MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

"NOITES TRAIÇOEIRAS" -PADRE MARCELO ROSSI- "(...) E AINDA SE VIER NOITE TRAIÇOEIRA, SE A CRUZ PESADA FOR, CRISTO ESTARÁ CONTIGO". O MUNDO PODE ATÉ FAZER VOCÊ CHORAR, MAS DEUS TE QUER SORRINDO".

                            UM BUQUÊ DE ROSAS

CAPÍTULO SEIS

           Na manhã de sexta-feira, começa o translado da imagem da Virgem Peregrina. Bem cedo é rezada a missa na Basílica da Virgem de Nazaré e as oito horas da manhã, acontece a procissão do Círio, que é o translado até a cidade de Ananindeua.

              A saída ocorre em frente a Basílica e percorre cerca de cinquenta quilômetros, até chegar à Igreja de Nossa senhora das Graças, na cidade vizinha. A caminhada dura dez horas, chegando ao destino as dezoito horas. Durante o trajeto, essa procissão deve envolver mais de um milhão de pessoas.

              Edileusa e Caetano estavam prontos, para acompanhar a imagem da Santa até Ananindeua. Ela queria cumprir sua promessa, que consistia em rezar um rosário inteiro, durante a romaria. Com muita fé no coração, os dois seguiam a multidão, da qual emanava muita energia positiva. Milhares de pessoas em oração são agradáveis aos olhos dos céus e ali, não havia nenhuma nuvem no horizonte de Belém do Pará, era um dia perfeito.

              O religioso que celebrou a missa pela manhã, seria o mesmo que celebraria a missa vespertina, antes de iniciar a vigília noturna. Durante toda a noite, milhares de devotos permaneceram em frente à igreja de Nossa Senhora das Graças. Assim, aconteceu o translado da imagem da Virgem Peregrina.

            No sábado de manhã, a romaria rodoviária saiu em direção a cidade de Icoaraci. Durante o trajeto, a imagem da Santa recebeu homenagens dos devotos em bares, restaurantes, postos de combustíveis, condomínios e vilas a beira da estrada. Por onde passou, em carro aberto, foi aplaudida e reverenciada.

          Caetano e Edileusa pegaram carona em uma caminhonete de conhecidos e fervorosamente acompanhavam a procissão de milhares de veículos. A moça tinha o pensamento fixo no rosário, que trazia nas mãos. Ela procurou em diversas lojas de produtos religiosos, para encontrar um rosário. Diferente do terço, o rosário tem vinte dezenas e duzentas Ave-Marias, que correspondem a quatro terços.

           “Segundo a tradição católica, o nome de Rosário foi dado, pois a cada Ave-Maria que rezamos é como se entregássemos uma rosa à Nossa Senhora. No final de duzentas rezas, entregamos um lindo buquê de rosas à Virgem Santíssima”.

              Edileusa continuava suas orações em voz baixa e concentrada, era a sua promessa para a Virgem de Nazaré. Sentada no fundo da carroceria do veículo, nada a dispersava. Caetano se mantinha próximo para protege-la de solavancos, que poderiam machucá-la.

             Chegando a Icoaraci iniciou-se o posicionamento da comitiva da imagem da Santa, para começar a romaria do Círio fluvial. A imagem seguiu de barco pela baia de Guajará de Icoaraci, até o porto de Belém. Formou-se uma procissão de barcos pesqueiros, jet Skis, canoas, iates enfeitados e outros, para homenagear a santa.

             O casal continuava firme no propósito de acompanhar a imagem, até sua chegada à Basílica. Edileusa continuava com o Rosário nas mãos, em uma súplica contínua. Quando o barco em que o casal se encontrava passou pela embarcação, em que a Santa estava, a moça jogou uma rosa, com seu pedido de socorro.

           Ela não percebeu, mas a rosa ficou enroscada no barco entre outras flores. A romaria seguiu em frente até o porto de Belém e a partir da Estação das Docas iniciou-se a moto-romaria. Era composta de muitas motocicletas enfeitadas, que partiram buzinando freneticamente em homenagem a Virgem, até o Colégio Gentil Bitencourt. Por todo o trajeto anunciavam a passagem da Imagem da Santa.

          Então, na noite do sábado ocorreu a transladação, que é realizada a pé.  A Imagem peregrina é colocada em uma berlinda, que é atrelada a uma corda de 400 metros e puxada pelos devotos até a Catedral da Sé. A corda é feita de sisal e é disputada pelos fiéis, que querem segurá-la para ficar bem perto da berlinda, onde está a imagem, formando assim, um cordão humano ao longo da corda.

               Além dos carros de promessas, onde pode-se observar velas do tamanho das pessoas, existem os membros humanos em cera, esculturas de partes do corpo, casas, barcos e outros bens em miniaturas, oferecidos pelos devotos, em agradecimento aos milagres recebidos. Vale tudo para demonstrar agradecimentos, os fiéis vão descalços, com crucifixos, com imagens da santa e outros objetos relacionados aos milagres recebidos. Pode-se observar crianças vestidas de anjos, para cumprir promessas de seus pais, que vão acompanhando a romaria.

            A procissão do Círio reúne cerca de dois milhões de pessoas e é o ponto alto da festa, que sai da Catedral da Sé até a Basílica de Nazaré.

             Edileusa e Caetano, também, estavam segurando na corda, que tinha quatrocentos metros e pesava setecentos quilos. E, ao chegar ao destino, a romaria se concentrou em frente à Basílica e os devotos atacaram a corda, cortando-a, para cada um levar um pedaço para casa, pois acreditam dar sorte.

            A moça saiu com um palmo da corda, que o seu namorado conseguiu cortar com um canivete. Ambos estavam orgulhosos pelo feito, a corda lhes passava a certeza da promessa cumprida.

          O rosário foi dependurado na parede da sala de sua mãe, com a recomendação de deixa-lo ali para sempre. Edileusa estava serena, entregara o buquê de rosas prometido à Virgem de Nazaré e tinha consigo o pedaço da corda, que para ela era uma relíquia.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

Pesquisas no YouTube e no blogspot “Nossa sagrada família”.

 

 

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

"NOITES TRAIÇOEIRAS" - PADRE MARCELO ROSSI- "(...) ESCUTE: OH! OH! DEUS TE TROUXE AQUI, PARA ALIVIAR O SEU SOFRIMENTO. OH! OH! É ELE O AUTOR DA FÉ, DO PRINCÍPIO AO FIM EM TODOS OS SEUS TORMENTOS. E AINDA SE VIER NOITES TRAIÇOEIRAS, SE A CRUZ PESADA FOR, CRISTO ESTARÁ CONTIGO. (...)".

O MANTO DA VIRGEM

CAPÍTULO CINCO.

            A cidade estava cheia de turistas, que se amontoavam nas lojas, hotéis, bares, restaurantes e feiras; havia muita gente comprando e consumindo, fazendo a alegria do comércio local. Parecia uma festa permanente, muitos sorrisos e manifestações de contentamento. Estar ali, era a realização de um sonho para muitas pessoas.

             Uma festa religiosa que alimenta a esperança de devotos e demonstra o agradecimento da massa popular, pelos milagres e graças recebidas. A maioria tem algum pedido que foi atendido, para contar aos amigos e parentes.

             Edileusa estava ali porque era devota da virgem e precisava ser agraciada pela cura da doença, que se desenhava em seu corpo. Colocou a mão sobre o seio direito, na esperança do caroço ter sumido. No entanto, ele continuava lá, e parecia ter aumentado de tamanho. Uma ruga profunda vincou em sua testa:

              - Será que está piorando? Fez essa pergunta ao seu coração e imediatamente voltou seus olhos para o céu. Então, suplicou por misericórdia:

               - Não permita Mãe Santíssima, que essa pedra permaneça em meu caminho. Imploro que me conceda a graça da libertação dessa doença. E duas lágrimas rolaram pelo seu rosto.

             A semana passou rápido e quando chegou a quinta-feira, havia uma expectativa na maioria da população local e nos turistas também. Helena explicou para sua filha e o namorado dela, que durante a missa das dezoito horas, na Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, seria apresentado o Manto da Virgem para o ano de dois mil e dezenove.

            Confeccionado com fidelidade ao tema do ano, estabelecido pela Diocese do lugar, o Manto era uma verdadeira joia, que envolveria a imagem da Virgem nas procissões e atos religiosos.

            Todos os anos, um novo Manto é confeccionado para cobrir a imagem, nas celebrações das festas do Círio de Nazaré. A peça é desenhada e confeccionada por profissionais especializados, que doam seu tempo e seu trabalho para agraciar a virgem com todo esplendor, que ela merece. É custeado por doações de fiéis, alguns, que já receberam um milagre da Santa.

              O Manto deve ter como características, o simples e o belo. Os elementos de destaque do ano de dois mil e dezenove são: as flores das sumaumeiras, a cruz e o broche.

          A sumaumeira é considerada, entre os povos da região amazônica, como a rainha das árvores, que representa a vida entre nós. Á delicadeza da virgem é representada por pequenas flores da árvore, distribuídas harmonicamente ao redor do manto. A cruz foi confeccionada na parte de trás do Manto e trabalhada com pedrarias sobre uma base reluzente. E fechando a frente do Manto, temos o broche dourado, que homenageia os trezentos anos da Diocese de Belém.

             Como o tema daquele ano foi: “Maria, Mãe da Igreja”, havia toda uma celebração para expressar o valor da vida cristã, ancorada no mistério da cruz e na defensora dos oprimidos, a mãe do redentor.

             Edileusa estava animada para ir à missa na Basílica, queria ver a apresentação do Manto da Virgem. Caetano e Helena iriam acompanhar a moça, todos estavam curiosos para ver a nova peça do vestuário da Santa.

            A certa altura da missa, as luzes foram apagadas para a apresentação do Manto da Virgem Peregrina, que seria usado na festa daquele ano. Em meio a escuridão podia-se ouvir o som da floresta, pássaros com seus cânticos e animais noturnos com pios e sons diversos. Mas, logo se fez silêncio, aguçando a percepção do público.

           Nesse momento, apareceu a Virgem com seu Manto reluzente de pedrarias e no fundo uma voz feminina cantando a “Ave Maria”. Diante do silêncio da Basílica lotada de fiéis, cada um prestou sua homenagem particular.  

            Muitos choraram de emoção, alguns permaneceram mudos e outros se ajoelharam. Na verdade, todos se renderam àquele momento mágico. Um Manto esplendoroso, com sua beleza majestosa, enfeitava a Mãe da Igreja.

          Nas mãos do religioso, ela pode ser filmada e fotografada pelos profissionais que ali estavam e pelos fiéis, que se acotovelavam para garantir um melhor ângulo. A imagem foi conduzida por entre os bancos e colunas da Basílica e os fiéis aplaudiam, fervorosamente, sua passagem.

           Edileusa parecia estar em transe, com seus olhos pregados na Santa, não se cansava de pedir sua misericórdia. Helena nada percebeu em meio a todo aquele burburinho. Caetano se mantinha ao lado da moça, queria protege-la a qualquer custo. No templo havia muitas esperanças e energia de amor ao próximo; um momento de paz entre os seres humanos.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

Pesquisas no Youtube e na Wikipédia.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

"NOITES TRAIÇOEIRAS"- PADRE MARCELO ROSSI- "(...) FALE COM DEUS, ELE VAI AJUDAR VOCÊ. APÓS A DOR VEM A ALEGRIA, POIS DEUS É AMOR E NÃO TE DEIXARÁ SOFRER. (...)"

A CORDA E AS ROMARIAS

CAPÍTULO QUATRO

            O rapaz chegou trazendo um pouco de conforto para Edileusa, cuja alma vivia num turbilhão de incertezas. Só Caetano conhecia o problema, que sua namorada estava amargando. Com ele, ela podia se lamentar e até chorar, que tinha um ombro para colocar sua cabeça; ele era seu porto seguro.

             O tema da festa do Círio de Nazaré de dois mil e dezenove era: “Maria, Mãe da Igreja”. A cidade estava em alvoroço, muitos turistas por todos os lugares, havia uma previsão de mais de um milhão de pessoas para participar dos festejos daquele ano. Edileusa não se cansava de admirar a evolução, que a festa do Círio tivera nos últimos anos. Era filha da terra e já nem se lembrava mais da beleza das comemorações.

              À noite, sentados no abrigo da casa da mãe de Edileusa, viram passar, ali em frente, dois enormes caminhões carregados com cordas. Caetano ficou surpreso e perguntou:

               - Para que serve tantas cordas? De onde estão vindos esses caminhões?

             Helena, a mãe, sorriu e disse:

              - Essas cordas vêm de Santa Catarina, viajam dias para participar da festa. São um dos símbolos da devoção do povo, quiçá o mais importante, depois do manto da virgem. Somam oitocentos metros de corda de sisal, que são financiadas por anônimos, que fazem esse ato de caridade para homenagear a Virgem de Nazaré.

           Caetano, então, prosseguiu:

               - Como isso é possível? Onde ficam essas cordas?

              A mulher sorriu novamente e continuou: 

              -Desde o século passado, nos idos de um mil oitocentos e oitenta e cinco, houve uma tempestade e uma enchente na hora da procissão. A berlinda, onde estava a Virgem de Nazaré, ficou atolada e os cavalos não conseguiam puxar o andor. Os animais foram soltos e um comerciante do local emprestou uma corda, para que os fiéis puxassem a pequena carruagem. Desde então, a corda é utilizada como o elo entre a população e a santa.

            - A corda vem dividida em duas partes, quatrocentos metros são usados na transladação e os outros quatrocentos na procissão do domingo. Todos querem segurar na corda, ou até mesmo tocá-la para pagar promessas e receber as bênçãos da Virgem de Nazaré.

            A festa acontece durante quinze dias, durante a chamada quadra Nazarena e culmina no segundo domingo de outubro, não tendo uma data fixa. O Círio é uma grande vela, que acompanha a Virgem durante a procissão, de um lugar para outro. Existem vários objetos simbólicos, que atraem as pessoas para admirar e acompanhar o desenrolar da festa religiosa.

           Um deles é a berlinda: um andor em forma de carruagem, que abriga a imagem da Virgem. É carregado de flores, que enfeitam o nicho onde a Santa fica durante o translado e a procissão. Tem, também, além da corda, as romarias, o rosário, o manto, as crianças vestidas de anjos e outros.

             O translado acontece na sexta-feira e marca o percurso da imagem da Virgem de Nazaré pelas ruas de Belém até a Igreja Matriz da cidade de Ananindeua, município vizinho de Belém do Pará. O percurso é feito em carro aberto, no qual a imagem da Santa recebe muitas homenagens e passa a noite na Igreja sob vigília dos fiéis. Essa romaria acontece na sexta-feira para sábado, que antecede o domingo do Círio.

             No dia seguinte, de madrugada acontece a missa antes da partida da imagem da santa. A romaria rodoviária se dá ainda na madrugada e os fiéis, em grande número, aguardam a passagem da comitiva, que é composta de carros oficiais e de romeiros, até a vila de Icoaraci.

            Ali, então, é iniciada a romaria fluvial, que leva cerca de cinco horas em um trajeto pela baia do Guajará. É uma festa muito grande com barcos de todos os tipos e tamanhos, que são enfeitados de flores, fitas coloridas e bandeiras, colorindo a baia em homenagem à Santa.

          Caetano estava admirado, com tantas novidades encontradas naquele lugar. Abraçou sua namorada e a beijou na testa, era um sinal de proteção. Ali existia amor verdadeiro. Estavam ali para uma missão especial, precisavam de um milagre.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa. 

Pesquisa nas páginas da Wikpédia.

 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

"NOITES TRAIÇOEIRAS" - PADRE MARCELO ROSSI- "(...) ERGA SUA MÃO E ANUNCIA AO MUNDO, AINDA SE VIER NOITE TRAIÇOEIRA, SE A CRUZ PESADA FOR, CRISTO ESTARÁ CONTIGO. O MUNDO PODE ATÉ FAZER VOCÊ CHORAR. MAS DEUS TE QUER SORRINDO. (...)"

                               A VIRGEM DE NAZARÉ

CAPÍTULO TRÊS

             O desejo de Edileusa foi realizado, abraçou a mãe com carinho e olhando em seu rosto cansado, viu muitas rugas, que surgiram depois de sua partida. Ficou com o coração apertado, quanto tempo ela perdeu de conviver com aquela mulher, que era sua genitora. Pensou em seu problema e implorou, em pensamento, para a virgem não permitir mais uma dor para sua mãe.

              Depois tratou de afastar aqueles pensamentos e abriu as malas. Trouxera presentes para todos, mãe e irmãos, que ela acumulara durante os seis longos anos de afastamento da família. Sempre que sobrava um dinheiro, ela comprava uma lembrança para os seus parentes.

              A mãe sorriu, quando viu um lindo casaco xadrez, era um desejo antigo e muito acalentado. Edileusa sabia que ela queria o casaco para ir à igreja. Helena, a mãe da moça, vestiu a peça tão desejada e ficou se olhando no espelho; era visível a sua satisfação.

              A filha se afastou, estava chorando de felicidade, por poder proporcionar aqueles momentos de alegria, para a mulher que lhe dera a vida. Mas, lá no fundo não tinha sossego, precisava ir à igreja, estava com muito medo da doença, que trazia em seu peito. Tomou banho, jantou e foi dormir, estava muito cansada.

             Quando a moça acordou, viu que estava em sua casa, então levantou-se e foi até a cozinha. A mesa estava posta com o café da manhã e mãe e filha sentaram-se na mesa, para fazer a primeira refeição do dia. Havia alegria naquele momento de intimidade. Há muito tempo as duas sonhavam com aquele encontro.

             Entre uma conversa e outra, a moça perguntou se a mãe sabia a origem da Virgem de Nazaré. Então, Helena disse para a filha:

              - É uma longa história, cheia de pequenos milagres. Muita coisa pode ter sido criada pelo povo, mas a essência é muito bonita. O culto como é conhecido, iniciou-se em um povoado chamado “Vigia” e hoje em dia é celebrado em diversos locais. No entanto, o mais conhecido é esse da capital, Belém do Pará, como é conhecido. A história contada pelo povo e repassada de geração para geração é a seguinte:

             - Na região vivia um caboclo chamado Plácido José dos Santos, o qual era descendente de portugueses e índios, ele andava, sempre, por aquelas bandas. Certo dia, caminhando pelas imediações do Igarapé Murutucu, encontrou, jogada entre as pedras, uma pequena estátua de santa. A imagem tinha cerca de 40 centímetros de altura e o rapaz a levou para sua casa.

           - No dia seguinte, a imagem havia sumido. Plácido ficou bravo, pensando que alguém a tinha pegado e saiu a procura da mesma. Teve uma pequena intuição e voltou ao lugar de origem. Para sua surpresa, ela estava no mesmo local do dia anterior. O rapaz a pegou e a levou de volta para sua casa. Mas, no outro dia, ela estava novamente no mesmo local de origem e durante dias essa história se repetiu.

              - Contando o fato para várias pessoas, chegou aos ouvidos do governador, que ordenou leva-la para o palácio do Governo da Província, onde ficou guardada por escolta. Mas, na manhã seguinte ela não estava mais lá. Plácido então, entendeu que a Santa queria continuar no local onde fora encontrada e, o rapaz construiu uma pequena capela para abriga-la.

            - Muitas pessoas começaram a visitar o local e fazer pedidos à Santa. Os fatos se espalharam e os curiosos se aglomeravam para ver a Virgem.

            - Assim, foi erguida uma igreja no local, pois havia aglomeração de peregrinos da região. Hoje em dia, ali está localizada a suntuosa Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, que acolhe a devoção do povo com mais conforto.

            - Iniciaram-se as procissões para depois das missas na Basílica da Virgem de Nazaré, sendo atribuído a Santa muitos milagres. Começaram a chegar as romarias e gente de todos os cantos do país, para acompanhar as procissões do Círio de Nazaré.

          Helena levantou-se, estava emocionada, já havia sido agraciada por um milagre, quando um de seus cinco filhos esteve à beira da morte.

           Edileusa agradeceu a sua mãe pela bela história do encontro da Santa. Estava confiante em ser merecedora de um milagre também.

             A festa programada começa com um mês de antecedência e, é composta de uma sequência de rituais. O seu ponto alto acontece no segundo domingo de outubro, com a procissão que arrasta multidões. Naquele ano, de dois mil e dezenove, estimava-se que haveria mais de um milhão de pessoas na praça em frente à Basílica.

            A moça estava aguardando a volta de Caetano, para iniciar sua romaria em adoração à Virgem de Nazaré. Ele fora visitar sua família, mas deveria voltar no dia seguinte e juntos viveriam aqueles dias de adoração à Virgem de Nazaré.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

PESQUISAS NA WIKIPÉDIA

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

"NOITES TRAIÇOEIRAS" -PADRE MARCELO ROSSI- " (...) OH! OH!. DEUS TE TROUXE AQUI, PARA ALIVIAR TEUS SOFRIMENTOS, OH! OH! É ELE O AUTOR DA FÉ, DO PRINCÍPIO AO FIM. EM TODOS OS SEUS TORMENTOS. (...)"


 

A ROTA DA ESPERANÇA

CAPÍTULO DOIS

             O casal poderia ter comprado passagens de avião, mas queriam aproveitar a viagem para rever as paisagens, que viram quando se mudaram para São Paulo. Caetano também era do norte do país, de uma pequena cidade do interior do Pará.

            Edileusa queria pensar nos acontecimentos recentes, filtrar as emoções e procurar entender a causa daquilo tudo. Ela nunca se preocupara com a saúde, era forte e saudável. Trabalhava desde menina, nunca ficava doente e agora, aquele caroço na mama acabara com seu sossego.

            A viagem era de dois dias e meio em um ônibus confortável. A noite os passageiros dormiam e pela manhã havia uma parada para a higiene pessoal e café da manhã. Depois retomavam a estrada em direção ao norte do país. Essa poderia ser uma viagem maravilhosa, se não houvesse esse problema martelando em sua cabeça.

          Saíram na segunda-feira e quando o ônibus parou na manhã de terça-feira, tudo o que ela queria era tomar banho. Em uma parada programada havia todas as coisas, que os passageiros precisavam. Edileusa tomou banho, tomou café e comprou salgadinhos, balas e água para degustar no ônibus.

            Seguiram em frente, a próxima parada foi em Goiânia. Almoçaram e prosseguiram viagem; a moça cochilava com a cabeça no ombro de Caetano; parecia que estava tudo bem.

            Já era noite quando o coletivo parou para o jantar em Tocantins. Os passageiros já demonstravam cansaço e ainda estavam na metade da viagem. Edileusa tomou outro banho, o calor era intenso em meio a uma estiagem prolongada.

           - O banho parece aliviar o meu cansaço. Disse para Caetano, que seguiu a namorada e também tomou banho. 

           Em seguida, jantaram e voltaram para o ônibus; teriam outra noite mal acomodados. No entanto, estavam cada vez mais perto de seu destino. A moça trazia um terço na bolsa e antes de adormecer, rezava cada conta com muita emoção. Quando terminava dizia:

           - Estou chegando minha santa, olhe por mim. E, com os olhos cheios de lágrimas, ela se acomodava no banco para mais uma noite na estrada.

              O casal estava sentado no meio do ônibus e lá no banco da frente, uma menina chorava. A mãe estava brava e falava rispidamente com a criança, que não parava de chorar. Aquele choro constante e lamurioso não deixava ninguém dormir.

             Algumas pessoas começaram a resmungar e depois de meia hora, a criança parou de chorar e a paz retornou ao coletivo, que seguiu seu caminho. Aquela era a rota da esperança, muitas pessoas estavam ali para participar da festa do Círio de Nazaré. Durante as paradas podia-se ouvir comentários sobre a expectativa da festa.

           O Sol se punha no horizonte, já era quarta-feira quando o ônibus alcançou os arredores de Belém. Rodou mais um tempo, que parecia uma eternidade, haja vista a ansiedade das pessoas, depois de setenta e oito horas na estrada. As pernas estavam dormentes, o corpo cansado e a mente ansiosa por rever seus familiares. Foi assim, que Edileusa desceu do coletivo na rodoviária de Belém, no Pará.

            De longe podia-se ouvir música regional, alguém disse:

 - É o Carimbó, uma dança típica do Pará.

          A moça sorriu, foi a primeira vez desde que saíram de São Paulo. Depois seguiram o fluxo de gente, até avistar uma aglomeração. Abrindo espaço e pedindo licença, chegaram onde estavam dois casais de dançarinos, rodopiando ao som das músicas típicas do local. Finalmente ela estava em casa, queria abraçar sua mãe e irmãos, o pai já não estava nesse mundo de Deus.

            No táxi, a belenense avistou a matriz da Virgem de Nazaré, onde estava depositada toda sua esperança. Iria se jogar aos pés da santa, iria suplicar até a exaustão se fosse necessário, estava determinada. Voltara em busca de um milagre, fizera todo o trajeto da rota da esperança; agora iria até o fim.

            Caetano seguiria viagem para rever seus familiares, mas retornaria em dois dias. Ele amava Edileusa e nunca a abandonaria, muito menos naquela situação.

         Um texto de Eva Ibrahim Sousa

 

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

"NOITES TRAIÇOEIRAS" -PADRE MARCELO ROSSI- "DEUS ESTÁ AQUI NESTE MOMENTO. SUA PRESENÇA É REAL EM MEU VIVER. ENTREGUE SUA VIDA E SEUS PROBLEMAS, FALE COM DEUS, ELE VAI AJUDAR VOCÊ". "(...)"

O MILAGRE

AS FÉRIAS

CAPÍTULO UM

              O dia demorou a passar, Edileusa já não sabia quantas vezes tinha olhado no relógio. A moça estava ansiosa, era seu último dia de trabalho, antes de suas férias. Ela solicitou as férias para viajar para sua cidade natal, queria rever seus familiares e participar da festa do Círio de Nazaré.

            Precisava, desesperadamente, de um milagre da Virgem de Nazaré. Não queria e não podia contar para ninguém, o que estava acontecendo com ela. Sua mãe já era idosa e não aguentaria uma notícia ruim; tinha a saúde abalada.

           Fazia uma semana que a jovem não conseguia dormir. O pouco que cochilava, acordava aos sobressaltos.

             – Será que vou morrer? Estou me sentindo bem, a morte deve ser outra coisa. Pensava com enorme preocupação. Em seguida, levava a mão ao seio direito; era ali que estava o problema.

           Naquela mama ela sentia um caroço, que a levara a procurar o atendimento no Pronto Socorro. No momento da consulta, ela viu preocupação nos olhos do médico. Quando apalpou sua mama, ele contraiu os lábios e seu rosto se fechou. Com calma, ele foi reticente e cuidadoso ao dizer que precisava fazer uma biópsia, para saber se aquele achado era benigno ou maligno. A moça tremeu e gaguejou:

               - É necessário mesmo, doutor?

              - Sim, quanto antes iniciarmos o tratamento correto, melhor será o prognóstico. Respondeu o médico, que estava concentrado, escrevendo na ficha da paciente.

             Edileusa, que já estava preocupada pelos causos, que ouvira falar sobre caroços nos seios, ficou apavorada. No entanto, ela não tinha outra saída e se submeteu à biópsia. Foi orientada a retornar ao local após vinte dias, para saber o resultado. Esse tempo seria um martírio em sua vida, a não ser que apelasse para a santa de sua fé.

             Ela não tinha mais sossego e foi à igreja fazer uma promessa para a Virgem de Nazaré.  A jovem era nativa de Belém do Pará e quando apareceu uma oportunidade para trabalhar em São Paulo, prontamente ela aceitou, precisava ajudar sua família.

              Assim, o tempo corria e já fazia seis anos desde esse dia e nunca mais tinha voltado à sua terra natal. Mandava dinheiro, mensalmente, para ajudar sua mãe e o pouco que sobrava, ela punha na poupança.

               A nortista, como tantas outras, trabalhava na produção de uma metalúrgica, era pessoa séria e trabalhadora. Morava em uma vila de operários e namorava com Caetano, seu colega de trabalho. Os dois tinham planos de casamento e ele também guardava todo o dinheiro que sobrava, pensando no futuro.

             Sem saber o que fazer, a moça apreensiva, estava à espera do resultado da biópsia e com esse fantasma de doença em sua cabeça, pediu férias. Queria participar do Círio de Nazaré, tinha a esperança de receber o milagre pedido. A santa é conhecida e venerada por seus milagres; a festa em seu louvor, reúne milhares de pessoas de todos os lugares do Brasil.

          O Círio de Nazaré acontecerá no dia treze de outubro de dois mil e dezenove, no domingo. Com certeza, Edileusa e Caetano estarão suplicando aos pés da virgem, que lhes conceda a graça, de fazer aquele caroço ser de origem benigna. Ela tinha somente vinte e oito anos e era jovem demais para morrer; dizia com os olhos cheios de lágrimas.

             Finalmente, o casal estava na rodoviária esperando o ônibus, para uma longa viagem carregada de esperanças.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

 

 

MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.