MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

quarta-feira, 3 de março de 2021

"SE SEU CORPO PRECISA DO MEU, MEU CORAÇÃO PRECISA DO SEU. O NOME DISSO É SAUDADE! VOLTA LOGO QUE SEM VOCÊ, SOU SÓ UMA METADE. O QUE FALTA PARA MIM É VOCÊ!" VINÍCIUS LOBO

                NA BERLINDA

            CAPÍTULO QUATRO
      
       O Natal chegou com todo o seu esplendor, apesar da pandemia, o seu significado permaneceu intacto. Para Tereza a reunião familiar era o ponto alto do feriado natalino. E nesse ano atípico, a reunião aconteceu, com menos pessoas é  verdade, mas todos ficaram felizes. 

      As férias de Tereza se foram com o Natal e o feriado de ano Novo estava despontando no horizonte, era hora de retornar.  

       Assim, a mulher voltou ao trabalho, estava feliz, no entanto, havia toda uma expectativa de mudança de local de trabalho. As férias não conseguiram mudar a sua condição de saúde e ela sabia que estava no limite.  

       Suas dores e ardores continuavam em franca ascensão. A semana passou rápido e, em meio a muitas correrias, as festas de final de ano chegaram ao fim. 

      Tereza olhava o calendário e percebia que tinha um ano inteiro para escrever uma nova história. Esta teria a prioridade de cuidar de sua saúde. A mulher, fragilizada, tinha uma estranha sensação de poder gerenciar novos passos, ou pelo menos, alguns deles.

      Depois de tempos disfarçando os sinais e sintomas que seu corpo dava, resolveu revelar ao seu grupo de trabalho, as  dificuldades físicas, que a atormentavam.

      As colegas de equipe foram compreensivas com a exposição de suas queixas e prontificaram-se a colaborar no que fosse necessário. 

       A mulher, aparentemente saudável, trazia no peito um coração machucado,  literalmente ferido. Uma bomba com suas correias danificadas a ponto de estourar, porém, antes disso iria marcar consulta com o cardiologista. 

      No dia marcado, ela se dirigiu a clínica médica. Com a sensibilidade desenvolvida e a  intuição aguçada, Tereza sabia que havia chegado a hora da verdade. Seu peito ardia em chamas, era necessário uma atitude para acalmar seu chacra cardíaco.

      Trazia no peito um coração sofrido, amargurado, que agora emitia sinais de sofrimento fisico em sua bomba mantenedora da vida. A mulher tinha uma história familiar de mortes por colapso na bomba, em linhagem ascendente próximas. Portanto, era necessário olhar com cuidado para os sinais que recebia.

      O médico era jovem, na faixa dos trinta anos, o que deixou Tereza apreensiva, esperava uma pessoa mais velha. No entanto, ele se dispôs a ouvir suas queixas de maneira respeitosa, com um olhar profundo e atento.

      A paciente começou a falar, disparou com sinais e sintomas cheios de detalhes, aquilo tudo estava preso em sua garganta. Finalmente, Tereza terminou dando seu diagnóstico, encontrado em suas pesquisas.

      0 médico, de nome Pedro, sorriu e se ajeitou na cadeira. Então, demonstrou todo o seu conhecimento, esclarecendo as dúvidas e explicando a necessidade de exames, para confirmar ou não o diagnóstico precoce, encontrado pela profissional de saúde, que era: Angina estável.

      A paciente, então, perguntou:

      - Se nada disso for confirmado,  serei encaminhada ao psiquiatra?

      - Provavelmente, foi a resposta recebida, acompanhada de um sorriso misterioso.

      Depois de um exame físico rotineiro, a paciente ouviu do médico a gravidade de todos aqueles sintomas relatados e saiu dali com três pedidos de exames nas mãos. Esteira para fazer no dia seguinte,  ecografia para dois dias após e o Holter em seguida. 

      A mulher deixou o consultório e caminhou  com a sensação de estar correndo um perigo iminente. Sabia que tudo o que foi dito naquele naquele local, era a mais pura verdade e que estava na berlinda da vida.
 Um texto de Eva Ibrahim Sousa 


 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

"DA OBSERVAÇÃO" "NÃO TE IRRITES, POR MAIS QUE TE FIZEREM. ESTUDA A FRIO, O CORAÇÃO ALHEIO. FARÁS, ASSIM, DO MAL QUE ELES TE QUEREM, TEU MAIS AMÁVEL E SUTIL RECREIO." MÁRIO QUINTANA


           DORES E ARDORES 

             CAPÍTULO TRÊS

      As férias de Tereza, tão sonhadas, chegaram em meio a uma frente fria intensa. Setembro amanheceu gelado e chuvoso, com cara de final de inverno, que só aconteceria na terceira década do mês.

       O tempo fechado pedia aconchego e era tudo o que ela queria, curtir suas férias em casa. Levantar-se cedo, fazer café e degusta-lo em frente à televisão, assistindo o jornal da manhã. Este era um desejo que ela acalentava nos dias de sufoco no trabalho. Estar em casa sem compromisso para sair, já era motivo de satisfação para Tereza. 

      Ela tinha em mente cuidar de sua  casa limpando, organizando e descartando coisas desnecessárias. 
Esses afazeres cotidianos faziam parte de desejos antigos e  fonte de prazer para a mulher trabalhadora, que se queixava de não ter tempo para cuidar de seu lar.

        As vezes, quando fazia um esforço a mais, ela sentia -se cansada com uma sensação ruim dentro do peito. Um ardor sufocante, que pressionava a área cardíaca, deixando o braço esquerdo enfraquecido, a ponto de não poder segurar uma sacolinha com um lanche dentro. 

        Quando isso acontecia, ela precisava parar, sentar-se e esperar melhorar, o que ocorria em alguns minutos. 
Vivendo esse sufoco, a mulher procurou na internet respostas para o que estava sentindo. 

       No YouTube ela encontrou muitos vídeos descrevendo todas aquelas sensações, pressões e ardores dentro do seu peito. Os médicos cardiologistas diziam que era um quadro de Angina estável. Essa condição requer  acompanhamento médico especializado, pois ocorre em um pré infarto. 

       Tereza, então, procurou um cardiologista, que fez um eletrocardiograma e disse, que o resultado do exame estava dentro de padrões normais. 
 Assim, o médico receitou um calmante dizendo que poderia ser cansaço e nervosismo. Em seguida, com um sorriso, orientou observação e retorno se necessário. 

      A mulher voltou ao trabalho, estava relativamente bem, vez ou outra sentia aqueles ardores pressionando seu peito. Tinha a intenção de voltar ao  cardiologista, entretanto, na correria do dia a dia tentava marcar consulta no serviço de apoio de sua empresa e nada conseguia.
       Entre muitas correrias, o tempo foi passando e a vida seguindo seu curso.

      Por ser idosa do grupo de risco para o Covid dezenove, ficava  em alguns plantões no ambulatório, onde o trabalho não exigia grandes esforços físicos. 

      No entanto, nos finais de semana e feriados continuava atuando na porta de entrada, sofrendo com deveres, que não eram compatíveis com sua idade e situação de saúde. 

      Ela tentou argumentar, que por ser idosa não poderia ficar em área exposta ao Covid, inclusive fez um pedido, por escrito, de transferência de setor. Não obteve resposta, nem positiva, nem negativa. Ao questionar diziam que precisava ter laudo médico, para ter alguma mudança em seu trabalho.

      Não houve, em nenhum momento, a sensibilidade de perceber a situação ali estalecida, por algum integrante da equipe de saúde.

      Havia sofrimento em toda aquela situação e ao invés de tomarem alguma providência, resolveram dar o restante das férias da funcionária. 

      Dessa maneira parecia que o problema estaria resolvido. Só que não, a história estava apenas começando. 

Um texto de Eva Ibrahim Sousa 

 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

"SEM TEMER A PRÓXIMA PORTA OU JANELA QUE IRÁ SE ABRIR, SIGO COM UMA ÚNICA EXPECTATIVA: QUE SEJA BOM O QUE VIER." DIEGO VINÍCIUS

 
                   SEM RUMO 

              CAPÍTULO DOIS
        Aquela situação inusitada deixou a mulher apreensiva, precisava procurar um cardiologista com urgência. As palavras do médico ginecologista ficaram bailando em sua cabeça. "Essa arritmia tem que ser investigada, pode ser alguma coisa séria." 

       Durante vários dias, ela tentou marcar consulta com o médico do serviço de apoio ao funcionário daquela instituição. Depois de muitas tentativas, conseguiu uma data para dali a quarenta dias. Sentia-se bem e resolveu esperar até o dia marcado. 

      O mês de março surgiu, como sempre, quente e chuvoso, fazendo a despedida do verão e das águas trazidas por ele. Um mês poético, as vezes quente demais, as vezes friorento, abrindo caminho para o outono.

       Entretanto, o mundo vivia momentos difíceis, com muitos rumores assustadores sobre um vírus descoberto na China. As notícias diziam que o vírus era portador de uma doença de grande letalidade, que naqueles dias assolavam a Itália. O país estava em choque, com grande número de mortos e doentes graves. 

       Havia uma apreensão geral pelo temor que a doença se espalhasse pelo mundo. O Brasil também estava alerta pela possível chegada do tão repugnante vírus   matador.

        As mídias estavam alertas e quando se teve notícia do primeiro caso no Brasil, foi uma explosão  de reportagens ruins, que geraram muito medo na população. As notícias tomavam conta dos meios de comunicação e eram péssimas. O vírus pipocava, de maneira assustadora, em todos os continentes.

       Com esse cenário destruidor,  aconteceu o que ninguém poderia imaginar, por mais pessimista que fosse. A Organização mundial de saúde decretou um estado de pandemia
 mundial, deixando o mundo de boca aberta.

       Cada país tratou de se organizar para enfrentar a doença letal e desconhecida, trazida pelo vírus.

       No Brasil não foi diferente e diante de uma população estarrecida, resolveram parar tudo, mandando as pessoas ficarem em casa.

       Somente os serviços essenciais poderiam permanecer abertos. A humanidade estava em cheque. Dessa maneira, todas as consultas foram canceladas e Tereza perdeu a oportunidade de se cuidar adequadamente. 

       A mulher continuou seu trabalho, que era essencial, apesar de pertencer ao grupo de risco, não foi dispensada
. Procurou um médico na emergência é este lhe receitou um remédio que mantinha sua frequência cardíaca controlada.

        Os meses foram se sucedendo e as pessoas se adaptando a nova realidade. Nesse cenário ameaçador o  acessório que mudou a paisagem mundial foi a máscara, de uso obrigatório surgiu de todos os tipos e cores nos rostos de toda a população.

       O prejuízo foi geral, todos foram prejudicados de alguma maneira, principalmente na área financeira.

       Mas o tempo não parou e quando Setembro chegou, a pandemia parecia estar sendo controlada. Daí a vida que segue e Tereza tirou férias.

       Durante as férias ela começou a perceber certas limitações, que sentia ao caminhar em terrenos de aclives ou quando fazia algum esforço físico.
Um texto de Eva Ibrahim Sousa 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

"SE UM DIA VOCÊ TIVER QUE ESCOLHER ENTRE A RAZÃO E CORAÇÃO, ESCOLHA O CORAÇÃO...POIS NÃO É A RAZÃO QUE BATE PRA VOCÊ VIVER!" - PENSADOR.

 

O TRONCO

CORAÇÃO ALADO

         CAPÍTULO UM
     A mulher sentada em seu leito na enfermaria, passava o tempo folheando uma revista, que alguém largou sobre a mesa auxiliar. Havia uma reportagem sobre o meio ambiente, cujo foco principal eram as queimadas e o que restou delas. 
     Uma vasta área cheia de troncos, a maioria torrados e retorcidos pelo fogo, abria a reportagem. Apenas alguns conseguiram ficar inteiros, embora suas folhagens tenham sido consumidas pelo fogo, estes demonstravam força para se recuperar. A mulher coçou a cabeça, aquelas fotos mexiam com seu emocional.
     Tronco, essa palavra presente no dia a dia das pessoas nunca foi destaque, ou teve alguma importância para Tereza. Um substantivo de valor igual a tantos outros. Sempre ao ouvi-lo, nos  conduz e a ela também, a visualização de uma árvore, ou parte dela. Também pode ser lembrado, devido ao contexto da conversa, à  uma parte do corpo humano. No entanto, essa palavra modificou toda a vida dessa pessoa. 
    Uma mulher de setenta  anos, que sempre trabalhou na área da saúde, cuidando dos pacientes com muito carinho, essa é Tereza. Nunca aparentou a sua idade cronológica, é forte e saudável.  Sempre se orgulhou de sua saúde, mas certo dia, o médico cardiologista  pronunciou essa palavra e tudo mudou em sua vida.

    Essa história tem seu início em fevereiro de dois mil é dezenove no local de trabalho de Tereza. Ela estava no banheiro e  quando abriu a porta para sair sentiu uma tontura, em seguida  seu coração disparou. Parecia que seu peito iria explodir.
    Atordoada e surpresa com a situação, a mulher entrou em uma sala vazia e sentou -se, para ver se o seu coração se acalmava. 
    Ele Batia desesperadamente, parecia ter enlouquecido, a sensação era de que aquilo terminaria em morte, tamanha a angústia que gerou. Como não passava ela levantou-se, precisava de ajuda.
    Assustada, saiu dali e foi ao posto de enfermagem. Então Ana, a colega que se encontrava no setor, vendo que Tereza não estava bem, a conduziu até o multiparametrico, queria verificar seus sinais vitais. Assim, ela  constatou que a frequência cardíaca de Tereza estava altíssima, acusando cento e setenta batimentos por minuto. 
    Aquilo era muita coisa para seu pobre coração, que segundo a dona, nem apaixonado estava. Apenas se encontrava carregado de carinho por seus familiares e semelhantes. 
    Apavorada, Ana chamou o médico, que veio prontamente. Depois de certificar-se do que fora informado, ele insistiu para que Tereza se submetesse a um eletrocardiograma. No entanto, ela estava sentindo -se muito mal e se recusou a se deitar, para que o exame fosse feito. 
    Ficou sentada na copa esperando o coração se acalmar. O médico, que era um ginecologista, sem entender muito da situação, fez uma cartinha para que a funcionária procurasse o médico  cardiologista. 
    Em seguida, juntos aguardaram o coração recolher suas asas. Devagarinho seus batimentos cardíacos voltaram ao normal, minimizando a sensação de morte iminente. 
    Seu coração alado pousou lentamente em repouso e se acalmou dentro do peito de Tereza.
 Um texto de Eva Ibrahim Sousa 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

"FOGO E PAIXÃO"- WANDO- "(...) QUANDO TÃO LOUCA, ME BEIJA NA BOCA, ME AMA NO CHÃO. ME SUJA DE CARMIM, ME PÕE NA BOCA O MEL, LOUCA DE AMOR, ME CHAMA DE CÉU." COMPOSITORA: ROSE MARIE BURCCI ALVES D. REIS

OLHANDO O RIO

CAPÍTULO SEIS

           O rapaz foi bem recebido pela família de Gilda, pai mãe e irmão. A moça tinha sofrido um trauma com o assalto e precisava de apoio. Pedro dormiu no quarto de Lionel, o irmão mais novo da moça. Conversaram bastante antes de dormir, tinham afinidades. Ele estava feliz por estar tão perto dela, separado apenas por uma parede. Demorou a pegar no sono, estava muito emocionado, não conseguia relaxar.

          Como era verão, não foi surpresa o temporal que caiu à noite. Muitos relâmpagos e trovões ocasionaram a perda da energia elétrica, que perdurou até o amanhecer. Pedro teve pesadelos na escuridão da noite, reviveu todo o assalto, acordou sobressaltado.

           O domingo amanheceu ensolarado e depois do café ficou combinado, que todos iriam almoçar peixe na beira do rio Piracicaba, mais precisamente, na Rua do Porto

            Ao meio dia, a família entrou no automóvel em direção ao restaurante. Margearam o rio, que estava cheio, majestoso, com suas águas barrentas por causa das chuvas dos últimos dias. A rua estava em festa com a fartura de peixes e nas suas margens havia muitos pescadores, com varas, tentando fisgar algum para o almoço.

            O rio, cheio, caminhando revolto sobre seu leito de pedras, enchia os olhos dos turistas ali presentes. A umidade deixada pela chuva, brilhava com o Sol da manhã, dando esplendor à natureza.

             Gilda escolheu um restaurante, que proporcionava a vista do rio de uma maneira panorâmica. Era uma paisagem de encher os olhos pela sua grandeza. A família se acomodou em uma mesa próxima do parapeito protetor, dali podiam ouvir o barulho das águas. Pedro, então levantou-se da mesa e deixando sua timidez de lado, disse:

            - Com todo o respeito que Gilda e todos merecem, eu peço licença para fazer um pedido.

            - Queria pedir permissão para namorar, oficialmente, esta moça bonita, que aqui se encontra. Estou apaixonado por ela, que me encantou com esses lindos olhos verdes.

              A moça corou, não esperava aquela declaração de amor diante da sua família. E como todos os olhares estavam fixados nela, ela se manifestou dizendo:

             - Pedro! Não se usa mais pedir as pessoas em namoro, namora-se simplesmente. Você é jovem e está se comportando como um homem de antigamente. 

               Ele deu um leve sorriso e retrucou:

           - Gilda, eu sou mineiro e gosto das coisas bem claras, fui criado dessa maneira e não quero mudar, você aceita namorar comigo?

            - Para mim, eu já estava namorando, mas eu digo sim, se você preferir.

            Todos riram pela maneira que ela disse isso e concordaram com o rapaz, estava oficializado o namoro.

           Uma enorme travessa com um peixão assado foi colocada no centro da mesa e os acompanhamentos ao redor. Um perfume convidativo saia daquela comida maravilhosa, então, todos se concentraram no consumo do alimento.

            Cerca de quarenta minutos se passaram entre olhares furtivos de um para o outro. O clima era de alegria e o domingo de festa da natureza. Na mesa restou somente a espinha do peixe, que foi servido e degustado com prazer.

          Sentados e satisfeitos ficaram olhando o rio Piracicaba, enquanto esperavam a sobremesa. Um lindo lugar para marcar o início da felicidade do novo casal.

          De mãos dadas, os dois saíram dali, estavam felizes e Pedro não se cansava de olhar nos olhos da sua amada. Eram olhos profundos e brilhantes, como se fossem duas esmeraldas, que o enfeitiçaram para sempre.

 Um Texto de Eva Ibrahim Sousa


 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

"FOGO E PAIXÃO" - WANDO- "(...) VOCÊ É LUZ, É RAIO ESTRELA E LUAR. MANHÃ DE SOL, MEU IAIÁ, MEU IOIÔ. VOCÊ É "SIM" E NUNCA MEU "NÃO". QUANDO TÃO LOUCA ME BEIJA NA BOCA, ME AMA NO CHÃO." COMPOSITORA: ROSE MARIE BURCCI ALVES D. REIS.

                   A MARCA QUE ENCANTA

CAPÍTULO CINCO

             Pedro ficou desconsolado até o final da semana, não tinha vontade de trabalhar, pois sabia que Gilda não estaria lá. Os dias pareciam nublados, faltava brilho, animação, na verdade ele estava deprimido. Nunca havia passado por algo parecido, estava completamente apaixonado e seria capaz de fazer loucuras, para estar com sua amada.

            Finalmente, a manhã de sábado surgiu cheia de Sol. Um dia luminoso, que enchia a alma do rapaz de esperança. Naquele momento, encontrar-se com Gilda era a meta de sua vida. Seu coração disparava só em pensar nela, tinha urgência em encontrá-la.

              Pegou o ônibus na rodoviária, que se dirigia à cidade de Piracicaba, estava animado e eufórico, iria se encontrar com seu amor. Ficava imaginando o que diria para os pais dela, teria que ser convincente ao se expor, para pedi-la em namoro. A ansiedade não deixava ele relaxar, seus pensamentos controversos vinham como um temporal, deixando-o aflito.

              Em uma das melhores rodovias do país, o veículo parecia voar, o tempo correu rápido e quando viu, estavam passando ao lado de um rio enorme. O passageiro que estava sentado ao seu lado, disse:

            -  Veja, aí está o famoso rio Piracicaba, cheio de peixes deliciosos.

 Andaram um bom pedaço margeando as águas do rio e foram para a rodoviária.

           Pedro concordou com a cabeça, já tinha ouvido falar nesse Rio. O ônibus parou, os passageiros começaram a descer e para surpresa de Pedro, Gilda estava esperando por ele. O pai da moça aguardava encostado em um pilar do local, distante uns cinco metros do casal.

           O coração do rapaz acelerou, ele se aproximou da amada e lhe deu um beijo no rosto de raspão, a presença do pai o deixava cauteloso. No entanto, sua vontade era agarrá-la e beijá-la muito. Porém, ela estava ferida, não poderia se esquecer desse fato. Depois, dirigiu-se ao pai dela e lhe estendendo a mão, cumprimentou-o.

         Instintivamente, o casal sentou-se no banco de trás, tinham muito que conversar. Parecia que Pedro estivera na guerra por longos meses, tamanha era a ansiedade de ambos. Segurando na mão de Gilda, aquela do braço bom, ele disse:

            - Como você está? Ainda tem dores? Eu estava muito preocupado com você.  Pedro, queria penetrar nos pensamentos dela, tamanha era sua ansiedade em saber.

           - Estou melhor agora, minha cabeça ainda dói, a pancada foi forte, mas no braço não sinto quase nada, está imobilizado. Ela respondeu tranquilizando o rapaz, que não tirava os olhos dela. Os olhos verdes de Gilda brilhavam com uma profundeza, que o hipnotizavam.

          O pai olhava pelo retrovisor e percebia que havia algo muito forte entre os dois jovens. Ali existia carinho e interação nas palavras ditas. Homem experiente, olhou com bons olhos aquele início de relacionamento, daria seu apoio. Pensou com carinho.

              Seu maior desejo era ver a filha feliz e quando ela falou que gostava do colega que havia conhecido, ele percebeu que havia verdade em suas palavras. Porque os olhos de sua menina brilhavam como duas pedras preciosas, era sua marca de sinceridade, desde pequena.

           Chegaram a casa e entraram como um casal de pombinhos, arrulhando felizes.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.