUE O INTERVALO ENTRE O "OI" E O "ADEUS" VALEU A PENA. AUTOR DESCONHECIDO- SIGA EM FRENTE, HAJA O QUE HOUVER. EVA IBBRAHIM

A DESPEDIDA
CAPÍTULO TRÊS
              O dia terminou com Adele sentada no sofá com os olhos inchados de tanto chorar.  Suas filhas estavam ali para lhe dar apoio, porém, já estavam exaustas e acabaram dormindo jogadas sobre suas camas. A mulher cochilou e acordou sobressaltada; havia tido um pesadelo com Rafael. Ele a chamava para acompanha-lo, mas ela se negava a segui-lo. Adele estava com medo de tudo o que acontecera naquele domingo de manhã.

            A sua vida estava destruída, amava o marido e não saberia viver sem a presença dele. Então, sentiu um forte arrepio percorrer seu corpo. Temerosa, tratou de afastar este pensamento, pois temia a morte e não queria conversa com os mortos.

            -Que descanse em paz, desejou a mulher cautelosa.

           Pelo vitro da sala ela viu o dia chegando e a sua claridade inundando a casa. Levantou-se e foi tomar um banho precisava livrar-se da sensação de sujeira que a estava incomodando. Depois fez um café e sorveu o líquido quente, que a revigorou, dando lhe forças para pensar em ligar para o cunhado e saber quando o corpo seria liberado para o enterro.

           Aquele, certamente seria um dia muito ruim; enterrar o marido nunca fez parte de seus piores pensamentos. No entanto, coube a ela essa missão e ela teria que ser forte. Duas lágrimas correram em seu rosto indo morrer em sua boca, deixando ali um gosto salgado.

            Ela queria sumir para não ter que acompanhar o enterro de Rafael. Adele trazia uma dor intensa em seu íntimo.

            - Como poderia deixa-lo enterrado e ir para sua casa? Pensou a mulher assustada.

           Estava além de suas forças; ele era o amor de sua vida. Sentia-se sozinha em sua dor. Ninguém poderia avaliar o tamanho de seu sofrimento e nada a consolava, estava revoltada. A campainha tocou e alguns parentes próximos chegaram para ajudar e consolar a viúva.

           Na verdade, Adele queria ficar sozinha e pensar em tudo que ocorrera, precisava entender o que Deus queria dizer levando Rafael tão cedo. Mas, com tanta gente em sua casa teria que adiar aqueles pensamentos e tratar de se preparar para a chegada do corpo no necrotério.

          Rafael estava duro e gelado, além de pálido, as flores que encobriam parte de seu corpo eram amarelas, o que deixavam o defunto ainda mais descorado. Adele ficou extática em frente ao marido morto. Estranhamente não estava chorando, se conformara com a ideia da morte de Rafael.

          A sala onde estava o falecido, ficou cheia de gente e o cheiro dos crisântemos tomou conta do lugar. A viúva sentiu náuseas e saiu acompanhada das filhas. Ficou algum tempo encostada na parede do lado de fora, mas quando o padre chegou para encomendar o corpo, ela se colocou na cabeceira do marido.

         Sentia-se entorpecida, parecia que nada daquilo lhe dizia respeito. E, quando o cortejo seguiu até a vala, ela acompanhou abraçada com as suas filhas, seguiu o caixão até a beira da cova. Cercado de parentes e amigos, o caixão desceu depositando o corpo de Rafael em sua última morada. Adele jogou algumas flores, que alguém colocou em suas mãos, sobre o caixão do marido. Então, com os olhos marejados de lágrimas, ela foi conduzida para fora do cemitério.

Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.
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