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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

"A FELICIDADE" "TRISTEZA NÃO TEM FIM, FELICIDADES SIM. A FELICIDADE É COMO A PLUMA, QUE O VENTO VAI LEVANDO PELO AR, VOA TÃO LEVE, MAS TEM A VIDA BREVE, PRECISA QUE HAJA VENTO SEM PARAR." (...) VINÍCIUS DE MORAES

VITÓRIA É O SEU NOME


PRECISO DE AJUDA

CAPÍTULO UM
            Mateus estava preocupado, dirigia devagar, para que Daniela pudesse observar a paisagem. Ela estava empolgada com a situação, pois ficaram noivos na sexta-feira à noite e receberam de um amigo, a chave da casa dele, para passarem uma semana na praia. Os dois estavam de férias, que juntos haviam planejado para descansar e se divertir muito.

      Trabalhavam na mesma indústria farmacêutica, ele na administração e ela no Recursos Humanos. Conheceram-se nos corredores do refeitório, no horário do almoço. Fazia seis meses que estavam namorando e a moça havia descoberto uma gravidez inesperada.

             Daniela fez o teste de farmácia em sua casa e quando deu positivo, ela chorou.
          Depois, não se cansava de olhar os dois riscos vermelhos na fita do teste. Dormiu chorando, seus pensamentos voavam entre seu amor por Mateus e seus familiares.

             No dia seguinte, contou para o namorado e mostrou a fita com o resultado positivo. Mateus ficou sério, estava surpreso. Ela esperou sua reação com lágrimas nos olhos, estava temerosa e emocionalmente fragilizada.

            Então, o rapaz a abraçou e simplesmente disse:

           - Tenha calma meu amor, estamos juntos para o que der e vier.

            - Ela se aninhou em seus braços e chorou todas as lágrimas, que estavam presas na garganta. Depois voltaram ao trabalho, conversariam mais tarde.

           O médico dissera, após uma ecografia, que ela estava gestante de oito semanas. A moça queria dar a notícia aos seus pais somente depois do casamento, ou sofreria severa censura. Os pais eram pessoas do interior de Minas Gerais e não gostariam que sua caçula fosse mãe solteira, a filha sabia disso.

            Quando Daniela se mudara para a cidade grande, foi alertada por todos, sobre os perigos que encontraria longe de casa. No entanto, a moça insistiu, queria trabalhar, estudar e vencer na vida. Por isso, não poderia voltar para sua família grávida e solteira.  Ela não queria dar nenhum desgosto aos pais já idosos, e os dois namorados resolveram se casar.

             A região era belíssima, Caraguatatuba é uma cidade turística, no litoral norte do estado de São Paulo. Um lugar onde o mar azul fica em frente as montanhas, lá há casas luxuosas com acesso ao mar, formando praias particulares. A casa onde se hospedaria o casal, ficava em uma pequena vila a uns vinte quilômetros dali: Maresias, um lugar famoso, por suas belas praias.

           A casa do Rui, o amigo de Mateus, não era luxuosa, mas um pequeno sobrado situado nos arredores da cidade. E, nas encostas dos morros podia-se observar casas de invasão, crescendo por ali. As montanhas tiveram as encostas desmatadas para construções e havia perigo de deslizamentos de terra e desabamentos de casas, já que havia muitas construções em área de risco.

           - A civilização avança nesse paraíso de maneira desordenada, é uma pena! Daniela fez essa observação com desapontamento.

           - É a maneira, que os menos favorecidos encontram para viver nesse lugar lindo! Respondeu Mateus.

            E, seguiram em frente extasiados com a beleza do lugar.

                    O verão se aproximava e os dias estavam muito quentes. Com altas temperaturas, as nuvens negras se formavam rapidamente e despejavam muita água na região. Os pequenos agricultores de verduras e hortaliças ficavam animados com a possibilidade de boas colheitas. Era um local que enchia as vistas com suas belezas naturais, e estava sempre cheio de turistas.

                         Chegaram e logo começou a chover forte. Trataram de tomar banho e comer um lanche, que compraram no caminho e depois foram se deitar. A energia foi interrompida, por causa de raios e trovões assustadores. A chuva caia torrencialmente e Daniela se agarrou em Mateus, eram muitos relâmpagos e trovões. Apesar do barulho da tormenta, acabaram adormecendo, pois estavam cansados.

           Já era tarde da noite, quando a moça acordou gritando, estava com fortes dores abdominais. Mateus acordou assustado e perguntou o que estava acontecendo. Daniela disse que estava com muitas dores no pé da barriga, enquanto isso, de seus olhos despencavam lágrimas de dor. Depois ela relatou, que estava perdendo algum líquido, que molhava sua roupa.

                Em meio ao escuro, o rapaz pegou o celular e acendeu a luz traseira, para ver o que era o líquido referido. A cama estava suja de sangue vivo, então ele levou a moça para o banheiro, queria que ela tomasse um banho. Depois chamou a polícia, pois não sabia o número da emergência local. Em dez minutos, a viatura estava diante da casa para socorrer a moça.

                Enrolada em uma coberta, Daniela foi levada pela viatura a caminho do Pronto Socorro mais próximo. O percurso foi interrompido por uma queda de árvore na estrada. Ficaram cerca de uma hora esperando que os bombeiros desobstruíssem o caminho. A moça se contorcia em cólicas no banco de trás do veículo. Mateus segurava a noiva nos braços, mas nada podia fazer.

               Finalmente, quando chegaram ao Pronto Socorro foi constatado um processo de aborto em curso, a paciente deveria ficar internada no hospital.

            A moça não se aguentava de cólicas e nem conseguiu protestar, apenas queria que parassem aquela dor. Mateus permanecia ao seu lado segurando suas mãos, era tudo o que conseguia fazer naquele momento; estava assustado. A gestante foi conduzida ao quarto, onde deveria ficar em observação, até que expelisse o feto; pois o aborto fora confirmado. 

           Foram aplicados analgésicos e coletados exames de sangue, enquanto aguardavam o desfecho do quadro apresentado. A moça chorando, pedia ajuda ao namorado, que estava apreensivo e consternado.
           A chuva torrencial continuava firme e forte lá fora.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa


quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

"NÃO FUI EU QUE ORDENEI A VOCÊ? SEJA FORTE E CORAJOSO! NÃO SE APAVORE, NEM DESANIME, POIS O SENHOR, SEU DEUS, ESTARÁ COM VOCÊ POR ONDE VOCÊ ANDAR". JOSUÉ 1; 9 BÍBLIA SAGRADA

O DIA VIROU NOITE

CAPÍTULO SEIS
Houve uma aglomeração muito grande diante das cruzes, onde estava Jesus de Nazaré, rodeado por dois ladrões. Muitos gritavam ironizando a situação, incitavam Jesus para descer da cruz e se salvar, já que se dizia rei dos judeus. As mulheres de Jerusalém choravam copiosamente, pois o seu Deus estava sofrendo o martírio da cruz e elas não podiam fazer nada.

Andreia mantinha-se afastada, mal podia olhar naquela direção, embora conhecesse o conteúdo da encenação, que por sinal era muito realista, sentia-se comovida. A moça tinha uma alma leve, era emotiva por natureza e estava sofrendo como se tudo aquilo, estivesse acontecendo naquele momento. Samuel a amparava e sabia dos sentimentos nobres de sua esposa. Este fora um dos motivos que o levaram a se apaixonar por ela.

O desfecho dessa história comovente, foi iniciado as nove horas da sexta-feira e se arrastaria até as três horas da tarde. O Sol brilhava forte até ao meio dia e a partir daí surgiu uma escuridão, que tomou conta de tudo. Era a agonia do salvador pendurado na cruz e o mundo demonstrava sua indignação escondendo o Sol. Colocaram uma placa no alto da cruz, em que Jesus estava, com a inscrição:

- INRI (JESUS NAZARENO, REI DOS JUDEUS)

Não sabiam que ali estava o Rei de todos os seres da terra, que os aniquilaria se assim o desejasse. No entanto, por amor à humanidade se entregou à morte pelas mãos dos homens.

Jesus e os dois ladrões agonizavam na cruz, então Dimas, um dos ladrões, reconheceu a inocência de Jesus e a injustiça sofrida por ele.  Depois disse aceitar a própria condenação, pois era um ladrão. Assim, ele pediu a Jesus que o salvasse, quando chegasse aos céus. E Jesus respondeu:

- “Na verdade te digo; ainda hoje estarás comigo no paraíso”. LC 23,43.

Em um momento de desespero e dores insuportáveis, Jesus disse:

 - “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste”? E entregou sua alma ao pai.

 Então, a terra tremeu, o chão se abriu com um terremoto e todos que presenciavam as cenas, correram de medo e foram se esconder.

 Em Nova Jerusalém a história se completava, com a escuridão das luzes apagadas, ficando acesos somente alguns candeeiros, dando veracidade aos acontecimentos.

Andreia se agarrou ao corpo de Samuel, e ele a acolheu em um grande abraço.
Jesus de Nazaré estava morto para o mundo. O Cordeiro de Deus fora entregue aos seres humanos, que o mataram.

Seu corpo foi retirado da cruz e entregue à sua mãe. Maria viu morrer seu filho, que tanto amava, seu coração ficou carregado de dor e tristeza, então ela se lembrou, de que Jesus a ofereceu a João, isto é, a nós seus filhos. Resignada Maria aceitou a vontade de Deus e passou a amar a humanidade, como sendo todos seus filhos. Jesus deixou sua valiosa Mãe para nos consolar, defender e interceder junto ao pai.

               Em seguida veio José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus e pediu secretamente a Pilatos, a permissão para retirar o corpo de Jesus daquele local. Depois o levou para sepultar em um túmulo novo, escavado na rocha.

“O corpo sem vida foi envolto em linho e protegido por uma grande pedra”. (Mateus, 27: 57, 60)
                E foi colocado um guarda concedido por Pilatos, na porta do túmulo, para que ninguém o furtasse. Todos os seus discípulos e sua mãe permaneceram ali, ficaram esperando que Jesus se manifestasse. Estavam perdidos, não sabiam o que fazer e passaram a se consolar mutuamente.

                A história prossegue e Jesus de Nazaré ressuscita no domingo, e aparece para muitas pessoas. Então, todos os presentes aplaudem fervorosamente e a alegria pode ser constatada em todos os rostos. Andreia sorri e beija seu marido, a jornada foi difícil, mas puderam entender o amor de Deus pela humanidade.

             No dia seguinte voltariam para sua casa, estavam felizes por conhecer Nova Jerusalém, no Brasil.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas ao Youtube e ao Wikpédia

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

"POR ISSO NÃO TEMA, POIS ESTOU COM VOCÊ; NÃO TENHA MEDO, POIS SOU O SEU DEUS. EU O FORTALECEREI E O AJUDAREI; EU O SEGURAREI COM A MINHA MÃO DIREITA". ISAIAS 41; 10 BÍBLIA SAGRADA

POR AMOR

CAPÍTULO CINCO
            A multidão seguia Jesus de Nazaré, que cambaleava debaixo dos açoites constantes, era muita humilhação para um ser humano suportar. Um pouco mais adiante, apareceram algumas mulheres se lamentando, pedindo clemência para o condenado. Então, ele parou por um instante e falou:

            -“Mulheres de Jerusalém não choreis por mim, choreis por vós mesmas e por vossos filhos”. (Lucas 23;27,28)

               Jesus, mesmo estando aniquilado, ferido, arrasado, ainda tinha forças para consolar as mulheres piedosas, que o seguiam. Então ele disse:

             - “Se fazem isso com o lenho verde, o que farão om o lenho seco”?

Andreia seguia atenta a todas as falas dos personagens, curiosa, olhou para Samuel e perguntou:

              - O que quer dizer lenho verde e lenho seco?

               - Lenho verde era uma vara, que foi jogada nas águas salgadas de Mara, por Moisés, transformando-as em águas doce. Assim, conseguiu matar a sede de seu povo. Certamente, Jesus queria dizer, que se o tratavam daquela maneira, sendo ele lenha viva, inocente e filho de Deus, o que fariam com seus semelhantes?

              Explicou o marido para sua esposa, que observou:

               - Olhando e pensando tudo isso, vemos como o ser humano é selvagem e cruel.

              Jesus se deixava martirizar, porque sabia que era a única maneira de salvar a humanidade, levando consigo todos os nossos pecados. 

            Mesmo estando cheio de chagas e dores lancinantes, provocadas pelas chibatadas constantes e pelos espinhos encravados em sua cabeça, ele sofria com fé e resignação. Todo aquele sofrimento horrível era a esperança para a salvação da humanidade. Jesus viera ao mundo, sabendo de todo o martírio a que seria submetido e como um cordeiro, foi para o matadouro.

           Samuel puxava a sua mulher pela mão, ela se compadecia com a situação de Jesus e ficava para trás. Andreia vivia a história em toda sua intensidade.

           Arrastando-se, Jesus segue em direção ao monte Gólgota, lá o esperava a agonia da morte. Mais um pouco e ele cai pela terceira vez, já não aguentava mais o peso dos pecados do mundo, que eram muito maiores do que o peso da cruz. Nesse momento, Pedro se aproxima e faz uma pergunta a Jesus:

            - “Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão, quando ele pecar contra mim?

Então, Jesus respondeu:

 - “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”.

 O soldado se aproximou e foi logo açoitando o pobre corpo, cheio de chagas, que cambaleando levantou-se. Os brutamontes esbravejando, forçavam o condenado a seguir em frente.

 Finalmente, Jesus chegou ao local de sua crucificação e foi despojado de suas vestes, que posteriormente foram sorteadas entre seus algozes. Ele estava suado e sangrando, sentia muita sede e deram lhe vinagre com mirra, uma espécie de anestésico, que usavam para dar aos condenados na cruz. No entanto, Jesus experimentou e recusou, queria sofrer todas as dores da humanidade. Mais tarde, tomou vinagre puro para saciar sua sede.

O casal se aproximou e quando deitaram o condenado na cruz, a moça começou a chorar. Em seguida trouxeram os cravos para prega-lo na madeira. Andreia deu um passo para trás e entre lágrimas sussurrou:

 – Não quero ver isso, vamos embora.

- Não, vamos ficar até o final, se não quiser olhar, tudo bem. Disse Samuel.

A moça, mesmo de olhos fechados, tinha um sobressalto a cada martelada. Podia-se ouvir os lamentos das pessoas. Tudo parecia muito real, era de arrepiar. Estavam em Nova Jerusalém, no nordeste brasileiro, no ano de dois mil e dezoito e depois de tanto tempo, essa história ainda consegue emocionar a todos.

De repente, surgiu um vento estranho, localizado, que chacoalhava as folhas das árvores, depois sumiu. A encenação acontece a noite, mas na história, o fato se dá as nove horas da manhã da sexta-feira.  

               Logo após, vieram os momentos mais difíceis para o condenado, a cruz foi erguida. Enfraquecido, desidratado, com dores insuportáveis e muito cansado, Jesus foi colocado entre dois ladrões, também crucificados. Então, ele avista o mundo como ele é: cruel e desumano. Reunindo suas forças ele balbucia:

                  - “É por amor, que estou aqui”.

            Olhou do lado direito e viu Dimas, o bom ladrão e do lado esquerdo estava Simas, o mau ladrão. Jesus suspirou, fora feita a vontade do pai.

             - Samuel vendo os três homens pregados na cruz, sofrendo a agonia da morte, abraçou Andreia e disse: 

             - É muito triste, estarrecedor, a pior de todas as mortes e Jesus foi crucificado como se fora um ladrão. Porém, era seiva viva de lenho verde, que poderia transformar qualquer coisa em água viva.

             Então, as mulheres de Jerusalém se aproximaram, ficariam ali até o final.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa.
Com consultas ao Wikipédia e ao Youtube.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

"PORQUE DEUS AMOU O MUNDO DE TAL MANEIRA, QUE DEU O SEU FILHO UNIGÊNITO, PARA QUE TODO AQUELE QUE NELE CRÊ, NÃO PEREÇA, MAS TENHA A VIDA ETERNA". JOÃO 3;16 BÍBLIA SAGRADA.

COMPAIXÃO, O AMOR MAIOR

CAPÍTULO QUATRO

          Andreia e Samuel tomaram fôlego, depois acompanharam o séquito, que seguia pela rua cheia de gente olhando. O casal sentia o peso daquela roupa antiga, parecia carregada de dor e tristeza e se mantinham a certa distância dos tumultos.

           Por onde passavam, na sequência da história da Paixão de Cristo, a maioria parava para tecer escárnios e alguns para lamentar a situação do condenado. Entre tantas pessoas havia um grupo de mulheres, que seguiam Jesus de Nazaré e o admiravam pelos seus ensinamentos. Entre elas estava uma mulher chamada Seráfia, mulher de Sirac, membro do conselho do Templo, que nutria profunda admiração e compaixão por Jesus.

          Seráfia já havia sido repreendida por seu marido, por se juntar às mulheres piedosas da localidade. No entanto, queria aliviar as dores do condenado. Por isso, ela preparou uma bebida leve, a base de vinho, e colocou em um cântaro, queria oferecer a Jesus e aplacar sua sede, durante o caminho para o calvário. Saiu as ruas acompanhada de uma menina, que ela havia adotado, esperando uma oportunidade de se aproximar e oferecer a bebida.

            Porém, em sua primeira tentativa não obteve sucesso, a multidão se aglomerava e os soldados romanos as repeliam, com empurrões e açoites. Seráfia voltou para sua casa e resolveu aguardar até que o séquito passasse por ali. Não pensava em desistir, a sua compaixão era maior que o medo do perigo.

               Ficou à espreita, e quando se aproximavam, ela saiu de mãos dadas com a menina. Esta segurava a bebida debaixo de seu manto, enquanto a mulher trazia um lenço pendurado em seu ombro. Mais alguns passos e Jesus cambaleia e cai. Nesse momento, Seráfia se aproxima dele, pois o acompanhava de longe e vendo o caído no chão, sentiu que era a hora de demonstrar sua compaixão.

            Aproximou-se tirando o lenço, que estava depositado em seus ombros, depois ajoelhou-se e o ofereceu ao condenado, dizendo:

             - “Permita-me enxugar o rosto do meu senhor”.

           Jesus aceitou e limpou seu rosto, apertando-o com sua mão esquerda e depois com as duas mãos.  Em seguida, devolveu a peça para a mulher, que estava manchada de sangue e suor. Serafia beijou o tecido, dobrando-o e escondendo debaixo de suas vestes, em seguida levantou-se.

             Nesse momento, a menina se aproximou, tentando dar-lhe a garrafa com a bebida, mas foi impedida pelos soldados romanos, que açoitando o ser divino, afastaram a mulher e a criança aos empurrões. Logo após, o condenado prosseguiu com sua cruz. A mulher e a menina entraram correndo para dentro de sua casa, deixando muita gente comovida com a cena.

           Andreia começou a chorar, era triste demais presenciar tamanha atrocidade, então se recostou em seu porto seguro, que era seu marido. Samuel a puxou para debaixo de uma árvore e tirando da bolsa um copo de água, ofereceu à sua mulher. Depois seguiram o povo, acompanhando as estações do calvário.

            A beata, entrando em sua casa, estendeu o lenço sobre a mesa e caiu desfalecida no chão; a emoção fora grande demais. A menina com o cântaro de vinho nas mãos ajoelhou-se, ao seu lado chorando. Foram encontradas, depois de algum tempo, por um amigo da casa, que fora visitar a família.

            O homem ficou estarrecido ao constatar o rosto de Jesus estampado no tecido, de uma forma maravilhosa e terrível ao mesmo tempo. Tratou de reanimar a mulher e apontou para a face estampada no sudário, demonstrando espanto. Seráfia se ajoelhou comovida exclamando:

             - “Agora vou abandonar tudo, o senhor deu-me uma lembrança”.

           Naquela época era comum oferecer um lenço as pessoas aflitas ou doentes, era sinal de compaixão. A partir desse dia, Seráfia passou a ser chamada de Verônica, que quer dizer: (vera icon) verdadeira imagem. Depois ela continuou a acompanhar seu senhor e estava presente durante o suplício no Calvário, de Jesus de Nazaré.

                Verônica mantinha o santo sudário na cabeceira de sua cama, até o dia de sua morte, então foi levado para a igreja.

              Essa é a história da mulher que conseguiu minimizar as dores do condenado, com um gesto de extrema coragem e compaixão.

            Jesus está sempre presente em todas as ocasiões que ocorrem dores e traumas insuportáveis. Esse fato demonstra a importância da misericórdia e solidariedade entre os seres humanos. Andreia suspirou e abraçando Samuel disse:

            - Que honra teve aquela mulher ao demonstrar amor e compaixão pelo filho de Deus.

             - Sim, essa é a mais linda história de amor vivenciada na terra. Apesar de fatos terríveis apresenta o maior amor do mundo; o AMOR DE DEUS pelos seus filhos imperfeitos. Concluiu o marido.

               Ainda faltava um bom pedaço para chegar ao monte Gólgota.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas ao Youtube

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

'QUEM NÃO TOMA A SUA CRUZ E NÃO ME SEGUE, NÃO É DIGNO DE MIM". MATEUS 10:38 - BÍBLIA SAGRADA

                                COM CIRINEU

CAPÍTULO TRÊS
             Diante da apreensão de todos os presentes foi trazida a cruz, que Jesus deveria carregar até o local estipulado, pelos seus algozes. O caminho até o calvário não era longo, contudo Jesus estava exausto, passara a noite em claro.

             E, logo após a condenação ele foi açoitado e lhe colocaram a coroa de espinhos, cuja dor era insuportável. Das feridas corriam sangue e suor, deixando-o enfraquecido, pois ainda não havia se alimentado naquela manhã. 
           
             Andreia e Samuel vivenciavam toda aquela sequência de maus tratos, estavam estarrecidos. Eles conheciam a história, mas vivenciá-la era doloroso demais. Em Nova Jerusalém, no nordeste brasileiro, tudo parecia realidade.

               O ator, que representava Jesus de Nazaré, estava aniquilado e mal podia com o peso de sua cruz. Então, ele tropeçou e caiu diante dos gritos e escárnios dos soldados romanos, que teimavam em açoitá-lo. Jesus carregou a cruz dos nossos pecados para nos salvar, como se fosse alguém que merecesse castigo; foi humilhado e ferido pelos homens. As pessoas que acompanhavam as cenas, queriam interferir, mas eram contidas pelos fiscais vestidos de soldados romanos.

Em seguida, Jesus reuniu todas as suas forças humanas, conseguiu se levantar e seus olhos cruzaram com o olhar mais terno do mundo. Sua mãe estava ao seu lado, sofrendo a sua dor. Com um olhar, Maria penetrou nos olhos de seu filho amado e trocaram suas dores infinitas, que transpassaram seus corações. Com o açoite nas mãos dos soldados, o condenado foi obrigado a prosseguir cambaleando.

                O espetáculo emociona desde a chegada à cidade, a emoção de voltar a época em que Jesus viveu e contar a história, sendo vivenciada por personagens bíblicos, é imperdível. As pessoas acompanham os trabalhos tendo que andar através dos palcos e deixam fluir suas emoções. Naquelas cenas vem à tona toda a dor humana, sofrida pelo salvador.

              O casal de figurantes mal continha as lágrimas; pensavam que não iriam aguentar tantas maldades. Assim, Andreia disse para seu marido:

                -Vamos embora daqui, não suporto ver tamanha judiação. Samuel a abraçou e disse:
               -Fica calma meu amor, são apenas encenações de fatos ocorridos a muito tempo. Viemos aqui para assistir e assim será.

              A moça deu um suspiro e concordou.

             –Sim, me desculpe, vamos continuar.

                Jesus cambaleava, era muito peso para ele suportar e os soldados romanos começaram a recear, que o condenado morresse, antes mesmo, de chegar ao monte Gólgota. Assim, o centurião que comandava os soldados romanos disse:

              - Precisamos encontrar alguém que o auxilie a carregar a cruz, para terminar o percurso.

                Então, o centurião romano vê um homem que chega a cidade, um anônimo, que depois se identificou como sendo Simão, morador de Cirene, uma colônia na Líbia. Um judeu africano que estava na cidade de Jerusalém, para participar das cerimônias anuais no templo, a festa dos Tabernáculos, Páscoa e Pentecostes

               Simão, o Cirineu, estava em busca de uma gota de sangue do cordeiro, que seria imolado no altar do templo.  O animal sacrificado pelo sacerdote, seria seguro pelas patas traseiras e girado por sete vezes, deixando o sangue cair e escorrer pelo altar.

              Eles acreditavam que quando o sacerdote molhava o hissopo, tipo de esponja, no sangue do cordeiro e sacudia em direção aos homens com vestes alvas, para atingi-los, os que recebiam ao menos uma gota, na túnica de linho branco, aquela roupa passava a ser um troféu. Os judeus viajavam quilômetros para receber uma gotinha do sangue do cordeiro pascal.

                Esse era o motivo que levara o homem do campo para a cidade, naquele dia. Supõe-se que sua túnica branca estava em sua bolsa, pois teria que estar impecável para a cerimônia. Contudo, ele foi interceptado por soldados romanos, que foram incisivos.

              - “Ei, você aí? E apontando para o condenado, continuaram:

            - Ajude-o a carregar a cruz, porque ele está muito cansado e precisamos enxugar um pouco o sangue, que escorre de sua face e de todo o seu corpo”.

                O homem ficou surpreso, olhou para Jesus e apesar de sua face estar cheia de sangue e suor, que escorriam de suas feridas, percebeu ternura e mansidão em seu olhar. Então, ficou comovido. Cirineu se inclina encostando o seu corpo, no corpo ensanguentado de Jesus de Nazaré e carrega a cruz com ele.

                O judeu, que tinha como objetivo receber uma gotinha de sangue do cordeiro pascal, estava junto do cordeiro de Deus e em contato com seu sangue divino. Para salvar a humanidade, o filho de Deus carregava a cruz da redenção dos pecados do mundo. E, Simão compartilhava do sangue de Jesus, que escorria em sua pele negra.  Imagina-se que Jesus tenha lhe dito:

               - “Não temas, porque hoje você não recebeu apenas uma gota do sangue do cordeiro, mas recebeu a vida do Cordeiro, em si mesmo. Eu sou o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, crê Simão e serás salvo”.

                A caminhada prosseguia, Cirineu creu em tudo o que emanava daquele corpo maltratado, era forte, robusto, um homem do campo e ajudava Jesus em seu martírio. Carregou a cruz até a próxima parada, então, saiu dali correndo. Estava profundamente emocionado pelos últimos acontecimentos.

           Chegou a sua morada ofegante, estava manchado de sangue do Cordeiro de Deus, e em prantos disse aos seus familiares, que já não era o mesmo homem. Fora tocado pela presença daquele ser divino, com o mais terno olhar já visto por ele. Assim, tornara-se um deles, sentia-se um cristão. Aquele acontecimento estava fundido com sua alma e nada o faria voltar atrás.

             O judeu teve sua vida transformada por uma cruz, ao aceitar carrega-la. E Jesus de Nazaré teve em sua caminhada a ajuda do Cirineu, mostrando ao mundo, que devemos ajudar a carregar as cruzes de nossos irmãos. Tudo em nome do maior de todos os sentimentos, o amor.

            Andreia e Samuel acompanharam todas aquelas cenas fortes e tocantes, estavam compadecidos da situação de Jesus de Nazaré. Mas, unidos iriam até o final da encenação da Paixão de Cristo, em todas as suas estações.

Consultas ao Wikipédia e ao Youtube.
Consultas ao artigo de Wilma Rejane, no  EstudosGospel.Com.BR

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

MATEUS 5:13 - "VÓS SOIS O SAL DA TERRA; E, SE O SAL FOR INSÍPIDO, COM QUE SE HÁ DE SALGAR? PARA NADA MAIS PRESTA, SENÃO PARA SE LANÇAR FORA E SER PISADO PELOS HOMENS". BÍBLIA SAGRADA.

CORDEIRO DE DEUS

CAPÍTULO DOIS
             Uma tarde de muito calor e um céu azul prometia uma noite abençoada, para a apresentação em Nova Jerusalém. Andreia e Samuel estavam no local, para presenciar o maior espetáculo da fé cristã, no Brasil. Sentiam-se muito ansiosos naquele espaço, considerado o maior teatro ao ar livre do mundo, no qual seria encenada a Paixão de Cristo.

            Havia uma multidão de pessoas e muitas cadeiras de rodas, que buscavam um pouco de esperança, quiçá a cura pela fé no salvador. Via-se muitas crianças e idosos também, alguns doentes e com idades avançadas. Estes não aguentavam e deixavam o ambiente antes do término do espetáculo. Nesses casos, o cansaço era visível e as crianças também saiam mais cedo, por impaciência. São mais de três horas de caminhadas e paradas. É necessário ter resistência física para acompanhar a multidão e aguentar tantas emoções. 

                Do lado de dentro dos muros da cidade planejada, existem nove palcos plateias, que reproduzem cenários naturais, palácios, além do templo de Jerusalém, formando obras monumentais. Estas foram projetadas por vários arquitetos e cenógrafos nordestinos, além de seguir a visão de seu fundador.

                 Dentro desse espaço gigante existe a pousada da Paixão, que funciona durante todo o ano. E, durante a temporada da semana santa oferece pacotes especiais, nos quais os hóspedes podem participar como figurantes. É nesse hotel que ficam hospedados o elenco e os técnicos, que trabalham no espetáculo.

                  Quando o casal soube disso, deixou o hotel em Caruaru. Os dois, Samuel e Andreia se fixaram no recinto do grande teatro. Queriam participar integralmente daquela história emocionante. Se inscreveram e receberam as roupas típicas para serem figurantes, durante toda a semana santa.

               Finalmente, eles estavam prestes a presenciar e vivenciar a história de Jesus. O ambiente foi tomado pela sonoplastia, com músicas sacras e fúnebres, anunciando o início dos trabalhos. Então, tudo começou com o Sermão da Montanha, em meio a um silêncio respeitoso da multidão.

.           Mais de quinhentos participantes com trajes típicos, dão veracidade a apresentação. Com certeza, é uma noite com uma conotação pesada, de um acontecimento triste que se aproxima. Chega a dar calafrios, em meio ao calor que impera dentro do cenário. Sente-se a presença de um espírito maior, como se toda aquela gente estivesse vivendo a história, em sua originalidade; impossível não se emocionar.

              Andreia e Samuel, vestidos como no tempo de Jesus, estavam extasiados e sentiam a força daquele drama. Seguiam as apresentações embebidos da mais pura fé, gritavam e protestavam, acompanhando a multidão.

                  Logo no início, Jesus aparece furioso no Templo e expulsa os cambistas. Em seguida, vem a última ceia e a prisão no Monte das Oliveiras. Prosseguindo, Herodes, o rei da Judeia, entra em cena e a multidão se manifesta diante de um palácio luxuoso e danças exóticas. Era a vida que os reis levavam dentro dos palácios, naquela época.

            Prende também a atenção, a entrada de Pilatos em uma Biga. Coloca-se no palco do teatro e diante da pressão popular para soltar Jesus, ele se acovarda e pede uma bacia com água. Em seguida, lava suas mãos, se isentando de qualquer culpa. Em um ato simbólico, Jesus é condenado à morte diante da comoção do público.

             Uma condenação pesada e triste para um inocente. A morte dolorosa com uma crucificação na cruz, entre dois ladrões. Além da sentença, ele deveria carregar a própria cruz até o Monte Calvário. Esse caminho é formado por quatorze estações, que representam determinadas cenas da Paixão. Cada estação corresponde a um acontecimento especial, durante a caminhada da “Via Crucis”, que vivenciada novamente, se torna Via Sacra.

              Estava selada a sentença para Jesus de Nazaré e diante de muita emoção, Andreia e Samuel sentiram escorrer lágrimas dos olhos, embargando suas vozes. Houve uma comoção geral e muitos lamentos entre os participantes.

             Era apenas uma representação de um acontecimento milenar, que ainda provoca muita emoção em todos os presentes. Impossível controlar os sentimentos de revolta, por uma injustiça visível. O Cordeiro de Deus iria para o sacrifício no Gólgota, que quer dizer, lugar da caveira ou Monte Calvário.

            Um calafrio percorreu o corpo de Andreia, que se apoiou em Samuel, a parte mais difícil estava por vir. Teriam que buscar forças para prosseguir até o final e acompanhar o sofrimento do Cordeiro de Deus.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas a Wikipédia e ao Youtube

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