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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

"NÃO VOS ENGANEIS: DE DEUS NÃO SE ZOMBA; POIS AQUILO QUE O HOMEM SEMEAR, ISSO TAMBÉM CEIFARÁ". GÁLATAS 6:7 " BÍBLIA SAGRADA"

O AMOR DE DEUS

REVIVENDO A ESPERANÇA

CAPÍTULO UM
              Os últimos acordes da banda, que tocava no salão de bailes do clube de campo, soaram bem alto, anunciando o final do carnaval. No centro do salão, os foliões pararam para aplaudir, iniciava-se ali uma fase de recolhimento espiritual. Nas cidades pequenas do interior do país, ainda há respeito pela quaresma, o que já se perdeu nas grandes metrópoles.

               Filhos de famílias de imigrantes italianos, que chegaram ao Brasil no início do século vinte, Andreia e Samuel casaram-se no sábado de carnaval e pediram aos padrinhos, que o presente fosse em dinheiro, para viajarem. O destino era a Nova Jerusalém em Pernambuco, no nordeste brasileiro.  A partir daquele dia, iriam se preparar para a viagem de lua de mel e realizar um grande sonho.

              Os dois, que foram ao salão de baile apreciar a festa, se abraçaram, o desejo acalentado durante o namoro e noivado, começava a tomar corpo. Queriam assistir o maior teatro do mundo a céu aberto e presenciar a mais bela história da humanidade: a Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, na semana santa.

              A cidade teatro de Nova Jerusalém, que fica a 51 quilômetros da cidade de Caruaru e a duzentos quilômetros de Recife, a Capital do estado de Pernambuco, foi idealizada e construída por Plínio Pacheco, jornalista e diretor teatral. Iniciada em um mil novecentos e cinquenta e seis e inaugurada em um mil novecentos e sessenta e oito, é palco para a encenação da Paixão de Cristo.

              A grande estrutura foi edificada no distrito de Brejo da Madre de Deus. Nesse local vão pessoas de todos os lugares, para participarem da história Bíblica mais cativante do mundo. O teatro possui uma área de cem mil metros quadrados, com construções, lagos e arvoredos, que deixam o cenário mais próximo da época, em que ocorreu a passagem de Jesus pela terra.

             Representam uma reconstrução parcial da cidade de Jerusalém. Foi projetada para que a encenação seja realizada, com a maior veracidade possível. Contém uma muralha de três mil e quinhentos metros, setenta torres, vários lagos artificiais e nove palcos. Para sua encenação são necessárias cerca de quinhentas pessoas. Alguns são artistas conhecidos, atores da região e figurantes, todos vestidos com trajes típicos da época.

               O local chega a receber, em uma única noite, cerca de dez mil pessoas para acompanhar o drama da via sacra, de palco a palco. Cada parada demora cerca de vinte minutos e a apresentação inteira cerca de três horas e meia.

              O novo casal se conheceu na paróquia de Santo Antônio, na periferia de uma cidade do interior paulista. Os dois jovens eram assíduos frequentadores da igreja, trabalhavam em projetos comunitários e sempre diziam, que algum dia, iriam conhecer Nova Jerusalém. Finalmente chegou a hora, iriam passar a Semana Santa no nordeste brasileiro.

             Casaram-se no sábado de carnaval, porque a velha nona, uma imigrante italiana, mãe do pai de Andreia dizia:

              - "Ninguém pode se casar na quaresma, pois é época de resguardo e respeito para com Deus". E, todos obedeciam em sua família.

            Então, o matrimônio foi realizado no sábado de carnaval, para que eles pudessem viajar em lua de mel, para assistir o maior teatro do mundo, ao ar livre.

                 Chegaram a Caruaru no sábado, que antecedia a semana santa. No domingo depois da missa, alugaram um automóvel e foram conhecer a região, na qual está o teatro de Nova Jerusalém. A paisagem no agreste de Pernambuco é de transição entre a zona da mata e o sertão. Não é tão quente e seco como o sertão e nem úmido como a zona da mata. A brisa quente da tarde no agreste é um convite a passear e conhecer novos lugares.

                 Samuel e Andreia foram até a cidade de Brejo da Madre de Deus, onde fica situado o teatro de Nova Jerusalém.  A estrutura imensa de uma cidade murada aos moldes antigos, impressiona pela aparência. Tem-se a sensação de estar dentro de um livro de histórias antigas, revivendo a esperança.

                Os dois estavam ansiosos para assistir ao grande evento, que aconteceria durante a semana seguinte. Havia muita gente andando por aquelas bandas, cada um com um motivo diferente, a maioria por curiosidade e muitos pela fé e renovação de uma esperança de vida melhor. Muitos estavam ali para resgatar a confiança e alimentar a fé, na apaixonante história de amor pela humanidade, vivida por Jesus de Nazaré.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas à Wikipédia.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

"NATUREZA" "DO JARDIM, EU SINTO O PERFUME E DA MINHA JANELA, O COSTUME DE APRECIAR A PAISAGEM. AS BORBOLETAS QUE PASSAM AGORA E O VENTO QUE SOPRA LÁ FORA, ASSOBIANDO DE PASSAGEM."VALDEMI CAVALCANTE TEIXEIRA

                         AGUENTA CORAÇÃO


CAPÍTULO DEZ

             O cenário mudou totalmente, outros carros alegóricos, outras cores e outras luzes, estava começando a apresentação do boi Caprichoso. Começava a segunda etapa da noite decisiva, na qual seria apurado o novo campeão de Parintins. Era hora de apagar as luzes das arquibancadas, reservadas para o boi Garantido e acender as luzes do lado reservado ao boi Caprichoso. 


           O mesmo respeito recebido, seria oferecido agora. A torcida do boi Garantido ficaria calada no escuro, assistindo o desempenho do adversário. Um jeito peculiar encontrado, naquele local, para manter as duas torcidas empenhadas em vencer, com justiça.


As apresentações do boi Caprichoso mantiveram o nível do boi concorrente. A arena se tingiu de azul, o boi preto com uma estrela azul na testa, fazia evoluções e a plateia aplaudia incessantemente. Uma outra história sobre a Amazônia foi contada entusiasticamente, prendendo a atenção de todos.


Rodolfo e Lorena assistiam o grande teatro de Parintins, abraçados e felizes; era a última noite da grande festa. Mantinham-se firmes na torcida do boi branco, com um coração vermelho na testa.


 O festival que promove a disputa entre os dois bois, que se preparam durante o ano inteiro e que envolve quase toda a população da cidade, serviu de cenário para despertar o amor. Um sentimento que nasceu forte, entre Rodolfo e Lorena. Celina também estava satisfeita, pois foi através da amizade dela, que os dois se conheceram. Seria a madrinha daquela união, com muito prazer.


            A expectativa crescia, à medida que o tempo da apresentação chegava ao fim. Era muito difícil prever, quem seria o novo campeão. As duas apresentações foram dignas de receber a taça, e todos ali sentiam isso. A decisão seria conhecida somente na apuração dos últimos quesitos e com uma margem muito pequena de diferença. A soma das notas aconteceu e já era um novo dia, quando saiu o resultado. 


              A vitória ficou com o boi Garantido, que venceu por poucos décimos e a plateia aplaudiu calorosamente. O Boi Caprichoso também recebeu os aplausos da plateia, se fosse possível, dariam louros para os dois bois, pois são campeões de perseverança, empenho e criatividade. Quem ganhou foram todos os presentes, com um belo espetáculo a céu aberto, na ilha de Parintins.

             Os turistas que participaram da festa, já faziam planos para voltar, aquela é a terra dos bois Garantido e Caprichoso, cheia de encantos e peculiaridades. A ilha Tupinambaranas ficou conhecida pelo grande sucesso do festival dos bois bumbás, o boi branco apresenta um coração vermelho na testa e o boi preto tem uma estrela azul na testa. Terminada a festa na arena, o público se retirou. Os vencedores iriam comemorar noite afora, no barracão de base de seu boi.


                   Lorena e Rodolfo estavam felizes, mas cansados de muitas emoções, então foram para casa dormir. Pela manhã, tinham o compromisso de voltar para Manaus, o mesmo barco que os trouxera, os levaria de volta. Os dois dormiram juntos, de conchinha, nada mais havia para esconder, estavam juntos para qualquer coisa. O amor falou mais alto e seria muito difícil a separação.


                   As nove horas da manhã, os três amigos estavam no porto esperando para embarcar, a viagem de volta seria longa, pelo leito do rio Amazonas. As pessoas entraram no navio e foram logo armando suas redes, aparentavam cansaço, pois a maioria estava voltando do festival de Parintins.


              Celina, Rodolfo e Lorena foram para os camarotes, no terceiro piso. A reserva fora comprada com direito a ida e a volta. O barco conseguiu zarpar as onze horas e trinta minutos e a viagem levaria cerca de dezoito horas, com tempo bom. Então, chegariam a Manaus no dia seguinte pela manhã. Os pais de Celina os esperariam no Porto, na hora da chegada.


                   Trataram de se alimentar e foram dormir, estavam cansados. Celina ficou sozinha em seu camarote, a amiga foi para junto de seu amor, aquela viagem estava sendo sua lua de mel. Acordaram com fome, já era hora do jantar, então desceram e foram para o refeitório, depois sentaram-se no convés. 


              Os três queriam tomar um pouco de ar fresco, jogar conversa fora, e relaxar depois de tantas emoções. A tarde se despedia num forte calor do norte brasileiro, podia-se sentir um bafo quente, da brisa vinda das águas do rio.


                   O Sol se punha no horizonte lentamente, e a noite chegava de mansinho, tomando conta de todos os lugares. A Lua apareceu brilhante no céu límpido, não havia previsão de chuvas para as próximas horas. 


             O barco avançava rio adentro e podia-se apreciar um mar de águas brilhantes, que mais parecia um espelho encantado, levando os três amigos de volta para casa. Levava também dois corações apaixonados e cheios de sonhos para serem realizados.


              Parintins jamais será esquecida, pois foi o cenário perfeito, para despertar um amor duradouro entre Rodolfo e Lorena. E, viva o boi branco com um coração vermelho na testa, que conquistou a taça e o casal de namorados.


  Um texto de Eva Ibrahim Sousa.

 Com consultas ao Youtube.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

"NATUREZA" "DA MINHA JANELA VEJO PASSAR AS BORBOLETAS, QUE VOAM PARA O JARDIM À PROCURA DE VIOLETAS. E EU ASSISTO AO ESPETÁCULO DA MINHA JANELA. SOL, BORBOLETAS, FLORES, MAIS UMA PRIMAVERA. AS BORBOLETAS COLORIDAS TRAZENDO SUA BELEZA, O CAMPO, O JARDIM, PERFEITA NATUREZA!" VALDEMI CAVALCANTE TEIXEIRA.


 FESTA NA FLORESTA

                                             CAPÍTULO NOVE

            O domingo amanheceu com um Sol forte e um céu azul, anunciando um grande dia. A cidade de Parintins estava vivendo mais um dia especial, muitos turistas entre as duas torcidas. A cidade acolhia gente de todas as partes do país e até do estrangeiro. Os Caprichosos e os Garantidos se respeitavam, contudo, os dois queriam ganhar e gritar bem alto:
                 - Campeão! Campeão! Campeão! E correr para o abraço.

             Depois, virar a noite comemorando o esforço de um ano inteiro, de muito trabalho. Mas a regra deve ser seguida, no quesito respeitar o adversário, mesmo porque são todos moradores da mesma comunidade e a convivência é necessária. Então, haverá louros para quem vencer e aplausos para o perdedor.

               Celina e Lorena acordaram quando o Sol já estava alto e foi necessário bater na janela de Rodolfo, para que ele se levantasse. Era o dia da grande final e todos estavam motivados. Os donos da casa continuavam torcendo para o Caprichoso, enquanto os três amigos se apaixonaram pelo boi do Garantido. Entretanto, iriam de roupas neutras, porque queriam torcer para os dois.

- Que vença o melhor! Afirmou Rodolfo. E todos concordaram.

Chegaram cedo ao Bumbódromo e foram para um lugar, onde podiam assistir à apresentação perto da arena. Rapidamente o público tomou seus lugares e os montadores da estrutura do carro alegórico principal davam os últimos ajustes
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Era um carro gigante, representando os povos da floresta e outros três carros com aves e índios para completar o cenário. Nos fundos havia mil brincantes, para manter vivo o cenário, enquanto em primeiro plano variavam as apresentações e destaques. Em dado momento, o boi foi brincar em meio a sua plateia, que enlouquecida gritava, cantava e dançava alegremente.

Em seguida entrou, para sua performance, a sinhazinha da fazenda. Uma linda morena com um luxuoso vestido de plumas verdes, pedrarias e muitas borboletas coloridas, que chacoalhavam com seus movimentos dançantes. Na cabeça trazia um cocar de plumas e pedrarias coloridas. E para completar os enfeites, dois brincos brilhantes nas orelhas e um pequeno estandarte na mão esquerda; com a mão direita ela acenava para o público. Lorena pregou os olhos naquele vestido e foi logo dizendo:

 - Esse vestido é um verdadeiro sonho, eu gostaria de estar dentro daqueles espartilhos. Rodolfo riu e disse:

 - Eu não saio com você vestida com uma roupa dessas.

 – Por quê? Retrucou a moça desapontada.

 - Porque eu teria que ficar a, pelo menos, dois metros de distância de você, mal conseguiria pegar em suas mãos. E, riu dizendo:

 - Ainda bem que você não é nenhuma sinhazinha, apenas a minha garota. Afirmou o rapaz.

Em seguida a abraçou, estava contente em estar junto dela.

               Dando sequência as apresentações, entraram dez cavaleiros com estandartes, que traziam em seu mastro garças brancas com bicos vermelhos. Depois, mais dez cavaleiros com grandes borboletas coloridas, fitas verdes brilhantes e douradas, nas pontas dos estandartes.

           A festa tomava corpo, então entrou a cunhã-poranga para se apresentar. Trazia um belíssimo traje indígena com muitas plumas, cocares e um estandarte com a figura do boi branco, com um coração vermelho na testa. A festa seguia alegre e cheia de vida ao som da toada motivadora. Milhares de pessoas aplaudindo e ovacionando o desenrolar da história, encenada na arena do Bumbódromo.

            Novos personagens se juntaram à dança. Mais dez cavaleiros com araras vermelhas nos estandartes e outros dez com papagaios nos mastros. Todos formaram uma grande roda, que se movimentava formando desenhos circulares, tendo no centro o boi dançarino fazendo evoluções.

Paralelo a essas rodas, havia muitos personagens indígenas e figuras de arbustos, fazendo passos de danças e coreografias ensaiadas. Para se integrar a eles, chegaram os animais da floresta. A onça pintada, o mico-leão dourado, o gavião, os macacos, o tamanduá, o porco do mato, a raposa, o boto cor de rosa, as araras, os tucanos e os papagaios chegaram para abrilhantar a festa.

               Para essa festa foi formada uma roda com três anéis, que se moviam formando caracóis e dentro delas estava o pajé, com seus galhos de ervas dançando e benzendo ao mesmo tempo.

           Nesse momento, na roda principal, entraram o boi branco com um coração vermelho na testa, ao lado da sinhazinha da fazenda para apresentarem a evolução principal. A grande festa da floresta tomava conta da arena do Bumbódromo e a alegria estava presente na plateia do boi Garantido. Enquanto isso, a torcida do Caprichoso mantinha-se calada no escuro.

            O tempo voou e quando perceberam estava encerrada aquela apresentação; logo após, viria a apresentação do boi Caprichoso. Os três amigos e o irmão de Celina acompanhado da esposa, saíram para comer alguma coisa no intervalo e Rodolfo observou:

          - O boi Garantido já ganhou, nada poderá superar essa apresentação.

           Foi simplesmente fantástica! Disse Lorena e Celina completou:

          - Vamos assistir à apresentação do adversário, mas também acho que o boi Garantido será o campeão. Então, voltaram para as arquibancadas, outra festa estava começando.
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 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas aio Youtube.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

"PLANETA ÁGUA" "(...) ÁGUAS QUE MOVEM MOINHOS SÃO AS MESMAS ÁGUAS QUE ENCHARCAM O CHÃO. E SEMPRE VOLTAM HUMILDES PRO FUNDO DA TERRA, PRO FUNDO DA TERRA. TERRA! PLANETA ÁGUA, TERRA! PLANETA ÁGUA" COMPOSITOR E CANTOR: GUILHERME ARANTES


A COR DO CORAÇÃO

CAPÍTULO OITO
      Quando o portão do Bumbódromo foi aberto, todas as pessoas, que estavam na fila, entravam correndo para conseguir um bom lugar nas arquibancadas. Rodolfo, Lorena e Celina ficaram em uma posição estratégica, bem perto da arena onde o boi se apresentava. O carro alegórico era um grande boi branco, com um coração vermelho na testa. O animal se mexia o tempo todo encantando as pessoas. E no chão, um boi de tamanho original com o tripa dentro dando vida ao auto do boi.

   Novamente foi apresentada a mesma história, agora com o boi branco, que trazia um coração vermelho na testa. O boi do Garantido era muito bonito e tinha ternura no olhar, deixava a plateia hipnotizada e com os olhos pregados na arena. Era um boi de acrílico e panos, com trejeitos de animal verdadeiro. O coração vermelho na testa e um olhar magicamente pintado, dava graça e vida ao bicho.

  O casal de namorados, de mãos dadas, parecia esperar alguma coisa especial daquele momento. Com um olhar para Lorena, Rodolfo disse mais do que palavras, queria aquela mulher junto de si, ou melhor, em sua cama. Ela entendeu o recado e respondeu com um beijo; o momento era de pura paixão.

     Foi emocionante a apresentação, na versão do boi Garantido. Os três amigos estavam surpresos em constatar como um ato, que foi apresentado anteriormente, conseguia prender a atenção da mesma plateia. A ideia é a mesma, apenas com atores e cores diferentes, mesmo assim, chegou para emocionar a plateia.

  A toada cadenciada fazia as pessoas dançarem nas arquibancadas, era contagiante. Nesse dia, a celebração foi sobre a vida. Havia uma grande lagarta na arena e dela saiam os participantes, para enlouquecer a plateia. A proposta era arrojada, aquela lagarta era somente o começo da transformação da borboleta.

     Muito verde e figuras de borboletas nas costas dos participantes se fundiam com o vermelho. As luzes de LED chacoalhando nos ares, pelas mãos dos torcedores, enfeitavam lindamente o ambiente. Enquanto isso, o contrário se calava, admirado pela bela apresentação do adversário. O boi faceiro se aproximou do cantor e lhe fez aconchegos, era cheio de trejeitos e encantos.

  Naquele barulho de milhares de pessoas se manifestando, era impossível conversar, mas o diálogo se dava através de olhares, apertos de mãos, beijos e abraços. Rodolfo enlaçou a cintura da moça e beijou seus cabelos, estava feliz como nunca antes estivera. Lá no fundo do seu coração crescia uma vontade louca de formar uma família, com aquela deusa amazônica. Os cabelos negros de Lorena, lisos e sedosos o deixavam atordoado e não podia pensar no momento da despedida, perdia o chão.

      Nesse instante, entraram os cavaleiros com estandartes, que traziam a cabeça do boi em destaque. Era muito bonito, parecia com os estandartes do dia de Santos Reis; trazia muitas fitas coloridas, medalhas e sinos em volta da cabeça do boi branco, com um coração vermelho na testa. A toada cadenciada e acompanhada pelas palmas da plateia, enlouqueciam o público, enquanto o contrário permanecia calado e no escuro.

   Os holofotes focavam no boi, que ficara dentro da roda dos cavaleiros com estandartes. Naquele momento, apareceu a grande lagarta, que começou a se mexer para se libertar do seu manto de casulo, e a se transformar em uma linda mariposa. Então, o boi começou a dançar e rodopiar dentro do círculo de cavaleiros. Era uma dança alegre, comemorando a vida, enquanto os estandartes se mexiam, chacoalhando seus sinos e medalhas, fazendo um som de bom augúrio e felicidade.

             Depois de duas horas e meia de muita festa, barulho e luzes foi dada por encerrada a apresentação do boi Garantido, sob aplausos e gritos histéricos dos mais entusiasmados. Enquanto todos saiam, Rodolfo enlaçou a cintura de Lorena e cochichou em seu ouvido:

               - Eu te amo e quero que você durma comigo essa noite, estarei aguardando você no meu quarto, deixarei a porta aberta.

              Lorena arregalou os olhos e disse:  

                    - É cedo para isso, precisamos nos conhecer melhor.

             - Não, eu já a conheço o suficiente para saber que quero você na minha vida. Retrucou o rapaz.

                 Celina entrou primeiro e os dois ficaram se despedindo lá fora, estavam enfeitiçados. Quando Lorena chegou ao quarto a amiga já estava dormindo. Então, ela pegou seu pijama e foi para o quarto de Rodolfo, que ficava no quintal.

           - Rodolfo, será que eu posso mudar de opinião sobre os bois? Perguntou a moça.

           – Claro que sim, somos livres para gostar do que quisermos, diga o que está pensando meu amor. Disse Rodolfo.

             – Meu coração é vermelho, fiquei encantada com o boi do Garantido. Lorena afirmou e sorriu para o namorado. Ele a abraçou e beijou, depois disse:     

                 - Eu gostei muito do Boi do Garantido, meu coração também é vermelho.

Foi uma linda noite de amor e quando o Sol nasceu brilhante, a moça entrou e foi para a cama ao lado da cama de Celina. Ela não percebeu, mas a amiga estava acordada e a surpreendeu perguntando:

    - A noite foi boa para vocês?

          - Sim, me desculpe, eu ia lhe contar tudo mais tarde. E foi se deitar com as faces queimando, ficara ruborizada, no entanto, estava muito feliz.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
 Com consultas ao Youtube.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

"PLANETA ÁGUA" "(...)TERRA! PLANETA ÁGUA, TERRA! PLANETA ÁGUA, TERRA! PLANETA ÁGUA! ÁGUA QUE NASCE NA FONTE SERENA DO MUNDO E QUE ABRE UM PROFUNDO GROTÃO. ÁGUA QUE FAZ INOCENTE RIACHO E DESÁGUA NA CORRENTE DO RIBEIRÃO. ÁGUAS ESCURAS DOS RIOS, QUE LEVAM FERTILIDADE AO SERTÃO. (...)" COMPOSITOR E CANTOR: GUILHERME ARANTES

NAS LUZES DA RIBALTA

CAPÍTULO SETE
                  A plateia estava animada com a ressurreição do boi, era hora de continuar a festa. O apresentador seguiu chamando cada personagem para sua performance. Muitos são destaques: o levantador de toadas, o porta estandarte, a sinhazinha da fazenda, a cunhã-poranga, o amo do boi, a rainha do folclore, são estes que permanecem o tempo todo em evolução. Ocorre também, a apresentação do pajé, dos guerreiros indígenas, das dançarinas, dos figurantes e dos brincantes, que fazem pano de fundo para a apresentação do tema.

                São muitas cores, carros alegóricos enormes, saias coloridas, penas, adereços, figuras de animais da floresta, aves amazônicas, cavalos com seus cavaleiros, efeitos especiais de sons, fogos, luzes e névoas, que compõem o cenário, para a apresentação da história pinçada na floresta Amazônica. Em destaque, o boi dançarino, que dentro de sua carcaça abriga o tripa humano, incansável para abrilhantar a festa e gerar alegria.

            - Celina, o que é o tripa humano do boi? Perguntou Rodolfo, na sua incansável descoberta de coisas típicas de Parintins.

           - É o homem que fica dentro do animal e é responsável pela evolução e dança do boi. São pessoas especiais, treinadas exaustivamente para carregar o peso e aguentar o calor, que faz dentro da carcaça do boi. Esses homens estão nessa profissão, podemos chamar assim, que vem de pai para filho e orgulhosamente abraçam essa carga, para ajudar a comunidade e dar brilho a apresentação do seu grupo.

- E, o que é a cunhã-poranga? Eu nunca tinha ouvido falar nesse nome até hoje. Disse o rapaz, muito interessado.

         A moça sorriu e falou:

- Cunhã-poranga é a moça mais bonita da aldeia indígena, aquela que seduz quem chega perto. Pode ser a chefe indígena ou a mulher do cacique. Ela se apresenta vestida como uma representante da aldeia, com muitos acessórios artesanais, penas e peles de animais.

Rodolfo e Lorena estavam encantados com toda aquela festa. A moça era de Manaus, mas estava em Parintins pela primeira vez e aquele cenário servia para embalar seu novo amor. Os dois turistas estavam apaixonados e viviam o amor em um ambiente cheio de magia.

 As apresentações ocorreram em clima de muita animação e as horas passaram sem que eles percebessem. Quando terminou, ouviu-se aplausos por mais de cinco minutos, estava aprovada a apresentação do boi Caprichoso.

    Os três amigos estavam felizes e seguiram para a casa do irmão de Celina, teriam que descansar para assistir, na noite seguinte, a apresentação do boi Garantido. Eles tinham ingresso, eram pagantes, mas os nativos que tinham entrada franca, já ficavam na fila para conseguir ingresso, para o dia seguinte.

O boi preto com uma estrela azul na testa, não saia da cabeça do rapaz. Dormiu e sonhou com o boi dançando. A festa foi incrível, para nunca mais esquecer, mas ainda não tinham visto tudo.

                - Amanhã veremos a apresentação do vermelho, será a apresentação do boi Garantido. Então teremos definido o ganhador do prêmio de Parintins. Celina disse sorrindo, sabia que muita coisa boa, ainda estava por vir.

              - A apresentação do Caprichoso foi maravilhosa, será que o contrário vai conseguir superar? Disse Rodolfo emocionado.

                - Eu sou do boi Caprichoso, completou Lorena.  Se aconchegando ao namorado.

                 O dia passou rápido e quando a noite chegou, os três companheiros estavam aguardando a entrada do boi Garantido. Nessa noite, era o vermelho que imperava e o azul deveria ficar calado. Os três estavam vestidos com roupas neutras, pois queriam desfrutar da apresentação do contrário e aplaudi-lo também.

              Depois de montado o enorme carro alegórico e todas as peças colocadas em seus lugares, a música começou a tocar. Depois, com um acorde forte a música parou e para surpresa de todos, saiu de dentro do carro alegórico, o boi do Garantido pulando alegremente. Era um boi faceiro, tinha o corpo todo branco com um coração vermelho na testa.

       As duas moças ficaram encantadas com as evoluções e danças do boi Garantido.   Então, Lorena falou:          

               - Meu coração está dividido, até o final da apresentação eu decido se sou Caprichoso ou Garantido.

            Todos sorriram, viviam o mesmo dilema. De fato, era difícil tomar partido.

                  Um texto de Eva Ibrahim Sousa.
                 Com consultas a Wikipédia e ao Youtube

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

"PLANETA ÁGUA" (...) GOTAS DE ÁGUA DA CHUVA, ALEGRE ARCO-IRIS SOBRE A PLANTAÇÃO. GOTAS DE ÁGUA DA CHUVA, TÃO TRISTES, SÃO LÁGRIMAS NA INUNDAÇÃO. ÁGUAS QUE MOVEM MOINHOS SÃO AS MESMAS ÁGUAS, QUE ENCHARCAM O CHÃO. E SEMPRE VOLTAM HUMILDES PRO FUNDO DA TERRA, PRO FUNDO DA TERRA. (...)" CANTOR E COMPOSITOR: GUILHERME ARANTESS

BATE CORAÇÃO!

CAPÍTULO SEIS
           Logo depois do almoço, Celina, o irmão, a cunhada e os dois amigos, foram para a fila do Bumbódromo. Uma fila enorme debaixo de um Sol escaldante, no entanto, as pessoas não reclamavam, queriam garantir um bom lugar, para assistir o evento teatral. No estádio havia trinta e cinco mil lugares, mas somente cerca de cinco mil eram pagantes, o restante era composto da torcida dos dois grupos de bois, que tinham entrada franca.

                 Os cinco torcedores do boi Caprichoso foram abrindo caminho até o local de destino, nas arquibancadas. Rodolfo abraçado com Lorena conseguiu um bom lugar, logo chegava o restante do grupo. Levavam água e salgadinhos, pois pretendiam assistir a tudo que acontecesse naquele local. Estavam vestidos a caráter, com camisetas azuis, cocares, braçadeiras, bandeiras nas mãos e muita energia para gastar. Era dia de festa e a alegria imperava no local.

               Por sorteio, a primeira apresentação seria do boi Caprichoso, o grupo estava empolgado para adentrar ao palco.  Na arena do Bumbódromo iniciou-se a apresentação do boi da cor azul, o grupo contava com mais de mil participantes, carros alegóricos, fantasias, dançarinos, ritmistas e outros.

              O duelo da primeira noite do desafio iria começar. A apresentação dura cerca de duas horas e meia em céu aberto; todos torcem para não chover, ou a festa ficará arruinada. Depois, ainda haverá a apresentação do Garantido, o boi da cor vermelha.

               A arquibancada do boi que está se apresentando pode se manifestar com aplausos, gritos e movimentos espontâneos, enquanto a arquibancada do contrário deve ficar no escuro e calada. Se houver qualquer tipo de manifestação do contrário, o grupo será penalizado com a perda de pontos. É um respeito admirável, que existe entre as duas agremiações. Não são inimigos, apenas adversários no duelo dos bumbás.

               Entre beijos e abraços, Rodolfo sussurrou para Lorena:

               - Nunca vou esquecer desse momento mágico, estou muito feliz.

               Ela sorriu e se aconchegou a ele dizendo:

             - Eu te amo, estamos vivendo um grande amor no paraíso.

                  Na arena é contada uma história envolvente sobre a floresta e suas lendas, mas a figura principal é o boi, que nesse caso, tem uma indumentária preta com uma estrela azul na testa. A apresentação possui um enredo e se desenvolve como uma peça teatral, com personagens definidos.

             O carro alegórico trazia um enorme boi preto, símbolo do Caprichoso, que imperava sobre todos, com uma estrela azul na testa. Ele chacoalhava a cabeça e o público aplaudia gritando:

                  - Já ganhou, já ganhou!

             De seu enorme carro alegórico saem alguns personagens, que atuam contando a história. No fundo, a bateria rítmica dá sustentação ao levantador de toadas, cantadas durante todo o tempo da apresentação. O público referente ao boi apresentado acompanha a evolução do tema, com muita animação. Nesse momento o apresentador anuncia, que em primeiro lugar haverá a encenação do auto do boi.

               Rodolfo ficou curioso e perguntou para Celina:

               - O que quer dizer o auto do boi?

              - É o acontecimento que deu início a toda essa veneração ao boi bumbá. Você vai gostar! A moça respondeu com um sorriso no rosto.

               O rapaz trocou um beijo com sua namorada, estava pronto para admirar aquela festa do folclore amazonense.

                Então, o apresentador passa a contar a história do boi.

              - Em uma grande fazenda de gado havia um boi valente e altivo, era o melhor e mais valioso animal daquelas bandas. O seu dono tinha o maior cuidado com ele e já havia recusado várias ofertas de venda.

             Enquanto isso no palco, o boi que dançava alegremente, era de tamanho real. Corria para todos os lados em meio as dançarinas e cavaleiros presentes.

              – Mas, o capataz da fazenda estava em apuros, sua esposa  engravidara e tinha um desejo incontrolável, de comer a língua daquele boi. Nada fazia a gestante desistir daquela ideia. O marido já estava preocupado, pois a mulher definhava a olhos vistos. Então, em um momento de loucura, ele pegou a espingarda e atirou no boi. Quando o animal caiu, o capataz pegou uma faca e arrancou a língua dele, levando-a para sua mulher grávida.

              A plateia se cala, o boi está morto, caído na arena. O apresentador continua a contar o auto do boi. O enorme foco de luz fica centrado no animal inerte.

             - O fazendeiro queria acabar com a vida do seu empregado. Este se desespera arrependido e sai à procura de ajuda, precisa reviver o animal. Todas as benzedeiras das redondezas correm em socorro do pobre homem, mas nada devolve a vida ao boi. Somente quando chega o pajé e inicia suas danças com ervas milagrosas, renasce as esperanças. 

                O público observa atentamente qualquer movimento do animal.  

            - Algum tempo se passou e diante da expectativa da plateia, o boi deu sinal de vida. Ele começou a mexer os olhos e depois lentamente se levantou. Houve um grande suspiro de alívio na plateia e debaixo de muitos aplausos, o boi começou a dançar.

              A plateia foi ao delírio, era muita emoção, e quando Rodolfo olhou para Lorena, ela estava chorando.

             - O boi voltou à vida, por isso a festa continua. Disse o apresentador.

             De repente, surge um homem voador sobre um aparelho estranho e dá uma rasante no centro da arena. A plateia silenciou por um momento e, em seguida rompeu em aplausos contínuos. Muitos outros efeitos especiais são presenciados de tempos em tempos, na arena do Bumbódromo. A história se desenrola sob os versos temáticos das músicas cantadas e da plateia animada. Enquanto isso, o contrário se cala na escuridão, a espera de sua vez de delirar.

                  Rodolfo e Lorena se beijam, aquele é um lugar para curtir a emoção, onde o coração bate forte e a alegria contagia.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Consultas a Wikipédia e ao Youtube
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