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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

"NATUREZA" "DA MINHA JANELA VEJO PASSAR AS BORBOLETAS, QUE VOAM PARA O JARDIM À PROCURA DE VIOLETAS. E EU ASSISTO AO ESPETÁCULO DA MINHA JANELA. SOL, BORBOLETAS, FLORES, MAIS UMA PRIMAVERA. AS BORBOLETAS COLORIDAS TRAZENDO SUA BELEZA, O CAMPO, O JARDIM, PERFEITA NATUREZA!" VALDEMI CAVALCANTE TEIXEIRA.


 FESTA NA FLORESTA

                                             CAPÍTULO NOVE

            O domingo amanheceu com um Sol forte e um céu azul, anunciando um grande dia. A cidade de Parintins estava vivendo mais um dia especial, muitos turistas entre as duas torcidas. A cidade acolhia gente de todas as partes do país e até do estrangeiro. Os Caprichosos e os Garantidos se respeitavam, contudo, os dois queriam ganhar e gritar bem alto:
                 - Campeão! Campeão! Campeão! E correr para o abraço.

             Depois, virar a noite comemorando o esforço de um ano inteiro, de muito trabalho. Mas a regra deve ser seguida, no quesito respeitar o adversário, mesmo porque são todos moradores da mesma comunidade e a convivência é necessária. Então, haverá louros para quem vencer e aplausos para o perdedor.

               Celina e Lorena acordaram quando o Sol já estava alto e foi necessário bater na janela de Rodolfo, para que ele se levantasse. Era o dia da grande final e todos estavam motivados. Os donos da casa continuavam torcendo para o Caprichoso, enquanto os três amigos se apaixonaram pelo boi do Garantido. Entretanto, iriam de roupas neutras, porque queriam torcer para os dois.

- Que vença o melhor! Afirmou Rodolfo. E todos concordaram.

Chegaram cedo ao Bumbódromo e foram para um lugar, onde podiam assistir à apresentação perto da arena. Rapidamente o público tomou seus lugares e os montadores da estrutura do carro alegórico principal davam os últimos ajustes
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Era um carro gigante, representando os povos da floresta e outros três carros com aves e índios para completar o cenário. Nos fundos havia mil brincantes, para manter vivo o cenário, enquanto em primeiro plano variavam as apresentações e destaques. Em dado momento, o boi foi brincar em meio a sua plateia, que enlouquecida gritava, cantava e dançava alegremente.

Em seguida entrou, para sua performance, a sinhazinha da fazenda. Uma linda morena com um luxuoso vestido de plumas verdes, pedrarias e muitas borboletas coloridas, que chacoalhavam com seus movimentos dançantes. Na cabeça trazia um cocar de plumas e pedrarias coloridas. E para completar os enfeites, dois brincos brilhantes nas orelhas e um pequeno estandarte na mão esquerda; com a mão direita ela acenava para o público. Lorena pregou os olhos naquele vestido e foi logo dizendo:

 - Esse vestido é um verdadeiro sonho, eu gostaria de estar dentro daqueles espartilhos. Rodolfo riu e disse:

 - Eu não saio com você vestida com uma roupa dessas.

 – Por quê? Retrucou a moça desapontada.

 - Porque eu teria que ficar a, pelo menos, dois metros de distância de você, mal conseguiria pegar em suas mãos. E, riu dizendo:

 - Ainda bem que você não é nenhuma sinhazinha, apenas a minha garota. Afirmou o rapaz.

Em seguida a abraçou, estava contente em estar junto dela.

               Dando sequência as apresentações, entraram dez cavaleiros com estandartes, que traziam em seu mastro garças brancas com bicos vermelhos. Depois, mais dez cavaleiros com grandes borboletas coloridas, fitas verdes brilhantes e douradas, nas pontas dos estandartes.

           A festa tomava corpo, então entrou a cunhã-poranga para se apresentar. Trazia um belíssimo traje indígena com muitas plumas, cocares e um estandarte com a figura do boi branco, com um coração vermelho na testa. A festa seguia alegre e cheia de vida ao som da toada motivadora. Milhares de pessoas aplaudindo e ovacionando o desenrolar da história, encenada na arena do Bumbódromo.

            Novos personagens se juntaram à dança. Mais dez cavaleiros com araras vermelhas nos estandartes e outros dez com papagaios nos mastros. Todos formaram uma grande roda, que se movimentava formando desenhos circulares, tendo no centro o boi dançarino fazendo evoluções.

Paralelo a essas rodas, havia muitos personagens indígenas e figuras de arbustos, fazendo passos de danças e coreografias ensaiadas. Para se integrar a eles, chegaram os animais da floresta. A onça pintada, o mico-leão dourado, o gavião, os macacos, o tamanduá, o porco do mato, a raposa, o boto cor de rosa, as araras, os tucanos e os papagaios chegaram para abrilhantar a festa.

               Para essa festa foi formada uma roda com três anéis, que se moviam formando caracóis e dentro delas estava o pajé, com seus galhos de ervas dançando e benzendo ao mesmo tempo.

           Nesse momento, na roda principal, entraram o boi branco com um coração vermelho na testa, ao lado da sinhazinha da fazenda para apresentarem a evolução principal. A grande festa da floresta tomava conta da arena do Bumbódromo e a alegria estava presente na plateia do boi Garantido. Enquanto isso, a torcida do Caprichoso mantinha-se calada no escuro.

            O tempo voou e quando perceberam estava encerrada aquela apresentação; logo após, viria a apresentação do boi Caprichoso. Os três amigos e o irmão de Celina acompanhado da esposa, saíram para comer alguma coisa no intervalo e Rodolfo observou:

          - O boi Garantido já ganhou, nada poderá superar essa apresentação.

           Foi simplesmente fantástica! Disse Lorena e Celina completou:

          - Vamos assistir à apresentação do adversário, mas também acho que o boi Garantido será o campeão. Então, voltaram para as arquibancadas, outra festa estava começando.
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 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas aio Youtube.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

"PLANETA ÁGUA" "(...) ÁGUAS QUE MOVEM MOINHOS SÃO AS MESMAS ÁGUAS QUE ENCHARCAM O CHÃO. E SEMPRE VOLTAM HUMILDES PRO FUNDO DA TERRA, PRO FUNDO DA TERRA. TERRA! PLANETA ÁGUA, TERRA! PLANETA ÁGUA" COMPOSITOR E CANTOR: GUILHERME ARANTES


A COR DO CORAÇÃO

CAPÍTULO OITO
      Quando o portão do Bumbódromo foi aberto, todas as pessoas, que estavam na fila, entravam correndo para conseguir um bom lugar nas arquibancadas. Rodolfo, Lorena e Celina ficaram em uma posição estratégica, bem perto da arena onde o boi se apresentava. O carro alegórico era um grande boi branco, com um coração vermelho na testa. O animal se mexia o tempo todo encantando as pessoas. E no chão, um boi de tamanho original com o tripa dentro dando vida ao auto do boi.

   Novamente foi apresentada a mesma história, agora com o boi branco, que trazia um coração vermelho na testa. O boi do Garantido era muito bonito e tinha ternura no olhar, deixava a plateia hipnotizada e com os olhos pregados na arena. Era um boi de acrílico e panos, com trejeitos de animal verdadeiro. O coração vermelho na testa e um olhar magicamente pintado, dava graça e vida ao bicho.

  O casal de namorados, de mãos dadas, parecia esperar alguma coisa especial daquele momento. Com um olhar para Lorena, Rodolfo disse mais do que palavras, queria aquela mulher junto de si, ou melhor, em sua cama. Ela entendeu o recado e respondeu com um beijo; o momento era de pura paixão.

     Foi emocionante a apresentação, na versão do boi Garantido. Os três amigos estavam surpresos em constatar como um ato, que foi apresentado anteriormente, conseguia prender a atenção da mesma plateia. A ideia é a mesma, apenas com atores e cores diferentes, mesmo assim, chegou para emocionar a plateia.

  A toada cadenciada fazia as pessoas dançarem nas arquibancadas, era contagiante. Nesse dia, a celebração foi sobre a vida. Havia uma grande lagarta na arena e dela saiam os participantes, para enlouquecer a plateia. A proposta era arrojada, aquela lagarta era somente o começo da transformação da borboleta.

     Muito verde e figuras de borboletas nas costas dos participantes se fundiam com o vermelho. As luzes de LED chacoalhando nos ares, pelas mãos dos torcedores, enfeitavam lindamente o ambiente. Enquanto isso, o contrário se calava, admirado pela bela apresentação do adversário. O boi faceiro se aproximou do cantor e lhe fez aconchegos, era cheio de trejeitos e encantos.

  Naquele barulho de milhares de pessoas se manifestando, era impossível conversar, mas o diálogo se dava através de olhares, apertos de mãos, beijos e abraços. Rodolfo enlaçou a cintura da moça e beijou seus cabelos, estava feliz como nunca antes estivera. Lá no fundo do seu coração crescia uma vontade louca de formar uma família, com aquela deusa amazônica. Os cabelos negros de Lorena, lisos e sedosos o deixavam atordoado e não podia pensar no momento da despedida, perdia o chão.

      Nesse instante, entraram os cavaleiros com estandartes, que traziam a cabeça do boi em destaque. Era muito bonito, parecia com os estandartes do dia de Santos Reis; trazia muitas fitas coloridas, medalhas e sinos em volta da cabeça do boi branco, com um coração vermelho na testa. A toada cadenciada e acompanhada pelas palmas da plateia, enlouqueciam o público, enquanto o contrário permanecia calado e no escuro.

   Os holofotes focavam no boi, que ficara dentro da roda dos cavaleiros com estandartes. Naquele momento, apareceu a grande lagarta, que começou a se mexer para se libertar do seu manto de casulo, e a se transformar em uma linda mariposa. Então, o boi começou a dançar e rodopiar dentro do círculo de cavaleiros. Era uma dança alegre, comemorando a vida, enquanto os estandartes se mexiam, chacoalhando seus sinos e medalhas, fazendo um som de bom augúrio e felicidade.

             Depois de duas horas e meia de muita festa, barulho e luzes foi dada por encerrada a apresentação do boi Garantido, sob aplausos e gritos histéricos dos mais entusiasmados. Enquanto todos saiam, Rodolfo enlaçou a cintura de Lorena e cochichou em seu ouvido:

               - Eu te amo e quero que você durma comigo essa noite, estarei aguardando você no meu quarto, deixarei a porta aberta.

              Lorena arregalou os olhos e disse:  

                    - É cedo para isso, precisamos nos conhecer melhor.

             - Não, eu já a conheço o suficiente para saber que quero você na minha vida. Retrucou o rapaz.

                 Celina entrou primeiro e os dois ficaram se despedindo lá fora, estavam enfeitiçados. Quando Lorena chegou ao quarto a amiga já estava dormindo. Então, ela pegou seu pijama e foi para o quarto de Rodolfo, que ficava no quintal.

           - Rodolfo, será que eu posso mudar de opinião sobre os bois? Perguntou a moça.

           – Claro que sim, somos livres para gostar do que quisermos, diga o que está pensando meu amor. Disse Rodolfo.

             – Meu coração é vermelho, fiquei encantada com o boi do Garantido. Lorena afirmou e sorriu para o namorado. Ele a abraçou e beijou, depois disse:     

                 - Eu gostei muito do Boi do Garantido, meu coração também é vermelho.

Foi uma linda noite de amor e quando o Sol nasceu brilhante, a moça entrou e foi para a cama ao lado da cama de Celina. Ela não percebeu, mas a amiga estava acordada e a surpreendeu perguntando:

    - A noite foi boa para vocês?

          - Sim, me desculpe, eu ia lhe contar tudo mais tarde. E foi se deitar com as faces queimando, ficara ruborizada, no entanto, estava muito feliz.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa
 Com consultas ao Youtube.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

"PLANETA ÁGUA" "(...)TERRA! PLANETA ÁGUA, TERRA! PLANETA ÁGUA, TERRA! PLANETA ÁGUA! ÁGUA QUE NASCE NA FONTE SERENA DO MUNDO E QUE ABRE UM PROFUNDO GROTÃO. ÁGUA QUE FAZ INOCENTE RIACHO E DESÁGUA NA CORRENTE DO RIBEIRÃO. ÁGUAS ESCURAS DOS RIOS, QUE LEVAM FERTILIDADE AO SERTÃO. (...)" COMPOSITOR E CANTOR: GUILHERME ARANTES

NAS LUZES DA RIBALTA

CAPÍTULO SETE
                  A plateia estava animada com a ressurreição do boi, era hora de continuar a festa. O apresentador seguiu chamando cada personagem para sua performance. Muitos são destaques: o levantador de toadas, o porta estandarte, a sinhazinha da fazenda, a cunhã-poranga, o amo do boi, a rainha do folclore, são estes que permanecem o tempo todo em evolução. Ocorre também, a apresentação do pajé, dos guerreiros indígenas, das dançarinas, dos figurantes e dos brincantes, que fazem pano de fundo para a apresentação do tema.

                São muitas cores, carros alegóricos enormes, saias coloridas, penas, adereços, figuras de animais da floresta, aves amazônicas, cavalos com seus cavaleiros, efeitos especiais de sons, fogos, luzes e névoas, que compõem o cenário, para a apresentação da história pinçada na floresta Amazônica. Em destaque, o boi dançarino, que dentro de sua carcaça abriga o tripa humano, incansável para abrilhantar a festa e gerar alegria.

            - Celina, o que é o tripa humano do boi? Perguntou Rodolfo, na sua incansável descoberta de coisas típicas de Parintins.

           - É o homem que fica dentro do animal e é responsável pela evolução e dança do boi. São pessoas especiais, treinadas exaustivamente para carregar o peso e aguentar o calor, que faz dentro da carcaça do boi. Esses homens estão nessa profissão, podemos chamar assim, que vem de pai para filho e orgulhosamente abraçam essa carga, para ajudar a comunidade e dar brilho a apresentação do seu grupo.

- E, o que é a cunhã-poranga? Eu nunca tinha ouvido falar nesse nome até hoje. Disse o rapaz, muito interessado.

         A moça sorriu e falou:

- Cunhã-poranga é a moça mais bonita da aldeia indígena, aquela que seduz quem chega perto. Pode ser a chefe indígena ou a mulher do cacique. Ela se apresenta vestida como uma representante da aldeia, com muitos acessórios artesanais, penas e peles de animais.

Rodolfo e Lorena estavam encantados com toda aquela festa. A moça era de Manaus, mas estava em Parintins pela primeira vez e aquele cenário servia para embalar seu novo amor. Os dois turistas estavam apaixonados e viviam o amor em um ambiente cheio de magia.

 As apresentações ocorreram em clima de muita animação e as horas passaram sem que eles percebessem. Quando terminou, ouviu-se aplausos por mais de cinco minutos, estava aprovada a apresentação do boi Caprichoso.

    Os três amigos estavam felizes e seguiram para a casa do irmão de Celina, teriam que descansar para assistir, na noite seguinte, a apresentação do boi Garantido. Eles tinham ingresso, eram pagantes, mas os nativos que tinham entrada franca, já ficavam na fila para conseguir ingresso, para o dia seguinte.

O boi preto com uma estrela azul na testa, não saia da cabeça do rapaz. Dormiu e sonhou com o boi dançando. A festa foi incrível, para nunca mais esquecer, mas ainda não tinham visto tudo.

                - Amanhã veremos a apresentação do vermelho, será a apresentação do boi Garantido. Então teremos definido o ganhador do prêmio de Parintins. Celina disse sorrindo, sabia que muita coisa boa, ainda estava por vir.

              - A apresentação do Caprichoso foi maravilhosa, será que o contrário vai conseguir superar? Disse Rodolfo emocionado.

                - Eu sou do boi Caprichoso, completou Lorena.  Se aconchegando ao namorado.

                 O dia passou rápido e quando a noite chegou, os três companheiros estavam aguardando a entrada do boi Garantido. Nessa noite, era o vermelho que imperava e o azul deveria ficar calado. Os três estavam vestidos com roupas neutras, pois queriam desfrutar da apresentação do contrário e aplaudi-lo também.

              Depois de montado o enorme carro alegórico e todas as peças colocadas em seus lugares, a música começou a tocar. Depois, com um acorde forte a música parou e para surpresa de todos, saiu de dentro do carro alegórico, o boi do Garantido pulando alegremente. Era um boi faceiro, tinha o corpo todo branco com um coração vermelho na testa.

       As duas moças ficaram encantadas com as evoluções e danças do boi Garantido.   Então, Lorena falou:          

               - Meu coração está dividido, até o final da apresentação eu decido se sou Caprichoso ou Garantido.

            Todos sorriram, viviam o mesmo dilema. De fato, era difícil tomar partido.

                  Um texto de Eva Ibrahim Sousa.
                 Com consultas a Wikipédia e ao Youtube

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

"PLANETA ÁGUA" (...) GOTAS DE ÁGUA DA CHUVA, ALEGRE ARCO-IRIS SOBRE A PLANTAÇÃO. GOTAS DE ÁGUA DA CHUVA, TÃO TRISTES, SÃO LÁGRIMAS NA INUNDAÇÃO. ÁGUAS QUE MOVEM MOINHOS SÃO AS MESMAS ÁGUAS, QUE ENCHARCAM O CHÃO. E SEMPRE VOLTAM HUMILDES PRO FUNDO DA TERRA, PRO FUNDO DA TERRA. (...)" CANTOR E COMPOSITOR: GUILHERME ARANTESS

BATE CORAÇÃO!

CAPÍTULO SEIS
           Logo depois do almoço, Celina, o irmão, a cunhada e os dois amigos, foram para a fila do Bumbódromo. Uma fila enorme debaixo de um Sol escaldante, no entanto, as pessoas não reclamavam, queriam garantir um bom lugar, para assistir o evento teatral. No estádio havia trinta e cinco mil lugares, mas somente cerca de cinco mil eram pagantes, o restante era composto da torcida dos dois grupos de bois, que tinham entrada franca.

                 Os cinco torcedores do boi Caprichoso foram abrindo caminho até o local de destino, nas arquibancadas. Rodolfo abraçado com Lorena conseguiu um bom lugar, logo chegava o restante do grupo. Levavam água e salgadinhos, pois pretendiam assistir a tudo que acontecesse naquele local. Estavam vestidos a caráter, com camisetas azuis, cocares, braçadeiras, bandeiras nas mãos e muita energia para gastar. Era dia de festa e a alegria imperava no local.

               Por sorteio, a primeira apresentação seria do boi Caprichoso, o grupo estava empolgado para adentrar ao palco.  Na arena do Bumbódromo iniciou-se a apresentação do boi da cor azul, o grupo contava com mais de mil participantes, carros alegóricos, fantasias, dançarinos, ritmistas e outros.

              O duelo da primeira noite do desafio iria começar. A apresentação dura cerca de duas horas e meia em céu aberto; todos torcem para não chover, ou a festa ficará arruinada. Depois, ainda haverá a apresentação do Garantido, o boi da cor vermelha.

               A arquibancada do boi que está se apresentando pode se manifestar com aplausos, gritos e movimentos espontâneos, enquanto a arquibancada do contrário deve ficar no escuro e calada. Se houver qualquer tipo de manifestação do contrário, o grupo será penalizado com a perda de pontos. É um respeito admirável, que existe entre as duas agremiações. Não são inimigos, apenas adversários no duelo dos bumbás.

               Entre beijos e abraços, Rodolfo sussurrou para Lorena:

               - Nunca vou esquecer desse momento mágico, estou muito feliz.

               Ela sorriu e se aconchegou a ele dizendo:

             - Eu te amo, estamos vivendo um grande amor no paraíso.

                  Na arena é contada uma história envolvente sobre a floresta e suas lendas, mas a figura principal é o boi, que nesse caso, tem uma indumentária preta com uma estrela azul na testa. A apresentação possui um enredo e se desenvolve como uma peça teatral, com personagens definidos.

             O carro alegórico trazia um enorme boi preto, símbolo do Caprichoso, que imperava sobre todos, com uma estrela azul na testa. Ele chacoalhava a cabeça e o público aplaudia gritando:

                  - Já ganhou, já ganhou!

             De seu enorme carro alegórico saem alguns personagens, que atuam contando a história. No fundo, a bateria rítmica dá sustentação ao levantador de toadas, cantadas durante todo o tempo da apresentação. O público referente ao boi apresentado acompanha a evolução do tema, com muita animação. Nesse momento o apresentador anuncia, que em primeiro lugar haverá a encenação do auto do boi.

               Rodolfo ficou curioso e perguntou para Celina:

               - O que quer dizer o auto do boi?

              - É o acontecimento que deu início a toda essa veneração ao boi bumbá. Você vai gostar! A moça respondeu com um sorriso no rosto.

               O rapaz trocou um beijo com sua namorada, estava pronto para admirar aquela festa do folclore amazonense.

                Então, o apresentador passa a contar a história do boi.

              - Em uma grande fazenda de gado havia um boi valente e altivo, era o melhor e mais valioso animal daquelas bandas. O seu dono tinha o maior cuidado com ele e já havia recusado várias ofertas de venda.

             Enquanto isso no palco, o boi que dançava alegremente, era de tamanho real. Corria para todos os lados em meio as dançarinas e cavaleiros presentes.

              – Mas, o capataz da fazenda estava em apuros, sua esposa  engravidara e tinha um desejo incontrolável, de comer a língua daquele boi. Nada fazia a gestante desistir daquela ideia. O marido já estava preocupado, pois a mulher definhava a olhos vistos. Então, em um momento de loucura, ele pegou a espingarda e atirou no boi. Quando o animal caiu, o capataz pegou uma faca e arrancou a língua dele, levando-a para sua mulher grávida.

              A plateia se cala, o boi está morto, caído na arena. O apresentador continua a contar o auto do boi. O enorme foco de luz fica centrado no animal inerte.

             - O fazendeiro queria acabar com a vida do seu empregado. Este se desespera arrependido e sai à procura de ajuda, precisa reviver o animal. Todas as benzedeiras das redondezas correm em socorro do pobre homem, mas nada devolve a vida ao boi. Somente quando chega o pajé e inicia suas danças com ervas milagrosas, renasce as esperanças. 

                O público observa atentamente qualquer movimento do animal.  

            - Algum tempo se passou e diante da expectativa da plateia, o boi deu sinal de vida. Ele começou a mexer os olhos e depois lentamente se levantou. Houve um grande suspiro de alívio na plateia e debaixo de muitos aplausos, o boi começou a dançar.

              A plateia foi ao delírio, era muita emoção, e quando Rodolfo olhou para Lorena, ela estava chorando.

             - O boi voltou à vida, por isso a festa continua. Disse o apresentador.

             De repente, surge um homem voador sobre um aparelho estranho e dá uma rasante no centro da arena. A plateia silenciou por um momento e, em seguida rompeu em aplausos contínuos. Muitos outros efeitos especiais são presenciados de tempos em tempos, na arena do Bumbódromo. A história se desenrola sob os versos temáticos das músicas cantadas e da plateia animada. Enquanto isso, o contrário se cala na escuridão, a espera de sua vez de delirar.

                  Rodolfo e Lorena se beijam, aquele é um lugar para curtir a emoção, onde o coração bate forte e a alegria contagia.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
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quarta-feira, 25 de setembro de 2019

" PLANETA ÁGUA" "(...) ÁGUAS QUE CAEM DAS PEDRAS, NO VÉU DAS CASCATAS, RONCO DE TROVÃO E DEPOIS DORMEM TRANQUILAS, NO LEITO DOS LAGOS, NO LEITO DOS LAGOS. ÁGUAS DOS IGARAPÉS, ONDE IARA, A MÃE DÁGUA É MISTERIOSA CANÇÃO. ÁGUA QUE O SOL EVAPORA, PRO CÉU VAI EMBORA, VIRAR NUVENS DE ALGODÃO. (...)" COMPOSITOR E CANTOR : GUILHERME ARANTES

GARANCHOSOS

CAPÍTULO CINCO
                Celina, acompanhada do casal de namorados, iria assistir ao ensaio do boi Garantido. Sentia-se como se fosse uma vela, dizia sorrindo. E os três seguiam alegres, em busca de aventuras. Como turistas, Rodolfo e Lorena, queriam desfrutar ao máximo, de todas as oportunidades de conhecer a riqueza do folclore local. Celina disse aos dois amigos que iriam de transporte alternativo, simples, rápido e barato.

               - Aqui tem Uber? Perguntou o rapaz.

              – Pode-se dizer que sim, espere para ver. Retrucou a moça.

                 Os três, com roupas de cores neutras, saíram de casa dizendo que eram Garanchosos, isto é, metade Garantido e metade Caprichoso.  A moça, conhecedora do local, havia dito que as pessoas de fora, quando não queriam se comprometer, diziam que eram Garanchosos. Essa era a melhor identidade para entrar nos dois galpões. Já na rua, Celina deu com a mão para um estranho triciclo, que encostou na guia.   
       
                  – O que você está fazendo? Perguntou Rodolfo. Ela sorriu e disse:

                - Vamos, este é o nosso transporte alternativo, o Uber de Parintins. O casal ficou surpreso, mas trataram de subir no veículo. Ocuparam o banco de madeira, depois Celina se acomodou e perguntou ao condutor se dava para levar três. E o condutor respondeu:

               -Sim madame, vamos seguir em frente. No entanto, era visível o esforço que ele fazia para pedalar o triciclo, sentado sobre a roda traseira.   
         
                  O veículo era coberto com lona para proteção contra o Sol e com um banco que levava até três pessoas de médio porte. Os três gostaram do transporte, que os protegia dos raios solares e ainda podiam receber uma leve brisa de vento, naquele calor escaldante.

                 Chegaram ao galpão do Garantido e ali havia muita gente trabalhando para terminar os estandartes e o carro alegórico principal. Todos empenhados em construir uma bela apresentação folclórica. Depois, os três amigos foram ao barracão do Caprichoso e chegaram à conclusão, de que seria um duelo de gigantes, dada a complexidade dos carros alegóricos, fantasias, alegorias e acessórios; todos de uma beleza incontestável.

              As músicas, tocadas por quatrocentos ritmistas, falavam ao coração com os ritmos e sons da floresta Amazônica. As letras das toadas enalteciam as lendas, mitos e histórias da região norte do Brasil.

               Uma festa com a presença da cultura indígena; carros alegóricos enormes, que são montados dentro da arena, pois, não conseguiriam entrar se estivessem prontos. Muitas penas e cores compondo as alegorias, onde se destacam as cores básicas de cada grupo. Na composição são acrescidas as cores vibrantes da floresta, tais como: amarelo ouro, laranja, verde, dourado, que estão presentes nos cocares, braçadeiras, tangas, estandartes, brincos, colares e todos os tipos de enfeites.

                  Mas, o mais bonito é o comprometimento das duas torcidas. A partir de um projeto gigantesco, para cada boi, contando histórias, fábulas e lendas indígenas da floresta amazônica é montado um cenário teatral de emocional intenso e magnífico.

                 Em sua confecção, esses projetos contam com grande parte da comunidade, que trabalha duro para obter três dias de glória. Cada grupo cuida de um núcleo pré-determinado. O trabalho, que ocorre durante o ano inteiro, se intensifica e vara as noites na semana da apresentação final.

                 Na quinta-feira, os três amigos foram visitar a Catedral de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade e outros lugares turísticos. A noite ficaram sentados em um barzinho na orla do porto de Parintins observando os barcos, que chegavam à cidade para a festa do folclore amazonense.

                 Celina encontrou um velho conhecido e ficaram conversando, enquanto Rodolfo e Lorena curtiam um namoro ao luar do rio Amazonas.

                 Já era tarde da noite quente do norte brasileiro, quando os três voltaram para casa. Precisavam descansar para vivenciar os três dias de duelo a céu aberto, que aconteceria no Centro Cultural Amazonino Mendes, mais conhecido como Bumbódromo.

             É um estádio em formato de cabeça de boi estilizado, tem capacidade para trinta e cinco mil pessoas. Localizado na ilha de Parintins no estado do Amazonas. É o local onde estarão concentrados todos os olhares da população local e dos turistas, nas três noites do festival folclórico.

               As arquibancadas do estádio são pintadas, a metade de azul e a outra metade de vermelho, assim, os turistas deixarão de serem Garanchosos e terão que optar por seu boi de preferência. No caso da família de Celina, a torcida é para o grupo do boi Caprichoso, da cor azul.

            Rodolfo e Lorena estavam encantados um com o outro, fora um amor à primeira vista e parecia crescer a cada dia formando um amor perfeito, naquele local mágico da ilha de Parintins.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa.
Com consultas ao Wikipédia e ao Youtube

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

"PLANETA ÁGUA" ÁGUA QUE NASCE NA FONTE SERENA DO MUNDO E QUE ABRE UM PROFUNDO GROTÃO. ÁGUA QUE FAZ INOCENTE RIACHO E DESÁGUA NA CORRENTE DO RIBEIRÃO. ÁGUAS ESCURAS DOS RIOS, QUE LEVAM A FERTILIDADE AO SERTÃO. ÁGUAS QUE BANHAM ALDEIAS E MATAM A SEDE DA POPULAÇÃO.(...)' COMPOSITOR E CANTOR: GUILHERME ARANTES

A MAGIA DAS CORES

CAPÍTULO QUATRO
             Rodolfo estava perplexo com a história do Boto cor de rosa, mas ainda havia muitas coisas surpreendentes para serem vistas, na ilha de Parintins. Celina chamou a atenção dos amigos para as cores da cidade, no mínimo uma realidade inusitada. A metade da avenida, os canteiros centrais, inclusive as lixeiras, postes de luz e troncos de árvores, era pintada de azul e a outra metade era toda pintada de vermelho.

              O táxi ganhava outras ruas da cidade de Parintins e a magia das cores se acentuavam, ainda mais, quando se aproximavam dos redutos dos bumbás. Ali podia-se ver a força e a magia da cor azul ou vermelha, de acordo com o seu boi de referência.

            O comércio ostentava a metade, dentro de cada loja, nas vitrines e no lado de fora, em azul e a outra metade em vermelho. Em toda a cidade estavam presentes as cores azul e vermelho, na fachada dos Bancos, nos telefones públicos, nos bancos da praça e nas residências também; uma cidade em duas cores predominantes.

            Celina, que era a maior conhecedora do local, pois visitava sempre seu irmão, tentava explicar o motivo de colorir a cidade daquelas cores. Aquilo tudo tinha a ver com a paixão dos parintinenses, pelos bumbás. As torcidas apaixonadas de cada boi eram radicais e dividiam a cidade. Sendo assim, para não perderem os clientes, os comerciantes utilizavam as duas cores, vermelho e azul e se posicionavam com neutralidade.

            A moça estava empolgada e continuou explanando sobre o assunto tão interessante. Rodolfo e Lorena pareciam estáticos, ouvindo Celina. O motorista do táxi, que estava atento à conversa, desenvolvia uma velocidade baixa, para que os turistas pudessem apreciar as belezas da cidade. A moça continuava contando o que sabia sobre Parintins e a paixão do povo pelos bumbás.

           - Os dois bois rivais, que se enfrentam na arena do festival folclórico, que acontece todos os anos em Parintins, são: Garantido, cor vermelha e branco e Caprichoso, cor azul e branco. A cidade se divide nas torcidas dos bumbás e um não pode dizer o nome do outro porque, dizem, dá azar. Quando a turma do Caprichoso precisa se referir a alguém do Garantido, ou vice e versa usam a palavra “contrário”, para não falar o nome do adversário.

             - A paixão pelos bois é tão grande, que chega a dividir famílias e as vezes levam até a separação de fato. A cidade se transforma em uma grande festa, com a chegada de muitos barcos, cada um enfeitado com a cor da torcida do seu boi, azul ou vermelho. São turistas de todas as partes do país e até do estrangeiro, que visitam a ilha na ocasião do festival, que acontece no último final de semana do mês de junho, sexta-feira, sábado e domingo.

           - As belezas das ilhas do arquipélago Tupinambaranas encantam os turistas, além do festival folclórico. Parintins é cercada por uma infinidade de lagos piscosos e apresenta nas proximidades muitas praias de areias brancas. Na orla existe um calçadão com bares e restaurantes, onde as pessoas podem apreciar a vista do rio Amazonas, enquanto degustam as delícias da terra.

Lorena e Rodolfo estavam satisfeitos por estarem em Parintins e ter como guia uma amiga tão querida. O táxi parou, haviam chegado na casa do Gerson, irmão de Celina. Bateram e apareceu a Rosana, a dona da casa, que os convidou a entrarem. Depois das apresentações, Celina e Lorena foram para o quarto de hóspedes e para o Rodolfo fora arrumado o quarto da edícula, nos fundos da casa. Ele ficou satisfeito, assim teria um pouco de privacidade.

                Rosana era prestativa e logo que o marido chegou, ela chamou os hóspedes para o almoço. Depois foram descansar, para mais tarde, o grupo sair e comprar camisetas e adereços do Caprichoso, que era o boi preferido da família.

                O sono foi reparador, os três estavam cansados e após o jantar saíram para conhecer a cidade. Havia muito movimento ao redor dos barracões dos bumbás. Lá dentro, os seus componentes terminavam os preparativos para o duelo, que aconteceria no Bumbódromo, naquele final de semana.

            A essa altura já havia indícios de uma possível aproximação de Rodolfo e Lorena. Os dois andavam de mãos dadas e trocavam olhares comprometedores. No pescoço, nos cabelos e até nas orelhas carregavam os colares e adereços azuis do boi escolhido.

           Ao fundo, podia-se ouvir a bateria ensaiar a toada principal da apresentação do boi Caprichoso. Uma música envolvente, que fazia as pessoas se emocionarem.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas a Wikipédia

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