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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

'QUEM NÃO TOMA A SUA CRUZ E NÃO ME SEGUE, NÃO É DIGNO DE MIM". MATEUS 10:38 - BÍBLIA SAGRADA

                                COM CIRINEU

CAPÍTULO TRÊS
             Diante da apreensão de todos os presentes foi trazida a cruz, que Jesus deveria carregar até o local estipulado, pelos seus algozes. O caminho até o calvário não era longo, contudo Jesus estava exausto, passara a noite em claro.

             E, logo após a condenação ele foi açoitado e lhe colocaram a coroa de espinhos, cuja dor era insuportável. Das feridas corriam sangue e suor, deixando-o enfraquecido, pois ainda não havia se alimentado naquela manhã. 
           
             Andreia e Samuel vivenciavam toda aquela sequência de maus tratos, estavam estarrecidos. Eles conheciam a história, mas vivenciá-la era doloroso demais. Em Nova Jerusalém, no nordeste brasileiro, tudo parecia realidade.

               O ator, que representava Jesus de Nazaré, estava aniquilado e mal podia com o peso de sua cruz. Então, ele tropeçou e caiu diante dos gritos e escárnios dos soldados romanos, que teimavam em açoitá-lo. Jesus carregou a cruz dos nossos pecados para nos salvar, como se fosse alguém que merecesse castigo; foi humilhado e ferido pelos homens. As pessoas que acompanhavam as cenas, queriam interferir, mas eram contidas pelos fiscais vestidos de soldados romanos.

Em seguida, Jesus reuniu todas as suas forças humanas, conseguiu se levantar e seus olhos cruzaram com o olhar mais terno do mundo. Sua mãe estava ao seu lado, sofrendo a sua dor. Com um olhar, Maria penetrou nos olhos de seu filho amado e trocaram suas dores infinitas, que transpassaram seus corações. Com o açoite nas mãos dos soldados, o condenado foi obrigado a prosseguir cambaleando.

                O espetáculo emociona desde a chegada à cidade, a emoção de voltar a época em que Jesus viveu e contar a história, sendo vivenciada por personagens bíblicos, é imperdível. As pessoas acompanham os trabalhos tendo que andar através dos palcos e deixam fluir suas emoções. Naquelas cenas vem à tona toda a dor humana, sofrida pelo salvador.

              O casal de figurantes mal continha as lágrimas; pensavam que não iriam aguentar tantas maldades. Assim, Andreia disse para seu marido:

                -Vamos embora daqui, não suporto ver tamanha judiação. Samuel a abraçou e disse:
               -Fica calma meu amor, são apenas encenações de fatos ocorridos a muito tempo. Viemos aqui para assistir e assim será.

              A moça deu um suspiro e concordou.

             –Sim, me desculpe, vamos continuar.

                Jesus cambaleava, era muito peso para ele suportar e os soldados romanos começaram a recear, que o condenado morresse, antes mesmo, de chegar ao monte Gólgota. Assim, o centurião que comandava os soldados romanos disse:

              - Precisamos encontrar alguém que o auxilie a carregar a cruz, para terminar o percurso.

                Então, o centurião romano vê um homem que chega a cidade, um anônimo, que depois se identificou como sendo Simão, morador de Cirene, uma colônia na Líbia. Um judeu africano que estava na cidade de Jerusalém, para participar das cerimônias anuais no templo, a festa dos Tabernáculos, Páscoa e Pentecostes

               Simão, o Cirineu, estava em busca de uma gota de sangue do cordeiro, que seria imolado no altar do templo.  O animal sacrificado pelo sacerdote, seria seguro pelas patas traseiras e girado por sete vezes, deixando o sangue cair e escorrer pelo altar.

              Eles acreditavam que quando o sacerdote molhava o hissopo, tipo de esponja, no sangue do cordeiro e sacudia em direção aos homens com vestes alvas, para atingi-los, os que recebiam ao menos uma gota, na túnica de linho branco, aquela roupa passava a ser um troféu. Os judeus viajavam quilômetros para receber uma gotinha do sangue do cordeiro pascal.

                Esse era o motivo que levara o homem do campo para a cidade, naquele dia. Supõe-se que sua túnica branca estava em sua bolsa, pois teria que estar impecável para a cerimônia. Contudo, ele foi interceptado por soldados romanos, que foram incisivos.

              - “Ei, você aí? E apontando para o condenado, continuaram:

            - Ajude-o a carregar a cruz, porque ele está muito cansado e precisamos enxugar um pouco o sangue, que escorre de sua face e de todo o seu corpo”.

                O homem ficou surpreso, olhou para Jesus e apesar de sua face estar cheia de sangue e suor, que escorriam de suas feridas, percebeu ternura e mansidão em seu olhar. Então, ficou comovido. Cirineu se inclina encostando o seu corpo, no corpo ensanguentado de Jesus de Nazaré e carrega a cruz com ele.

                O judeu, que tinha como objetivo receber uma gotinha de sangue do cordeiro pascal, estava junto do cordeiro de Deus e em contato com seu sangue divino. Para salvar a humanidade, o filho de Deus carregava a cruz da redenção dos pecados do mundo. E, Simão compartilhava do sangue de Jesus, que escorria em sua pele negra.  Imagina-se que Jesus tenha lhe dito:

               - “Não temas, porque hoje você não recebeu apenas uma gota do sangue do cordeiro, mas recebeu a vida do Cordeiro, em si mesmo. Eu sou o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, crê Simão e serás salvo”.

                A caminhada prosseguia, Cirineu creu em tudo o que emanava daquele corpo maltratado, era forte, robusto, um homem do campo e ajudava Jesus em seu martírio. Carregou a cruz até a próxima parada, então, saiu dali correndo. Estava profundamente emocionado pelos últimos acontecimentos.

           Chegou a sua morada ofegante, estava manchado de sangue do Cordeiro de Deus, e em prantos disse aos seus familiares, que já não era o mesmo homem. Fora tocado pela presença daquele ser divino, com o mais terno olhar já visto por ele. Assim, tornara-se um deles, sentia-se um cristão. Aquele acontecimento estava fundido com sua alma e nada o faria voltar atrás.

             O judeu teve sua vida transformada por uma cruz, ao aceitar carrega-la. E Jesus de Nazaré teve em sua caminhada a ajuda do Cirineu, mostrando ao mundo, que devemos ajudar a carregar as cruzes de nossos irmãos. Tudo em nome do maior de todos os sentimentos, o amor.

            Andreia e Samuel acompanharam todas aquelas cenas fortes e tocantes, estavam compadecidos da situação de Jesus de Nazaré. Mas, unidos iriam até o final da encenação da Paixão de Cristo, em todas as suas estações.

Consultas ao Wikipédia e ao Youtube.
Consultas ao artigo de Wilma Rejane, no  EstudosGospel.Com.BR

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

MATEUS 5:13 - "VÓS SOIS O SAL DA TERRA; E, SE O SAL FOR INSÍPIDO, COM QUE SE HÁ DE SALGAR? PARA NADA MAIS PRESTA, SENÃO PARA SE LANÇAR FORA E SER PISADO PELOS HOMENS". BÍBLIA SAGRADA.

CORDEIRO DE DEUS

CAPÍTULO DOIS
             Uma tarde de muito calor e um céu azul prometia uma noite abençoada, para a apresentação em Nova Jerusalém. Andreia e Samuel estavam no local, para presenciar o maior espetáculo da fé cristã, no Brasil. Sentiam-se muito ansiosos naquele espaço, considerado o maior teatro ao ar livre do mundo, no qual seria encenada a Paixão de Cristo.

            Havia uma multidão de pessoas e muitas cadeiras de rodas, que buscavam um pouco de esperança, quiçá a cura pela fé no salvador. Via-se muitas crianças e idosos também, alguns doentes e com idades avançadas. Estes não aguentavam e deixavam o ambiente antes do término do espetáculo. Nesses casos, o cansaço era visível e as crianças também saiam mais cedo, por impaciência. São mais de três horas de caminhadas e paradas. É necessário ter resistência física para acompanhar a multidão e aguentar tantas emoções. 

                Do lado de dentro dos muros da cidade planejada, existem nove palcos plateias, que reproduzem cenários naturais, palácios, além do templo de Jerusalém, formando obras monumentais. Estas foram projetadas por vários arquitetos e cenógrafos nordestinos, além de seguir a visão de seu fundador.

                 Dentro desse espaço gigante existe a pousada da Paixão, que funciona durante todo o ano. E, durante a temporada da semana santa oferece pacotes especiais, nos quais os hóspedes podem participar como figurantes. É nesse hotel que ficam hospedados o elenco e os técnicos, que trabalham no espetáculo.

                  Quando o casal soube disso, deixou o hotel em Caruaru. Os dois, Samuel e Andreia se fixaram no recinto do grande teatro. Queriam participar integralmente daquela história emocionante. Se inscreveram e receberam as roupas típicas para serem figurantes, durante toda a semana santa.

               Finalmente, eles estavam prestes a presenciar e vivenciar a história de Jesus. O ambiente foi tomado pela sonoplastia, com músicas sacras e fúnebres, anunciando o início dos trabalhos. Então, tudo começou com o Sermão da Montanha, em meio a um silêncio respeitoso da multidão.

.           Mais de quinhentos participantes com trajes típicos, dão veracidade a apresentação. Com certeza, é uma noite com uma conotação pesada, de um acontecimento triste que se aproxima. Chega a dar calafrios, em meio ao calor que impera dentro do cenário. Sente-se a presença de um espírito maior, como se toda aquela gente estivesse vivendo a história, em sua originalidade; impossível não se emocionar.

              Andreia e Samuel, vestidos como no tempo de Jesus, estavam extasiados e sentiam a força daquele drama. Seguiam as apresentações embebidos da mais pura fé, gritavam e protestavam, acompanhando a multidão.

                  Logo no início, Jesus aparece furioso no Templo e expulsa os cambistas. Em seguida, vem a última ceia e a prisão no Monte das Oliveiras. Prosseguindo, Herodes, o rei da Judeia, entra em cena e a multidão se manifesta diante de um palácio luxuoso e danças exóticas. Era a vida que os reis levavam dentro dos palácios, naquela época.

            Prende também a atenção, a entrada de Pilatos em uma Biga. Coloca-se no palco do teatro e diante da pressão popular para soltar Jesus, ele se acovarda e pede uma bacia com água. Em seguida, lava suas mãos, se isentando de qualquer culpa. Em um ato simbólico, Jesus é condenado à morte diante da comoção do público.

             Uma condenação pesada e triste para um inocente. A morte dolorosa com uma crucificação na cruz, entre dois ladrões. Além da sentença, ele deveria carregar a própria cruz até o Monte Calvário. Esse caminho é formado por quatorze estações, que representam determinadas cenas da Paixão. Cada estação corresponde a um acontecimento especial, durante a caminhada da “Via Crucis”, que vivenciada novamente, se torna Via Sacra.

              Estava selada a sentença para Jesus de Nazaré e diante de muita emoção, Andreia e Samuel sentiram escorrer lágrimas dos olhos, embargando suas vozes. Houve uma comoção geral e muitos lamentos entre os participantes.

             Era apenas uma representação de um acontecimento milenar, que ainda provoca muita emoção em todos os presentes. Impossível controlar os sentimentos de revolta, por uma injustiça visível. O Cordeiro de Deus iria para o sacrifício no Gólgota, que quer dizer, lugar da caveira ou Monte Calvário.

            Um calafrio percorreu o corpo de Andreia, que se apoiou em Samuel, a parte mais difícil estava por vir. Teriam que buscar forças para prosseguir até o final e acompanhar o sofrimento do Cordeiro de Deus.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas a Wikipédia e ao Youtube

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

"NÃO VOS ENGANEIS: DE DEUS NÃO SE ZOMBA; POIS AQUILO QUE O HOMEM SEMEAR, ISSO TAMBÉM CEIFARÁ". GÁLATAS 6:7 " BÍBLIA SAGRADA"

O AMOR DE DEUS

REVIVENDO A ESPERANÇA

CAPÍTULO UM
              Os últimos acordes da banda, que tocava no salão de bailes do clube de campo, soaram bem alto, anunciando o final do carnaval. No centro do salão, os foliões pararam para aplaudir, iniciava-se ali uma fase de recolhimento espiritual. Nas cidades pequenas do interior do país, ainda há respeito pela quaresma, o que já se perdeu nas grandes metrópoles.

               Filhos de famílias de imigrantes italianos, que chegaram ao Brasil no início do século vinte, Andreia e Samuel casaram-se no sábado de carnaval e pediram aos padrinhos, que o presente fosse em dinheiro, para viajarem. O destino era a Nova Jerusalém em Pernambuco, no nordeste brasileiro.  A partir daquele dia, iriam se preparar para a viagem de lua de mel e realizar um grande sonho.

              Os dois, que foram ao salão de baile apreciar a festa, se abraçaram, o desejo acalentado durante o namoro e noivado, começava a tomar corpo. Queriam assistir o maior teatro do mundo a céu aberto e presenciar a mais bela história da humanidade: a Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, na semana santa.

              A cidade teatro de Nova Jerusalém, que fica a 51 quilômetros da cidade de Caruaru e a duzentos quilômetros de Recife, a Capital do estado de Pernambuco, foi idealizada e construída por Plínio Pacheco, jornalista e diretor teatral. Iniciada em um mil novecentos e cinquenta e seis e inaugurada em um mil novecentos e sessenta e oito, é palco para a encenação da Paixão de Cristo.

              A grande estrutura foi edificada no distrito de Brejo da Madre de Deus. Nesse local vão pessoas de todos os lugares, para participarem da história Bíblica mais cativante do mundo. O teatro possui uma área de cem mil metros quadrados, com construções, lagos e arvoredos, que deixam o cenário mais próximo da época, em que ocorreu a passagem de Jesus pela terra.

             Representam uma reconstrução parcial da cidade de Jerusalém. Foi projetada para que a encenação seja realizada, com a maior veracidade possível. Contém uma muralha de três mil e quinhentos metros, setenta torres, vários lagos artificiais e nove palcos. Para sua encenação são necessárias cerca de quinhentas pessoas. Alguns são artistas conhecidos, atores da região e figurantes, todos vestidos com trajes típicos da época.

               O local chega a receber, em uma única noite, cerca de dez mil pessoas para acompanhar o drama da via sacra, de palco a palco. Cada parada demora cerca de vinte minutos e a apresentação inteira cerca de três horas e meia.

              O novo casal se conheceu na paróquia de Santo Antônio, na periferia de uma cidade do interior paulista. Os dois jovens eram assíduos frequentadores da igreja, trabalhavam em projetos comunitários e sempre diziam, que algum dia, iriam conhecer Nova Jerusalém. Finalmente chegou a hora, iriam passar a Semana Santa no nordeste brasileiro.

             Casaram-se no sábado de carnaval, porque a velha nona, uma imigrante italiana, mãe do pai de Andreia dizia:

              - "Ninguém pode se casar na quaresma, pois é época de resguardo e respeito para com Deus". E, todos obedeciam em sua família.

            Então, o matrimônio foi realizado no sábado de carnaval, para que eles pudessem viajar em lua de mel, para assistir o maior teatro do mundo, ao ar livre.

                 Chegaram a Caruaru no sábado, que antecedia a semana santa. No domingo depois da missa, alugaram um automóvel e foram conhecer a região, na qual está o teatro de Nova Jerusalém. A paisagem no agreste de Pernambuco é de transição entre a zona da mata e o sertão. Não é tão quente e seco como o sertão e nem úmido como a zona da mata. A brisa quente da tarde no agreste é um convite a passear e conhecer novos lugares.

                 Samuel e Andreia foram até a cidade de Brejo da Madre de Deus, onde fica situado o teatro de Nova Jerusalém.  A estrutura imensa de uma cidade murada aos moldes antigos, impressiona pela aparência. Tem-se a sensação de estar dentro de um livro de histórias antigas, revivendo a esperança.

                Os dois estavam ansiosos para assistir ao grande evento, que aconteceria durante a semana seguinte. Havia muita gente andando por aquelas bandas, cada um com um motivo diferente, a maioria por curiosidade e muitos pela fé e renovação de uma esperança de vida melhor. Muitos estavam ali para resgatar a confiança e alimentar a fé, na apaixonante história de amor pela humanidade, vivida por Jesus de Nazaré.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas à Wikipédia.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

"NATUREZA" "DO JARDIM, EU SINTO O PERFUME E DA MINHA JANELA, O COSTUME DE APRECIAR A PAISAGEM. AS BORBOLETAS QUE PASSAM AGORA E O VENTO QUE SOPRA LÁ FORA, ASSOBIANDO DE PASSAGEM."VALDEMI CAVALCANTE TEIXEIRA

                         AGUENTA CORAÇÃO


CAPÍTULO DEZ

             O cenário mudou totalmente, outros carros alegóricos, outras cores e outras luzes, estava começando a apresentação do boi Caprichoso. Começava a segunda etapa da noite decisiva, na qual seria apurado o novo campeão de Parintins. Era hora de apagar as luzes das arquibancadas, reservadas para o boi Garantido e acender as luzes do lado reservado ao boi Caprichoso. 


           O mesmo respeito recebido, seria oferecido agora. A torcida do boi Garantido ficaria calada no escuro, assistindo o desempenho do adversário. Um jeito peculiar encontrado, naquele local, para manter as duas torcidas empenhadas em vencer, com justiça.


As apresentações do boi Caprichoso mantiveram o nível do boi concorrente. A arena se tingiu de azul, o boi preto com uma estrela azul na testa, fazia evoluções e a plateia aplaudia incessantemente. Uma outra história sobre a Amazônia foi contada entusiasticamente, prendendo a atenção de todos.


Rodolfo e Lorena assistiam o grande teatro de Parintins, abraçados e felizes; era a última noite da grande festa. Mantinham-se firmes na torcida do boi branco, com um coração vermelho na testa.


 O festival que promove a disputa entre os dois bois, que se preparam durante o ano inteiro e que envolve quase toda a população da cidade, serviu de cenário para despertar o amor. Um sentimento que nasceu forte, entre Rodolfo e Lorena. Celina também estava satisfeita, pois foi através da amizade dela, que os dois se conheceram. Seria a madrinha daquela união, com muito prazer.


            A expectativa crescia, à medida que o tempo da apresentação chegava ao fim. Era muito difícil prever, quem seria o novo campeão. As duas apresentações foram dignas de receber a taça, e todos ali sentiam isso. A decisão seria conhecida somente na apuração dos últimos quesitos e com uma margem muito pequena de diferença. A soma das notas aconteceu e já era um novo dia, quando saiu o resultado. 


              A vitória ficou com o boi Garantido, que venceu por poucos décimos e a plateia aplaudiu calorosamente. O Boi Caprichoso também recebeu os aplausos da plateia, se fosse possível, dariam louros para os dois bois, pois são campeões de perseverança, empenho e criatividade. Quem ganhou foram todos os presentes, com um belo espetáculo a céu aberto, na ilha de Parintins.

             Os turistas que participaram da festa, já faziam planos para voltar, aquela é a terra dos bois Garantido e Caprichoso, cheia de encantos e peculiaridades. A ilha Tupinambaranas ficou conhecida pelo grande sucesso do festival dos bois bumbás, o boi branco apresenta um coração vermelho na testa e o boi preto tem uma estrela azul na testa. Terminada a festa na arena, o público se retirou. Os vencedores iriam comemorar noite afora, no barracão de base de seu boi.


                   Lorena e Rodolfo estavam felizes, mas cansados de muitas emoções, então foram para casa dormir. Pela manhã, tinham o compromisso de voltar para Manaus, o mesmo barco que os trouxera, os levaria de volta. Os dois dormiram juntos, de conchinha, nada mais havia para esconder, estavam juntos para qualquer coisa. O amor falou mais alto e seria muito difícil a separação.


                   As nove horas da manhã, os três amigos estavam no porto esperando para embarcar, a viagem de volta seria longa, pelo leito do rio Amazonas. As pessoas entraram no navio e foram logo armando suas redes, aparentavam cansaço, pois a maioria estava voltando do festival de Parintins.


              Celina, Rodolfo e Lorena foram para os camarotes, no terceiro piso. A reserva fora comprada com direito a ida e a volta. O barco conseguiu zarpar as onze horas e trinta minutos e a viagem levaria cerca de dezoito horas, com tempo bom. Então, chegariam a Manaus no dia seguinte pela manhã. Os pais de Celina os esperariam no Porto, na hora da chegada.


                   Trataram de se alimentar e foram dormir, estavam cansados. Celina ficou sozinha em seu camarote, a amiga foi para junto de seu amor, aquela viagem estava sendo sua lua de mel. Acordaram com fome, já era hora do jantar, então desceram e foram para o refeitório, depois sentaram-se no convés. 


              Os três queriam tomar um pouco de ar fresco, jogar conversa fora, e relaxar depois de tantas emoções. A tarde se despedia num forte calor do norte brasileiro, podia-se sentir um bafo quente, da brisa vinda das águas do rio.


                   O Sol se punha no horizonte lentamente, e a noite chegava de mansinho, tomando conta de todos os lugares. A Lua apareceu brilhante no céu límpido, não havia previsão de chuvas para as próximas horas. 


             O barco avançava rio adentro e podia-se apreciar um mar de águas brilhantes, que mais parecia um espelho encantado, levando os três amigos de volta para casa. Levava também dois corações apaixonados e cheios de sonhos para serem realizados.


              Parintins jamais será esquecida, pois foi o cenário perfeito, para despertar um amor duradouro entre Rodolfo e Lorena. E, viva o boi branco com um coração vermelho na testa, que conquistou a taça e o casal de namorados.


  Um texto de Eva Ibrahim Sousa.

 Com consultas ao Youtube.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

"NATUREZA" "DA MINHA JANELA VEJO PASSAR AS BORBOLETAS, QUE VOAM PARA O JARDIM À PROCURA DE VIOLETAS. E EU ASSISTO AO ESPETÁCULO DA MINHA JANELA. SOL, BORBOLETAS, FLORES, MAIS UMA PRIMAVERA. AS BORBOLETAS COLORIDAS TRAZENDO SUA BELEZA, O CAMPO, O JARDIM, PERFEITA NATUREZA!" VALDEMI CAVALCANTE TEIXEIRA.


 FESTA NA FLORESTA

                                             CAPÍTULO NOVE

            O domingo amanheceu com um Sol forte e um céu azul, anunciando um grande dia. A cidade de Parintins estava vivendo mais um dia especial, muitos turistas entre as duas torcidas. A cidade acolhia gente de todas as partes do país e até do estrangeiro. Os Caprichosos e os Garantidos se respeitavam, contudo, os dois queriam ganhar e gritar bem alto:
                 - Campeão! Campeão! Campeão! E correr para o abraço.

             Depois, virar a noite comemorando o esforço de um ano inteiro, de muito trabalho. Mas a regra deve ser seguida, no quesito respeitar o adversário, mesmo porque são todos moradores da mesma comunidade e a convivência é necessária. Então, haverá louros para quem vencer e aplausos para o perdedor.

               Celina e Lorena acordaram quando o Sol já estava alto e foi necessário bater na janela de Rodolfo, para que ele se levantasse. Era o dia da grande final e todos estavam motivados. Os donos da casa continuavam torcendo para o Caprichoso, enquanto os três amigos se apaixonaram pelo boi do Garantido. Entretanto, iriam de roupas neutras, porque queriam torcer para os dois.

- Que vença o melhor! Afirmou Rodolfo. E todos concordaram.

Chegaram cedo ao Bumbódromo e foram para um lugar, onde podiam assistir à apresentação perto da arena. Rapidamente o público tomou seus lugares e os montadores da estrutura do carro alegórico principal davam os últimos ajustes
.
Era um carro gigante, representando os povos da floresta e outros três carros com aves e índios para completar o cenário. Nos fundos havia mil brincantes, para manter vivo o cenário, enquanto em primeiro plano variavam as apresentações e destaques. Em dado momento, o boi foi brincar em meio a sua plateia, que enlouquecida gritava, cantava e dançava alegremente.

Em seguida entrou, para sua performance, a sinhazinha da fazenda. Uma linda morena com um luxuoso vestido de plumas verdes, pedrarias e muitas borboletas coloridas, que chacoalhavam com seus movimentos dançantes. Na cabeça trazia um cocar de plumas e pedrarias coloridas. E para completar os enfeites, dois brincos brilhantes nas orelhas e um pequeno estandarte na mão esquerda; com a mão direita ela acenava para o público. Lorena pregou os olhos naquele vestido e foi logo dizendo:

 - Esse vestido é um verdadeiro sonho, eu gostaria de estar dentro daqueles espartilhos. Rodolfo riu e disse:

 - Eu não saio com você vestida com uma roupa dessas.

 – Por quê? Retrucou a moça desapontada.

 - Porque eu teria que ficar a, pelo menos, dois metros de distância de você, mal conseguiria pegar em suas mãos. E, riu dizendo:

 - Ainda bem que você não é nenhuma sinhazinha, apenas a minha garota. Afirmou o rapaz.

Em seguida a abraçou, estava contente em estar junto dela.

               Dando sequência as apresentações, entraram dez cavaleiros com estandartes, que traziam em seu mastro garças brancas com bicos vermelhos. Depois, mais dez cavaleiros com grandes borboletas coloridas, fitas verdes brilhantes e douradas, nas pontas dos estandartes.

           A festa tomava corpo, então entrou a cunhã-poranga para se apresentar. Trazia um belíssimo traje indígena com muitas plumas, cocares e um estandarte com a figura do boi branco, com um coração vermelho na testa. A festa seguia alegre e cheia de vida ao som da toada motivadora. Milhares de pessoas aplaudindo e ovacionando o desenrolar da história, encenada na arena do Bumbódromo.

            Novos personagens se juntaram à dança. Mais dez cavaleiros com araras vermelhas nos estandartes e outros dez com papagaios nos mastros. Todos formaram uma grande roda, que se movimentava formando desenhos circulares, tendo no centro o boi dançarino fazendo evoluções.

Paralelo a essas rodas, havia muitos personagens indígenas e figuras de arbustos, fazendo passos de danças e coreografias ensaiadas. Para se integrar a eles, chegaram os animais da floresta. A onça pintada, o mico-leão dourado, o gavião, os macacos, o tamanduá, o porco do mato, a raposa, o boto cor de rosa, as araras, os tucanos e os papagaios chegaram para abrilhantar a festa.

               Para essa festa foi formada uma roda com três anéis, que se moviam formando caracóis e dentro delas estava o pajé, com seus galhos de ervas dançando e benzendo ao mesmo tempo.

           Nesse momento, na roda principal, entraram o boi branco com um coração vermelho na testa, ao lado da sinhazinha da fazenda para apresentarem a evolução principal. A grande festa da floresta tomava conta da arena do Bumbódromo e a alegria estava presente na plateia do boi Garantido. Enquanto isso, a torcida do Caprichoso mantinha-se calada no escuro.

            O tempo voou e quando perceberam estava encerrada aquela apresentação; logo após, viria a apresentação do boi Caprichoso. Os três amigos e o irmão de Celina acompanhado da esposa, saíram para comer alguma coisa no intervalo e Rodolfo observou:

          - O boi Garantido já ganhou, nada poderá superar essa apresentação.

           Foi simplesmente fantástica! Disse Lorena e Celina completou:

          - Vamos assistir à apresentação do adversário, mas também acho que o boi Garantido será o campeão. Então, voltaram para as arquibancadas, outra festa estava começando.
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 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas aio Youtube.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

"PLANETA ÁGUA" "(...) ÁGUAS QUE MOVEM MOINHOS SÃO AS MESMAS ÁGUAS QUE ENCHARCAM O CHÃO. E SEMPRE VOLTAM HUMILDES PRO FUNDO DA TERRA, PRO FUNDO DA TERRA. TERRA! PLANETA ÁGUA, TERRA! PLANETA ÁGUA" COMPOSITOR E CANTOR: GUILHERME ARANTES


A COR DO CORAÇÃO

CAPÍTULO OITO
      Quando o portão do Bumbódromo foi aberto, todas as pessoas, que estavam na fila, entravam correndo para conseguir um bom lugar nas arquibancadas. Rodolfo, Lorena e Celina ficaram em uma posição estratégica, bem perto da arena onde o boi se apresentava. O carro alegórico era um grande boi branco, com um coração vermelho na testa. O animal se mexia o tempo todo encantando as pessoas. E no chão, um boi de tamanho original com o tripa dentro dando vida ao auto do boi.

   Novamente foi apresentada a mesma história, agora com o boi branco, que trazia um coração vermelho na testa. O boi do Garantido era muito bonito e tinha ternura no olhar, deixava a plateia hipnotizada e com os olhos pregados na arena. Era um boi de acrílico e panos, com trejeitos de animal verdadeiro. O coração vermelho na testa e um olhar magicamente pintado, dava graça e vida ao bicho.

  O casal de namorados, de mãos dadas, parecia esperar alguma coisa especial daquele momento. Com um olhar para Lorena, Rodolfo disse mais do que palavras, queria aquela mulher junto de si, ou melhor, em sua cama. Ela entendeu o recado e respondeu com um beijo; o momento era de pura paixão.

     Foi emocionante a apresentação, na versão do boi Garantido. Os três amigos estavam surpresos em constatar como um ato, que foi apresentado anteriormente, conseguia prender a atenção da mesma plateia. A ideia é a mesma, apenas com atores e cores diferentes, mesmo assim, chegou para emocionar a plateia.

  A toada cadenciada fazia as pessoas dançarem nas arquibancadas, era contagiante. Nesse dia, a celebração foi sobre a vida. Havia uma grande lagarta na arena e dela saiam os participantes, para enlouquecer a plateia. A proposta era arrojada, aquela lagarta era somente o começo da transformação da borboleta.

     Muito verde e figuras de borboletas nas costas dos participantes se fundiam com o vermelho. As luzes de LED chacoalhando nos ares, pelas mãos dos torcedores, enfeitavam lindamente o ambiente. Enquanto isso, o contrário se calava, admirado pela bela apresentação do adversário. O boi faceiro se aproximou do cantor e lhe fez aconchegos, era cheio de trejeitos e encantos.

  Naquele barulho de milhares de pessoas se manifestando, era impossível conversar, mas o diálogo se dava através de olhares, apertos de mãos, beijos e abraços. Rodolfo enlaçou a cintura da moça e beijou seus cabelos, estava feliz como nunca antes estivera. Lá no fundo do seu coração crescia uma vontade louca de formar uma família, com aquela deusa amazônica. Os cabelos negros de Lorena, lisos e sedosos o deixavam atordoado e não podia pensar no momento da despedida, perdia o chão.

      Nesse instante, entraram os cavaleiros com estandartes, que traziam a cabeça do boi em destaque. Era muito bonito, parecia com os estandartes do dia de Santos Reis; trazia muitas fitas coloridas, medalhas e sinos em volta da cabeça do boi branco, com um coração vermelho na testa. A toada cadenciada e acompanhada pelas palmas da plateia, enlouqueciam o público, enquanto o contrário permanecia calado e no escuro.

   Os holofotes focavam no boi, que ficara dentro da roda dos cavaleiros com estandartes. Naquele momento, apareceu a grande lagarta, que começou a se mexer para se libertar do seu manto de casulo, e a se transformar em uma linda mariposa. Então, o boi começou a dançar e rodopiar dentro do círculo de cavaleiros. Era uma dança alegre, comemorando a vida, enquanto os estandartes se mexiam, chacoalhando seus sinos e medalhas, fazendo um som de bom augúrio e felicidade.

             Depois de duas horas e meia de muita festa, barulho e luzes foi dada por encerrada a apresentação do boi Garantido, sob aplausos e gritos histéricos dos mais entusiasmados. Enquanto todos saiam, Rodolfo enlaçou a cintura de Lorena e cochichou em seu ouvido:

               - Eu te amo e quero que você durma comigo essa noite, estarei aguardando você no meu quarto, deixarei a porta aberta.

              Lorena arregalou os olhos e disse:  

                    - É cedo para isso, precisamos nos conhecer melhor.

             - Não, eu já a conheço o suficiente para saber que quero você na minha vida. Retrucou o rapaz.

                 Celina entrou primeiro e os dois ficaram se despedindo lá fora, estavam enfeitiçados. Quando Lorena chegou ao quarto a amiga já estava dormindo. Então, ela pegou seu pijama e foi para o quarto de Rodolfo, que ficava no quintal.

           - Rodolfo, será que eu posso mudar de opinião sobre os bois? Perguntou a moça.

           – Claro que sim, somos livres para gostar do que quisermos, diga o que está pensando meu amor. Disse Rodolfo.

             – Meu coração é vermelho, fiquei encantada com o boi do Garantido. Lorena afirmou e sorriu para o namorado. Ele a abraçou e beijou, depois disse:     

                 - Eu gostei muito do Boi do Garantido, meu coração também é vermelho.

Foi uma linda noite de amor e quando o Sol nasceu brilhante, a moça entrou e foi para a cama ao lado da cama de Celina. Ela não percebeu, mas a amiga estava acordada e a surpreendeu perguntando:

    - A noite foi boa para vocês?

          - Sim, me desculpe, eu ia lhe contar tudo mais tarde. E foi se deitar com as faces queimando, ficara ruborizada, no entanto, estava muito feliz.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
 Com consultas ao Youtube.

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