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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

"FOGO E PAIXÃO" - WANDO - "(...) ME SUJA DE CARMIM, ME PÕE NA BOCA O MEL. LOUCA DE AMOR, ME CHAMA DE CÉU. OH! OH! OH! OH! OH!. E QUANDO SAI DE MIM, LEVA MEU CORAÇÃO. VOCÊ É FOGO, EU SOU PAIXÃO. (...) COMPOSITORA: ROSE MARIE BURCCI ALVES D. REIS"

 SOLIDÃO

CAPÍTULO QUATRO

             O rapaz ficou no hospital até escurecer, não queria deixar sua namorada sozinha no Pronto Socorro. Mas, não teve jeito, acabaram por dar um ultimato a ele, ou saia ou chamariam a segurança do local. Contra a vontade, ele se retirou e voltou para a casa da prima, estava desolado.

            Pedro não jantou e foi direto para seu quarto, se jogou na cama e chorou, como a muito tempo não fazia. A prima foi ver o que estava acontecendo e o convenceu a comer alguma coisa antes de dormir.

             Foi uma noite de pesadelos, acordou várias vezes assustado, não se conformava com a situação. Amanheceu, o despertador tocou e ele deu um pulo, tomou banho e saiu apressadamente, queria passar no hospital antes de ir trabalhar.

             Chegando ao Pronto Socorro, ele encontrou a enfermeira, que os atendera no dia anterior e conseguiu entrar, por cinco minutinhos, em companhia dela.  Lá encontrou a namorada acordada:

            - Minha cabeça dói, parece que está inchada, mas estou melhor, disse ela.

             Com dez pontos no couro cabeludo e o braço engessado, Gilda deu a seguinte notícia:

             - Eu terei alta após o almoço e o meu pai virá me buscar. Vou me recuperar no interior. Pedro ficou pálido:

               - Como? Eu quero estar perto de você e preciso trabalhar. Não, por favor.

             - Não posso fazer nada, meu pai virá me buscar e minha mãe vai cuidar de mim. Mas, você poderá ir me visitar no final de semana, vou falar de nós dois para eles.

             O rapaz ficou pensativo, estava visivelmente contrariado. Seu semblante se fechara e depois de algum tempo disse:

             - Sim, eu irei sem falta, me aguarde, estava mais conformado.

               Beijou a namorada e voltou ao trabalho. Não conseguia se concentrar, pensava no assalto e na amada, que acabou levando a pior. Pedro conseguiu sair mais cedo do trabalho e foi correndo para o hospital, queria ver Gilda, antes que ela fosse embora.

            Os pais da moça e a tia estavam aguardando a alta, para levar a moça para Piracicaba. Pedro se apresentou como colega de trabalho da filha deles, deixaria ela dar a notícia do namoro. Precisava ter cautela para não parecer intrometido.

            A paciente apareceu de cadeira de rodas, estava acompanhada de um profissional da saúde, que lhe desejou melhoras. Gilda levantou-se e deu um abraço no Pedro, depois subiu no automóvel. Estava abatida com os acontecimentos recentes, não estava em condições de explicar nada naquela hora.

            De dentro do veículo, ela disse que esperava por ele, no final de semana. Sua mãe olhou espantada, mas não disse nada. Desconfiou que ali havia alguma coisa além de amizade.

           O veículo partiu deixando Pedro com os olhos cheios de lágrimas, sentia-se frustrado. Não conseguira proteger seu amor, do ataque dos bandidos. Agora a solidão o esperava. Uma nuvem escura se abateu sobre ele, que seguiu cabisbaixo.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

"FOGO E PAIXÃO" - WANDO - "(...) E QUANDO SAI DE MIM, LEVA MEU CORAÇÃO, VOCÊ É FOGO EU SOU PAIXÃO. VOCÊ É LUZ, É RAIO ESTRELA E LUAR, MANHÃ DE SOL, MEU IAIA, MEU IOIÔ, VOCÊ É "SIM" E NUNCA MEU "NÃO". QUANDO TÃO LOUCA ME BEIJA NA BOCA, ME AMA NO CHÃO. (...) COMPOSITORA: ROSE MARIE BURCCI ALVES D. REIS"



NERVOS DE AÇO

CAPÍTULO TRÊS

          Na sexta-feira, Gilda saiu mais cedo do trabalho e Pedro não pode se despedir dela. Na verdade, ele queria combinar algum programa, para poder encontrá-la no final de semana. No entanto, passou o sábado e o domingo desconsolado, não tinha seu endereço e nem o telefone. O rapaz não sabia quase nada de sua musa, a tratava com cuidado, pois temia espantá-la.

           Demorou uma semana para Pedro criar coragem e dizer que queria namorá-la. Gilda sorriu, já sabia que isso iria acontecer, ele trazia escrito na cara que gostava dela. Os colegas da moça já estavam fazendo piadinhas sobre os dois, diziam que ele parecia um guarda costas, sempre atrás dela.

              Ela lhe disse que, no final de semana, fora para o interior, na casa de seus pais. Durante a semana, ela ficava na casa da tia, que era irmã do seu pai e na sexta-feira voltava para sua casa.

             O rapaz ficou animado, queria conhecer a família dela. Parecia que tudo corria bem, mais uma semana e ele iria até a casa de Gilda, no interior do Estado. O local ficava distante dali, teriam que viajar de ônibus durante duas horas. A cidade era Piracicaba e distava pouco mais de cento e cinquenta quilômetros da capital. 

            Entretanto, ninguém contava com uma invasão indesejada. Quatro bandidos, com armas em punho, adentraram o escritório da empresa, quando o último funcionário voltava do almoço. Eram elementos mascarados, que estavam ali para o "tudo" ou "nada".          

             De armas em punho, demonstrando agressividade e nervosismo, foram acuando as pessoas num canto. Queriam dinheiro, sabiam que haveria pagamento no local. Um deles agarrou o gerente e sob a mira do revolver exigia, que mostrasse onde estava o cofre. Na entrada, ficara outro bandido que rendera o guarda e tomara sua arma. Os outros dois ficavam aterrorizando as pessoas, que já estavam assustadas.

              O gerente pedia calma, iria fazer o possível para tudo acabar bem.

             O que eles não sabiam, era que o cofre ficava atrás de um quadro, no canto onde estavam os funcionários acuados. O gerente olhava para aquele local e temia um alvoroço com consequências imprevisíveis. Mas, teria que se submeter aos bandidos, que a cada minuto que passava, ficavam mais nervosos.

              Pedro puxou a namorada para perto de si, iria protege-la de qualquer jeito. Houve um começo de tumulto, uns empurrando os outros e os bandidos ameaçando com os revolveres.

            Um colaborador da empresa levou uma coronhada na cabeça, quando tentou se esgueirar para fora. Gilda viu o sangue escorrendo pelo rosto do rapaz e se assustou ainda mais. Ela não sabia o que fazer e se agarrou em um móvel, estava a ponto de ter um colapso nervoso. Pedro permanecia ao seu lado, mas nada podia fazer.

            Enquanto um bandido pressionava o gerente, o outro ficava de olho na porta e o terceiro puxava as pessoas para longe do cofre. Precisavam de espaço para correr com o malote de dinheiro.

            Foi tudo muito rápido e na correria, um bandido puxou o braço de Gilda torcendo-o, para tirá-la da frente. Depois a empurrou e ela caiu batendo a cabeça na quina da escrivaninha. Ficou no chão desacordada e Pedro desesperado.

           Os bandidos saíram em desabalada carreira, derrubando quem estivesse no caminho deles. Alguns funcionários da empresa tiveram pequenas escoriações, além da coronhada na cabeça, que rendeu um galo para o rapaz. Entretanto, o caso mais grave foi o de Gilda. Ela foi socorrida pela ambulância e permaneceu no Pronto Socorro para exames. Ficaria em observação por, pelo menos, vinte e quatro horas.

            Pedro ficou ao lado da namorada o tempo todo permitido. E, quando foi pegar em sua mão, viu que o braço esquerdo estava inchado. Com o seu toque ela gemeu alto, sentia dores no local. O médico, então, disse que iria pedir um Raio X para ver se havia fratura no local.

 Pedro respirou fundo, o dia estava difícil, queria que terminasse logo, pois, precisava ter nervos de aço para suportar tantos problemas.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa


quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

"FOGO E PAIXÃO" - WANDO - "(...) QUANDO TÃO LOUCA, ME BEIJA NA BOCA, ME AMA NO CHÃO. ME SUJA DE CARMIM, ME PÕE NA BOCA O MEL. LOUCA DE AMOR, ME CHAMA DE CÉU, OH!, OH!, OH!, OH!, OH!. (...)" COMPOSITORA: ROSE MARIE BURCCI ALVES D. REIS

                                      TOQUE DE AMOR

CAPÍTULO DOIS

          O mundo estava diferente, tinha um brilho nunca antes percebido por aquele rapaz, que queria dançar, abraçar as pessoas, brincar com os animais; estava eufórico. Quando entrou na casa de sua prima, admirou uma rosa no jardim.

             – Quem colocou essa flor aí? Não estava aí antes! Parou e contemplou sua beleza.

            Em seguida, com um sorriso diferente de contentamento, entrou e foi para seu quarto, precisava pensar. Jogado na cama, esquecera-se de tudo, seu pensamento estava longe.

           A prima foi chama-lo para o jantar. Pedro estava deitado sobre o leito olhando para o teto, então, ela percebeu que ele estava diferente e foi logo perguntando:

            - Está tudo bem? Você entrou direto para o quarto, está se sentindo mal?

              O rapaz sorriu, estava em transe, nem ele sabia o que estava sentindo, mas gostava da sensação inebriante, que se alojara em seu peito. Ao pensar em Gilda seu coração disparava, precisava daquela mulher em sua vida.

           - Não se preocupe Lola, conheci uma moça que está me tirando do sério. Acho que estou apaixonado, não consigo tirá-la do pensamento.

          Em seguida, sentou-se na cama e viu que ainda estava com a roupa do trabalho.

             - Vou tomar banho e já desço para o jantar.

             A prima saiu dali sorrindo, o sintoma de amor era igual para todos. Lembrou-se de quando se apaixonara por Vitório, ainda gostava dele, mas aquela sensação eletrizante dos primeiros tempos, já não existia mais. Estavam acostumados um com o outro e o fogo se apagou, ficou a certeza da presença constante de cada um.

           Dando na vista, Pedro queria ficar sozinho, para rever os momentos em que estivera perto daqueles olhos verdes. Tinha muitas coisas para perguntar a ela, mas teria que ir devagar para não assusta-la, não queria perde-la. Ligou a Televisão, mas não conseguia se concentrar, depois sentou-se em frente ao computador e, não sabia o que queria ali.

            Assim, apagou a luz e ficou deitado no escuro, precisava pensar em como agir com aquela deusa. Dormiu e sonhou que ela estava acompanhada de outro rapaz, acordou suando.

              - Ainda bem que foi somente um sonho, pensou e foi lavar o rosto na pia do banheiro. Estava realmente perturbado, nunca sentira nada parecido com aquilo

           O dia amanheceu e ele tratou de tomar um banho caprichado, queria ficar bonito para rever sua musa. Saiu antes da hora, precisava guardar lugar para ela, que subia no metrô uma estação depois dele.

             Quando ela entrou, seu coração disparou, ela estava mais linda ainda, como se isso fosse possível. Ele sorriu e ela retribuiu, depois sentou-se no lugar dele e na hora de sair, ele, instintivamente, tocou no braço dela. Sentiu um arrepio, aquele fora um toque de amor. Ela não fugiu, apenas aceitou normalmente. Gilda parecia gostar da presença dele, que se mostrava solícito com ela.

             Seguiram juntos até a empresa, cerca de um quilômetro, mas quando entraram, ele lamentou baixinho.

            - Poderia ser mais distante. Não tive tempo de conversar quase nada.

            Depois disse:

            - Até mais tarde, desejando estar com ela o tempo todo.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa 


quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

"FOGO E PAIXÃO" - WANDO- "VOCÊ É LUZ, É RAIO ESTRELA E LUAR, MANHÃ DE SOL. MEU IAIÁ, MEU IOIÔ, VOCÊ É "SIM" E NUNCA MEU "NÃO". QUANDO TÃO LOUCA, ME BEIJA NA BOCA, ME AMA NO CHÃO." "(...)' COMPOSITORA: ROSE MARIE BURCCI ALVES D. REIS

          AQUELES OLHOS VERDES

A PRIMEIRA IMPRESSÃO

CAPITULO UM

                   O tempo estava ruim, Pedro ficou com a camisa molhada, pois descera do ônibus e tomara chuva até a estação do metrô. Tinha pressa, começara seu trabalho fazia pouco tempo, ainda estava na experiência. Viera de Belo Horizonte a pedido do seu encarregado, deveria ficar ao lado do secretário geral, o tempo todo. Parecia um guarda-costas, mas era um secretário particular, que desempenhava um cargo de confiança.

               Era a primeira vez que pisava em terras paulistanas e trazia consigo muitas expectativas, queria melhorar de vida. Era formado em contabilidade e administração, no entanto, ganhava pouco em sua cidade. São Paulo era a terra das oportunidades, todos diziam. Seus pais fizeram muitas recomendações, temiam a falta de segurança da metrópole. Pedro, então, foi morar com uma prima do pai dele, assim a família ficava mais tranquila.

                 A casa ficava em um bairro próximo ao centro, mas precisava pegar um ônibus e depois o metrô para chegar ao trabalho. Demorava em trânsito uma hora e meia, o que era razoável para uma cidade grande.

                  Mesmo estando molhado, o rapaz ia se ajeitando no veículo ferroviário, entre tantas outras pessoas com o mesmo problema. Quando chovia, os transtornos eram grandes, a cidade ficava travada pelas enchentes e congestionamentos, formando um verdadeiro caos.

                 Dentro do metrô havia muita gente se espremendo com seus guarda-chuvas nas mãos. Em dado momento, seus olhos se cruzaram com um par de olhos iguais a duas esmeraldas, que brilhavam como pedras preciosas. A dona deles se postara em um canto, estava espremida entre o banco e a lateral do veículo.

                     Era a moça mais linda que ele já vira. Tinha os cabelos cacheados de uma cor castanho claro dourado. O rapaz ficou parado olhando aquela moça, que tinha o poder de enfeitiça-lo. Ficou encantado, mas o metrô parou e ele deveria descer ali mesmo. Lamentou, precisava conhecer aquela moça, mas foi saindo ou perderia a hora do trabalho.

                  Quando já estava chegando na empresa, olhou para trás e lá estava ela, a moça dos olhos lindos. Ele parou e ela passou por ele, em seguida a moça entrou na mesma firma que ele. Não era possível, ela trabalhava lá também, ficou eufórico, depois iria investigar quem era ela. Tudo ficou mais bonito, ele parecia bobo e se perguntava:

                    - Que mulher é essa? Que me deixa louco só em vê-la?

                  Trabalhou distraído, não tirava a moça da cabeça, quando deu horário de almoço, saiu rapidamente e ficou do lado de fora esperando os funcionários saírem. Logo ela apareceu em meio a um grupo de pessoas do Recursos Humanos. A moça trabalhava lá, na parte interna e ele teria que falar com ela.

                    – Como abordá-la? Ele não conhecia ninguém, que pudesse pedir ajuda.

Pedro nem conseguiu comer direito, de longe, não tirava os olhos da moça.

                A jovem almoçou, em seguida levantou-se e quando ia saindo, Pedro deu um jeito de esbarrar nela. Logo pediu desculpas, era um rapaz educado.

                 Ela mostrou-se surpresa, mas sorriu e fez sinal com a cabeça, que aceitava as desculpas, depois seguiu em frente. Pedro ficou desanimado, não conseguiu tirar nenhuma palavra dela. O dia terminou e ele a viu somente na saída, não pode se aproximar.

                Foi dormir pensando nela e planejando nova abordagem para o dia seguinte. Precisava saber o nome dela, de onde viera, se era solteira ou casada. Com esse pensamento ele sentiu um arrepio.

              - Será que a minha musa é casada? - Não pode ser, eu a quero para mim.

             Dormiu mal aquela noite e ficou esperando por ela no metrô. Quando a moça apareceu ele ofereceu seu banco para ela.

               Ela agradeceu e sentou-se, ele se postou ao lado dela. Depois, naturalmente saíram do veículo juntos. Então, ele perguntou qual era o nome dela.

              Gilda Lira Pinheiro, ela disse devagar e ele esticou a mão dizendo:

             - Pedro Cunha, a seu dispor.        

             Com um brilho intenso no olhar, ele não se cansava de olhar para ela.

              Começava ali uma bela história de amor.

               Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

"EU SOU AQUELA MULHER QUE FEZ A ESCALADA DA MONTANHA DA VIDA, REMOVENDO PEDRAS E PLANTANDO FLORES." CORA CORALINA

FELIZ NATAL AMOR

CAPÍTULO CINCO

O domingo amanheceu ensolarado e pegou o novo casal dormindo. Os dois estavam cansados pela grande carga emocional sofrida, no dia anterior. Laura foi quem acordou primeiro e viu que Luís Carlos dormira com a roupa do casamento, então lembrou-se do ocorrido. Passara a noite de núpcias com seu marido e continuava virgem. Levantou-se e foi ao banheiro, enquanto lavava o rosto pensou:

-Que ironia! Esperei tanto por esse dia e nada aconteceu. Não direi nada a ninguém, ou vou virar chacota das comadres.

A moça fez sua higiene pessoal e foi fazer café, queria acordar o marido com o café pronto. Estava desolada, não sabia como conduzir aquela situação.

Voltou ao quarto com o café na xícara apoiada no pires e tocou o ombro de Luís Carlos. Ele resmungou e se virou para o outro lado, então ela deu um grito:

 - Acorda que o Sol já apareceu. Toma esse café e vai tomar banho, para acordar.

O rapaz abriu os olhos e perguntou onde estava. Laura, nada amistosa disse:

- Na nossa casa, no nosso quarto!

 O rapaz olhou para suas roupas e perguntou se havia dormido daquele jeito.

 – Sim, você dormiu e eu não consegui tirar suas roupas, depois dormi também, que estava cansada.

Ele tratou de se levantar, tomou um gole do café e se fechou no banheiro. Demorou uns quarenta minutos, estava refletindo na mancada que dera. Não poderia contar a ninguém, ou seria motivo de deboche por parte de seus amigos. Passaria a ser conhecido como o noivo que dormiu na noite de núpcias; uma vergonha total.

Laura foi ver os presentes, que estavam no quarto de visitas; havia muitas coisas para serem abertas. Esperaria por Luís Carlos para abrirem juntos. Estava magoada, decepcionada, nunca imaginara uma situação como aquela.

Nesse momento, ele adentrou o quarto e foi logo agarrando sua mulher. A toalha caiu e ele pegou Laura no colo, levando-a para a cama do casal. Ali, com o Sol iluminando tudo, foi concretizado o enlace matrimonial.

A mulher sorriu, foi um momento inesquecível em sua vida. Ainda se lembrava da emoção sentida naquele instante. Tornou-se mulher nos braços de seu amor. Uma felicidade plena, que apagava todo o ocorrido, ficava o segredo entre eles, a mancada da noite de núpcias.

Ficaram ali deitados se entreolhando e felizes por serem apaixonados um pelo outro. O dia passou entre abraços e beijos, não viajaram porque queriam passar o Natal com seus familiares. Viajariam somente em janeiro, uma semana na praia, era tudo o que teriam como lua de mel.

Na segunda-feira, Luís Carlos voltou ao trabalho e ela começou sua vida de dona de casa. Encarou o fogão e as coisas não deram muito certo, o arroz ficou salgado e o bife duro. Mas, em nome do amor, ambos comeram sem reclamar.

 Passaram três dias curtindo o amor e se conhecendo melhor, então chegou a véspera do Natal e eles passaram a noite com seus familiares. Laura estava muito bonita com seu vestido vermelho e o marido a acompanhava satisfeito.

Foi uma noite memorável, a primeira noite de Natal do novo casal, que se repetiu durante trinta e cinco anos. Tiveram dois filhos, Artur e Selma, que lhes deram cinco netos, todos criados e encaminhados.

 Quando a vida parecia sorrir para eles, que passeavam sempre juntos, conhecendo novos lugares, aconteceu o pior. Luís Carlos amanheceu morto na cama, ao lado de Laura, um enfarte fulminante.

 Ela não percebeu nada e levou o maior susto quando tentou acordá-lo, o corpo estava frio e enrijecido. O médico disse que fazia algumas horas que ele falecera. Ali ela também morreu um pouco.

 Não quis ficar na casa e foi morar com sua filha. Descobriu todas as dores do mundo, curtiu uma depressão durante anos seguidos. Pensou muitas vezes em tirar a própria vida, só não o fez porque era temente a Deus.

Entretanto, um milagre aconteceu, ela conseguiu lembrar-se de todos os anos felizes, que vivera em companhia do marido e sentia-se leve. Aquele lugar, embaixo daquela árvore, lhe devolvera a vida, então, levantou-se e foi para sua casa preparar a ceia de Natal.

À noite, na hora do brinde ela foi até a varanda e olhando para o céu, ergueu o cálice e brindou:

 - Feliz Natal amor, o compromisso continua; é só uma questão de tempo.

 

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

"A PRIMAVERA CHEGARÁ, MESMO QUE NINGUÉM MAIS SAIBA SEU NOME, NEM ACREDITE NO CALENDÁRIO, NEM POSSUA JARDIM PARA RECEBÊ-LA." CECÍLIA MEIRELES

QUE SUFOCO!!!

                                         CAPÍTULO QUATRO

          Laura se esquecera da vida, eram lembranças boas de um passado distante, queria prolongar aquele momento. Em suas recordações, sentia-se jovem, cheia de vida e estava apaixonada por Luís Carlos, que se tornaria seu esposo antes do dia terminar; aquele pensamento a deixava excitada. Naquela noite, todos os mistérios das noites de núpcias seriam revelados.

              Era proibido para as moças, naquela época, perguntarem coisas sobre sexo para a mãe ou outra pessoa da família. Era um assunto para mulheres casadas, para as solteiras era tabu. As coisas que a maioria sabia, eram ditas por colegas em conversas furtivas. Assuntos que foram lidos em revistas proibidas, geralmente dentro de banheiros e relatados por pessoas de fama duvidosa.

               Havia muito medo envolvendo a lua de mel, muitas histórias eram contadas em rodinhas de vizinhas ao entardecer, como por exemplo:

                - “A filha de um conhecido sitiante se apaixonou e casou-se com o filho do farmacêutico da pequena vila. Era conhecida como moça direita e foi entregue ao marido em confiança. No entanto, o dia seguinte ainda não havia nascido e o rapaz estava na porta do sitiante, para devolver a moça”.

           “Furioso, o noivo esbravejava que a noiva não era virgem e ele não queria mulher de segunda mão. Enquanto o pai não sabia o que dizer, a moça chorava copiosamente. O marido, ultrajado, jogou a mala da noiva nos pés do sitiante e saiu cantando pneu no velho carro de seu pai”.

               Estava desfeito o casamento, que seria anulado e a moça nunca mais arrumaria outro marido. Teria que ficar dentro de casa ajudando a criar seus sobrinhos. Essa e outras histórias tiravam o sono de muitas moças, era a desgraça total. Em uma sociedade machista e patriarcal, as moças se continham por medo de ficarem faladas. Uma ou outra que se perdia, ficava para titia.

            Nesse contexto, Laura estava se aprontando para subir ao altar, amava o noivo e ele não poderia vê-la antes do casamento. Os dois se encontrariam no tapete vermelho da Matriz e dali sairiam para uma vida juntos, cheia de amor e de lutas.

               Ela estava muito bonita com seu vestido branco e um véu que descia sobre a cauda do vestido. O buquê de flores de laranjeiras enfeitava o conjunto harmônico. Luís Carlos em seu terno preto, impecável, aguardava a noiva amada. O pai entregou a filha ao noivo e subiu ao altar. Os noivos se entreolharam, havia amor no olhar de ambos.

             O Monsenhor, que estava celebrando o enlace matrimonial, se empolgou e demorou no sermão, mais do que havia previsto. Em dado momento, o noivo titubeou e desfaleceu. A madrinha, que era sua irmã, tratou de ampará-lo. Luís Carlos estava branco como uma folha de papel sulfite. A noiva, espantada, entregou o buquê para a outra madrinha e começou a rezar, ainda não tinham dito “sim”.

              Alguém correu para pedir ajuda e outra pessoa foi até a casa do vizinho. Ambas voltaram com xícaras nas mãos, uma continha açúcar e na outra tinha sal. Colocaram o sal na boca do noivo e ele fez careta, depois abriu os olhos, o açúcar foi deixado de lado. Apoiado, ele conseguiu se levantar. O Monsenhor, então, tratou de terminar a cerimônia, para que o rapaz tomasse um pouco de ar puro do lado de fora da igreja.

Todos se entreolharam e a madrinha exclamou: - Que sufoco!

Laura saiu da igreja abraçada ao marido, estava trêmula, quase o perdera. Um amigo, que estava entre os convidados, explicou que ele teve uma hipoglicemia, motivada por excesso de bebida, que o noivo tomou durante a despedida de solteiro. E com a correria do dia do casamento, ele não se alimentara o suficiente.

O casal ficou na festa o tempo necessário para cortar o bolo e depois fugiram do local, no automóvel do padrinho. O marido estava enfraquecido pelo desmaio e se jogou na cama, adormecendo em seguida. Laura tirou os sapatos dele, o paletó, o cinto, a gravata e em seguida cobriu seu corpo com o lençol. Nada poderia fazer, sua lua de mel estava arruinada.

Ela tomou banho, vestiu a camisola do dia, que estava separada e se enfiou debaixo da coberta, estava cansada. Luís Carlos roncava em seu sono reparador. Sua lua de mel fora adiada, mas os sonhos continuavam presentes. A esposa beijou os lábios do marido, que nem se mexeu, em seguida, ela adormeceu.

 Laura suspirou, precisava voltar para sua casa.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

                                 

MEU MUNDO REINVENTADO.

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