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quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

"FOGO E PAIXÃO" - WANDO - "(...) QUANDO TÃO LOUCA, ME BEIJA NA BOCA, ME AMA NO CHÃO. ME SUJA DE CARMIM, ME PÕE NA BOCA O MEL. LOUCA DE AMOR, ME CHAMA DE CÉU, OH!, OH!, OH!, OH!, OH!. (...)" COMPOSITORA: ROSE MARIE BURCCI ALVES D. REIS

                                      TOQUE DE AMOR

CAPÍTULO DOIS

          O mundo estava diferente, tinha um brilho nunca antes percebido por aquele rapaz, que queria dançar, abraçar as pessoas, brincar com os animais; estava eufórico. Quando entrou na casa de sua prima, admirou uma rosa no jardim.

             – Quem colocou essa flor aí? Não estava aí antes! Parou e contemplou sua beleza.

            Em seguida, com um sorriso diferente de contentamento, entrou e foi para seu quarto, precisava pensar. Jogado na cama, esquecera-se de tudo, seu pensamento estava longe.

           A prima foi chama-lo para o jantar. Pedro estava deitado sobre o leito olhando para o teto, então, ela percebeu que ele estava diferente e foi logo perguntando:

            - Está tudo bem? Você entrou direto para o quarto, está se sentindo mal?

              O rapaz sorriu, estava em transe, nem ele sabia o que estava sentindo, mas gostava da sensação inebriante, que se alojara em seu peito. Ao pensar em Gilda seu coração disparava, precisava daquela mulher em sua vida.

           - Não se preocupe Lola, conheci uma moça que está me tirando do sério. Acho que estou apaixonado, não consigo tirá-la do pensamento.

          Em seguida, sentou-se na cama e viu que ainda estava com a roupa do trabalho.

             - Vou tomar banho e já desço para o jantar.

             A prima saiu dali sorrindo, o sintoma de amor era igual para todos. Lembrou-se de quando se apaixonara por Vitório, ainda gostava dele, mas aquela sensação eletrizante dos primeiros tempos, já não existia mais. Estavam acostumados um com o outro e o fogo se apagou, ficou a certeza da presença constante de cada um.

           Dando na vista, Pedro queria ficar sozinho, para rever os momentos em que estivera perto daqueles olhos verdes. Tinha muitas coisas para perguntar a ela, mas teria que ir devagar para não assusta-la, não queria perde-la. Ligou a Televisão, mas não conseguia se concentrar, depois sentou-se em frente ao computador e, não sabia o que queria ali.

            Assim, apagou a luz e ficou deitado no escuro, precisava pensar em como agir com aquela deusa. Dormiu e sonhou que ela estava acompanhada de outro rapaz, acordou suando.

              - Ainda bem que foi somente um sonho, pensou e foi lavar o rosto na pia do banheiro. Estava realmente perturbado, nunca sentira nada parecido com aquilo

           O dia amanheceu e ele tratou de tomar um banho caprichado, queria ficar bonito para rever sua musa. Saiu antes da hora, precisava guardar lugar para ela, que subia no metrô uma estação depois dele.

             Quando ela entrou, seu coração disparou, ela estava mais linda ainda, como se isso fosse possível. Ele sorriu e ela retribuiu, depois sentou-se no lugar dele e na hora de sair, ele, instintivamente, tocou no braço dela. Sentiu um arrepio, aquele fora um toque de amor. Ela não fugiu, apenas aceitou normalmente. Gilda parecia gostar da presença dele, que se mostrava solícito com ela.

             Seguiram juntos até a empresa, cerca de um quilômetro, mas quando entraram, ele lamentou baixinho.

            - Poderia ser mais distante. Não tive tempo de conversar quase nada.

            Depois disse:

            - Até mais tarde, desejando estar com ela o tempo todo.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa 


quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

"FOGO E PAIXÃO" - WANDO- "VOCÊ É LUZ, É RAIO ESTRELA E LUAR, MANHÃ DE SOL. MEU IAIÁ, MEU IOIÔ, VOCÊ É "SIM" E NUNCA MEU "NÃO". QUANDO TÃO LOUCA, ME BEIJA NA BOCA, ME AMA NO CHÃO." "(...)' COMPOSITORA: ROSE MARIE BURCCI ALVES D. REIS

          AQUELES OLHOS VERDES

A PRIMEIRA IMPRESSÃO

CAPITULO UM

                   O tempo estava ruim, Pedro ficou com a camisa molhada, pois descera do ônibus e tomara chuva até a estação do metrô. Tinha pressa, começara seu trabalho fazia pouco tempo, ainda estava na experiência. Viera de Belo Horizonte a pedido do seu encarregado, deveria ficar ao lado do secretário geral, o tempo todo. Parecia um guarda-costas, mas era um secretário particular, que desempenhava um cargo de confiança.

               Era a primeira vez que pisava em terras paulistanas e trazia consigo muitas expectativas, queria melhorar de vida. Era formado em contabilidade e administração, no entanto, ganhava pouco em sua cidade. São Paulo era a terra das oportunidades, todos diziam. Seus pais fizeram muitas recomendações, temiam a falta de segurança da metrópole. Pedro, então, foi morar com uma prima do pai dele, assim a família ficava mais tranquila.

                 A casa ficava em um bairro próximo ao centro, mas precisava pegar um ônibus e depois o metrô para chegar ao trabalho. Demorava em trânsito uma hora e meia, o que era razoável para uma cidade grande.

                  Mesmo estando molhado, o rapaz ia se ajeitando no veículo ferroviário, entre tantas outras pessoas com o mesmo problema. Quando chovia, os transtornos eram grandes, a cidade ficava travada pelas enchentes e congestionamentos, formando um verdadeiro caos.

                 Dentro do metrô havia muita gente se espremendo com seus guarda-chuvas nas mãos. Em dado momento, seus olhos se cruzaram com um par de olhos iguais a duas esmeraldas, que brilhavam como pedras preciosas. A dona deles se postara em um canto, estava espremida entre o banco e a lateral do veículo.

                     Era a moça mais linda que ele já vira. Tinha os cabelos cacheados de uma cor castanho claro dourado. O rapaz ficou parado olhando aquela moça, que tinha o poder de enfeitiça-lo. Ficou encantado, mas o metrô parou e ele deveria descer ali mesmo. Lamentou, precisava conhecer aquela moça, mas foi saindo ou perderia a hora do trabalho.

                  Quando já estava chegando na empresa, olhou para trás e lá estava ela, a moça dos olhos lindos. Ele parou e ela passou por ele, em seguida a moça entrou na mesma firma que ele. Não era possível, ela trabalhava lá também, ficou eufórico, depois iria investigar quem era ela. Tudo ficou mais bonito, ele parecia bobo e se perguntava:

                    - Que mulher é essa? Que me deixa louco só em vê-la?

                  Trabalhou distraído, não tirava a moça da cabeça, quando deu horário de almoço, saiu rapidamente e ficou do lado de fora esperando os funcionários saírem. Logo ela apareceu em meio a um grupo de pessoas do Recursos Humanos. A moça trabalhava lá, na parte interna e ele teria que falar com ela.

                    – Como abordá-la? Ele não conhecia ninguém, que pudesse pedir ajuda.

Pedro nem conseguiu comer direito, de longe, não tirava os olhos da moça.

                A jovem almoçou, em seguida levantou-se e quando ia saindo, Pedro deu um jeito de esbarrar nela. Logo pediu desculpas, era um rapaz educado.

                 Ela mostrou-se surpresa, mas sorriu e fez sinal com a cabeça, que aceitava as desculpas, depois seguiu em frente. Pedro ficou desanimado, não conseguiu tirar nenhuma palavra dela. O dia terminou e ele a viu somente na saída, não pode se aproximar.

                Foi dormir pensando nela e planejando nova abordagem para o dia seguinte. Precisava saber o nome dela, de onde viera, se era solteira ou casada. Com esse pensamento ele sentiu um arrepio.

              - Será que a minha musa é casada? - Não pode ser, eu a quero para mim.

             Dormiu mal aquela noite e ficou esperando por ela no metrô. Quando a moça apareceu ele ofereceu seu banco para ela.

               Ela agradeceu e sentou-se, ele se postou ao lado dela. Depois, naturalmente saíram do veículo juntos. Então, ele perguntou qual era o nome dela.

              Gilda Lira Pinheiro, ela disse devagar e ele esticou a mão dizendo:

             - Pedro Cunha, a seu dispor.        

             Com um brilho intenso no olhar, ele não se cansava de olhar para ela.

              Começava ali uma bela história de amor.

               Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

"EU SOU AQUELA MULHER QUE FEZ A ESCALADA DA MONTANHA DA VIDA, REMOVENDO PEDRAS E PLANTANDO FLORES." CORA CORALINA

FELIZ NATAL AMOR

CAPÍTULO CINCO

O domingo amanheceu ensolarado e pegou o novo casal dormindo. Os dois estavam cansados pela grande carga emocional sofrida, no dia anterior. Laura foi quem acordou primeiro e viu que Luís Carlos dormira com a roupa do casamento, então lembrou-se do ocorrido. Passara a noite de núpcias com seu marido e continuava virgem. Levantou-se e foi ao banheiro, enquanto lavava o rosto pensou:

-Que ironia! Esperei tanto por esse dia e nada aconteceu. Não direi nada a ninguém, ou vou virar chacota das comadres.

A moça fez sua higiene pessoal e foi fazer café, queria acordar o marido com o café pronto. Estava desolada, não sabia como conduzir aquela situação.

Voltou ao quarto com o café na xícara apoiada no pires e tocou o ombro de Luís Carlos. Ele resmungou e se virou para o outro lado, então ela deu um grito:

 - Acorda que o Sol já apareceu. Toma esse café e vai tomar banho, para acordar.

O rapaz abriu os olhos e perguntou onde estava. Laura, nada amistosa disse:

- Na nossa casa, no nosso quarto!

 O rapaz olhou para suas roupas e perguntou se havia dormido daquele jeito.

 – Sim, você dormiu e eu não consegui tirar suas roupas, depois dormi também, que estava cansada.

Ele tratou de se levantar, tomou um gole do café e se fechou no banheiro. Demorou uns quarenta minutos, estava refletindo na mancada que dera. Não poderia contar a ninguém, ou seria motivo de deboche por parte de seus amigos. Passaria a ser conhecido como o noivo que dormiu na noite de núpcias; uma vergonha total.

Laura foi ver os presentes, que estavam no quarto de visitas; havia muitas coisas para serem abertas. Esperaria por Luís Carlos para abrirem juntos. Estava magoada, decepcionada, nunca imaginara uma situação como aquela.

Nesse momento, ele adentrou o quarto e foi logo agarrando sua mulher. A toalha caiu e ele pegou Laura no colo, levando-a para a cama do casal. Ali, com o Sol iluminando tudo, foi concretizado o enlace matrimonial.

A mulher sorriu, foi um momento inesquecível em sua vida. Ainda se lembrava da emoção sentida naquele instante. Tornou-se mulher nos braços de seu amor. Uma felicidade plena, que apagava todo o ocorrido, ficava o segredo entre eles, a mancada da noite de núpcias.

Ficaram ali deitados se entreolhando e felizes por serem apaixonados um pelo outro. O dia passou entre abraços e beijos, não viajaram porque queriam passar o Natal com seus familiares. Viajariam somente em janeiro, uma semana na praia, era tudo o que teriam como lua de mel.

Na segunda-feira, Luís Carlos voltou ao trabalho e ela começou sua vida de dona de casa. Encarou o fogão e as coisas não deram muito certo, o arroz ficou salgado e o bife duro. Mas, em nome do amor, ambos comeram sem reclamar.

 Passaram três dias curtindo o amor e se conhecendo melhor, então chegou a véspera do Natal e eles passaram a noite com seus familiares. Laura estava muito bonita com seu vestido vermelho e o marido a acompanhava satisfeito.

Foi uma noite memorável, a primeira noite de Natal do novo casal, que se repetiu durante trinta e cinco anos. Tiveram dois filhos, Artur e Selma, que lhes deram cinco netos, todos criados e encaminhados.

 Quando a vida parecia sorrir para eles, que passeavam sempre juntos, conhecendo novos lugares, aconteceu o pior. Luís Carlos amanheceu morto na cama, ao lado de Laura, um enfarte fulminante.

 Ela não percebeu nada e levou o maior susto quando tentou acordá-lo, o corpo estava frio e enrijecido. O médico disse que fazia algumas horas que ele falecera. Ali ela também morreu um pouco.

 Não quis ficar na casa e foi morar com sua filha. Descobriu todas as dores do mundo, curtiu uma depressão durante anos seguidos. Pensou muitas vezes em tirar a própria vida, só não o fez porque era temente a Deus.

Entretanto, um milagre aconteceu, ela conseguiu lembrar-se de todos os anos felizes, que vivera em companhia do marido e sentia-se leve. Aquele lugar, embaixo daquela árvore, lhe devolvera a vida, então, levantou-se e foi para sua casa preparar a ceia de Natal.

À noite, na hora do brinde ela foi até a varanda e olhando para o céu, ergueu o cálice e brindou:

 - Feliz Natal amor, o compromisso continua; é só uma questão de tempo.

 

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

"A PRIMAVERA CHEGARÁ, MESMO QUE NINGUÉM MAIS SAIBA SEU NOME, NEM ACREDITE NO CALENDÁRIO, NEM POSSUA JARDIM PARA RECEBÊ-LA." CECÍLIA MEIRELES

QUE SUFOCO!!!

                                         CAPÍTULO QUATRO

          Laura se esquecera da vida, eram lembranças boas de um passado distante, queria prolongar aquele momento. Em suas recordações, sentia-se jovem, cheia de vida e estava apaixonada por Luís Carlos, que se tornaria seu esposo antes do dia terminar; aquele pensamento a deixava excitada. Naquela noite, todos os mistérios das noites de núpcias seriam revelados.

              Era proibido para as moças, naquela época, perguntarem coisas sobre sexo para a mãe ou outra pessoa da família. Era um assunto para mulheres casadas, para as solteiras era tabu. As coisas que a maioria sabia, eram ditas por colegas em conversas furtivas. Assuntos que foram lidos em revistas proibidas, geralmente dentro de banheiros e relatados por pessoas de fama duvidosa.

               Havia muito medo envolvendo a lua de mel, muitas histórias eram contadas em rodinhas de vizinhas ao entardecer, como por exemplo:

                - “A filha de um conhecido sitiante se apaixonou e casou-se com o filho do farmacêutico da pequena vila. Era conhecida como moça direita e foi entregue ao marido em confiança. No entanto, o dia seguinte ainda não havia nascido e o rapaz estava na porta do sitiante, para devolver a moça”.

           “Furioso, o noivo esbravejava que a noiva não era virgem e ele não queria mulher de segunda mão. Enquanto o pai não sabia o que dizer, a moça chorava copiosamente. O marido, ultrajado, jogou a mala da noiva nos pés do sitiante e saiu cantando pneu no velho carro de seu pai”.

               Estava desfeito o casamento, que seria anulado e a moça nunca mais arrumaria outro marido. Teria que ficar dentro de casa ajudando a criar seus sobrinhos. Essa e outras histórias tiravam o sono de muitas moças, era a desgraça total. Em uma sociedade machista e patriarcal, as moças se continham por medo de ficarem faladas. Uma ou outra que se perdia, ficava para titia.

            Nesse contexto, Laura estava se aprontando para subir ao altar, amava o noivo e ele não poderia vê-la antes do casamento. Os dois se encontrariam no tapete vermelho da Matriz e dali sairiam para uma vida juntos, cheia de amor e de lutas.

               Ela estava muito bonita com seu vestido branco e um véu que descia sobre a cauda do vestido. O buquê de flores de laranjeiras enfeitava o conjunto harmônico. Luís Carlos em seu terno preto, impecável, aguardava a noiva amada. O pai entregou a filha ao noivo e subiu ao altar. Os noivos se entreolharam, havia amor no olhar de ambos.

             O Monsenhor, que estava celebrando o enlace matrimonial, se empolgou e demorou no sermão, mais do que havia previsto. Em dado momento, o noivo titubeou e desfaleceu. A madrinha, que era sua irmã, tratou de ampará-lo. Luís Carlos estava branco como uma folha de papel sulfite. A noiva, espantada, entregou o buquê para a outra madrinha e começou a rezar, ainda não tinham dito “sim”.

              Alguém correu para pedir ajuda e outra pessoa foi até a casa do vizinho. Ambas voltaram com xícaras nas mãos, uma continha açúcar e na outra tinha sal. Colocaram o sal na boca do noivo e ele fez careta, depois abriu os olhos, o açúcar foi deixado de lado. Apoiado, ele conseguiu se levantar. O Monsenhor, então, tratou de terminar a cerimônia, para que o rapaz tomasse um pouco de ar puro do lado de fora da igreja.

Todos se entreolharam e a madrinha exclamou: - Que sufoco!

Laura saiu da igreja abraçada ao marido, estava trêmula, quase o perdera. Um amigo, que estava entre os convidados, explicou que ele teve uma hipoglicemia, motivada por excesso de bebida, que o noivo tomou durante a despedida de solteiro. E com a correria do dia do casamento, ele não se alimentara o suficiente.

O casal ficou na festa o tempo necessário para cortar o bolo e depois fugiram do local, no automóvel do padrinho. O marido estava enfraquecido pelo desmaio e se jogou na cama, adormecendo em seguida. Laura tirou os sapatos dele, o paletó, o cinto, a gravata e em seguida cobriu seu corpo com o lençol. Nada poderia fazer, sua lua de mel estava arruinada.

Ela tomou banho, vestiu a camisola do dia, que estava separada e se enfiou debaixo da coberta, estava cansada. Luís Carlos roncava em seu sono reparador. Sua lua de mel fora adiada, mas os sonhos continuavam presentes. A esposa beijou os lábios do marido, que nem se mexeu, em seguida, ela adormeceu.

 Laura suspirou, precisava voltar para sua casa.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

                                 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

"PLANTE HOJE A SEMENTE DA FLOR QUE VOCÊ DESEJA COLHER AMANHÃ". MAYARA BENATTI

                                      AH! O AMOR

                                            CAPÍTULO TRÊS

             Laura estava motivada e resolvida a preparar a ceia de Natal, chamaria os filhos e netos. Estava viva e queria ser feliz com seus familiares, assim, ela armou a árvore, colocou luzes brilhantes e uma guirlanda na porta de entrada. A casa ganhou vida, do ar de abandono e tristeza, agora exalava esperança; estava limpa, arrumada, colorida e festiva.

              Na quarta-feira ela foi ao supermercado e comprou os mantimentos para a ceia. No dia seguinte seria a véspera do Natal e ela passaria o dia todo cozinhando os assados e doces, para servir aos seus familiares. Durante muitos anos, a ceia de Natal foi realizada em sua casa, uma alegria para todos.

             As compras que foram feitas no supermercado, seriam entregues somente no período da tarde, então, ela tinha tempo para descansar na praça. Alguma coisa a atraia para aquele lugar, ali ela se conectava com seu passado e acalmava seu coração.

              Sentou-se mais uma vez embaixo da árvore, que para ela representava a volta à vida. Ficou algum tempo olhando as formigas cortadeiras, que continuavam na mesma labuta, cadenciada e constante.

                - O formigueiro deve estar cheio de folhas das árvores desse jardim, mas, elas não descansam. E, se alguém não as pararem, o futuro do jardim será um deserto. Ela pensou e mentalmente vislumbrou um deserto naquele lugar e fechou o semblante.

              – Não, isso não pode acontecer! Esse lugar não pode acabar.

            Em seguida, Laura fechou os olhos e voltou ao passado novamente. Sentiu seu amor crescer por Luís Carlos, ele a tratava com carinho e amor. O namoro acontecia em locais escondidos, até que seu pai tomou conhecimento e os chamou para uma conversa. Desse modo foi colocada a necessidade de uma atitude mais séria do rapaz.

             - Ou namora em casa ou não tem mais nenhum encontro às escondidas. O pai foi taxativo.

              O consentimento para o noivado foi cheio de recomendações. Ela se lembrava perfeitamente das palavras, que ele disse ao aprovar o noivado:

              - Laura é uma boa moça e lembre-se do que vou dizer. Ela tem família que a ama muito, portanto nunca a maltrate ou terá que responder por isso.

          Foi um jantar animado, o casal parecia feliz. E, na hora da despedida rolou um forte abraço e um beijo intenso e profundo. A moça entrou correndo para seu quarto, foi naquele momento que ela percebeu todo o desejo do homem, contido por seu amor.

               Um barulho a despertou de seu devaneio, abriu os olhos e viu que não havia nada ao seu redor, foi uma motocicleta que passou rapidamente por ali. Então, mergulhou em seus pensamentos novamente; era um lugar confortável, que afagava sua alma inquieta.

           A senhora abriu os olhos, ainda podia sentir um arrepio na espinha, estava viva. Todas as lembranças eram boas e ela não queria sair dali, estava extasiada.

             Nos meses seguintes houve a preparação do casamento, tudo feito com muito capricho pelas duas famílias. Quanto ao noivo, aumentava suas investidas com palavras e atos mais picantes, ele sussurrava em seus ouvidos palavras de amor e desejo. Era um tempo de controvérsias, o sangue queimava em suas veias, também queria se entregar ao amor nos momentos da despedida.

             Mas tinha muito medo de uma gravidez inoportuna, que envergonharia seus pais. Assim, Luís Carlos e Laura se despediam e continuavam a espera da noite de núpcias. O ano demorou a passar, havia pressa em se entregarem ao amor pleno.

           O casamento foi marcado para um sábado, dia vinte de dezembro de um mil novecentos e sessenta e nove. As lembranças estavam vivas em seu pensamento, havia um sentimento mágico que envolvia aquele dia especial. Com um sorriso nos lábios ela retornou para o dia do seu casamento.

 

 Um texto de Eva Ibrahim 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

"ESTÃO VOLTANDO AS FLORES" - EMILIO SANTIAGO - "VÊ, AS NUVENS VÃO PASSANDO, VÊ, UM NOVO CÉU SE ABRINDO. VÊ, O SOL ILUMINANDO, POR ONDE NÓS VAMOS INDO." COMPOSIÇÃO: PAULO SOLEDADE

A LUZ DO LUAR

                                          CAPITULO DOIS

          Laura sentia-se mais leve, alguma coisa havia mudado dentro do seu coração. Voltou para sua casa e fez uma limpeza geral, precisava organizar a casa, para armar a árvore de Natal. Queria reunir sua família na ceia, espantar o vírus e todas as doenças de uma vez por todas, estava decidida.

              A terça-feira amanheceu com tempo nublado, mas não estava chovendo, assim, a mulher saiu cedo para comprar novos enfeites para a árvore. Era costume, a cada ano acrescentar novas bolas ou luzes, diziam que dava sorte. Quando voltava das compras, resolveu sentar-se novamente sob o Flamboyant, queria descansar um pouco e olhar as formigas cortadeiras.

              Aquele era um lugar mágico, onde ela podia soltar sua imaginação e relembrar o passado. Fechou os olhos e as imagens da manhã daquele Natal tão esperado, começaram a tomar vida em seus pensamentos.

               A menina acordou e pulou da cama:

               - Será que o papai Noel passou por aqui? Perguntou gritando e acordando seu irmão.

               Os dois se abaixaram para olhar debaixo das camas e lá estavam os presentes. Rapidamente pegaram e abriram as caixas, estavam ansiosos demais, para esperar os pais acordarem. José, o irmão, pegou os soldadinhos de chumbo e ela abriu a caixa de maquiagem, para ver se estava tudo ali.

               Ficou maravilhada, era uma caixa cuja tampa tinha um espelho redondo e estava cheia de coisas para promover a beleza da mulher. Sua avó e seus pais prepararam seu presente direitinho, mas os louros foram para o bom velhinho.           

               Laura estava muito feliz e aquela sensação tomou conta do seu coração. Depois de muito tempo, ainda podia sentir aquela sensação de felicidade.

             A mulher parecia embevecida pelas lembranças daquele dia de Natal, no qual ela tinha apenas nove anos. À noite, sua mãe e algumas vizinhas sentaram-se em frente as casas e as crianças ficaram brincando na rua, enquanto as mulheres conversavam. Era noite de luar, os meninos brincavam de pique esconde e as meninas sentaram-se na calçada, para falar de seus presentes.

             Uma delas olhou para a lua e disse:

             - Olha lá, o São Jorge está montado em seu cavalo branco. E todos os olhares se voltaram para a lua cheia, que brilhava iluminada de luz prata.

             Era sabido por todas as crianças, que São Jorge morava na lua e naquela noite mágica, ele parecia estar montado em seu cavalo branco. As meninas pareciam encantadas e não tiravam os olhos daquela imagem, enquanto isso, os meninos riam delas, dizendo:

               - Bobas, aquilo são nuvens e não o santo guerreiro.

                Elas protestavam, mas eles não davam trégua, riam para valer. Formada a contenda, as mães interferiram mandando cada filho, para sua respectiva casa, acabara a brincadeira. As meninas saíram chorando, mas tinham a certeza de que era o santo, que estava na lua.

                Laura sorriu, fora uma criança feliz, num tempo em que as coisas simples davam o tom na vida.

             O tempo passou e ela foi para o Ginásio, lá ela descobriu muitas verdades pelas bocas dos meninos mais espertos, que adoravam provocar as meninas. Mas, entre eles havia um que tinha um olhar diferente, chamava-se: Luís Carlos. Quando seus olhares se cruzavam, ele abaixava a cabeça e ela ficava vermelha.

               Essa situação perdurou por dois anos, então veio a ditadura em um mil, novecentos e sessenta e quatro. Tempos difíceis e de muito medo em todos os lugares. Laura já era uma moça com dezesseis anos e acalentava o primeiro amor. Luís Carlos tomou coragem e numa quermesse da escola, através de um correio elegante, declarou seu amor para ela.

              O primeiro encontro aconteceu atrás da barraca da pescaria, em uma noite de luar. Ali eles se beijaram pela primeira vez, um selinho para os padrões de hoje em dia. Mas para os dois apaixonados, foi a maior emoção.

             Com os olhos semicerrados, a mulher estava envolvida pelas lembranças.  De repente, caiu uma flor em cima de sua cabeça, trazendo-a para a realidade. Olhou no relógio e se apressou, fazia duas horas que ela estava ali, revivendo o seu passado. Em seguida, levantou-se e caminhou em direção à sua casa, levava no peito o espírito de Natal.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

 

MEU MUNDO REINVENTADO.

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